sexta-feira, 30 de dezembro de 2005

Um ano de 2006 cheio de felicidade!

Sectários do estrado

Passados alguns dias, podemos pensar melhor sobre a "sugestão-que-não-foi-sugestão" de Cavaco Silva, para que se contemplasse, na orgânica do Governo, um Secretário de Estado que acompanhasse as empresas estrangeiras, assim se procurando evitar a sua busca de outras paragens mais rentáveis.
Depois de várias nuances do próprio sobre o que queria e não queria dizer, fica-me a sensação de que só sendo "anjinho" se não conclui que se tratou de um tiro à proa do Executivo.
Vendo o percurso de Cavaco Silva, diria que é expectável que, nas reuniões com o Primeiro-Ministro, venha a dar sugestões do género, embora, respeitando o seu institucionalismo espartano, não venhamos a saber das mesmas.
Entendido que é em questões económicas, o mais do que provável Presidente da República tudo fará para, na sua óptica, ajudar a relançar o País, e o Governo ganhará um aliado que, desde logo por impreparação ou extremismo, não teria em qualquer dos challangers do Professor.
Mas vamos ao alarido oportunista das outras candidaturas: pode ou não um Presidente sugerir tal coisa?
Não só pode como deve, dado que não temos um sistema parlamentarista, mas sim semi-presidencialista, onde o mesmo Chefe de Estado que pode dirigir mensagens ao País e à Assembleia da República, e fazer juizos políticos sobre diplomas do Governo, através do veto(a meu ver trata-se de um poder excessivo, mas que a tão "amada" Constituição consagra), deve poder dar sugestões, claro está, com a reserva devida.
Cavaco avisou Sócrates e Mendes do que podem esperar e, sem querer armar-me em psicanalista, entendo que fez bem, jogando "limpo".
E, já agora, que mal tem, se o objectivo é buscar soluções para o desemprego?
Triste País este em que os candidatos se reduzem a comentadores e em que os media não vão ao cerne das questões, limitando-se a amplificar o ruído...

quinta-feira, 29 de dezembro de 2005

Chato do caraças

Manuel Alegre insiste, em Dezembro de 2005, em fazer tema de campanha a sua luta "anti-fascista" (sendo que, para começar, em bom rigor, e já que é político, fascismo é nome de regime italiano, havendo que qualificar de outra forma a nossa II República).
A mais de começar a soar a gabarolice, não me parece que seja bandeira magna, em face dos problemas actuais, com o que não pode depreender-se menor apreço pela liberdade. O que não é preciso é passar a vida a bater no peito ou a falar de uma conquista em que ninguém propõe cedências.
Por isso, anunciar que começa a campanha no Forte de Peniche faz-me desejar que comece pelo lado de dentro, e que por lá permaneça uns bons dias, para a invocação ser perfeita.

quarta-feira, 28 de dezembro de 2005

Não sei se não mudava de vida II...

A Ministra da Cultura é uma pessoa de valia intelectual acima de qualquer suspeita.
Porém, no plano político, a coisa não tem ido pelo melhor. Justifica-se o meu cepticismo inicial (tornado público, então), visto que, lamentavelmente e por insuficiência cultural de muitos governantes (de todos os partidos), sucessivos elencos não têm percebido que, num País como o nosso, já é quase só aqui (e na Educação) que se defende a identidade nacional. Ora, fica provado que só com "rebeldes" na pasta (vide Santana e Carrilho) se atingem patamares orçamentais menos terceiro-mundistas, e nunca com as chamadas pessoas da Cultura (e se Pedro Roseta merecia outro respeito!...).
Acresce que, recentemente, houve que dar o dito por não dito, em relação à colecção Berardo, que, ao que se sabe, a Ministra não quereria ver no CCB.
Por causa de arrastamentos sucessivos, Portugal quase perdia para o estrangeiro um dos acervos de arte contemporânea mais importantes do mundo, chegando-se ao rídiculo de o próprio Joe Berardo andar a sublinhar o quanto queria vê-la por cá.
Impôs condições?! E quem reuniu a colecção?
Andou bem o Primeiro-Ministro ao impôr uma solução para o caso, assim defendendo Portugal ao nível do interesse cultural e do turismo que, verão, justificará, também ele, o investimento.

Não sei se não mudava de vida...

Anteontem, vi um dirigente do Sindicato Independente dos Médicos dizer, na RTP-N, que o Governo (este como outros) poderia ter interesse na greve dos médicos, pois, em tempos de crise, seria uma maneira de poupar dinheiro.

Perante uma alegação destas, uma de duas coisas devia acontecer:

- ou o "Senhor Doutor" prova o que diz,

- ou o Governo reage com mão de ferro, em nome de uma classe política que já está demasiadamente despretigiada para se permitir ainda ser acusada de trocar a saúde e a vida dos portugueses por dinheiro.

Enquanto não me desiludir de vez, vou achando grave que se fale assim...

terça-feira, 20 de dezembro de 2005

Pagar para ver

Para além da impreparação (académica, discursiva, profissional, etc…) de alguns dos nossos políticos, apoquenta-me a hipocrisia com que se abordam alguns temas.

E aí chegados, justiça seja feita ao PS e a Jorge Lacão, Secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros. Todos nós sabemos que jamais, em tempo algum, sequer um político terá contactado com o fenómeno da prostituição (partamos deste postulado académico, para apoiarmos a tese sem “folclore”), mas isso não faz com que ele deixe de existir. Duvido mesmo que seja por acaso que se lhe chama a “mais velha profissão do mundo”…

Por isso mesmo, creio que compete à classe política deixar o “faz-de-conta” do costume e abordar o assunto.Vamos por partes:

1 - é possível erradicar a prostituição, a breve trecho?
Honestamente, penso que é difícil, até por hábitos de frequência enraizados e crescentes (basta ler os “classificados” de qualquer jornal ou andar na rua à noite). Existiu, existe e existirá.

2 - Devemos desistir?
Não concordo. A prostituição é degradante para quem vende e para quem compra. Deve é elaborar-se um plano de contingência que permita, enquanto se busca o País ideal (aquele onde, neste caso, nem uma só pessoa se prostitua), lidar com os (muitos) casos que existem, quer a sociedade queira, quer não.

3 - Legalizar?
A verdade é que não ilegal prostitui-se ou solicitar o serviço em causa, o que se proíbe é o lenocínio e o tráfico de pessoas; grosso modo, não pode incentivar e lucrar com a prostituição (vulgo, ser proxeneta) ou traficar trabalhadores, no caso, sexuais.

4 - Ou seja?
A verdade é que o que há é a mais selvagem liberalização da prostituição! Quem pretende que as prostitutas tenham atenção médica regular e obrigatória e que a actividade seja geograficamente circunscrita (assim se devolvendo as urbes aos cidadãos, ao mesmo tempo que se controla melhor a criminalidade, muitas vezes, associada, designadamente a relacionada com o tráfico de droga) não está a “liberalizar”, como se diz; está, bem ao contrário, a impor regras ao que, hoje em dia, é exercido junto de casas e escolas, sem atenção à saúde de quem se prostitui (e, logo, dos clientes; relembra-se que crescem os casos de SIDA entre os adultos heterossexuais), e sem o mínimo cuidado com a dignidade com que homens e mulheres (que não deixam de o ser, penso que todos concordam) que, por uma ou outra razão, o fazem, se prostituem.

5 - E a solução é?
De momento, creio que, se for essa a opinião dominante nos partidos, a única proibição possível passará por penalizar os utentes (como na Suécia), já que penalizar a oferta engloba no mesmo saco a alta prostituição (muitas vezes por free lancers que, assim, ganham quantias avultadas) e quem o faz por depender de drogas, ter caído numa situação de desamparo social extremo (desemprego não assistido, com filhos para criar, por exemplo) ou por estar a ser ilegalmente explorada (o) por redes de tráfico.

6 – Depois de cerca de 2.500 caracteres, qual a minha proposta?
Que se registe a actividade, se forneça amparo social (procurando encaminhar as pessoas para outro “mundo” e acabar, a prazo, com a actividade, por muito utópica que seja a meta), se preste assistência médica regular, se delimitem as condições do exercício da actividade e se combata a criminalidade relacionada com o tráfico de pessoas e de droga, sempre com a mira no fim da “mudança de vida”. Fora disto seria ilegal a prostituição, na oferta e na procura.
Além disso, não creio que seja útil, dadas as questões morais, pensar na tributação, pelo menos de momento.

7 - E é suficiente?
Talvez não. Para aliarmos ao voluntarismo, ao menos nas intenções, do actual Governo a dose de coragem necessária, seria preciso que, de uma só penada, se abordassem, no mesmo sentido, a toxicodependência e o aborto, já que, muito mais do que pensará o cidadão comum, as situações cruzam-se.

Em suma, fica para já o tributo a quem, tendo o poder de lançar o debate, o exerceu.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2005

Sem salários em atraso

Começam a enfadar-me de morte as prédicas do Candidato-Poeta sobre a liberdade, a libertação, o anti-fascismo e afins...
Vejamos se nos entendemos: para alguém que queira cativar os eleitores nascidos depois de 1970 (tinham, mais ou menos, 4 anos à data da Revolução) importa que se perceba que "gabar a esmola dada" sem parar, a mais de imodéstia (que todos, independentemente da idade, já devem ter notado, tal a intensidade com que o faz), não emociona sequer a unha do mindinho...
Não quer isto dizer que não se respeitem os revolucionários, que não se valorize a liberdade ou que haja saudades de um regime de linha dura que, por maioria de razão, se não conheceu.
O que quer dizer é que tudo tem o seu lugar na História e que, hoje em dia, a tarefa, embora menos "vistosa", é mais difícil: há que dar qualidade à democracia que outros conquistaram, sob pena de a liberdade redundar em libertinagem, por um lado, e exclusão de muitos do cumprimento das suas promessas, por outro lado.
Creio que Manuel Alegre "enche a boca" com intervenções tribunícias sobre estes temas para disfarçar alguma inconsistência que revelou nos debates, sempre que os temas concretos ganharam algum detalhe.
Acresce, quanto à sua permanente peleja pela liberdade, que também é para isso que, há 30 anos, lhe pagamos pontualmente o ordenado, mais não fazendo que desempenhar o seu trabalho, a acreditar que o faz.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2005

Mai' nada!

A "Visão" desta semana, relata a ida de Mário Soares à Universidade Católica, no Porto, e cita as palavras de uma estudante de Direito, Maria João Batista, que fala de Portugal, dizendo que "como País deu um salto que a política não acompanha".
A mesma jovem concidadã pergunta: "Já viu que, em dez anos, os bonecos do Contra-Informação não mudaram?".
É caso para se cumprimentar a jovem, dizendo: "ganda nóia"!

quarta-feira, 14 de dezembro de 2005

Ainda há fantasias com a Joana Amaral Dias

Ao contrário do engraçado slogan inventado pelos militantes/agentes provocadores do Bloco de Esquerda ("já não temos fantasias com a Joana Amaral Dias"), creio que Soares anda nas nuvens com a sua mandatária para a juventude (por quem nutri sentimentos de amizade, enquanto colegas, no Parlamento).

Parece, no mínimo, curioso que peça a Manuel Alegre que se desvincule do PS por divergir da orientação do mesmo, e não solicitar o mesmo à sua inspiradora do voto juvenil, que se rebelou contra o BE.
E ainda lembro uma entrevista da Joana ao "Euronotícias", em que dizia que "o Chico dava um bom primeiro-ministro"; pelos vistos para Presidente é que o Chico (leia-se, Francisco Louçã) já não serve... Nisso estamos de acordo.
Voltando ao assunto, todavia, não se pense que confundo o lugar de candidato com o de mandatário, mas também estou longe de reconduzir este à insignificância, posto o que ficaria por perceber a publicidade que lhe é dada, a mais de se ver o dr. Soares obrigado a explicar à drª Joana a sua inutilidade política.
Super Mário at his finest...

Segurar o resultado

O debate Cavaco vs. Jerónimo foi, a meu ver, o melhor e mais esclarecedor.
Duas mundividências contrastantes, contundência q.b. e questões interessantes (privatizações, leis laborais, obras públicas, energias alternativas, etc...) fizeram um bom momento político.
Mérito também aos entrevistadores pelo alinhamento dos temas.
Continuo, porém, a pensar que, não havendo auto-golos, poucos optarão pelo seu Chefe de Estado em função dos debates.

Feito nas Caldas

Na Universidade Nova, Soares gracejou sobre a impossibilidade de se fazer políticos , "como nas Caldas se fazem os...".
A piada é um pouco brejeira, mas passa, dado o estilo bonacheirão do candidato.
Perdoariam os media semelhante graça a Cavaco, Durão ou Santana?

segunda-feira, 12 de dezembro de 2005

A grande nódoa, no melhor pano

Foi já na jornada anterior (Naval v. Académica) que vi algo que me desgostou.

Os adeptos da Briosa - com destaque para a sua claque, a incansável Mancha Negra - são do melhor que já vi (e já vi muito futebol, em vários sítios) em matéria de apoio e de civismo.

Contudo, num café da Figueira da FOz, antes do jogo, um jovem (não sei se fazia parte da M.N., mas mesmo que fizesse, não deve tomar-se a parte pelo todo) passeava-se, alarvemente, com uma camisola, onde podia ler-se "Waffen SS".

Ora bem... Que a nossa Constituição até permite o disparate, já se sabia.

Agora, o que continua a desaconselhar-se é que se louve ou publicite o nome de organizações que foram responsáveis por muitos milhares de mortes, a título gratuito.

Esperemos que tenha sido um episódio...

E eles sabem?

Há alguns dias, corrigindo um dos seus muitos tiros infelizes, o dr. Soares veio dizer que, afinal, dormiria sossegado (como se a malta não soubesse...) se o prof. Cavaco Silva fosse eleito para Belém, caso as eleições fossem limpas.
Como ouvi numa crónica radiofónica, o problema é que quem tem tutela para zelar pela transparência do processo eleitoral é o mesmo Governo de cujos elementeos o dr. Soares espera entusiasmo na campanha.
Ou seja, sobre quem lançava o candidato tal estigma?

quarta-feira, 7 de dezembro de 2005

Também não esqueceremos

A 7 de Dezembro de 1975, a Indonésia invadiu Timor-Leste.
Ao que se sabe, 30 anos volvidos, através da desclassificação de documentos do Departamento de Estado dos E.U.A., Portugal, com excepção de um ou outro exemplo meritório de patriotismo, nunca teve real intenção de resistir aos indonésios.
Claro que os contextos nacional e mundial eram diversos, mas a contabilidade vai em mais de 200.000 mortos, 1/3 da população (mais de 3 milhões de pessoas, à escala de Portugal).
Ainda hoje, deverão ser poucas as famílias que não contam, pelo menos, um desaparecimento ou outra desdita pessoal.
O século XXI promete trazer bons ventos e o exemplo de concórdia dado pelos timorenses é notabilíssimo, mas convém que a lição da História não seja esquecida.

terça-feira, 6 de dezembro de 2005

Por um canudo

Augusto M. Seabra - outro dos "cultos" portugueses - é, enquanto figura pública (articulista da área cultural e não sei mais quê...), verdadeiramente lamentável.
Todavia, nem ele consegue, por muito bem regada que seja a prosa, evitar um ou outro momento curioso e, assim, pediu-lhe o "Público" que comentasse o debate "Cavaco vs. Alegre" (por que raio lho pediram é uma incógnita, já que me pareciam capazes de coisas mais interessantes o Noddy ou mesmo a múmia de Lenine).
Mesmo a terminar o seu arrazoada, M. (nunca soube que "M" era este...) Seabra menciona que acha "ridículo" (sic) que o candidato-poeta se deixe tratar por "dr. Manuel Alegre".
A intenção é, obviamente, a de amesquinhar, com o que revela bem o tipo de sujeito que é, mas o facto permanece, sobretudo se nos lembrarmos de que Cavaco Silva o tratou por "Deputado Manuel Alegre" e que, a dado passo, um dos entrevistadores se lhe referiu apenas pelos nomes, continuando a tratar o futuro Presidente por "Professor".
Chegados aqui, admitamos a hipótese de Manuel Alegre não ser, de facto, licenciado. ´
Será imperioso que um candidato a Presidente ou a qualquer cargo político seja licenciado? A meu ver, não! Por exemplo, o Primeiro-Ministro sueco não o é, e a Suécia está um "nadinha" mais desenvolvida do que nós.
Somos um País de parolos em que os títulos importam imenso, mas em que o resultado roça a iliteracia? A meu ver, sim! Veja-se quão informais são os espanhóis, e que produtividade tem o país vizinho.
Porém, algo fica por perguntar: é ou não "ridículo" (para, uma vez na vida, citar o "nosso" M.) que quem não tem um título aceite o "honoris causa"? Ainda na minha modesta opinião, é!
A ser verdade, eis a coerência por um canudo...

segunda-feira, 5 de dezembro de 2005

Nada de novo

Depois da entrevistam à RTP1, animaram-se as hostes de esquerda (e, provavelmente, parte do CDS) com o alegado desprezo de Cavaco Silva pelas máquinas partidárias.
Com franqueza, só não percebo a novidade...
Muito antes do artigo sobre a "má moeda", o futuro Presidente da República exercera a presidência do PSD com autoridade e distânciamento. E embora "unipessoalização" de um partido seja sempre discutível, há também que reconhecer que foi a última era de dirigentes de marca intelectual forte, precedendo uma fase em que populismo tem sido albergue de discriminação negativa de quem prime pela excelência.
Nem de outra maneira pode entender-se a "execução sumária" de que têm sido alvo algumas das melhores individualidades da área do PSD. Sob o lema de "dirigentes iguais ao povo", por exemplo, o PSD de Coimbra alienou toda uma elite de professores universitários e profissionais liberais consagrados, que hoje fogem da sede de S. José como o diabo da cruz.
Ou, se preferirem, podemos lembrar-nos (mea culpa, com certeza) das listas de candidatos à Assembleia da República, em 2005, das quais foram excluídos nomes de gabarito intelectual e/ou mérito prático. Nem se julgue que falo de mim ou de algum dos meus ex-colegas mais novos (temos tempo ou, no mínimo, guardaremos uma experiência que nem tantos podem auferir), mas fica por perceber como foi possível o autismo de excluir, sem honra nem glória, nomes como os de David Justino, Pedro Lynce, Massano Cardoso, Pedro Roseta, Nazaré Pereira, Suzana Toscano, José Manuel Canavarro, Maria da Graça Carvalho e tantos outros (muitos dos quais nem haviam estado em S.Bento)...

Não aproveitará a ninguém a desculpa mal amanhada da falta de apoio da "estrutura", por dois motivos: por um lado, porque muitos dos que estão também dele não gozavam e, por outro lado, visto que, se é legítimo olhar aos interesses orgânicos, qualquer domínio exclusivo é nefasto em democracia, e essa era uma percepção que, apesar de tudo, era mantida no PSD de Cavaco Silva.
Dito tudo isto por outras palavras, o homem sempre foi assim, o que não lhe retira o facto de ser, a meu ver, o melhor candidato por características várias, das quais destacaria, designadamente, o rigor (que tanta falta faz em muitos espíritos) e o domínio do cerne da agenda nacional e internacional dos próximos tempos que é, evidentemente, de cariz económico.
Por que se apagam Marques Mendes e Ribeiro e Castro, isso já é outra louça; se calhar também foram sempre assim...

quarta-feira, 30 de novembro de 2005

Fica a intenção...

"Timor" - Shakira, in "Oral Fixation, vol. 2"
"It's alright, it's alright
Cause the system never fails
The good guys are in power and the bad guys are in jail
It's alright, it's alright
Just as long as we can vote
We live in a democracy
And that's all we promote
Isn't it, isn't it?
It's alright, it's alright
If the news says half the truth
Hearing what we want is the secret to eternal youth
It's alright, it's alright
If the planet splits in three
Cause I'll keep selling records andyou've got your MTV
(Chorus)
If we forget about them, don't worry
If they forget about us, then hurry
How about a people who don't matter anymore?
If we forget about them, don't woory
If they forget about us, then hurry
How about a people who don't matter anymore?
East Timor, Timor, Timor.
It's alright, it's alright
They don't show it all on TV
So we won't really know it
Just by watching *BC
It's alright, it's alright
For our flag, we die or kill
As long as we don't know
We'd do it just to pay their bills
Let's keep tanning while it's sunny
They'll risk our hides to make their money
Now don't you find that funny
(Chorus)
If we forget about them, don't worry...

Trovas do vento passado

Então o nosso poeta, ainda há 3 anos, dizia que o dr. Soares estava óptimo para consumo, e, há poucos meses, prometera apoiá-lo, caso este se candidatasse?!
Não é coisa minha, foi Judite de Sousa quem lho perguntou, ontem, com visível embaraço do nosso "Culto" profissional de prata (o de ouro é, naturalmente, Prado Coelho, o imperador do subsídio).
Temos canção na praça...

segunda-feira, 28 de novembro de 2005

Cantas bem, mas não me Alegre

Segundo o DN, apesar de Manuel Alegre afirmar ter votado contra o fim do Serviço MIlitar Obrigatório - o tal que pode obrigar as pessoas a ir para a guerra, e as que não querem ir a desertar - disso não há registo nas actas parlamentares. Nem dessa opção, nem sequer de qualquer declaração de voto...

Ora, o caso parecer-me-ia uma mera trapalhada se não fosse o hábito do Poeta de nos dar lições de moral.

Valia a pena analisarmos sem complexos uma vida devotada à cultura, mas com palcos sempre dados pela política.

Um homem a quem repugna que o seu partido defenda a co-incineração, não deve limitar-se a mudar de círculo eleitoral. Deve abandonar as listas...

Por tudo isso, achando irrelevante a novela SMO, já não me parece irrelevante que alguém lhe peça mais humildade intelectual, até Janeiro.

sexta-feira, 25 de novembro de 2005

Papeira

Francamente, já não sei que diga da Igreja Católica Apostólica Romana, por quem nutro simpatia e com cujas teses tenho muita identificação...
Depois de uma polémica proibição da entrada de homossexuais para o sacerdócio - será um fartote imaginar como vão os responsáveis verificar esta "vocação" alternativa e, melhor ainda, com base em que provas demonstrarão que foi uma perturbação transitória ocorrida mais de três anos antes da ordenação diaconal (facto de exclusão da "ilicitude", para a Cúria Romana, se bem li as notícias) - vem agora o Papa, ou alguém por ele, excluir Daniela Mercury do concerto de Natal, visto que a cantora terá participado numa campanha pelo uso do preservativo, no Brasil.
Se Daniela o fez, fez muito bem, lamentando eu que o autismo ainda domine certas partes da mundividência católica.
Defender a castidade não é incompatível com a elaboração de planos de contingência que combatam um flagelo que matará milhões de pessoas, a breve trecho, e que mais liquidará se persistirmos em pensar que certas coisas deixarão de se passar entre seres humanos, assim se tornando desnecessárias outras cautelas.
E agora se quiserem mandar a Daniela pró Inferno, tanto me faz, pois nem uma só alma se converterá com um concerto de Natal.
A cruzada do Vaticano contra os infiéis do latex promete mais vítimas que as cruzadas antigas...
A Igreja está doutrinalmente doente, para meu desgosto.

Descubra as diferenças

A "Visão" cita Betty Grafstein, mulher (?) de seu homem (???), José Castelo Branco, que afirmou:
"A Quinta das Celebridades deu-o a conhecer ao grande público, que antes o achava uma anedota"...
Juro que pagava para saber quem é que deixou de achar.
Como vêem, o 25 de Novembro também tolerou abusos...

O meu feriado

Hoje passa a data em que Portugal pôde, verdadeiramente, ter a sua oportunidade de experimentar o regime democrático.
Considero que a I República teve demasiada "bandalheira", que o Doutor Salazar muito ganharia em ter preparado a transição, a partir do final da década de 40, e que o 25 de Abril, embora desejável e inevitável, também traz consigo muitos dos erros que ainda hoje nos tornam uma democracia "tropical" (começando na Constituição de 1976, que ainda hoje tolhe muito o nosso progresso, e continuando pelos abusos que geraram uma das mais débeis classes políticas do mundo ocidental).
Agora que muito complexos "esquerdófilos" deixam de fazer sentido, valia a pena que se contasse de forma isenta a História do Portugal do século XX, que se dessem poderes constituintes a uma assembleia, e que o 25 de Novembro passasse a ter uma evocação, no mínimo, tão digna como o 25 de Abril, pelo que teve de travão à (outra) ditadura.
Aqui se evitou que Lisboa fosse a cidade perfeita para geminar com Tirana (salvo o devido respeito pelos albaneses, que são boa gente).

quinta-feira, 17 de novembro de 2005

Amigos do coração

E ainda criticam Cavaco Silva por estar calado...
Digam-me se vale a pena abrir a boca, quando pode assistir-se de camarote à implosão dos dois challangers.
Para ilustrar, nem uma palavra minha. Deixo-vos uma passagem sobre a acção de pré-campanha de Alegre, no Porto, também do DN de hoje:
Pelo meio, em declarações aos jornalistas, reagiu irritado a um comentário de Mário Soares. O adversário sugeriu que todos os candidatos apresentassem o boletim médico e Alegre não gostou das palavras de "muito mau gosto". "Com isso não se brinca. Toda a gente sabe que tive um enfarte e que recuperei. Estou perfeitamente em condições, segundo a opinião dos meus médicos."

Novas rimas

É claro que descontextualizei, mas não é lindo ler Manuel Alegre, citado pelo DN?!
"Comovo-me muito quando chegam cheques de cinco ou dez euros"
Como isto anda, quem é que não se comoveria?...
Em bom rigor, creio que o Poeta se comoveu mesmo foi por não serem cheques de 5.000 ou 10.000 €.

Sabão azul e branco

Soares é, de facto, fixe...
Em cartazes de tons azuis e brancos (a lembrar a monarquia) vai elucidando a malta de que "sabe unir" e de que "sabe ouvir", sendo que num deles aparece de fato e gravata, e noutro deixa-se fotografar, jovialmente, de camisola.
Ora esta tentativa de rejuvenescer Soares pela roupa (suponho que, no mínimo, os seus spin doctors o queriam mostrar mais informal) faz recear o pior; será que num cartaz em reconhecesse que "sabe dormir" apareceria de pijama?
E se, para o tornarem mais jovial, o pusessem de calções ou jardineira, com um balão na mão? E por que não um fatinho de marujo e um gelado?
E na senda da informalidade, que impede os seus assessores de o fazerem vestir umas jeans rasgadas ou de lhe darem um visual hip hop, estilo Eminem?
Razão tinha o outro que falava de sabonetes e candidatos, numa mesma prateleira...

60 contos de liberalismo

Uma das notícias do dia é o inicio da efectivação de uma das promessas eleitorais do engº Sócrates: a de elevar para o mínimo de 300 € as pensões de reforma, embora comece apenas pelos que têm mais de 80 anos, para chegar aos cidadãos de 65 anos, em 2009.
A bondade intrínseca da medida não é questionável, a não ser pelas pontas por onde já começaram a pegar: por um lado, há quem diga que é pouco começar pelos octogenários, que são, ao que ouvi dizer alguém na TSF, pessoas em fim de vida. A mais do macabro de algo que poderia ficar não dito, a verdade é que se em 2009 se chegar ao fim da linha, não é nada mau. Isto a mais de sabermos que a situação do País não permite avanços de rompante.
Por outro lado, ouvem-se lamentos no sentido de que só abrangerá aqueles que não auferem qualquer outro rendimento, nem que seja sob a forma de apoio familiar. Aqui chegados, há que dize-lo: concordo com a opção, entendo que é ideológica, e é muito mais liberal do que socialista, para que conste no Largo do Rato.
A verdade é que o que pode ler-se na "questão familiar" é a ideia de que a sociedade civil tem um papel muito importante no desenvolvimento de um País. Ao Estado devem reservar-se funções reguladores, designadamente garantindo um limiar mínimo de dignidade social abaixo do qual ninguém deve cair. Daí por diante mérito e laços sociais devem desempenhar o seu papel.
A medida é boa e tem um travo anglo-saxónico, mas se isto é apoiar o Governo, ao menos note-se que eu já estava do lado de cá das novas fronteiras. Dito de outro modo, como Blair provou, a 3ª via é mais liberalismo com tempero social do que socialismo.

quarta-feira, 16 de novembro de 2005

Educar o algodão

O despacho normativo n.º 50/2005 do Ministério da Educação prevê n.º 50/2005 vai possibilitar a “avaliação extraordinária" de alunos que, tendo já reprovado, se encontrem em situação de o voltar a fazer, pese embora remetendo essa competência para o conselho pedagógico da escola.

Prevê-se ainda que os alunos possam ser encaminhados para cursos de formação conferentes de certificado.

A medida é uma ultima ratio, e pode não ser dramática, mas pode ficar a sensação de que se está a emoldurar as estatísticas da nossa (falta de) Educação, para europeu ver…
É que, também aqui, o algodão (leia-se, a selecção que o mercado fará) não engana...

Manual do votante orçamental

Manuela Ferreira Leite, que também não é “profissional da política” (para usar o bom léxico do Professor) e que, portanto, pode afirmar o que lhe der na telha, com a competência e inteligência que se lhe reconhece, veio dizer que, sendo que o Orçamento do Estado para 2006 vai na linha daqueles que ela defendera enquanto governante, provavelmente, abster-se-ia.

Subtilmente, deixa um enigma, ao acusar ainda o PS de pouca seriedade por ter votado contra os OE de PSD e CDS e, depois, apresentar um semelhante. Fica para os analistas fazer a leitura a contrario desta declaração…

Quanto às dúvidas da Presidente da Mesa do Congresso sobre o cumprimento das medidas pelo Governo, isso serão outros quinhentos…

Pelo meio, vozes autorizadas, como as de Eduardo Catroga (Presidente do Conselho Estratégico do líder do PSD), Duarte Lima e a primeira versão de Miguel Frasquilho (que, a meu ver, e digo-o como seu amigo, mais uma vez se deixa ficar… Não dá para muitas mais vezes, caro Miguel), vieram reconhecer traços positivos no OE 2006, em cujo meandros não me aventura, porque são outros os meus mares.

Ou seja, contas feitas, fica o PSD com um voto táctico e um primeiro tiro à proa de Marques Mendes por parte de uma personalidade não “menezista” de peso .

terça-feira, 15 de novembro de 2005

Juventude Pop

Tenho o João Almeida, Presidente da Juventude Popular, por um bom amigo. É por isso que se limita ao campo político a apreciação depreciativa que faço da decisão daquela organização de não apoiar Cavaco Silva.

A decisão é legítima e, ao que sei, imaculadamente democrática. Porém, começa por enfermar de um erro de tomo, em matéria de ciência política: a JP e o seu líder esgotam um momento mediático magno comunicando um "não apoio", uma decisão negativa, lamentando que não haja um "mundo melhor".

Pode até dizer-se que "bem, se não fosse assim não teriam tido a atenção dos media e a acusação de desperdiçar os holofotes cairia pela base"... Até pode ser que sim, mas valerá a exposição tudo e mais umas botas?! Nessa lógica (que não lhes ouso imputar), passaria a ser expectável que um conselho nacional tivesse lugar numa colónia naturista ou que o congresso decorresse numa mina…

Admitamos, todavia, que foram mesmo razões políticas substantivas e/ou tácticas que subjazeram a este niet a Cavaco.

Do lado do "modelo de desenvolvimento", diria que Cavaco Silva, a mais de ter autonomizado, pela primeira vez, a Juventude como área de incidência governamental, introduziu um conceito de livre iniciativa, um hábito de saudável do orgulho nacional (provando-se que podiamos fazr mais e melhor que todos os demais, como mostraram a Europália, o Campeonato Mundial de Juniores e a Expo 98, lançada pelo seu Governo, entre outras realizações) e uma ideia de modernidade (só criticará o betão quem se não lembrar de que podia demorar-se, em noites "europeias" da Luz, 6 horas para viajar de Lisboa a Coimbra, à noite). Estas e outras seriam, creio eu, belíssimas razões para uma juventude partidária, que não seja de esquerda, apoiar o Professor.

O grande problema é que, dê por onde der, o João Almeida e os seus não vão livrar-se do estigma - injusto, espero eu, sob pena de termos de optar por uma análise mais demolidora - de que esta votação interna reflectiu a linha de fractura do CDS, sendo que aquele foi o candidato a secretário-geral de Telmo Correia (que, aliás, também tenho por amigo), o mesmo que voltou a opor-se a Ribeiro e Castro, agora em matéria de presidenciais. Aliás, a suspeita agrava-se, para quem a nutra, se virmos os rasgados elogios a Pires de Lima (merecidos, diga-se), a propósito da eventualidade do seu avanço para o cadeirão presidencial centrista.

De todo o modo, a pergunta fica: a alternativa da JP, sem imaginar candidatos que não existem, é a vitória de Mário Soares ou a de Manuel Alegre?

Embora respeitando a decisão, teremos de ter memória, daqui a uns anos...

quinta-feira, 10 de novembro de 2005

Passatempo

Alguém me explica, a ser verdade, por que diabo o BCP se deu ao patriótico desígnio de oferecer ao Estado o fundo de pensões?
Estou a pensar num prémio para a melhor tentativa de explicação.

quarta-feira, 9 de novembro de 2005

Contas certas

De facto, Sócrates prometera não culpar o passado.
Marques Mendes "acertou-lhe o passo", visto que, no debate orçamental, o PSD foi bombo da festa das referências do nosso Premier.
Quanto às referências censórias às SCUT, não posso deixar de concordar com o Presidente do PSD, embora tal revele "conceito", por parte de quem as preconiza.
Já no que à OTA diz respeito, mais valia que nós, eleitores e contribuintes, percebessemos, de uma vez por todas, se precisamos ou não de partir de vez o mealheiro.
Por fim, e feita a análise da nota técnica, na nota artística já conhecemos - e há que reconhecer - a veia do Engenheiro, nos grandes momentos...
E mais não digo...

"Love me tender"

Já repararam no ar lânguido com que Louçã nos fita, nos cartazes onde promete que tudo será "olhos nos olhos"?
Não tenho nada contra visões alternativas do modus vivendi, porém fica-se com o receio de que o chefe do politburo bloquista tente beijar-nos, se nos encontrar em campanha...
Irra!

terça-feira, 8 de novembro de 2005

Homens providenciais

São lapsos inofensivos de um jornal de qualidade, o "Público", mas não deixa de ser curioso imaginar a concretização das notícias tal como nos chegam:

1 - "PSD aprova apoio a Cavaco por 'unanimidade e aclamação' " (30/10)

Sendo que "amanhã [31 de Outubro, entenda-se], Cavaco desloca-se à sede de candidatura de Cavaco, para lhe manifestar o apoio formal".

Imagino o austero Professor a trocar, sucessivamente, de lado da mesa e, no fim, a apertar a mão direita com a esquerda. Convenhamos que iria melhor com a vaidade do dr. Soares...

2 - "Nino Vieira pretende criar em Bissau um Governo de Unidade Nacional" (31/10)

Depois de outras informações sobre a democracia guineense, ficamos a saber, sobre o actual Presidente, que "depois de ter sido derrubado em 1999 por uma parte das Forças Armadas, Nino Vieira foi afastado do partido que até então controlava, e só conseguiu este ano regressar ao poder graças ao apoio do Partido da Renovação Social (PRS), de Kumba Iálá, e do Partido Unido Social-Democrata (PUSD), de Kumba Ialá".

A mais de porem Kumba, um dia depois (a notícia tem mais 24 horas do que a anterior), a tentar aumentar a ubiquidade de Cavaco, creio que exageram no pluralismo que atribuem ao sistema de partidos da Guiné-Bissau...

sexta-feira, 4 de novembro de 2005

Estar acordado

Nem mesmo o dr. Soares pode permanecer no registo de hecatombe, a todo o instante...
Na mesma entrevista à VISÃO, acometido de um momento de lucidez à antiga, Soares responde a contento:
VISÃO: "Houve pessoas ligadas a Manuel Alegre que o acusaram de 'traição' a um amigo..." (...) "Inês Pedrosa, por exemplo...".
Soares: "Não ouvi. O Eduardo Prado Coelho sim. Mas o Prado Coelho não tem autoridade para falar em traição. Tem um percurso tão sinuoso, do ponto de vista político...".
BINGO!!! É, de facto, das mais lamentáveis figuras do panorama pseudo-cultural português.

"É triste ver este homem"...

Apesar de citar a letra da banda sonora de um filme com final trágico, não é ao "guerreiro menino" que me reporto, mas sim ao dr. Soares, que deveria ter sido preservado, um pouco (salvas as devidas distâncias, porque as circunstâncias são diversas) como sucedeu com Sottomayor Cardia, quando lhe passou pela cabeça o avanço para Belém.

A "tara" por Cavaco é excessiva, ridícula e apouca um homem com um percurso, goste-se ou não, singular.

Anteontem, na TVI, era o facto de não saber falar e de, quando o faz, só debitar Economia.

Ontem, a entrevista à VISÃO trouxe mais umas pérolas:

a) "Estou aqui para discutir as minhas ideias convosco. Se vai pôr toda a ênfase em Cavaco Silva, está a fazer uma entrevista falhada"
(...)
"Mas ainda não saímos do professor Cavaco... É uma obsessão vossa!"
(...)
Porém:
"(perguntado sobre se tem apoiantes de direita) Tenho, mas sabe por que é que me apoiam? Porque não gostam de Cavaco Silva".

E a obsessão é dos outros!... Ainda bem que as pessoas se revêm, sobretudo, nas ideias...

E, já agora, quem falou numa candidatura para evitar um passeio de Cavaco Silva na Avenida da Liberdade?



b) VISÃO: "Porque escolheu (...) Cunha Vaz, que Ferro Rodrigues processou por difamação..."?
Soares: "Quanto à empresa de Cunha Vaz, sou testemunha, nesse processo, a favor de Ferro Rodrigues, por quem tenho muita estima e de quem sou amigo. Cunha Vaz está apenas lá [candidatura] como profissional".

E se não tivésse estima e amizade?! Ainda bem que não é também testemunha de Jeová, porque era mais grave, dado o envolvido...



c) VISÃO: "A decisão de levar até ao fim a sua candidatura é mesmo definitiva?".

Voltando à introdução do post, e salvaguardo o devido respeito pelo dr. Soares, não estranhará ele por que é que estão sempre a fazer-lhe esta pergunta?! Será que imaginam que há uma cabala "geronticida"?

Vai ser dramático, até Janeiro, olhem o que vos digo...

sexta-feira, 28 de outubro de 2005

Sobrinho de seu tio

Ontem, no "Frente-a-frente" da SIC-Notícias, entre Narana Coissoró e Alfredo Barroso, este último, sobrinho de seu tio (Mário Soares, entenda-se) procurou beliscar a candidatura de Cavaco Silva da forma mais lunática possível.

Como bem sublinhara o "senador" do CDS, os apoiantes de Soares haviam perdido o argumento do "vazio de ideias", agora que o ex-primeiro-ministro apresentara o programa.

Não desarmando, e provavelmente não se sentindo com bagagem para questionar as causas defendidas, Alfredo Barroso decide tentar provar a "falta de transparência" de Cavaco Silva.

Como?! Revelando a um País que, por certo, imaginaria atónito e escandalizado, que, há uns meses, quando procuravam uma sede para o tio Mário, lhes haviam dito que o edifício desejado estava reservado para o prof. Cavaco Silva!!!

Gravíssimo, de facto...

Perder o fio à meada três vezes, numa conferência de imprensa, é normal...

Não saber onde para o diploma do referendo sobre o aborto, sendo-se candidato a Presidente, é naturalíssimo...

Agora, reservar um edifício sem adiantar que se é candidato (soubesse-o ou não com toda a certeza, na altura) é que não!!!

Cavaco, a ver pela óptica do sobrinho Alfredo, é um perigo para Portugal, pois ocultou uma reserva de um prédio e, logo, que era candidato, antes da data em que o revelou.

Sinceramente...

quarta-feira, 26 de outubro de 2005

Que tal esquecer-se das assinaturas?

Eis que, ontem, o dr. Soares deu ares da sua graça, mas foram, de facto só ares...
O cargo a que se propõe não é o de presidente de uma qualquer associação filatélica, salvo o devido respeito, e, por isso, nas faltas mais graves temos mesmo de marcar grandes penalidades.
Assim, como pode o candidato, depois de menosprezar a superioridade atribuída a Cavaco Silva em matéria de conhecimentos de finanças públicas, usando uma citação de Fernando Pessoa sobre Jesus Cristo ("mais do que isto, é Jesus Cristo, que não sabia nada de finanças, nem consta que tivesse biblioteca”), apresentar como bandeira a consolidação das finanças e lembrar com laivos de superioridade a sua alegada preponderância na matéria, durante os seus governos?!
Mas, a meu ver, mais grave ainda é o facto de desconhecer o estado processual do referendo ao aborto aprovado por PS e BE. A mais de ser uma questão actual e noticiada até à exaustão, é um tema magno da sociedade e para o próximo mandato presidencial.
Ora, propondo-se o dr. Soares a um 3º mandato, não vale a invocação de mero lapso para desculpar o facto de, na sessão de apresentação do programa, desconhecer que o dr. Sampaio já enviou a questão para o Tribunal Constitucional, há algum tempo.

terça-feira, 25 de outubro de 2005

Irmãos daltónicos

A meu ver, temos de começar a pensar no que se procurará num Presidente, em 2006.

Assim, a dinâmica dos sistemas políticos, a menos que se olhe pelo lado mais estático de alguns constitucionalistas, obriga, em cada tempo, a ler as circunstâncias políticas.

Ora, hoje, o que temos é uma predominância socialista nos mais diversos orgãos do Estado, o que leva a que, mesmo quando o Governo tenha fair-play suficiente para desejar um olhar crítico e construtivo (reconheço essa qualidade a alguns dos nossos governantes), não encontre eco em titulares de instituições que, mesmo inconscientemente, se lembrarão de quem os nomeou e, em muitos casos, de quem poderá reconduzi-los. É o perigo da mesma cor...

Acresce que, mesmo que todos conservassem o cúmulo da sua lucidez, não cola a ideia de que Jesus Cristo nada sabia de finanças, com a qual o dr. Soares procurou um momento de graça e de show off literário; que me perdoem a heresia, mas, hoje em dia, até ELE teria um MBA.

Graças à parte, a ideia é a de que, num mundo globalizado (goste-se ou não da ideia, é um facto), o enquadramento de um País já não pode fazer-se com tertúlias num canal de televisão por cabo (como fazia o dr. Soares) ou com tiradas poéticas e proféticas, dentro ou fora do “quadrado” (alusão a conto do poeta-candidato), e com recordações, de certo meritórias, de lutas anti-fascistas. Os conhecimentos do prof. Cavaco Silva são preciosos para que, entendendo o que o País necessita e o peixe que vão tentar vender-lhe, possa dizer ao Primeiro-Ministro o que pode passar ou chumbar em Belém, e até apoiar publicamente o Governo quando, como creio haver já exemplos dados por José Sócrates e seus pares, o mereça, dada a dificuldade e inevitabilidade de muitas reformas.

Assim tivesse o dr. Soares entendido a presidência, e mais se teria feito, entre 1985 e 1995.

Irmãos Dalton

Estamos fritos!
Os portugueses habituaram-se a ver no “senhor Presidente” o último baluarte de respeitabilidade da classe política, algo para que concorrem amplamente a sua eleição por sufrágio directo, universal e secreto, a natureza unipessoal do cargo e as suas “funções de Estado”.

Todavia, em cinco candidatos com base de apoio partidária (a conversa da emergência a partir da sociedade civil é muito bonita, mas já em 2001 não havia quem riscasse sem estar apoiado pela partidocracia) é preocupante e lamentável ver quatro quintos da banda a tocar um requiem, desde logo pelos motivos do parágrafo anterior; ou seja, é de temer quando quatro candidatos a Chefe de Estado – Soares, Alegre, Jerónimo e Louçã – proferiram já declarações em que reconhecem como bom motivo programático impedir a eleição de Cavaco Silva.

Para se perceber também o lado burlesco, era como se um candidato à presidência do Benfica dissesse que o objectivo primeiro da época era evitar que o Sporting ganhasse, como se um candidato a Secretário-Geral da ONU se propusesse encarnar os princípios da organização, começando por dizer que queria derrotar o concorrente de outro país, ou como se entrássemos no autocarro para deixar de fora o tipo que vem a seguir na fila…

Se fosse Cavaco a proferir uma pérola destas, a cruxificação na praça pública, precedida de esquartejamento mediático, seria a mais leve pena a esperar.
Importava que os candidatos garbosamente auto-designados de esquerda (o velho maniqueísmo de volta) começassem a pré-campanha positiva, sob pena de tornarem Cavaco numa espécie de candidato solitário, mais rápido a ser eleito do que a sua própria sombra.

quarta-feira, 19 de outubro de 2005

We are the champions

Dias da Cunha (Presidente demissionário do Sporting) apoia Mário Soares.

Eduardo Prado Coelho (ex-mentor de Carrilho) apoia Alegre.

É só vencedores...

Templo da Diana

Não haverá hipótese de Diana Pereira (a supermodel coimbrã) enveredar por uma carreira política e regressar ao burgo?
Não o digo pelos sobejamente conhecidos detalhes artísticos da sua anatomia, mas sim pela agradável surpresa que tive ao ler a sua entrevista à revista “Sábado”.
Pés assentes na terra, rejeição de drogas (comuns no mundo da moda) e de adereços afins, visão altruísta das relações sociais e naturalidade (em contraste com o estilo ensaiado de muito partisan) fazem falta e fariam da "minha" Cidade o verdadeiro “templo da Diana”.
Esperemos que, também na política de Coimbra, a moda seja "passageira" (para parafrasear Rui Reininho).

segunda-feira, 17 de outubro de 2005

Espelho meu

Creio que o problema de algum descrédito que os cidadãos atribuem à candidatura do dr. Mário Soares nem tem bem a ver com factos objectivos.
Eu nunca o apreciei, mas os que nutrem simpatia por ele têm de viver com a comparação do que já foi e do que (não) poderá vir a ser.

quinta-feira, 13 de outubro de 2005

Autárquicas VII

Se Pinto da Costa for o F.C.Porto, então o FCP também perdeu eleições, tal o volume de bílis anti-Rio que lançou o "Papa" das Antas.
A verdade é que separar política e futebol é imperioso (eu gosto de ambos), e a malta lá vai percebendo isso...

Autárquicas VI

Sendo que até simpatizo com os populares, é incontornável o desvanecimento do CDS como partido autárquico. De nada servirá invocar os mandatos obtidos em coligação, pois a marca CDS-PP "vende" inequivocamente menos no mercado eleitoral, quando vista isoladamente.

A ideia de desvanecimento do CDS (um partido de direita moderada e democrática) em nada me alegra, até pelo que abre de espaço a extremismo, numa altura em que as tensões sociais recrudescem, no mundo ocidental.

Autárquicas V

Conclui-se que o Bloco de Esquerda é Louçã e Louçã é o Bloco de Esquerda. Se assim não fosse não era a ele que um partido colectivista recorreria em todo e qualquer desafio nacional (foi assim nas legislativas, será assim nas presidenciais). E, se assim não fosse, não teria o BE ficado tão abaixo das suas expectativas, quando teve que diversificar rostos, como aconteceu nas autárquicas.
Façam o exercício de imaginar na liderança Luís Fazenda, Fernando Rosas, João Teixeira Lopes ou Ana Drago e perceberão que, com o cansaço que Louçã inevitavelmente gerará, o BE não irá além de um partido de protesto radical, em sufrágios nacionais (oxalá o PS nunca precise deles para nada, ou estaremos, aí sim, bem arranjados).

Autárquicas IV

Carmona Rodrigues é, como já afirmara, um gentleman. A forma como não deixou de lembrar o seu antecessor e como creditou a vitória também a Marques Mendes denota o justo equilíbrio que consegue entre a afabilidade e a competência.
Parabéns também ao António Proa que, em devido tempo, bem disse que deveria permanecer no elenco.

Autárquicas III

E por falar no dr. Mário Soares, a violação da lei eleitoral que perpetrou ao apelar no voto no filho, em pleno dia de votação, coloca-nos perante um dilema: ou infringiu claramente a lei - e, aí, não sei como pode querer ser o Mais Alto Magistrado da Nação - ou não se apercebeu da falta grave - e, nesse caso, também não sei como pode querer ser o Mais Alto... (já sabem o resto)!
No entanto, não se enganem: o PS tem apurado instinto de sobrevivência e já percebeu que só com Sócrates tem possibilidade de continuar na corrida. Por isso, a militância votará Mário Soares aos 81 como aos 150 anos.

Autárquicas II

José Sócrates esteve digno. Felicitou o principal vencedor, depois de uma campanha na qual se não furtou a aparecer ao lado de muitos dos seus. E se 9 de Outubro marca o pior resultado autárquico, desde 1985, não pode esquecer-se que 20 de Fevereiro sublinha o maior sucesso em legislativas. Ainda faltam 4 anos, olhem o que vos digo...

E mais: se dizem que certas vitórias derivam da personalização da política, realçando a figura a de vencedores e/ou perdedores (vejam-se, por exemplo, os casos de Felgueiras, Oeiras, Gondomar ou Lisboa), então não pode dizer-se que, em grande parte, se trata de uma punição ao Governo. A leitura equilibrada, a meu ver, é a que tem um pouco de cada uma destas "teorias".

A única "má-boa" notícia para Sócrates foi a derrota de Carrilho. Se aquele que chegou a ser rotulado de "grande ordinário" tem ganho, teriamos um mandato de prepotência intelectual e de sede de protagonismo, usando a edilidade como trampolim, bem ao jeito do exemplo parisiense em que parece inspirar-se.

Creio que foi Jorge Coelho quem disse que o PS deveria escolher melhor os seus candidatos, e disse bem. As escolhas para Lisboa, Porto, Sintra e Coimbra (apenas para amostra) não eram a meu ver, os mais adequadas para cativar o eleitorado, por razões várias.

Por exemplo, no caso de Sintra, nem é que se diga de João Soares o que se diz de Carrilho, mas o facto é que, nos moldes actuais. Bem sei que em política não há "para sempre" (se assim fosse, há muito que eu estaria mumificado), mas João Soares precisa bem de repensar a sua imagem, já que a sequência Lisboa-PS-Sintra (3 grandes derrotas em 4 anos) pode passar de currículo a rótulo. Definitivamente, no casting actual, não devia tentar seguir o ofício de seu pai...

Autárquicas I

Arrumadas as eleições autárquicas, segue-se para a vitória de Cavaco Silva, em 2006.
Porém, antes disso, e deixando a análise clássica para os experts, ficam alguns apontamentos sobre a noite de 9 de Outubro de 2005:

O grande vencedor é, evidentemente, o PSD e o seu Presidente, Marques Mendes. Apostou pessoalmente em Carmona (arredando Santana Lopes que, ao que afirmou ao Diário Económico, nem queria ser candidato), Isabel Damasceno e Élio Maia (Aveiro), e ganhou. Enfrentou Valentim Loureiro e Isaltino Morais e, mercê da dimensão da vitória global, não perdeu com o sucesso destes (embora continue a chamar a atenção para o facto de se mostrar que a "credibilização" de que fala não é, contas feitas, o afastamento de dois ou três militantes).
Marques Mendes tem o PSD "na mão", e mais terá ainda com o previsível sucesso de Cavaco Silva. Se quiser mesmo a eleição directa do presidente do PSD, o pós-presidenciais é a altura adequada para um "passeio imperial".
Apostas feitas, desconfio que, ao contrário de palpites que escutei, que será mesmo ele o challanger de Sócrates, em 2009.

PIDE Resort

E por falar na Áustria, até eles lidam bem com a barbárie nazi, a avaliar pela pedagógica exposição do Museu Militar, em Viena.
Se a nossa PIDE não foi sequer um décimo da Gestapo, por que não havemos de assumir toda a nossa História e preservar a sede da polícia da II República para que jamais se esqueça?!
Não concordo com a ideia de um condomínio de luxo, sublinho.

Omnipotência

Bem sei que não é um crime de lesa Pátria, mas, anos depois de ter ouvido falar de Bratislava como capital da Eslovénia, a Visão de hoje, a propósito de reservas de combustíveis fósseis, fala na Austrália e exibe a bandeira austríaca.
Que um cidadão comum se engane... Mas os omnipotentes média...


segunda-feira, 3 de outubro de 2005

All you need is love

Soares diz que votaria Alegre na 2ª volta das presidenciais (porque sempre votou à esquerda).
Alegre diz que o faria por Soares.
Ou seja...

sexta-feira, 30 de setembro de 2005

O que é que se diz?

"Santana Lopes deixa o caminho livre a Cavaco Silva"

Título da pág. 27 do Diário Económico de hoje (texto integral na edição de 2ª feira).

quinta-feira, 29 de setembro de 2005

Pasteis para Belém

As presidenciais começam a tornar-se interessantes!

a) Alegre é mais consistente que Soares, e já há tempos que dizia (embora o não escrevesse) que fidelizaria mais a verdadeira esquerda. Eis uma sondagem que o atesta.

b) Cavaco tem de ganhar, desde logo por uma lógica de "freios e contrapesos" (checks and balances na ciência política anglo-saxónica).

c) O eleitorado do Bloco de Esquerda, numa segunda volta, votará maioritariamente em Cavaco Silva, o que confirma o que disse e escrevi: tirando alguns desfavorecidos iludidos com a propaganda da extrema-esquerda trotskista, a verdade é que o BE esconde uma burguesia satisfeita que resolve "virar o barco" com o seu voto, por descontentamento genuíno com a política clássica ou porque não compreende como é que todo o mundo parece renitente em ir buscá-la a casa para missões para que se sente talhada, mesmo que para isso não mexa uma palha.

Quando está bem, está bem...

Boa medida a de dar formação continua aos professores de matemática do primeiro ciclo.
Esta leva anos a dar frutos, mas tem de se começar por aqui. Oxalá não se mudem algumas das coisas acertadas que se têm feito na Educação, quando mudar a Ministra ou o Governo (hábito bem português).

segunda-feira, 26 de setembro de 2005

O debate mensal com o Primeiro-Ministro (visão de um militante do PSD)

...


(disse)

A nossa campanha alegre

Agora que Mauel Alegre resolveu atestar o perfil consensual de Mário Soares, por que não fazermos ciência política?!
Já imaginaram que justo era conseguirmos uma 2ª volta Cavaco vs Alegre?
É a oportunidade de agradecermos a proba governança das finanças públicas, a "descolonização exemplar", as presidências abertas, e todo um legado que, de facto, não pode ser esquecido!...

sexta-feira, 23 de setembro de 2005

O nosso choque tecnológico

Irra!
É para aí o 4º ano que tento pagar a quota do PSD (sim, sou daqueles idiotas que não espera que lhas paguem, em altura de eleições internas, na óptica - a do pagador - de um qualquer cambalacho acéfalo, em que temos sido fertéis) na Internet e népia.

Das duas, uma: ou tiram a referência do aviso para pagamento, ou vêem que diabo se passa.

Dar uma de modernidade com conhecimentos a carvão dá choque, mas não é tecnológico...

segunda-feira, 12 de setembro de 2005

Vai uma sopinha?

Noticiou o "Independente" que Saramago combinou o apoio a Soares com o próprio, a uma mesa do Gambrinus (restaurante de luxo, para quem não saiba), algo legítimo, numa economia de mercado.

Com tais mordomias, bem fica a Saramago nem tentar apoiar o candidato do PCP.

Agora, Soares dizer que nos entende a todos, com a crise que vai para lá das portas do Gambrinus...

Tá bem

Há que reconhecer que, na Educação, tem havido medidas positivas:

- concursos plurianuais para colocação de professores (estabilidade para os próprios, para o projecto educativo da escola e para os alunos acompanhados, para o bem e para o mal, ao longo de um ciclo)
- escolas do 1º ciclo abertas até às 17h30, e pelo menos durante 8 horas (os pais de hoje não têm os horários de ontem)
- inglês e infomática no 1º ciclo.

Não ficava mal ao PS reconhecer que os Governos PSD/CDS haviam começado a apostar nestas vias.

A verdade é que também não ficava mal ao PSD saber reivindicar essa paternidade e defender, por exemplo, o Prof. David Justino com outra eloquência e mais carisma.

domingo, 4 de setembro de 2005

Em brasa

A 2ª liga presidencial não deixa, no entanto, de ter alugma razão.
Creio que o facto de o PCP e o BE levarem as candidaturas até ao fim pode ajudar a esquerda, já que há militantes de ambos que, a meu ver, ficariam em casa, se a única opção fosse Soares.
Por outro lado, nada me tira da cabeça que Jerónimo de Sousa ía mesmo desistir (assim poupando o envelhecido eleitorado comunista a mais uma romaria), só tendo mudado o rumo quando o concorrente directo (BE) decidiu ir até ao fim.
Grande é Cavaco Silva que ainda não abriu a boca e já os pôs todos em brasa.

2ª liga

Ouvir Louçã, a mais de repetitivo, é repugnante, para quem, como eu, deteste hipocrisia e desrespeito pelas instituições.

Na sua apresentação como pseudo-candidato presidencial disse, entre outras pérolas, que Portugal, não obstante ser quatro ou cinco vezes menor que Espanha, ardia mais. E nenhum jornalista tem a isenção de lhe perguntar se acha que o combate aos fogos é gizado pelo Presidente? Sintomático (eu ando a avisar...)...

Disse ainda que Portugal andava "profundamente desanimado" (cito de cor). Será que se propõe animar-nos com palhaçadas? Será que acha que nos vamos rir com a demagogia de quem vive como burguês e fala como descamisado?

A verdade é que Louçã não é candidato a Belém, antes fazendo uma fraude política aos princípios da lei e à inteligência dos portugueses, visando aproveitar-se do tempo de antena e continuar a disputar a 2ª liga política com o PCP e outros...

sábado, 3 de setembro de 2005

Afinal, não é da minha vista

Hoje, pela manhã, vi, mais uma vez, os oportunos comentários da jornalista Felisbela Lopes, na edição da manhã da RTP-N.
A dado passo, referiu que o "Expresso" anda numa fase de desacerto, lembrando que o jornal avançava que o PCP iria candidatar uma mulher a Belém e que, ainda na semana passada, apontara Belmiro de Azevedo como apoiante de uma candidatura de Cavaco Silva, algo que o primeiro disse, na edição de hoje, ainda não ter decidido.
Se lerem o post "Beslan", verão as razões do meu alívio...

Cultura rica em país pobre


Agosto de 2004, Yerevan, Armenia.

Memórias de um país esquecido


Agosto de 2004, Tbilisi, Georgia.

sexta-feira, 2 de setembro de 2005

Beslan

Fez ontem um ano sobre um trágico começo de ano lectivo, onde animais, a coberto de um Islão que não prega aquilo, sequestraram crinaças inocentes e familiares.
A intervenção das forças da ordem foi péssima, já se sabe. Mas bem podem os correspondentes das televisões fazer uma pausa na sua bílis anti-Putin, pois nada desculpará o vampirismo insane dos terroristas.

Este episódio fica também marcado por uma enorme decepção com o "Expresso".
De facto, quando a Ministra da Educação foi à Comissão Permanente da Assembleia da República, no ano passado, coube-me fazer a intervenção pelo PSD.
Em jeito de nota prévia, e sublinhando qua nada tinha a ver com o assunto que iriamos analisar (relembro que houvera problemas bem grandes com o concurso de professores), lamentei o que estava a suceder em Beslan (ainda não se dera o "assalto" das forças governamentais), condenei o terrorismo e, para concluir, mencionei que iria entrar no tema da ordem do dia.
Inspirada por um dos muitos canalhas que há na política (como em todo o lado, diga-se), a secção"Gente" da revista daquele semanário, sob o título "Tirada infeliz", disse que eu desvalorizara os problemas em Portugal à luz de uma comparação com a abertura do ano lectivo na Rússia, o que, de facto, seria imbecil.
Entreguei a uma das jornalistas do "Expresso", que costuma cobrir a actividade parlamentar, uma cópia da acta e uma carta ao Director, pedindo a correcção da alarvidade a mim atribuída. E, nada...
Escrevi então ao Director, juntando o registo da sessão em vídeo. E... Recebi um cartão do mesmo, estranhando não ter recebido a carta e informando-me de que naquele jornal não se guardavam "cartas na gaveta" (alguém a arquivou no lixo, digo eu...). Prometeu a sua publicação, em breve.

Resultado?! Publicou a carta na secção destinada a cartas dos leitores, em letra miúda e no fim da revista.

Lição?! Nunca aceitem conselhos (por muito bem intencionados que sejam) para não exercer, formalmente, o direito de resposta, por muito que os jornalistas vos "tomem de ponta", a partir daí.

Mas, de facto, o mais importante é mesmo que rejeitemos o sangue em nome do Islão, seja em que quadrante do globo for.

quinta-feira, 1 de setembro de 2005

Eu bem digo...

Avolumam-se os gritos de denúncia em relação à geração que, hoje, domina os aparelhos partidários.
Claro que nem sempre (ou raramente) falamos dos rostos de primeira linha, mas há segundas e terceiras linhas (os mesmos que conseguem, por exemplo, apoiar com o mesmo vigor e protagonismo a trilogia antagónica: Barroso - Santana - Mendes, no PSD) que se perpetuam e estrangulam novas ideias e desejos de purificação dos procedimentos que tenham por objectivo refrescar o discurso.
Ultimamente, vozes que me parecem credíveis apontam o dedo aos "aparelhos" partidários. Vejamos algumas:

Ângelo Correia (O Independente, 22 de Julho):
"Qualquer dia, só santos e desempregados vão para o poder".
Comentário: dos segundos já é possível colher amostras...

Carlos Monjardino (O Independente, 19 de Agosto):
"Os decisores políticos são sempre decisores espartilhados por máquinas partidárias."
(...)
"Há sempre a preocupação de colocar em determinados lugares pessoas escolhidas não pela sua competência, mas pela sua filiação partidária. O que custa caro ao País.".
Comentário: não me diga?!...

Manuel Alegre (jantar em Viseu, transmitido e reproduzido por inúmeros media, 30 de Agosto):
"Há mais vida para além dos aparelhos".
Comentário: tirando a pantomina do "vai que não vai" a Belém, nada como um poeta para manter a esperança em algo que parece díficil de provar.

Paulo Morais (Visão, 25 de Agosto):
"Pena é que nos partidos ainda haja colunas estalinistas que pretendem cercear o pensamento dos seus membros".
(...)
"Nos partidos (...) mandam os novos profissionais da política, gente que nunca fez nada na vida, para além da política e a entende como um fim em si mesmo. Nem sequer se preocupam com o interesse do partido, quanto mais com o do povo".
Comentário: bruxo!

Quanto mais tempo faremos de conta que não é connosco dar a volta a isto?! Durante quantos anos mais vamos dizer que pode ser tudo verdade, mas que quem afirma "devia ter dito antes" ou "só diz porque não lhe deram lugar"?
Falta-me em força política o que me sobra em indignação, confesso.

quarta-feira, 31 de agosto de 2005

Triste Poeta Alegre

Que Soares não foi correcto, já não seria novidade para quem goste de prosa, mas Manuel Alegre
- se tinha razões, candidatava-se.
- se não tinha, calava-se.
Arrastar "novelas" e falar em linguagem cifrada, tirando meia dúzia de intelectualóides, descredibiliza tanto a política como os aparelhos partidários contra os quais se vocifera, e bem, hoje em dia.

quarta-feira, 10 de agosto de 2005

Que seria de nós sem ele?...

Afinal, depois de eventualmente acometido de um surto febril, o prof. Carrilho recuperou o seu normal "ziguezaguear", senão leiam no mesmo DN, um dia depois:
"Tenho um alinhamento claro se Mário Soares avançar, terá o apoio de todo o PS. É um apoio indiscutível de todos os socialistas. Há cerca de um ano, numa entrevista da Judite de Sousa, falou-se nessa possibilidade e eu disse o mesmo", afirma Manuel Maria Carrilho num comunicado em que reage à manchete do DN de ontem, que reproduzia declarações suas nas quais manifestava reservas à candidatura de Mário Soares a Belém.

(...)
Ontem, o candidato socialista à Câmara Municipal de Lisboa desdobrou-se em declarações reiterando o seu apoio a uma eventual candidatura presidencial de Mário Soares.
Que seria de nós sem ele?...

terça-feira, 9 de agosto de 2005

Não é possível dizer asneiras toda a vida

Vejam bem que até os profs. Carrilho e Prado Coelho já dizem coisas com acerto, a acreditar no que os meus olhos vêem no DN de hoje:

Na opinião de Carrilho, a candidatura de Soares é "um mau sinal do sistema político português". Porque, segundo o ex-ministro da Cultura dos governos de António Guterres, "num sistema semipresidencialista", o PS podia e "devia ter tomado a iniciativa". Manuel Maria Carrilho acrescenta também que chegou a conversar com José Sócrates sobre a possibilidade e até a necessidade de o PS resolver o assunto pelo menos "um ano antes" das eleições presidenciais [Janeiro de 2006]. No fundo, diz ao DN, era possível que o PS "produzisse um candidato" presidencial sem ter de recorrer ao antigo presidente da República. Apesar de não comentar argumentos como o da idade de Soares (que faz 81 no fim deste ano), Carrilho alerta para um factor a exposição mediática a que o ex-presidente irá ficar sujeito. "Os media vão mostrar um candidato em condições físicas muito diferentes do outro candidato", sublinha.
Um raciocínio que é acompanhado por Eduardo Prado Coelho, escolhido por Carrilho para primeiro suplente da lista à CML. "Mário Soares é uma solução que os militantes do PS vêem com muito bons olhos, mas que o cidadão normal nem sequer leva a sério", afirma Prado Coelho ao DN. "Já se viu, é uma repetição, um regresso ao passado", acrescenta.
Palavras para quê?

segunda-feira, 8 de agosto de 2005

Descoberta da pólvora

Ouvi o Presidente da Câmara do Fundão chamar a atenção, com rara sobriedade dadas as circunstâncias dramáticas, para três pontos, em que me parece carregado de razão:
  1. A moldura penal para o "fogo posto" tem de ser agravada.
  2. Não podem saír em liberdade os acusados por este crime.
  3. Se o resto não resulta, há que dar competências às autarquias para a limpeza coerciva das matas.

De facto, por que é que isto se não faz? Será assim tão inusitado o que Manuel Frexes, com frontalidade, propõe?

Prefiro não acreditar na tese dos "interesses".

sexta-feira, 5 de agosto de 2005

E cá, não?!

No DN de hoje pode ler-se:
"Ucrânia Lugares de deputados à venda
Os partidos políticos ucranianos estão a vender lugares de deputados nas suas listas para as eleições legislativas, previstas para Março de 2006 , por valores que atingem milhares de euros. A denúncia partiu ontem do Comité de Eleitores da Ucrânia. "Todos os partidos políticos estão neste momento em negociações e o preço sobe à medida que se aproxima o escrutínio", explicou o porta-voz da organização não governamental, Olekandr Tchernenko, que diz estar céptico quanto à possibilidade de esta prática ser abandonada nos tempos mais próximos. Os assentos parlamentares são nesta antiga república soviética muito cobiçados devido ao facto de os deputados gozarem de imunidade parlamentar e por causa das possibilidades de exercerem influências na área económica."
Como é que farão? Telefonam aos secretários-gerais a perguntar o que é preciso para o fulano A, B ou C ser deputado?...

quinta-feira, 4 de agosto de 2005

O PSD tem emenda?

Desde que fui colocado pelo dr. Santana Lopes na lista de dispensados para a nova temporada (atitude que acatei respeitosamente, algo que farei até que me "chegue a mostarda ao nariz"), que a minha opinião é mais desprendida de "linhas editoriais".
Por isso, ao mesmo passo que aplaudo Carmona Rodrigues, também não posso deixar de lamentar que o PSD continue a comportar-se como uma máquina trituradora de valores emergentes, e que a geração dos 40/50 anos do partido seja um eucaliptal que só deixa brotar outras existências se estas não lhes fizerem sombra ou, em alternativa, rastejarem a seus pés.

Em suma: Ana Sofia Bettencourt (que notável trabalho na juventude e na sociedade da informação!!!) e António Proa deveriam ser vereadores.

sexta-feira, 29 de julho de 2005

Que pena não votar em Lisboa...

Se tivesse que recomendar um perfil de político a quem estivesse a começar (consciente, pese embora, que já me enganei rotundamente nas minhas recomendações, no passado), provavelmente falaria do prof. Carmona Rodrigues.
Inteligência, facilidade de comunicação, rigor técnico, "bagagem" cultural e aparência de incorruptibilidade fazem dele um bom candidato e da batalha autárquica de Lisboa uma luta patriótica pela boa política.

Músicos

Louvando a limitação de mandatos, o dr. Marque Mendes apresentou a redução do número de deputados como a panaceia universal.
Porém, há que acabar com o cinismo na vida partidária.
Enquanto os mesmos "senhores da guerra" mandarem no partido pela força dos votos em carteira, serão eles a ficar com os poucos lugares que houver.
Sendo que são esses mesmos que, regra geral, vão à Assembleia assinar porque há que cuidar da distrital ou da concelhia, ou das câmaras, ou das outras actividades profissionais ou afins, não vejo onde é que pode garantir-se - como fez o presidente do PSD - um aumento da eficácia do Parlamento.
Espera-se um toque de magia no que diz respeito à alteeração do método de selecção dos candidatos, no próximo congresso.
De outro modo, eis mais um sound byte de consequências imprevisiveis...

No comment

Que me perdoe a Euronews por me apropriar do título de uma das suas rubricas, mas, entre ontem e hoje, sucedeu o seguinte relativamente ao PSD:

  1. O meu amigo Ricardo Alves Gomes (assessor do dr. Santana) deixou o seu partido de sempre, por considerar que está demasiadamente à esquerda.
  2. O dr. Encarnação (vice-presidente da comissão política nacional do PSD), segundo a entoação do DN, lançou críticas ao dr. Mendes pela ausência na apresentação da candidatura.
  3. O Major desancou o mesmo "Cristo" de serviço.
  4. A popularidade do dr. Mendes é 10% inferior à do engº Sócrates (embora o PSD suba).
Vamos mas é trabalhar (na "vida real", entenda-se), que eles (excepção ao primeiro) só vão perceber quando outra geração bater à porta.

terça-feira, 26 de julho de 2005

Canal de História

E, pronto!... Num ápice, lá se foi o défice, a demissão do Ministro das Finanças e a entrevista do Ministro dos Negócios Estrangeiros. A pré-candidatura do dr. Soares à Presidência da República conseguiu obnubilar as aparentes dificuldades de governação.

Fiel ao seu cariz tropical (embora a geografia nos desminta), a nossa vida política já só discute Soares, Alegre, Cavaco, Marcelo, e se A disse mal de B, e se C esteve no passado com D.

Pelo caminho ficam as dificuldades de pagar as contas, as restrições medonhas (que começarão realmente em 2006) e essa aparente “insignificância” que passou a ser o poder local, que vai a votos em Outubro.

Quanto ao dr. Soares é sabido que me põe “doente”, dado que, embora tenha sido no século passado, não deixo de ser céptico em relação à descolonização que fizemos (embora se diga que era inevitável, então), relutante em apreciá-lo como Primeiro-Ministro, e contestatário sobre a forma como “derrubou” Cavaco Silva com as suas intervenções tribunícias. Mas a vida é mesmo assim… Se todos gostássemos dos mesmos, não haveria eleições.

Contudo, não contarão comigo para o já escutado argumento da idade. Entendo que é politicamente irrelevante, e que há sempre hipótese de censurar uma eventual prescrição política, através do voto.

Em relação ao embate, lidos os factos, oferecem-se-me três apontamentos: em primeiro lugar, que a dicotomia direita-esquerda ainda colhe todo o sentido. Com o BE e o PCP a admitirem entronizar Soares, mais uma vez, e com o CDS a vencer a priori o seu anti-cavaquismo, o combate pode ser polarizado ideologicamente, o que o torna aliciante.

Em segundo lugar, creio que há que pensar bem no papel e nos poderes do Presidente, antes de votar: Procurando vencer a debilidade de Soares nas matérias económicas, os seus adeptos menorizam o papel do Chefe de Estado no nosso semipresidencialismo. Todavia, o dr. Soares interferiu várias vezes na governação com vetos, censuras públicas e almoços no Aviz, e o actual Presidente chegou mesmo a dissolver o Parlamento, quando a querela era com o Executivo.

Neste tipo de sistemas deve olhar-se à prática e não apenas ao enquadramento constitucional, sendo por isso mesmo que estamos a meio caminho entre o Presidente francês e o austríaco, em matéria de poderes do PR.

Ora, aceite o facto de o nosso Presidente ter uma intervenção política importante, balizadora e mesmo condicionadora, e sendo que os tempos são de globalização e de luta pelo modelo de Estado social mais sustentável, diria que um Presidente versado em Economia e Finanças seria uma ajuda preciosa, desde logo para mobilizar os portugueses para a necessidade de acatar as agruras futuras.

Pensadas as coisas desta forma, Cavaco seria o Presidente ideal para Sócrates. Apoia a contenção, sabe explicá-la, e arruma de vez o “obstáculo” que o soarismo ainda é para a nouvelle vague socialista, com a vantagem de que a derrota será personalizada no próprio.

Por fim, o terceiro apontamento prende-se com a indigência da nossa democracia. Se os aparelhos partidários (no PSD afianço-o em larga medida) se converteram em sociedades anónimas governadas por shares de votos, agora é o palanque dos senadores que não rejuvenesce.

Por este andar, em 2011 voltará Sampaio ou mesmo Eanes…

Romaria laica

O DN noticia o seguinte:
"A sede da Fundação Mário Soares, na Rua de São Bento, mesmo ao lado da Assembleia da República, tendo sido, por enquanto, o quartel-general desta espécie de MASP3 (Movimento de Apoio a Soares Presidente). "Tem sido um corrupio na Fundação", conta um destacado soarista."
Sendo que a fundação recebe fundos públicos (e eu faço parte do "público" contribuinte), espero que seja só mesmo romaria (laica, bem entendido)...

domingo, 24 de julho de 2005

Militante exemplar

Li em alguma imprensa que o conselho de jurisdição do PSD podia punir José Miguel Júdice por ser mandatário de Maria José Nogueira Pinto, na sua campanha pela edilidade lisboeta.
Depois do discurso do primeiro na apresentação da segunda (acusando Portas de populismo, e irritando meio CDS), não sei que melhor apoio se podia dar a Carmona Rodrigues.
Não foi cavalo, mas parecia Tróia...

Socorro!

O dr. Mário Soares admite mesmo recandidatar-se à Presidência da República...
Merecemos mesmo isto?

quinta-feira, 21 de julho de 2005

Casório

Ainda segundo a "Visão" (um maná, esta semana), Sandra Bullock (uma alternativa madura a Angelina Jolie) casou com o mecânico Jesse James (nome de um fora-da-lei do Wild West, acrescento eu), tendo chegado num camião vermelho.
O sortudo tem 35 anos (ela tem 41, mas, se me permitem, que se lixe isso), 3 filhos, e dois casamentos prévios (o último com uma "actriz de filmes para adultos").
Sei de quem, solteiro, adoptaria sem problema um nome estilo Billy "The Kid" (outro outlaw do mundo dos pistoleiros) e daria entrada para uma Scania ou uma DAF no concessionário mais próximo.
Falando sério, acho que as sociedades ocidentais, de tão opulentas (pelo menos na escolha), se aproximam do grau de decadência em matéria de fantasias.

Quem guarda os guardas?

Parece que a maioria dos italianos (e não só, adivinho eu) aceita bem a instalação de câmaras de videovigilância em lugares públicos, e o registo de chamadas e correio electrónico.
Percebe-se a tolerância, dada a insegurança actual, mas não deve esquecer-se igual aumento de controlo sobre a utilização de dados pessoais, que serão cada vez mais detalhados.
Releiam Orwell...

Meter o nariz onde não se é chamado

Segundo a "Visão" (pág. 34), jornalistas de um canal alemão de televisão encontraram vestígios de cocaína em 41 das 46 casas de banho do Parlamento Europeu, em Bruxelas.
Por cá, no meio do jet set e da política, são só rumores...

Complexados

Sempre achei que a História do Portugal do século XX era contada com deturpações ainda emergentes dos complexos de esquerda.
Não proponho que se glorifique o Doutor Salazar, mas penso que devemos assumir com objectividade e memória a História dos bons e dos maus momentos.
Se em Viena o Museu Militar tem uma secção que aborda a barbárie nazi e se Kiev tem um museu dedicado a Chernobyl (recomendo-o vivamente), leio agora que a casa de férias de Mussolini, em Riccione (autarquia de esquerda), dará lugar a um museu.
Por cá, diz-se que a sede da PIDE dará luga a um hotel...

Praia do Meco

Não sendo bruxo, o post anterior já augurava algo que acomoda bem a demissão do Ministro das Finanças, Campos e Cunha. Ou o sacrifício foi combinado, ou me enganei (como os bons bruxos sempre fazem) e, de facto, tudo isto era produto de um free-lancer.
É óbvio que quem anuncia a Ota e o TGV não deve querer ter um membro da equipa sempre a indiciar contrariedades, como quem se prepara para uma dura caminhada pela aridez não desja ver na areia a sombra do abutre que paira.
Para mim é claro que a contradição começava a tornar-se insanável, e não contem comigo para política de oportunismo, que muito tem prejudicado, isso sim (a mais de rumores sobre "negociatas" e "bloco central de interesses"), a credibilidade da nossa política.
Dito de outra forma, se formos honestos, a verdade é que quem manda num governo é o seu primeiro-ministro, e não acredito que o dr. Marques Mendes e o dr. Ribeiro e Castro (os outros políticos, além do engº Sócrates, que, a meu ver, ainda contam para o "totobola") aceitassem de bom grado, um dia que ocupassem o lugar deste último, que o seu Ministro das Finanças andasse permanentemente com dúvidas sobre o rumo do chefe-de-fila (algo em que estariam certíssimos). No caso do lider do meu partido, só quem não o conhecer...
Penso, em consequência, que a dúvida que pode lançar-se é sobre o momento em que Campos e Cunha terá deixado de ter razão, na óptica do Primeiro-Ministro. Senão vejamos: o PS ganhou, prometendo que não subiria impostos, e subiu-os com base no parecer do Ministro das Finanças (como PSD e CDS haviam feito; sejamos honestos, porque as pessoas lembram-se, e porque assim é que é "bonito"). Ora, o engº Sócrates deu-lhe razão, e daí (na emenda da mão) não me parece que tenha vindo grande mal ao mundo, no que à credibilidade diz respeito, dada a excepcionalidade da situação do País.
Porém, com as angústias sobre novas restrições (algo inevitável para 2006) e sobre o aeroporto e o comboio é que o PS poderá já não ter convivido pacificamente. O dilema é saber se o ex-Ministro não tem razão, ou se a tem, mas ela é demasiado dura para que um só partido arque com o ónus de a controlar, uma vez que, em democracia, há eleições para ganhar.
Não me parecem estapafúrdios os rumores que começam a falar de governos de bloco central e iniciativa presidencial, mas podemos continuar a fingir que nada se passa...
De uma ou de outra forma, conclui-se que muito agasalhados andávamos nós com a "tanga" de Durão...

terça-feira, 19 de julho de 2005

"Vai sacudir, vai abalar"...

Quando o Ministro das Finanças escreve sobre a eventualidade de mais medidas restritivas e, pouco depois, o Ministro dos Negócios Estrangeiros vem falar da necessidade de explicar melhor os aumentos de impostos e alertar para a imprudência de falar sobre o assunto (sobretudo para prometer estabilidade das taxas), creio que será ingenuidade grosseira pensar que é falta de coordenação.
Com o cuidado que o Primeiro-Ministro tem posto na comunicação, creio que a leitura é a contrária: não houve uma descolagem do pelotão, estamos é a ver os batedores!...

sábado, 16 de julho de 2005

Coisas naturais...

Acabo de ver uma notícia que diz que abriu um bar de cultura árabe, onde se pratica a dança do ventre, apoiada nos talentos evidentes de uma bailarina brasileira.
E daí?!
É que é a 800 metros do Santuário de Fátima!
Não sou purista ou ultra-religioso, mas deixo algumas ideias que me parecem tão normais quanto esta (aumentem a lista, se quiserem):

- uma estátua de Eusébio, no Estádio do Dragão, esculpida por um sportinguista.

- uma tirada política politicamente honesta, dita por Louçã, e louvando os méritos do off-shore da Madeira.

- um abraço entre Marques Mendes e Santana Lopes, com sorrisos na cara, e tirada às 9h00 da manhã.

- um artigo de educado de Manuel Maria Carrilho, em que reconheça que não é o maior do mundo, e que não tenha a fotografia do próprio ou de qualquer membro da família.

- uma medida de redução da despesa do Estado, feita pelo PS, e em que não seja acusado o PSD.

Já não me falta ver quase nada...

terça-feira, 12 de julho de 2005

O Rei vestiu-se

Afinal, o rei não irá nu!
Alguém no PPM tomou os comprimidos, e Elsa Raposo já não é candidata à Câmara de Cascais, como receara no post de 30 de Junho.

Ir ou não ir


Pode discutir-se a forma e o conteúdo das afirmações de Alberto João Jardim, como pode e deve fazer-se em relação às de qualquer interveniente político.

Agora, o que já não parece tão legítimo é querer aparecer ao lado dele nas mobilizações populares - assim beneficiando da sua inegável identificação com o eleitorado regional - e procurar fingir que o não conhecemos de parte alguma, quando o discurso não obedece aos cânones continentais.

Cá por mim, como líder madeirense e como histórico dirigente do PSD, respeito-o nas diferenças e nas semelhanças, e reconheço-lhe a coragem de sempre ter assumido o que tem dito sem precisar de procuradores.

No que diz respeito ao conteúdo do mais recente sound byte (a indesejabilidade de trabalhadores chineses, entre outros), creio que a forma é dura, mas a substância é dita à boca pequena por muita gente sem a frontalidade e frieza do premier insular.

Dito de outra forma: Alberto João é um democrata de créditos firmados e fez um discurso de alarme, mas se persistirmos em não abordar os problemas actuais (ainda que de forma eventualmente mais diplomática), um dia haverá extremistas a pegar no tema.

Lamento que as almas só se tenham apoquentado com o facto de se ir ou não ir ao Chão da Lagoa, e não com o alerta subjacente ao discurso, ainda que fosse para discordar fundamentadamente.

sábado, 9 de julho de 2005

Afinal havia outro

Na 5ª feira decorreu o debate do Estado da Nação, do qual, picardias à parte, gostei, mormente no que concerne aos dois contendores principais.

Sócrates esteve com a postura costumeira, como se fosse um ponta de lança que joga ao ataque, mesmo quando a disciplina táctica aconselharia algum esforço defensivo. E a verdade é que até marca… E foi por isso que passou por cima dos três valores que foram dados para o peso da despesa pública, das reformas de dois ministros e da acusação de que gasta muito em betão. Preferiu ir à grande área contrária e acusar o centro-direita de ter suborçamentado e de ter comprometido o futuro (é notável como usou as receitas extraordinárias de Manuela Ferreira Leite para ofuscar a casa de penhores que são as SCUT), ao mesmo tempo que explicava à esquerda que “social” era ele, já que a utopia do PCP e o estilo cocktail do BE seriam financeiramente inviáveis.

Mas, a meu ver, Marques Mendes conseguiu no mesmo debate a sua mais consistente e animadora prestação. Reagiu às tentativas de culpabilização, demonstrando o caminho errado na construção de um País mais modernos.

Ficou claro que o país laranja tem um Estado menos gastador e de feições mais reguladoras do que o do país rosa, que é mais fazedor e mais obeso.

O PSD de Mendes aposta mais na iniciativa individual e qualificação dos cidadãos do que na vertente assistencial.

Ganhamos todos, pois finalmente começamos a perceber dois ideias sociais distintos.

Vampiros II

A 19 de Junho falava do que me parecia ser uma descarada caça ao político encetada por alguma comunicação social.

Creio que, com boas intenções e medida aceitável, José Sócrates quis repartir o mal pelas aldeias. Porém, ao faze-lo, abriu uma caixa de Pandora.

Sedentos que são o Bloco de Esquerda e alguns jornalistas pela caça ao político (numa perspectiva sabotadora do sistema político tradicional - nem outra coisa é o trotskismo...), o tiro alvo deixou de ser olímpico e passou a actividade profissional.

Ontem foi "O Independente" que decidiu revelar alguns ministros e secretários de Estado que auferem um subsídio por estarem deslocados, denunciando o congelamento dessa regalia para funcionários em geral, como se a despesa fosse comparável, olhados os números. Acresce que a responsabilidade que se exige aos dois lados é bem diferente, ou já virão algum servidor anónimo sujeito diariamente ao risco de cruxificação mediática?!

Qualquer dia nem um arrumador quer o que em tempos já se disse ser um "tacho"!...

A comunicação social e o BE fazem a guerra para aumentar a sua influência, a opinião pública devora as notícias porque, como se tem escrito, somos um País de invejosos e de cobiça...

"Diferenças culturais" II

Os meandros da política internacional, além de cínicos, são, de facto, algo obscuros.

Se ficam por demonstrar algumas das reais motivações (ou da gritante impreparação, em alternativa) que levaram a que os EUA nos persuadissem de que a intervenção no Iraque era, de um ponto de vista democrático e humanitário, “trigo limpo, farinha Amparo”, é bem mais chocante a guerra suja e os métodos sangrentos que movem certas organizações, na esperança de que, aterrorizando os eleitorados ocidentais, possam inibir os seus governantes.

O paradigma civilizacional a que nos guindámos é de tal modo garantístico de um ponto de vista dos direitos humanos, que aqueles cuja doutrina bebe na ignorância dos peões e na miséria dos povos percebem que podem tirar o olho e o dente sem que paguem em igual medida, já que isso poria em causa a nossa alegada superioridade (a mesma em nome da qual procuramos exportar regimes políticos).

Assim, bem vistas as coisas, estamos num círculo vicioso: não reagimos “a doer” porque não é esse o nosso modo de ver o mundo (e ainda bem), e ao não o fazermos sujeitamo-nos a ter vidas inocentes dilaceradas, famílias destruídas e sociedades amedrontadas.

Solução?! Se tivesse a pedra filosofal para este caso, provavelmente, seria o próximo secretário-geral da ONU. Todavia, creio que uma das primeiras vias será fazer com que as populações de onde provêm estes assassinos lhes retirem qualquer apoio.

Como?! Retirar o auxílio a tiranos (Saddam era um dos meninos bonitos dos EUA), ainda que não sejam comunistas, será um bom começo. Devemos apoiar regimes que provem ser democráticos e respeitadores dos direitos humanos, pois os vizinhos do lado cedo perceberão o que fazer para serem beneficiados pela ajuda do hemisfério Norte.

Depois, há que assegurar que a ajuda não serve para comprar jactos presidenciais, armas ou sumptuosidades para as oligarquias reinantes. Mesmo no caso dos abastados regimes do Médio Oriente pode fazer-se algo: quando não observem os padrões humanitários mínimos, a relação deve ser meramente comercial, e sempre na óptica de diminuir a dependência energética.

Não há perdão para o que o passou em Londres (como em Madrid, Nova Iorque, Bali e por aí fora), mas só com o fim da hipocrisia é que poderemos com legitimidade acrescida punir sem dó nem piedade quem opte pelo terror. Até lá, devemos faze-lo, mas algumas consciências pesarão um pouco…