sábado, 28 de maio de 2011

Números que impressionam

É natural que a campanha eleitoral esteja a absorver a maioria das notícias e por consequência o pensamento das pessoas e as tertúlias de café.

Mas no meio de tanta overdose informativa há notícias que se destacam e inquietam, apesar de figurarem apenas na página 10 da versão impressa do Público deste Sábado (com uma curta chamada de primeira página) e não terem grande destaque na versão online.

Trata-se de um estudo científico sobre eventos adversos realizados em Portugal na área da saúde (o primeiro, por sinal!).

Investigadores da Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP) chegaram à conclusão que “um em cada dez doentes internados em hospitais foram vítimas de erros de saúde”, resultando em danos ou lesões, mais dias de internamento, incapacidade e que 10% destes casos redundaram mesmo em mortes!

São números que impressionam e eu nunca ouvi a Dr.ª Ana Jorge falar sobre o assunto.

Impressiona ainda mais quando dizem que “na esmagadora maioria dos casos nem os doentes nem os seus familiares terão sido informados do ocorrido”.

Ressalvando a devida hipérbole, ao ler a notícia lembrei-me de um amigo que uma vez disse-me que evitava ao máximo ir a hospitais, porque arrisca-se a entrar lá bom para depois sair doente, se chegasse a sair.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

As razões de Simões *

José Eduardo Simões recandidata-se à presidência da Associação Académica de Coimbra/O.A.F. e acho natural que o faça.


Desde logo, eticamente, nada o impediria, dado que a sua presunção de inocência se mantém intacta no processo de que foi alvo e em que, independentemente do resultado final e para o que aqui nos importa, é acusado de ter beneficiado a Académica.


Depois e também pelo que fica dito, é um homem de um academismo inquestionável e em nome do qual sacrifica a sua vida pessoal e profissional, sem que disso se vanglorie ou sem que, a esse respeito, se lhe oiça um queixume.


Em terceiro lugar, podemos sempre olhar a obra: a Academia e a recuperação (ao que leio) exemplar da “Sede dos Arcos” são infra-estruturas de que poucos clubes (a esta hora estará o meu Amigo Dr. Reis Torgal, se me der a honra de me ler, a sublinhar que a Académica não é um clube…) podem gabar-se. Muitos falaram sobre o assunto, mas JES concretizou os projectos.


Em quarto lugar, o processo de modernização da AAC/OAF passou por um longo e abrangente processo de revisão estatutária, no qual a direcção a que JES preside ouviu diversas sensibilidades e prolongou a discussão pelo tempo que os associados entenderam necessário.


Estrutural tem sido, de igual modo, a redução progressiva do passivo e a sobriedade salarial, que nos permite sermos dos poucos cumpridores atempados.


De seguida, os recursos humanos. Seria justo não esquecer que foi com Simões que Domingos veio para a Briosa, mas é, mais do que isso, obrigatório dizer que foi JES quem “atravessou” o pescoço por um “rapaz” chamado André Villas-Boas, que é “apenas” o campeão nacional e o titular da Taça de Portugal e da Liga Europa. Quando outros à sua volta queriam uma opção “pobrezinha”, José Eduardo Simões arriscou!


Acresce que – talvez não tanto na última época – houve alturas em que ninguém alinhava com mais portugueses no onze titular do que a nossa Briosa, sendo que alguns aproveitaram as oportunidades de estudar e de, assim, se completarem como cidadãos.


Por fim, uma década na divisão maior pode parecer coisa pouco excitante, mas bastaria recordar as dolorosas viagens a Chaves, a Campo Maior, a Moreira de Cónegos e outras paragens mais remotas para valorizar o que penámos nesses anos (eu estava por lá, sempre que podia). O mesmo tributo deveriam prestar os associados ao trabalho do futsal e ao orgulho de que nos tem enchido (um abraço ao “crente fervoroso” Carlos Clemente!).


Além de JES, nomes como Reis Torgal, Carlos Clemente, Fernando Oliveira, António Preto e José Barros, entre outros, são, em conclusão, garantia de manutenção de bom rumo.


As últimas palavras vão para o meu Amigo Maló de Abreu, que é um grande academista, bem como muitos dos associados prestigiados que o acompanham (estou certo que nenhum deles algum dia dirá que “a Académica é como outro clube qualquer” – recado dado): trata-se de uma candidatura meritória, apesar de razões ponderosas me levarem apoiar José Eduardo Simões.



* Este texto foi concebido para publicação, que não teve lugar.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

As coisas que eu não entendo

Numa altura em que o Mundo, em geral, e o País, em particular, parecem esvair-se em desgraças e pessimismo, assumo a minha incapacidade cognitiva global e tento, pelo menos, compreender partes do triste fado que nos envolve. Mesmo assim, creio que sou mal sucedido…


Desde logo, fala-se na nossa campanha (algo que gostaria de poder comentar com outro detalhe) de aumento de impostos do IVA ao IMI (o que nos restará, ao fim do mês?!), há algo que nunca entendi: por que é que os gestores das grandes empresas – mormente as de capitais maioritariamente públicos ou onde haja a famigerada golden share – ganham prémios colossais, no fim de cada exercício??? Não é o vencimento a justa compensação pelo seu empenho?!


O argumento mais clássico é: “se não são bem remunerados, vão para o sector privado ou mesmo para o estrangeiro”.


Apetece dizer: boa viagem! As nossas universidade injectam no mercado, anualmente, jovens licenciados e mestres bem mais actualizados e até qualificados do que muitos dos gestores que, há anos, pulam de cadeira em cadeira e de empresa em empresa. Não há homens providenciais!...


Depois, há outra coisa que me tolda a inteligência; não entendo a razão pela qual se fala de perigo para a subsistência de, por exemplo, o Sistema Nacional de Saúde. Ou me deu ataque de lirismo, ou me parou o cérebro, mas diria que muito se conseguiria com uma articulação com o fisco que permitisse escalonar o pagamento nos nossos excelentes hospitais públicos (quem viva fora de Portugal, em muitos países, aprende a tirar o chapéu ao nosso serviço público). É impensável que uma semana de internamento continue a custar sessenta euros para o pobre, o remediado, o desafogado ou o rico.


Por fim, uma interrogação mais filosófica: todos os partidos oscilam entre mais e menos impostos, renegociar ou não renegociar a dívida, mais ou menos Estado e daí por diante... Quase quarenta anos depois da Revolução que o próprio Otelo (esse mesmo, o amnistiado!) admitiu poder renegar, fica por perceber o que queremos ser enquanto pátria e enquanto Nação. A cada acto eleitoral discutimos remendos e desvios de dez ou quinze graus (diferenças mínimas, portanto), mas não aparece uma liderança disposta não apenas a dizer a (sua) verdade, mas também a emocionar, motivar e conduzir o povo português para uma mudança de idiossincrasia, apontando o exemplo de outros povos que não precisaram de poços de petróleo para ter níveis de conforto elevados, e que não estão sempre de mão estendida para o Estado.


Admito que o defeito seja meu…

Economia de mercado

Pelos vistos, não é só a dívida soberana que oscila com o estado da economia...

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Debate: PPC e JS - a conclusão

Acredito que muitos dos textos dos comentadores que analisarão o debate entre Sócrates e Passos Coelho de hoje à noite, já estão escritos.

Sem dúvidas, que são escritos por encomenda.

Se o PS ganhar as eleições (continua incrivelmente ainda hoje a ser uma hipótese), Sócrates tem de agradecer a muitos comentadores políticos aparentemente imparciais, mas que na realidade são mais tendenciosos para o PS que o Pinto da Costa para o FCP.

terça-feira, 17 de maio de 2011

Debate PPC e FL VI

FL também já lê teleponto??? O mundo está perdido.

Debate PPC e FL V

O Xico diz que a contribuição de 3 tardes de trabalho pela sociedade "desmotiva os desempregados". Pois é precisamente isso.

Debate PPC e FL IV

Louçã fala no seu radicalismo e associa a palavra sensatez na mesma frase. Falta um bocadinho assim para se reconciliar com o seu Querido Líder.

Debate PPC e FL III

PPC: "Segundo aspecto em que estamos de acordo..." Então pá?

Debate PPC e FL II

Tenho para mim que Judite de Sousa encolheu a barriga e fez beicinho quando disse "gorduras do Estado". E a gravata do Pedrocas faz pandam com o cenário. Estamos a melhorar na comunicação.

Debate PPC e FL

Já se abordou a Madeira. Agora é que o Tio Jardim vai arrasar as eleições. (note-se que a última sondagem Intercampos, que deu ontem vantagem de 0.7% ao PSD face ao PS abordava apenas Portugal Continental).

domingo, 8 de maio de 2011

No país do Fado

Que o país está em “estado de sítio” social e económico já se percebeu. Que as pessoas hoje vivem muito pior do que há 6 anos também já se notou. Que o Estado mesmo que queira não tem dinheiro para mandar cantar um cego ou para dar uma "moedinha" a um arrumador também. Que os políticos de hoje não geram confiança, creio que até os próprios já não têm grandes dúvidas!

E já toda a gente também percebeu que o nosso Primeiro é mitómano (inclusive os cerca de 35% que as sondagens dizem votar PS)! Só que, vá-se lá entender porquê, os portugueses têm a “triste” mania, qual Fado, de serem tolerantes para com aqueles que julgam estarem a ser aviltados publicamente.

O caso não é novo e temos histórico bem recente. Se virmos bem, apesar de várias negas pelo PSD em sucessivos congressos e da parte dos seus principais “notáveis”, o anterior Primeiro-Ministro também gozou dessa condescendência por parte de alguma imprensa e de parte significativa do eleitorado. Enquanto meio mundo se preocupava em dizer o pior do “menino guerreiro”, o outro meio idolatrava-o. Enquanto isso ele lá foi ganhando as Câmaras da Figueira da Foz, de Lisboa e seguiu-se a indigitação para S. Bento, até Jorge Sampaio resolver entregar os destinos da nação aos camaradas, dissolvendo uma AR com maioria parlamentar afecta ao Governo de então.

O nosso Primeiro não é um “fenómeno político”. Sá Carneiro foi, é e será; Soares é; Cavaco também; Cunhal vá-se lá entender, também teve o seu tempo e os seus seguidores. J. Sócrates é um espécime diferente, está na categoria dos “fenómenos de marketing”.

Os “fenómenos de marketing” sabem melhor do que ninguém aproveitar os erros dos adversários. Cheiram as oportunidades. Sabem repetir as mensagens e conseguem imprimi-las, nem que seja pela exaustão.

Veja-se por exemplo o repisar na inexperiência de Passos Coelho! Não há Socialista que não o tenha dito e/ou insinuado publicamente, falando nos riscos de colocar alguém inexperiente em S. Bento. Mas isto é puro “marketing político” e é uma imitação barata do que sucedeu, por exemplo nos Estados Unidos, com John MacCain e o seu estado-maior a tentaram passar a mesma mensagem sobre Obama (mas aqui não tiveram grande sucesso porque Obama e a sua máquina não brincavam em serviço).

Os tiros nos pés que o PSD tem dado também ajudam mas não explicam tudo. É certo que os marketeers do PSD (se é que eles existem) deviam ter alertado quem de direito há muito (e aqui não falo de PPC nem dos tão badalados notáveis, mas sim das segundas linhas) que todos falam a uma só voz e a mensagem é una.

Também não vai lá com o discurso dos independentes. Podem ser excelentes académicos, mas pelo que vi percebem muito pouco de política. Por muito interessante que seja colocá-los a discutir o estado do Estado, sempre que vieram para a praça pública fazerem-se aos Ministérios ou às Secretarias de Estado só fizeram com que o PSD perdesse votos. Acabaram por fazer pior a Passos Coelho que o próprio PS e Sócrates.

Convém também não esquecer a experiência política e comunicacional de Paulo Portas, que tem subido nas sondagens e não é à custa do BE nem do PCP.

Mas a comunicação social e alguns opinion makers também não estão incólumes. Não se pense que muita da aversão que há da parte de alguma imprensa e seus jornalistas a Sócrates ajuda a derrubá-lo, bem pelo contrário, apenas o vitimizam ainda mais.

Mas o que importa é perceber o que está em causa nas próximas eleições legislativas. É que a “malta” brinca às sondagens e aos votos e depois queixa-se do cinismo inerente a muita da actividade política e ao exacerbar da argumentação política e mediática. E aqui a culpa não é só dos políticos, mas sim da dimensão real do País.

"Como estamos, à distância de 30 dias das eleições ?"

"Copy Paste" de parte da súmula do Programa Eleitoral do PSD (pág. 2)

- O pior crescimento económico médio dos últimos 90 anos com divergência dos níveis de vida com a média europeia.

- A maior taxa de desemprego dos últimos 90 anos com quase 700.000 desempregados e mais de 300.000 desempregados de longa duração.

- O crescimento acelerado da despesa pública e do avolumar de encargos sobre as gerações futuras.

- A maior dívida pública, directa e indirecta, dos últimos 160 anos, tendo duplicado nos últimos 6 anos.

- A maior divida externa dos últimos 120 anos, tendo igualmente quase duplicado nos últimos 6 anos e sendo hoje quase 8 vezes maior do que as nossas exportações.

- As dívidas das famílias atingem cerca de 100% do PIB e 135% do Rendimento Disponível.

- As dívidas das empresas são equivalentes a 150% do PIB.

- Cerca de 50% do nosso endividamento nacional deve-se, directa ou indirectamente, ao nosso Estado.

- Portugal está hoje no top 10 dos países mais endividados do mundo em praticamente todos os indicadores possíveis.

- A mais baixa taxa de poupança nacional bruta (privada e pública) dos últimos 50 anos, em queda continuada e muito afectada pelos défices públicos dos últimos 6 anos.

- A segunda maior vaga emigratória dos últimos 160 anos, saindo nesta fase do país pessoas qualificadas (a maior fuga de cérebros na zona da OCDE).

- O acentuar das desigualdades sociais e das assimetrias regionais, pondo em causa a coesão nacional.

- Sistema de justiça num caos com 1,6 milhões de casos pendentes nos tribunais civis (em 1995, havia 630 mil).

- A pior taxa de abandono escolar de toda a OCDE (só melhor do que o México e a Turquia).

Votar PS, PSD, CDS ou mesmo BE e PCP é com cada um.
Agora, se resolverem brincar aos votos depois não se venham queixar.

sábado, 7 de maio de 2011

Entrevistas, mulheres e suspensórios


Eu sou muito curioso...se um dia se sentarem ao meu lado num avião vão enlouquer. Quem o diz é Larry King, o jornalista norte-americano que aterrou esta quarta-feira nas Conferências do Estoril '11.

Autor de 50 mil entrevistas, Larry King afirma nunca ter preparado as suas perguntas. Pelo menos desde o tempo em que, estava Larry a trabalhar num restaurante da Flórida, e entrevistava os clientes de improviso.

Graças ao estatuto de que goza, pode ignorar a epígrafe da conferência, O futuro da democracia face aos desafios globais, optando por falar sobre a sua experiência de vida. Durante uma hora partilhou com a plateia alguns momentos mais interessantes da sua carreira e do que resta de 25 anos de Larry King Live. Hoje, lamenta não estar no ar, ao assistir às contendas do mundo árabe, à catástrofe do Japão, ou ao assassinato de Bin Laden. -

Mário Crespo, o anfitrião, também falou de si e do estado das coisas por cá. Referenciou mesmo as alegadas pressões do governo sobre o seu noticiário, difundindo, em tempo de campanha, a doméstica asfixia democrática. Larry respondeu: consta-me que é difícil ser jornalista em Portugal.

Ainda assim, o jornalista a quem Arnold Shwazneger atribuiu uma efeméride (o Larry King Day, na Califórnia), disse ter sido muito bem recebido e que era um orgulho estar numa conferência destas. Declarações do senhor 50 mil entrevistas, no momento mais mediático das Conferências do Estoril '11.

Das Conferências do Estoril para o Mundo

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Aumento do IMI

Há muito que defendo uma alteração do modelo fiscal das autarquias locais.

O que hoje temos é uma elevada dependência das receitas por parte da construção e do imobiliário.

Em Coimbra, por exemplo, só o IMI (Imposto Municipal sobre Imóveis) e o IMT (Imposto Municipal Sobre as Transmissões Onerosas de Imóveis) representam cerca de 40% da receita efectiva! O que convenhamos, é uma enormidade.

Vem isto a propósito do Memorando de Entendimento com a Troika prever um aumento do IMI a partir de 2012.

Como a malta não é inocente nem ingénua, é fácil perceber que este aumento implicará uma nova diminuição das transferências do Orçamento de Estado.

Mas isto tem impactos que importa ter em conta, nomeadamente:

- É mais que provável que os bancos fiquem com mais "casinhas" nas mãos; ie, aumento do crédito mal parado;
- A cada vez maior dependência das autarquias locais com as receitas provenientes da construção e do imobiliário, que já representam a "fatia" maior do bolo;
- As assimetrias que isto irá causar nos concelhos onde haja pouca população e/ou construção. Diminuem as transferências mas não há a devida compensação do lado do imposto municipal.

Em teoria, concordo com o desincentivo para a compra de habitação própria de forma a reduzir o endividamento externo, mas tenhamos é noção do tudo isto implica.

Rodapés políticos

Ao voltar de uma breve incursão pela Índia “portuguesa” (Goa, Damão e Diu), ligo a televisão, leio as notícias na Internet, e assaltam-me a ideia algumas considerações dispersas que partilho com os leitores:

1 – O PSD fez uma excelente escolha em Coimbra. José Manuel Canavarro é um excelente cabeça de lista; tem experiência profissional, académica e política e é um homem de inegável craveira política. Não conhecendo o processo, atrevo-me a ver aqui uma vitória do PSD de Coimbra e de Marcelo Nuno, em particular. A manutenção de Pedro Saraiva é também de saudar, sendo mais um político daqueles que “valem a pena”, como também o é a de Paulo Mota Pinto, embora como “emigrante” (algo que também me sucedeu).

2 – Em condições de normalidade política, creio que nem os militantes do PS esperariam sondagens tão equilibradas. O desgaste normal do Governo e a crise que vivemos apontariam para uma valente “cabazada”. Todavia, as sondagens – cada vez mais exactas, tal qual os boletins metereológicos… - mostram um “xis” no totobola destas legislativas. Oxalá me engane, mas temo que o PSD venha a pagar o excesso de “aparelho” e do seu peso nas esferas dominantes.
Saí do Conselho Nacional do partido há já alguns anos, mas lembro-me do contraste entre as primeiras presenças (com pouco mais de 18 anos, pela JSD) e as últimas. Nas primeiras ouvia debates ideológicos entre figuras com pergaminhos; nas derradeiras tinha a sensação de estar numa homilia, ouvindo um coro de “ámen”, já sem algo que justificasse o título de “conselho”.
Creio que será um mal dos partidos portugueses e não antevejo melhoras. Espero bem é que não haja já “cientistas” e grupos da política laranja entretidos a conjecturar sobre um eventual insucesso de Passos Coelho.

3 – Goste-se ou não, José Sócrates é um caso de estudo da nossa política. Em situação que muito diriam complicada, dadas as situações pessoais e políticas com que se foi deparando, eis que aparece a disputar a eleição com uma força anímica e uma capacidade de comunicação que – repito, goste-se ou não – são notáveis.

4 - Enquanto os portugueses se distraem com a Liga Europa e se animam com o facto de os sacrifícios impostos pelo trio EU-FMI-BCE não serem os piores que se temeram, eu é que temo que nada aprendamos, enquanto povo, com esta crise…

quarta-feira, 4 de maio de 2011

O Ego!

Hoje fiquei estupefacto com o ego do nosso primeiro-ministro ao anunciar o acordo que fez com a Troika. Basicamente o que ele disse foi “depois de 3 semanas de reuniões e análises financeiras, a troika conclui que vamos aplicar o PEC IV”. Claro que esta foi a pior notícia da noite. Depois disso só se ouviram boas noticias:


“Ninguém será despedido. O 13º e o 14º mês são garantidos. Não se mexe na idade da reforma e nada será privatizado!” Enfim, tudo igual…


Para quem conhece José Sócrates já percebeu que o que ele diz hoje é muito provável que seja mentira amanhã (mesmo que seja dito em televisão).
Não percebo onde pára a austeridade. Sócrates sempre disse que com o FMI seria tudo muito pior.


Contas feitas, e na boca do nosso PM a tendência com a Troika é melhorar e sem grande esforço… ou seja, com o esforço previsto pelo governo socialista – o PEC IV!


Se assim é, então porque razão o FMI não entrou em Portugal mais cedo? Não teríamos poupado uns trocos valentes em juros?

NOTA: estou curioso para saber se hoje à noite por volta das 19:55h os testes de posicionamento do PM na sala da conferência de imprensa e das câmaras de televisão, foram feitos com o Teixeira dos Santos. Tenho quase a certeza que não foram, pois não encontro outro motivo para ele não ter testado uma “carita” melhor durante o discurso do seu grande amigo fiel Sócrates… “Oh Luis, desta vez falhaste pá!”


fotografia do site do expresso