sábado, 27 de janeiro de 2007

Eh pá, a casa de morada de família não!!!

Li no "Fugas" (in "Público) de hoje que o Castelo de Bran, no município de Brasov (Roménia), pode estar em vias de se tornar propriedade de acesso vedado.
Actualmente, é propriedade dos Habsburgos-Lorenas e permanece visitável (eu tive o gostinho em 2003), mas parece que Roman Abramovich terá feito uma oferta pelo "apartamento", com aquele poder de sedução que têm os seus tostões.
Ora bem, até aqui nada de novo, não fora o dito Castelo a residência ocasional de Vlad, "O Empalador", nada mais, nada menos do que o inspirador de "Drácula" de Bram Stocker, tal a gentileza e a candura que o caracterizavam.
Parece impossível que vedem este santuário de tolerância e bom governo...

terça-feira, 23 de janeiro de 2007

As nossas razões*

Dulce Alves (SIM)
"Até há bem pouco tempo não tinha as ideias tão claras quanto desejava no que respeita a este tema. Mas sempre tive uma certeza: abomino a prática de aborto, excepto nos casos legalmente previstos. Primeiro porque o acto de abortar é, sob o meu ponto de vista, intrinsecamente negativo, nocivo, violento e desumano e daí, reprovável. Depois porque esta intervenção anti-natura é tudo menos saudável, acarretando os seus perigos clínicos. E por fim, porque vai contra os meus mais elementares princípios, mas estes, reconheço que só a mim me dizem respeito.
Contudo, no referendo de dia 11, votarei a favor da despenalização. Essencialmente, porque reconheço que, seja este acto mais ou menos negativo, mais ou menos condenável, é um acto de índole privada, que tem que ver com os princípios e convicções éticas, morais, políticas e/ou religiosas de cada um. E sendo um acto privado, (que só à mulher - e respectivo companheiro - que o leva a cabo diz respeito), que não afecta nenhum direito de terceiro, o seu comportamento não deve ser penalmente punível, até porque isso põe em causa a sua autodeterminação, a liberdade individual e o direito à privacidade.
Depois, porque mais aterrador que ter noção do que representa o acto de abortar e da taxa de incidência dessa prática neste país... é ter noção do submundo que a ela está associada. Das caves, das garagens e dos locais sombrios onde os lobbys da prática de aborto recebem milhares de mulheres portuguesas e remediam o seu "problema" de forma clandestina, insegura e ilegal. E aí, o que poderia ser somente um problema de consciência e moralidade... passa a ser um grave problema de saúde pública que, inevitavelmente, diz respeito a todos.
A despenalização não é a solução, é certo. Mas torna este mal "menor". Contudo, seja ou não aprovada no próximo dia 11, importa lembrar a quem de direito que urgem políticas eficazes de planeamento familiar e uma educação sexual acessível e sem clichés, baseada na transmissão de valores e na comunicação sem tabus. Sem isto, a despenalização da IVG, a luta contra o aborto e tudo o mais, não faz qualquer sentido. ".

Gonçalo Capitão (SIM)
"Apoiando a causa do sim, sou, na realidade, contra o aborto, já que entendo que nenhuma mulher deveria ser levada a tomar essa decisão.
Todavia, a verdade é que devem ser raros os casos de mulheres que queiram fazer um aborto e o não façam, ficando apenas por saber o grau de dignidade humana e a segurança com que o fazem, o que depende dos recursos financeiros e informativos que possuem.
Por isso, sou favorável à despenalização da IVG, mas apenas na base de um plano de contingência que vise enfrentar o flagelo do aborto clandestino.
Paralelamente, creio que devemos seguir por um caminho de prevenção sério e sem hipocrisias, como as que alimentam alguns sectores sociais que levantam supostos pudores, sonegam informação (evitando uma política de saúde sexual e reprodutiva digna desse nome) e ainda têm distintíssima lata de se opor à despenalização do aborto.
O ponto ideal seria aquele em que ninguém tivesse de fazer um aborto, fosse por ter meios para criar um filho, por não haver mais gravidezes não desejadas ou por existir um sistema de acolhimento e adopção condigno. Mas, até lá...".
João Pedro Cruz (NÃO)
"O referendo sobre a despenalização da Interrupção Voluntária da Gravidez (IVG). O assunto é em si demasiado importante para se divagar sobre ele.Talvez neste referendo a minha irreverência me aconselhe a defender o "Sim"… mas a minha consciência irá sempre apontar para o "Não"… Para justificar a minha posição (pessoal) sobre este assunto, focarei neste texto apenas 3pontos: actuação, clandestinidade e futuro…
Em 98, no último referendo sobre a despenalização do IVG, tive dúvidas. Estas inquietaram-me antes da votação. Mas esta agitação mental, tornou-se pior após a votação. Julgo que caímos (o Estado) num vazio no que respeita à interpretação dos resultados e na passagem do "papel para a acção". Não era este o resultado prático que as pessoas que votaram "Não" pretendiam. Mesmo assim entendo, que a solução não estava no voto do "Sim".
Também acho que é uma falsa questão achar que com a despenalização da IVG, se inviabilizam os "abortos clandestinos"… talvez este facto fosse mais claro para a opinião pública, se o partido do governo o esclarecesse e não quisesse a todo o custo a vitória do "Sim".
Caso vença o "Sim", podemos cair no "absurdo" de a IVG começar a ser considerada como mais um "elemento contraceptivo". Se este cenário é demasiado recente para ser considerado real, então e no futuro?... e o inicio da "guerra" da concorrência e das clínicas privadas? E os lucros?
Não pretendo tratar este assunto como do domínio político. Julgo tratar-se de uma questão pessoal… e não tenho intenção de fazer "campanha" pela posição que vou tomar.
Vou votar no NÃO e dedico o meu voto ao meu filho João de 6 meses.".
RICARDO BAPTISTA LEITE (NÃO)
1. Sou contra a realização do Referendo.
2. Sou contra a lei vigente.
3. Sou contra a lei proposta no referendo.
4. Por isso, voto NÃO.
1. Sou contra a realização do referendo por dois motivos fundamentais:
- Primeiro porque radicaliza as posições (senão veja-se o slogan do partido socialista: “Abstenção = Prisão”!!!);
- Segundo porque é relativamente consensual na sociedade Portuguesa que ninguém quer ver uma mulher condenada a pena de prisão por ter interrompido voluntariamente a sua gravidez. Logo, nessa medida, competia ao partido do Governo e com maioria na Assembleia da República, entenda-se o Partido Socialista, a missão de proceder a essa mudança na lei na própria Assembleia da República, evitando um referendo inútil que apenas servirá para atrasar uma efectiva resolução do problema vigente.
2. Sou contra a lei vigente por vários motivos:
- Primeiro, a lei actual prevê pena de prisão para a mulher grávida que der consentimento ao aborto praticado por terceiro, ou que, por facto próprio ou alheio, se fizer abortar. Como já referi, a pena de prisão não faz sentido e não preciso do resultado do referendo para tomar consciência disso mesmo;
- Segundo, a Lei vigente consagra situações em que a interrupção da gravidez não é punível. No entanto, na prática (no terreno!), são dramáticas as dificuldades encontradas ao tentar obter o atestado médico que certifique a verificação dessas mesmas circunstâncias; Esta realidade surge sobretudo quando está em causa a interrupção da gravidez por indicação terapêutica, na medida em que a lei não enumera de forma clara quais são esses critérios clínicos. Um exemplo: Uma mulher com uma insuficiência renal crónica grave tem um risco de 5% de vir a perder a sua restante função renal caso leve a gravidez a termo. Deve esta situação ser considerada suficiente para interromper a gravidez? À luz da lei actual, a resposta é sim. No entanto, na prática, poucos serão os médicos dispostos a atestar esta situação pelo receio de, um dia, a interpretação da história clínica poder ser diferente em tribunal. Urge, portanto, proceder a uma criteriosa identificação das situações clínicas a considerar, sempre à luz dos conhecimentos actuais. Para as eventuais situações que não sejam enunciadas numa reformulação da lei, deveria ser consagrada a possibilidade da criação de uma junta médica que, judicialmente, tenha o poder de determinar que se possa realizar uma interrupção da gravidez por indicação terapêutica.
- Terceiro, a lei actual não consagra de forma clara os critérios de saúde mental em que, à luz da lei, se pode realizar a interrupção da gravidez (referindo-se apenas à interrupção não punível caso seja o “único meio de remover o perigo de morte ou de grave e irreversível lesão… para a saúde… psíquica da mulher grávida”). Também neste aspecto, a clarificação dos critérios clínicos é uma necessidade para assegurar a aplicação prática da lei.
3. No entanto, apesar das deficiências da actual lei, sou fervorosamente contra a lei que se propõe para esta matéria, caso vença o “sim” no referendo do próximo dia 11. Sou contra a proposta de lei porque, caso venha a ser aplicada na prática:
- Primeiro, uma mulher que interrompa a gravidez às 10 semanas e um dia continua a estar sujeita a uma pena de prisão.
- Segundo, uma mulher que interrompa a gravidez, mesmo antes das 10 semanas (!), continua a estar sujeita a uma pena de prisão caso se realize num estabelecimento de saúde que não seja legalmente autorizado.
- Por fim, o argumento das questões económicas tem sido muitas vezes evocado por quem entende que o aborto deva ser liberalizado. Será que quem usa este argumento compreende aquilo que está a pedir ao Estado Português? Ao invés de exigirem que o estado apoie financeiramente uma política de natalidade, ou seja, que dêem as ditas condições para que a mãe possa ter o desejado filho, estão a pedir que o estado financie a prática do aborto como método alternativo (!!!). Não aceito que o governo se demita das suas responsabilidades, ainda por cima coarctando a liberdade das mulheres em situação precária.
4. Dito isto, o voto no NÃO é o único capaz de gerar as condições que assegurem a resolução prática da problemática legal em torno do aborto, por via de uma reforma da lei actual, tendo em conta os aspectos acima referidos. Qualquer outro caminho dará origem a um cenário que não resolve os problemas de base e que será sempre, a posteriori, de difícil resolução, senão mesmo irreversível.
Por isso, voto NÃO.
*Post publicado em: Assim NÃO
Ricardo Cândido (SIM)
"Ninguém é a favor do aborto, principalmente quem o pratica, parece-me.
O aborto não é uma decisão primária face a uma gravidez indesejada, mas sim a última oportunidade de resolução dessa situação. Não creio, como muitos por aí pregam, que com a despenalização este será banalizado, porque, como sabemos, fazer um aborto não é a mesma coisa que devolver um artigo no supermercado.
No entanto, o que aqui está em causa é a revogação de um artigo do Código Penal. Os partidários do NÃO entendem que quem interrompe uma gravidez (independentemente do motivo) deve ser penalizado.
A verdade é que, toda a gente sabe que são feitos abortos e estes até são socialmente bem aceites. Se assim não fosse, não haveria uma passividade generalizada das autoridades competentes.
A vitória do NÃO é um incentivo ao crescimento de um mercado de abortos clandestinos, onde condições mínimas de higiene e salubridade estarão apenas ao alcance de alguns e o maior ou menos risco de vida da mulher dependerá da economia familiar. Sendo este um problema transversal a toda a sociedade, convém não escamotear que as classes sociais mais baixas são as mais afectadas.
Face à interpelação a que seremos sujeitos, se as mulheres que pratiquem um aborto devem ser penalmente responsabilizadas, eu digo que não, e é por isso mesmo que votarei SIM no referendo.".
Rita de Matos Oliveira (NÃO)
"Voto não. Pela vida.
Porque há vida desde a concepção. Sabes que aos 20 dias o coração já bate? E que entre a 8.ª e a 9.ª semana o coração está formado, realizando as suas funções definitivas?
Porque o aborto não é solução. Porque é que o Estado não apoia as mães que querem ter os filhos? Numa sondagem realizada pelo Centro de Sondagens da Universidade Católica a 5 de Dezembro de 2006, à pergunta "Se estivesse grávida e atravessasse um momento de dificuldade ou dúvida sobre a sua gravidez ou maternidade, desejaria..." 75,6% das mulheres entrevistadas respondeu que desejaria ser ajudada e apoiada a manter a gravidez e poder ter o bebé contra apenas 13,5% que preferia ser livre para abortar sem que tal fosse considerado crime! O Estado nada faz para apoiar as mulheres que querem ser mães. Nos últimos meses inclusive reduziu os apoios às instituições que se dedicam a essa tarefa. Instituições essas, maioritariamente ligadas à Igreja Católica, e/ou sustentadas através do voluntariado. Fica aqui um rol de mais de 50 instituições que apoiam as mães e os bebés: http://www.vidascomvida.org/index.php?option=com_wrapper&Itemid=36
O que está em causa é um valor fundamental, superior a carreiras académicas, manutenção do status quo ou condições socio-económicas. Trata-se da Civilização, da Humanidade, da VIDA!".
Rosa Moreto (SIM)
"Sou a favor da VIDA e quero deixar isso bem claro. É que nos dias de hoje parece que ser a favor da despenalização é o mesmo que ser a favor da IVG…mas que ideia tão absurda! De facto este é um assunto bastante delicado e controverso, não sendo por isso fácil tomar uma decisão de voto para este referendo. Compreendo os argumentos de parte a parte, apesar de não concordar com todos. No entanto a questão central está a ser tapada com a questão de “ser ou não a favor do aborto”. Sinceramente, quem é que de facto pode dizer que é a favor de algo tão penoso para quem toma tal decisão? Penso que será antes uma opção vista como a única solução para muitas mulheres e homens (apesar de na minha opinião a IVG não ser solução para nada). Confusos? Eu sei que a minha opinião baralha, mas vou ser mais específica dando um exemplo concreto e usando a linguagem do momento. Eu nunca faria um aborto, mas se uma amiga optasse por fazê-lo, mesmo depois dos meus argumentos, eu não acharia justo vê-la atrás das grades. Simples, directa e não preciso de mais para ser a favor da despenalização. No entanto realço a minha posição anti-IVG. ".
* Os pequenos textos (dispostos por ordem alfabética) visam dar o nosso modesto contributo cívico para o debate que precede o referendo sobre a despenalização da IVG. Apesar de todos terem tomado posição (cfr. sondagem), nem todos os membros do "lodo" tiveram ocasião de explicar os seus motivos. Se o vierem a fazer em tempo útil, este post será editado para o efeito.

Momentos de glória

No dia em que saiu ao encontro da Briosa mais um histórico do nosso futebol (o Atlético), não posso deixar de reproduzir o que li sobre o Leixões 1-2 Académica, na edição de ontem de "A Bola":
"O Mar foi ontem palco da reedição de um jogo de tradições. Duas equipas que pertencem a um certo romantismo do futebol português, que procuram jogar o futebol puro, perante bancadas vibrantes e entusiásticas. Um reencontro de saudade, para quem ama verdadeiramente o futebol. Uma tarde em cheio, com emoção transbordante" (...) "Foi uma segunda parte empolgante, de querer, força, determinação do Leixões e de um extraordinário espírito de entreajuda* da Académica. Quem dera que todos os jogos fossem assim. Aplausos merecidos.".

Depois disto, resta-me acrescentar que há muito tempo não estava tão perto de um problema cardíaco...

* A Briosa acabou com 9 jogadores em campo.

sexta-feira, 19 de janeiro de 2007

Sem ser genial, é bom


Venha o próximo...


Lido*: "Nuno Melo bateu com a porta"

Ilações: Pelo visto, o 'moço' não se sentia suficientemente sexy para liderar a bancada dos democratas-cristãos...

Previsões: Para a sucessão, eu apostaria em Pedro Mota Soares. Igualmente inteligente, mas uns anitos mais novo e quiçá... mais sexy! [sobre este último requisito não me pronuncio...] Deduzo que já o eleitorado masculino apostaria na 'Teggy'...
* n'O Primeiro de Janeiro, edição de hoje

quarta-feira, 17 de janeiro de 2007

Serão os portugueses estúpidos?

Ainda sobre o programa "Os Grandes Portugueses", para o bem e para o mal, António de Oliveira Salazar foi reconhecido como um deles e, ainda para mais, um dos 10 "maiores" portugueses.
Finalmente, ultrapassa-se uma visão bafienta (essa sim) da História de Portugal, muito difundida pelos cultores de Abril.
Já há uns anos decidi arriscar a vida, defendendo num debate, em S. João da Madeira, que nem tudo fora mau no Governo do Doutor Salazar, como nem tudo fora bom no 25 de Abril. Perante uma plateia robusta e em cerca de 98% adepta da extrema-esquerda, ainda hoje creio que me valeu a estatura e ter aguentado o debate até cerca das 3h00 da madrugada...
O decurso do tempo manteve-me as ideias. Mas, mais do que argumentação (que seria sempre incompleta), prefiro responder por antecipação às FAQ (Frequently Asked Questions) dos discordantes mais bravos:

P: Como é que o "menino", que não era nascido quando Salazar morreu, pode ser tão benevolente?

R: Também o não era à data do óbito de D. Afonso Henriques, Vasco da Gama, Teófilo Braga ou Humberto Delgado...

P: Falou em Humberto Delgado porque não condena as torturas e assassinatos do Estado Novo?

R: Não! Condeno todos os excessos e atrocidades.

P: Então como pode condescender?

R: Não se trata de condescender. A verdade é que o quero dizer é que não pode diabolizar-se Salazar, pois, contextualizando, ver-se-á que, sobretudo até meados da década de 40, desempenhou papel patriótico, designadamente, pondo fim à bandalheira política e económica da I República, acabando com um intolerável anti-clericalismo e mantendo-nos fora da II Grande Guerra. Ou seja, tendo feito muito de errado (lamento sobretudo os sofrimentos humanos e a restrição da liberdade), não fez só asneiras, ao invés do que tenta vender-nos a esquerda mais propagandística.

P: É um salazarista?

R: Não. Acho, aliás, cretino que se seja algo em relação a fenómenos datados.

P: E fascista?

R: Pela mesma razão, não. Depois, porque não concordo com a ideologia. Em terceiro lugar, aproveito para esclarecer a imbecil ladaínha do PCP e do BE, dizendo que, em Portugal, é impróprio dizer-se, no sentido do modelo, que houve fascismo (esta é, pelo menos, a minha análise). Houve corporativismo de Estado.

P: É um "inimigo" da Revolução de Abril?

R: Não. Creio que foi muito positiva. Porém, no seu decurso houve excessos brutais e foi delapidado o Estado. Sublinho o papel de Sá Carneiro e o facto de, a meu ver, se assinalar o período em que Mário Soares foi verdadeiramente útil para a política nacional.

A justiça tarda, mas não falha

No apuramento dos dez finalistas do programa "Os Grandes Portugueses" (RTP), Álvaro Cunhal, depois de morto, ganhou uma votação a Mário Soares (que se quedou pelo 12º lugar, apesar de ser o 1º de entre os vivos - se pode dizer-se que é esse o seu estado, depois da última eleição presidencial).
Em vida, na minha opinião, já lhe ganhara em coerência e substância política...

segunda-feira, 15 de janeiro de 2007

Homens com sorte - o ocaso de um "grande ordinário"

A mim nunca me enganou, mas ainda houve muitos lisboetas que votaram em Manuel Maria Carrilho (relembro, a.k.a. o "grande ordinário", na expressão do mayor alfacinha) para a Câmara Municipal.
Porém, por certo enfadado com o trabalho que davam as repetidas faltas às reuniões, o nosso prof. Carrilho decidiu renunciar ao mandato de vereador, anunciando a incompatibilidade com os deveres de deputado.
A primeira pergunta é de "grande penalidade": por que razão aceitou a candidatura?
Depois: por que diabo ficou por lá, se, pelos vistos, só tinha ideias para um cenário de vitória.
Por fim: sendo que a sua candidatura autárquica foi muito mais personalizada (era o nº 1) do que a que o levou ao Parlamento (para o qual foi eleito "disfarçado" numa lista), qual o motivo pelo qual não renunciou, ao invés, ao mandato parlamentar?
Tanto academismo para acabar como os outros...
Sorte têm, em bom rigor, Carmona Rodrigues e José Sócrates.

hic!...

Hoje, em Coimbra, talvez não fosse mau, para além do regulamentar controlo anti-doping, estrear o teste do balão em jogos da Bwin Liga...

sexta-feira, 12 de janeiro de 2007

Bacorada

Pedindo desculpa pela liberdade de expressão, foi o que me ocorreu para título depois de o Doc. Milk ter esgotado a hipótese "calinada"...
Pois bem, com o prazer do costume, dediquei o meu fim de tarde de ontem à leitura detalhada do Público, já que de manhã só as gordas.
E eis que vejo o prestigiado professor e jornalista/colunista Mário Mesquita nomeado pelo Governo para o conselho executivo da FLAD (Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento).
Até aqui, muito bem. O problema começa quando o/a jornalista (assina com iniciais, avisadamente, como se perceberá) decide atribuir-lhe a original e inaudita qualidade de "ex-fundador do PS"!...
Ora, vejamos: como se adquire a categoria de ex-fundador do que quer que seja? Modestamente, o "lodo" acha que ou se funda ou se afunda, mas não se ex-funda, nem se vem à tona, depois de uma expressão destas. Em todo o caso, como somos tolerantes, deixamos várias hipóteses para um eventual significado da condição de ex-fundador do PS:
  1. Fundou, mas tem vergonha de dizer à malta.
  2. Fundou, mas era só a brincar.
  3. Fundou e fugiu.
  4. Fundou, mas regressou ao passado e já não fundou.
  5. Imita Mário Soares e decidiu ser tudo menos socialista.
  6. Fundou, mas não funda mais.
  7. Todas as anteriores.

Cole a sua resposta num comentário e habilite-se a ganhar a qualidade de ex-fundador do "lodo".

quarta-feira, 10 de janeiro de 2007

Inteligente, mas parcial

O filme está bem realizado, mas mais à esquerda só filmando a biografia do Lenine, porque:
  • Nem todos os actos criminosos atribuídos a muçulmanos geram acusações imediatas de terrorismo
  • Nem todos os mexicanos são discriminados nos E.U.A.
  • Nem todos os meninos ricos desenvolvem comportamentos desviantes
  • Nem todos os "diferentes" são marginalizados

Em todo o caso, fica um bem urdido alerta contra algumas das fobias dos nossos tempos.

Não, não é ficção brasileira...(antes fosse!)

Do outro lado do Atlântico chegam-nos todos os dias notícias surreais, histórias mais ou menos macabras, misérias dificeis de compreender em pleno séc.XXI, polémicas cuja futilidade nos deixa incrédulos, etc etc. A notícia que hoje faz manchete na imprensa mundial não é excepção, reúne um pouco de tudo isso e é, a meu ver, francamente inacreditável...

No "país irmão" uma decisão judicial levou ao bloquear do site Youtube em território brasileiro enquanto este portal não remover completamente um polémico vídeo protagonizado por Daniela Cicarelli - a manequim de segunda categoria que após o "casamento-flash" com Ronaldo se tornou numa modelo requisitada e também apresentadora da MTV... - e o seu namorado.

Desde hoje que as operadoras de telecomunicações do país estão a interditar o acesso ao maior portal de partilha de vídeo. Tudo porque nele foi colocado um vídeo em que Daniela Cicarelli e o seu actual namorado protagonizam cenas escaldantes.
Tal decisão pareceria menos insensata se o dito vídeo fosse fruto de uma violação de privacidade, de coacção ou qualquer coisa do género. Mas desenganem-se os mais ingénuos, porque o conteúdo do vídeo é, nada mais nada menos que Daniela e o seu namorado a praticar sexo à luz do dia em plena praia... (e não, não era uma romântica praia deserta... mas sim uma praia de Cádiz, cheia de turistas!!)

Resultado: o vídeo, que foi exibido num talk show de duvidosa qualidade na espanhola Tele5, depressa chegou ao Youtube e aí atingiu recordes de visitas. Perante isto, os dois "visados" recorreram à "justiça" (não, aqui as aspas não estão a mais...) brasileira.
Com efeito, o Tribunal ordenou hoje a interdição ao portal Youtube, tornando compreensível que os internautas brasileiros vejam agora em Cicarelli o "inimigo público número um"... Claro que em menos de nada gerou-se uma onda de ódio à modelo, que conta já com centenas de sites, blogues e comunidades virtuais. A título de exemplo, a enciclopédia livre "Wikipédia" teve de bloquear a edição relativa à modelo uma vez que os usuários editaram-na com ofensas e informações falsas.

Sob o meu (sempre modesto) ponto de vista, a decisão proferida hoje pelo Tribunal, além de absurda, roça a "censura". A justiça brasileira censura um site cuja relevância mundial é inquestionável para supostamente "proteger" a "privacidade" de dois pseudo-famosos...
Não leva em conta que os dois agiram de livre vontade num lugar público e que são pessoas dotadas de capacidade racional para entenderem as consequências de tal exposição. Bem vistas as coisas, os ditos passaram a vítimas, qual passe de magia. E ao invés de serem acusados de atentado ao pudor, acto osbsceno ou qualquer coisa do género vêm exigir, a par de chorudas indemnizações, o bloqueio do portal de vídeos mais famoso do Mundo.

Não restam dúvidas de que esta decisão excede os limites do razoável e ofende o princípio da proporcionalidade. A liberdade de informação é posta em causa porque dois inconsequentes não têm noção do que é a privacidade para as suas práticas sexuais!... Além disso é, claramente, uma medida ineficaz porque o dito vídeo foi retirado do Youtube mas circula por toda a internet (eu própria fiz uma simples pesquisa e em 30 segundos pude aceder e visionar o tal vídeo numa página independente do Youtube.... )

Lamentável este episódio da Justiça brasileira...
Num país em que grassa a criminalidade e outras problemáticas sociais cuja gravidade é inquestionável... a Justiça dá-se ao luxo de julgar questões rídiculas como esta (e pior que isso, de proferir sentenças absurdas... ...) em vez de se ocupar com quem - e com o que - deve.

terça-feira, 9 de janeiro de 2007

IVG - a sondagem

Os elementos do "lodo" revelaram a sua tendência de voto no referendo sobre a despenalização da Interrupção Voluntária da Gravidez (IVG), marcado para o dia 11 de Fevereiro. Eis os resultados:
Sim - 50%
Não - 37,5%
Abstenção - 12,5%
A margem de indecisão é curta, até porque o/a blogger abstencionista admitiu tomar partido, mais próximo do acto cívico.
Aproveitamos para apelar à participação, qualquer que seja o sentido de voto.

segunda-feira, 8 de janeiro de 2007

Desemprego Médico: O Início de uma Nova Era

Temos vindo a assistir, através de notícias veiculadas pelos mais diversos órgãos da Comunicação Social, a mais um episódio lamentável oriundo do Ministério da Saúde.

Quase mil médicos recém-licenciados encontram-se actualmente no desemprego por incompetência da Secretaria-geral do Ministério da Saúde ao não os colocar, contrariando seu compromisso para com estes jovens colegas, nos mais diversos serviços hospitalares a partir do dia 1 de Janeiro de 2007.
E qual foi a resposta destes colegas? Dirigiram-se aos Serviços de Urgência e ofereceram-se para trabalhar voluntariamente, sem remuneração... Sim, porque doentes a necessitar de assistência médico, infelizmente, não faltam.

Embora esta questão apenas tenha vindo a público agora, a incompetência total e absoluta da Secretaria-Geral da Saúde, assim como o total desrespeito que existe para com os Médicos Internos da parte deste órgão, é um dado adquirido para quem, como todos os profissionais de saúde, dela dependem laboralmente.
Este Ministro é responsável pela primeira crise de desemprego médico em Portugal, não porque haja médicos excedentários, mas por mera incompetência do seu ministério em cumprir com as suas obrigações básicas.
O Ministro e o Secretário-geral devem um pedido de desculpas público para com os Médicos Internos e, tendo em conta os antecedentes, deveriam, a meu ver, ponderar seriamente a demissão das funções que actualmente exercem. Os erros surgem por culpa de alguém... esse alguém que o assuma.

"Calinada"



Eu e o camarada Gonçalo Capitão acabamos de ouvir a seguinte pérola no telejornal da RTP de hoje:

"Os jovens médicos recém licenciados encontram-se actualmente no desemprego pois não foram colocados, conforme é habitual, no Ano Comum, também chamado INTERNAMENTO."

Vale a pena eu comentar?

sexta-feira, 5 de janeiro de 2007

Que nojo!...


Pois como se não bastasse achar a série cretina e a protagonista irritante, já um tipo não pode ir às compras, como bom dono de casa, e ainda leva com chocolates (prateleira de cima) e algodão doce (a de baixo) da Floribella.

Os cd e dvd ainda vá, mas chocolates e algodão doce?!

Em nome das criancinhas portuguesas resta-me esperar que a qualidade seja maior do que a do programa...

Temo pela higiene de pessoas sensíveis como eu se, por exemplo, a pasta de dentes for monopolizada pelo televisivo estafermo...

"Esse assunto eu não comento..."

“Esse assunto eu não comento…” foi a frase que mais se ouviu na entrevista realizada por Judite de Sousa ao ex-presidente da república, dr. Jorge Sampaio.

Na “grande” entrevista de ontem, era forte a expectativa por parte dos que normalmente acompanham estas coisas da política, em perceber o ponto de vista de Jorge Sampaio sobre alguns assuntos:

Afinal aconselhou ou não a ida de Durão Barroso para a presidência da comissão europeia? O fez no exercício das suas funções para ter um português em tão destacado cargo europeu???

O que lhe faltou para não tomar posição sobre a situação “pantanosa” que o país seguia durante os governos de António Guterres, onde o ministro o ambiente era José Sócrates? Afinal o que pensa sobre as SCUT’s?... e a nova lei das finanças locais?

Como resume o seu mandato de 10 anos, onde o país conheceu quatro governos e onde três destes não terminaram o seu mandato?

Mas acima de tudo, porque razão alterou a sua posição entre Julho e Novembro de 2004 relativamente ao XVI governo?
… E o que entende por legitimidade politica de uma maioria parlamentar na Assembleia da República para exercer as suas funções???
Qual a força das sondagens nas suas decisões como Presidente da República???

Percebeu-se que Jorge Sampaio recebeu muitos telefonemas por causa da sua decisão em Julho de 2004… também se percebeu que nada fez para viabilizar a ida de Durão Barroso… isto é, até fez, mas depois desfez!!!

Durante os governos de Guterres, a sua fidelidade socialista “obrigou-o” a motivar o país para o desastre estratégico de politicas populistas com scut’s e rendimentos mínimos… politicas que apelavam ao conformismo social e à estagnação da iniciativa profissional…

Segui a entrevista com algum interesse para tentar perceber o episódio em 2004 relativo à dissolução da assembleia da república. Mas devo confessar que continuo sem perceber a explicação deste ex-presidente sobre este assunto!!!


No resumo da entrevista ficou o facto de que Jorge Sampaio, ainda não fala com o seu amigo Ferro Rodrigues, dá umas aulas para tentar explicar o ser exercício (ou falta dele) como Presidente da Republica e faz uns “biscates” em colóquios e conferências…

Ficou o consolo de que Jorge Sampaio não pensa em volta à vida politica activa… “Valha-nos isso!!!”!!!

quinta-feira, 4 de janeiro de 2007

Democracia directa

É em alturas destas que recupero a fé na democracia directa, pese embora a decisão seja dos súbditos de Sua Majestade, cujo o grau de civismo sempre foi superior.
Brincadeiras à parte, refiro-me com imensa satisfação à decisão de cerca de 20.000 ouvintes da prestigiada BBC, que elegeram os Queen como a melhor banda britânica de sempre (suplantando mesmo os Beatles e os Rolling Stones).

Cá por mim, sempre foram o meu grupo estrangeiro favorito, ainda que carregue a mágoa de, por não ter idade suficiente à data, nunca os ter visto em palco com Freddie Mercury como vocalista (restou-me o parco consolo de os ver com Paul Rodgers).

Interessante

Com a vantagem adicional de se perceber muito do ilusionismo a que chamam política, em Portugal.
Como se pergunta no filme: "está pronto para sujar as mãos?"

quarta-feira, 3 de janeiro de 2007

Ainda não cometeu um crime


Ainda não cometeu um crime, mas só tem até 14 de Janeiro para o evitar, se ainda não foi à Gulbenkian, já que essa é data de encerramento da soberba exposição "Diálogo de Vanguardas", que apresenta um acervo de obras do genial Amadeo de Souza Cardoso, que, me parece, levará muitos anos para poder ser reunido outra vez (permito-me destacar pela curiosidade a edição única de "A lenda de São Julião Hospitaleiro" de Flaubert, caligrafada e ilustrada por Amadeo; se a história já era boa, assim...).
Acrescem alguns trabalhos de Modigliani, Picasso e Malévitch, entre outros.
Se gostar, o catálogo, não sendo "dado", é, também ele, excepcional.

A sopa dos pobres e o cozinheiro rico

Surfando na Net, deparei com a seguinte notícia: "El presidente de Venezuela, Hugo Chávez, envió varios regalos, entre ellos, las obras completas del libertador Simón Bolívar, al líder cubano, Fidel Castro, con motivo del 48 aniversario de la revolución"

O caso começa a ser sério e vamos ver como acaba a experiência venezuelana (o "quando", temo-o bem, é no dia em que acabarem as jazidas de petróleo ou quando a sua importãncia diminuir).


De facto, a revolução bolivariana, a mais de começar a influenciar outros países da América Latina, promete algo que não deixa de ser imperioso (embora me confesse céptico, para já e quiçá por ignorãncia minha, em relação à via proposta por Hugo Chavez): há que analisar os pontos em que o mercado livre se tem revelado insuficiente para prover as necessidades dos cidadãos. Falo da necessidade de criar uma rede mínima de dignidade social (não só do ponto de vista material, mas também de direitos e deveres a consagrar), abaixo da qual ninguém deve cair. Para o resto, aí sim, o mérito que faça a diferença (havendo, neste caso, que eliminar constrangimentos ao seu fucionamento, mormente em sociedades laxistas e com benevolência para com a corrupção, como a nossa).


E aí, uma segunda nota de interrogação: não será contraproducente suprir o desemprego por programas de base estatal (penso, no caso, no facto de muitas pessoas encontrarem trabalho nas cooperativas patrocinadas pelo Estado)?
Por outro lado, dar tudo a quem nada tem (a Venezuela tem uma forte política assistencial, ao que ouço dizer) não favorecerá o situacionismo? Quando muito, parece-me que o fenómeno do micro-crédito celebrizado por Mohamed Yunus é o mais longe que deve ir-se, pois não esquece a responsabilização da pessoa ajudada.


Outro dos pormenores a observar, a meu ver, é que Chavez está a usar a parafernália mediática para seguir o seu caminho, num golpe de mestre. Peronismo mediático? Chavismo puro? A ver vamos...


No entanto, uma pergunta me assola o espírito: será que a "revolução bolivariana" teria tantos seguidores, nos países vizinhos, se a Venezuela não pudesse gerir imensos recursos naturais? Por outras palavras, afinal o socialismo de Estado não acaba por usar a mesma arma do diabo capitalista? Vladimir Putin, esse sim, já viu o filme todo...

terça-feira, 2 de janeiro de 2007

Pagava p'ra ver

A música que serve de título a este post é da concorrência (Paulo Gonzo) e nem está em causa a qualidade artística de André Sardet (que é inequívoca), mas aposto convosco que este não entrará em palco para o concerto de Coimbra com a camisola que envergou no espectáculo de Guimarães (a do Vitória* local)...
Em todo o caso, e apesar da revelação chocante :) , sei que o público da Lusa Atenas perdoará a falha a ao seu conterrâneo que, se me não engano, actua no dia do seu aniversário (8 de Janeiro).
Esperando que não repita a graça, desejo-lhe um ano com sucesso e muitos jogos da Briosa, para purificar a alma.
* Para os menos versados nos assuntos do "pontapé na bola", sublinho que falar no Vitória de Guimarães em casa da Académica é como falar do Real Madrid no Nou Camp, em Barcelona; ou seja, a suprema afronta. A fotografia foi gentilmente fanada ao grande vitoriano e meu amigo Luís Cirilo.