sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Ignorância «Sem Medo»

Monumento de Homenagem ao Gen. Humberto Delgado, Cela (Alcobaça)

Há dias, numa feira do livro, comprei um dos exemplares da Colecção "O País das Maravilhas", produto oficial do evento "Maravilhas de Portugal 07.07.2007" que com certeza ainda terão na memória, mercê da sua grande mediatização. O n.º 15 daquela colecção versa sobre o meu estimado Mosteiro de Alcobaça, monumento candidato que se veio a consagrar uma das sete maravilhas em solo luso.

O pequeno livro divide-se em três partes - a Maravilha (leia-se: o Mosteiro); 7 ícones ao seu redor (Chita, Doces conventuais, Maçã, Padeira de Aljubarrota, Pedro & Inês, Pop e Vidro) e, logo de seguida, "Outras 21 pequenas maravilhas". E é aqui que, para meu espanto, entre o destaque para outros monumentos locais, outras iguarias gastronómicas e algumas personalidades indelevelmente ligadas ao concelho, descubro que uma das figuras que ali consta é, voilá, o Marechal Gomes da Costa. Leio outra vez e sim, o que ali está é, preto no branco, "Marechal Gomes da Costa". E o pequeno texto, o que é que diz? Aqui se transcreve:

"Não nasceu em Alcobaça, mas sempre aí passou férias e fez amigos para mais que uma vida. Conhecido como General Sem Medo (1906-1965), procurou derrubar a ditadura através de eleições, tendo sido derrotado num processo eleitoral fraudulento que deu a vitória a Américo Thomaz. Foi assassinado pela PIDE, em Olivença, e encontra-se sepultado no panteão nacional. Foi-lhe erigido um monumento no lugar de Cela, em Alcobaça".

Por certo já se deram conta de que o texto refere-se não a um Marechal, mas a um General, de seu nome Humberto Delgado, este sim, intimamente ligado ao concelho. Um erro grosseiro que, dado o contexto - publicação oficial de um evento com o apoio institucional, imagine-se, do Ministério da Cultura, do IPPAR e do Turismo de Portugal - parece-me indesculpável. Além do mais, 3 anos volvidos e ninguém se deu ao trabalho de elaborar uma “Errata”.

Tenha-se em conta que é um livro que foi pensado para dar a conhecer um monumento, uma cidade e o que de mais marcante os rodeia e que se trata de um produto sujeito a uma revisão editorial que, no presente caso, parece ter corroborado da estapafúrdia ideia de que, entre a Ginja, a Louça de Alcobaça e a Maria de Lurdes Resende, o Marechal Gomes da Costa também ia bem com Terras de Cister.

Pois bem, recupere-se das lições de História de Portugal e relembre-se quem foi Marechal Gomes da Costa: destacado militar e líder da direita conservadora, encabeçou a Revolução de 28 de Maio de 1926 e, por golpe em Junho desse mesmo ano, alcança o Governo, sendo que este apenas dura 20 dias, uma vez derrubado por Óscar Carmona aos 9 dias de Julho seguinte. Carmona, assim que toma a posse, remete o seu precedente para o exílio nos Açores, não sem antes tê-lo feito Marechal.

É certo que, tal como Gomes da Costa, Humberto Delgado também fez carreira militar, tendo sido, já a título póstumo, também nomeado “Marechal” (da Força Aérea). Mas as semelhanças entre estas duas figuras históricas ficam-se, obviamente, por aqui. Opositor ao Estado Novo, o General Sem Medo sobressaiu naquela época pela sua coragem – daí o cognome -, coragem essa que, contudo, não lhe bastou para vencer as (fraudulentas) eleições de 58. Segue-se o exílio político, sem deixar de fazer oposição, até ao dia em cai numa cilada da PIDE e é assassinado em terras fronteiriças.

Muito mais fica aqui por dizer sobre este homem de exemplo, mas aos que desconhecem a sua apaixonante (embora trágica) história de vida, recomenda-se a biografia escrita por um dos seus netos, Frederico Delgado Rosa. A recomendação estende-se, naturalmente, à autora dos textos do livro aqui em apreço, para que não repita a proeza de confundir duas figuras históricas tão díspares.


* também publicado na edição de hoje do jornal “Região de Cister”;

Hã?!

Para me forçar a andar um pouco e por simpatia ecológica, sou utente frequente do Metropolitano de Lisboa.

Entre outras coisas quotidianas, uma há que me tem despertado a curiosidade: que despesa terá o Serviço Nacional de Saúde, quando as gerações MP3 começarem a envelhecer?

Desde já aconselho os que agora ingressam nos cursos de medicina a escolherem a especialidade de otorrinolaringologia!

De facto, o volume a que muita gente ouve música com auriculares é assustador. Vezes há em que, apesar do barulho do comboio, consigo escutar distintamente as agressivas batidas da música electrónica que muitos preferem.
Vêm aí os novos surdos!...

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Marxistas à força

Sei que é um tema recorrente das minhas prosas, mas não consigo escapar a esta época de mal-estar.

Olho para o mundo empresarial português – que, para efeitos desta reflexão, não dista muito do ambiente planetário ocidental, genericamente falando – e vejo que, embora transvestido ou maquilhado com pós de modernidade (sejam as actividades lúdicas de reforço da coesão das equipas, as avaliações inter pares ou os jantares evocativos de presença semi-voluntária; no fundo actividades que mantêm vivas as chamadas empresas de eventos), o essencial não muda – altura para um parêntesis, no sentido de dizer que não me refiro a nenhuma empresa em concreto, seja explicita ou implicitamente.

Efectivamente, constato que, pagando melhor ou pior (é assustador ver o pouco que, em média, recebemos, quando vamos, por exemplo, à Alemanha ou aos EUA), o essencial é que se produza, mantendo os funcionários – hoje, eufemísticamente chamados de colaboradores – encafuados nas empresas (de preferência e cada vez mais nas sedes), durante nove ou mais horas por dia e sujeitos a prédicas sobre eficiência (seja lá o que isso for, quando aplicado a seres humanos) e contenção de custos (algo que sabemos manter a salvo a difusa categoria de “gestor”).

Prescindindo de analisar a questão sob a óptica (simplista, a meu ver) da apropriação das mais-valias, o que me apoquenta enormemente é a perda de espaço para algo que não se subsume na nomenclatura usual de colaborador, assessor, director ou afins; falo do ser humano, em toda a vastidão do conceito.

Que tempo sobra hoje para “saborear” a família, mormente quando se sai tarde e/ou se demora horas em filas de trânsito? Que formação pode dar-se a crianças exaustas e com quem se quer partilhar algum tempo sem contornos espartanos? Alarmam-se as almas com decréscimo da taxa de natalidade, sem curar de saber que, para além dos mais óbvios dos “porquês” (a penúria e o egoísmo), existe na mente dos casais um “para quê?”, enquanto interpelação sobre o estado do Mundo para o qual se conceberiam novos seres humanos.

O mesmo em relação ao lazer: que tempo útil e que vitalidade sobram durante 5 dias por semana? Mesmo nos dias supostamente consignados ao repouso há muito quem trabalhe e outro tanto que apenas pode entreter-se a recuperar energias dentro de quatro paredes…

Perde-se o espaço da imprevisibilidade e criatividade inerentes ao “existir”, conduzindo para o materialismo consumista a catarse da frustração quotidiana... Surgem as novas doenças derivadas do stress (coisa incógnita há não muitas gerações) e cercam-nos hordas de novos diabéticos e obesos…

E desta vez não chegará o dia do levantamento geral (não mais o cruzador Aurora disparará o seu canhão), pois seguimos aparvalhados e mansos em frente à televisão e dentro dos saldos.

Depois de mandarmos os marxistas para a forca, tornam-nos marxistas à força. Nada aprendemos…

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

A ver


O tema (apocalipse) não é novo, mas a qualidade da abordagem e das interpretações regista-se.

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Flash Mobs

É verdadeiramente surpreendente a capacidade de mobilização das pessoas para... a estupidez. Guerras de almofadas, meras coreografias ou até mesmo circular no metro sem calças - como sucedeu no Metro de Lisboa no passado dia 10, com 130 pessoas a roçar o traseiro nos demais passageiros. O móbil pode ser qualquer um, até o casamento entre homossexuais,desde que se dê nas vistas e que se capte a atenção daquela comunicação social que não vê notícia em mais nada.

As manifestações relâmpago até devem ter tido piada quando surgiram nos EUA há meia dúzia de anos, mas neste último ano voltaram a estar na moda de tal forma que agora até já causam náuseas. A meu ver, pura perda de tempo. E claro, uma patológica necessidade de dar nas vistas. Já no caso das empresas, diria censurável. Sobretudo quando estão em causa empresas em falência técnica ou empresas que negam prémios às trabalhadoras grávidas. Refiro-me à TAP (e à ANA), que nos dias 24 e 30 de Dezembro organizaram dois flash mob's na Portela, contratando bailarinos para tornar menos entediante o check-in dos passageiros. Notável. As coisas em que as pessoas se empenham!

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Lodo, S.A.D. em Congresso

A expectativa era grande. A ordem de trabalhos prometia e não se falava de outra coisa. Afinal, tratava-se do último congresso da Lodo, S.A.D. no exercício “blogoesférico” de 2009.

A reunião magna foi marcada para Viana do Castelo, nomeadamente no restaurante do Sr. Camelo, em Santa Marta de Portuzelo. A animação foi uma constante em mais esta jornada de confraternização e a ementa primou por iguarias e vinhos locais. A hospitalidade esteve a cargo do “Lodista” João Pedro Cruz.

Após o repasto, a comitiva deslocou-se ao centro de Viana para degustar as famosas bolas de Berlim do Natário. Abaixo segue a foto-reportagem.

Se beber, não...

Hoje é decididamente um dia de temporal até nas coisas com que deparo...

Já pensou na hipótese de se queixar de violação e ser condenada por sexo ilegal?! Ora bem, umas férias no Dubai resolvem até esse problema!

Basta que beba alcóol e que, além disso, mantenha relações voluntárias com um homem com que não seja casada.

Mortes brilhantes

Julgava eu que já tinha visto de tudo um pouco...

Há uma empresa baseada na Suiça que lhe oferece a oportunidade de transformar as cinzas de um ente querido em diamantes! Isso mesmo: diamantes...

Já imaginou uma neta em pleno euforia com o avô a ser lambuzado num piercing no umbigo?!

Consegue prefigurar uma viúva a dizer ao cavalheiro que lhe beijou a mão que acabou de oscular o marido?!

E o que sofreria a alma da mãe de um adepto de tuning a passear na orelha do rebento e a sentir a vibração "daquela" música?!

A única situação interessante é tornar um estupor em vida numa preciosidade na morte...

Que restará???...

A sustentável leveza do correr

Pois é... Parece que a velocista australiana Jana Rawlinson, duas vezes campeã mundial de 400 metros, tomou a decisão de aligeirar a bagagem!

Para correr mais nas Olimpíadas londrinas, a atleta afirmou que vai retirar os implantes mamários, provisoriamente.

De permeio ainda fez a gentileza de dizer que certas colegas parecem homens...

Um início de 2010 bávaro

Schloss Neuschwanstein


Schloss Linderhof


Schloss Herrenchiemsee


Três (entre muitas) boas razões para um salto até Munique...

Para ver e pensar

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Os Ídolos e o complexo da música portuguesa


Confesso que sigo os Ídolos. A fase inicial do programa prende-me porque, nas por vezes entediantes noites de domingo, nada me faz soltar tantas gargalhadas de ir às lágrimas – o ser humano sempre teve a estranha tendência de se entreter à conta das (cómico)tragédias dos outros, e eu não sou excepção. Já esta última fase cativa porque, num registo um bocadinho mais a sério, procura descobrir novos talentos em solo luso. E se é certo que algumas das estrelas que este tipo de concursos lança não são mais do que cadentes, outras há que se tornam referências musicais em Portugal para todos os gostos – recorde-se Sara Tavares, João Pedro Pais, Nuno Norte, etc.

Sucede que o que me leva a escrever estas linhas não é propriamente as actuações dos candidatos, antes as dos membros do júri, que às vezes parecem sentir mais necessidade de dar nas vistas que os próprios concorrentes. É o particular caso do “patrão” do júri, Manuel Moura dos Santos, sobejamente conhecido pela sua sobranceria. O senhor pode ser um expert na matéria, saber avaliar o valor (ou a falta dele) dos moços e das moças como ninguém, mas tem o grave problema de não resistir à maledicência. Sobretudo, quando se trata de música portuguesa. Se há quem no júri esteja constantemente a lamentar que se cante pouco em português (Pedro Boucherie Mendes), Manuel Moura dos Santos têm uma tendência patológica em criticar os artistas portugueses. Na semana passada a polémica surgiu quando apelidou a música dos Anjos de “pop foleiro e azeiteiro” - estou longe de ser fã dos rapazes, mas o que fazem é comparável a bandas famosas como Westlife, Boyzone, etc., a diferença reside apenas na projecção mundial que estes últimos têm, por cantar em inglês. Mas esta antipatia de Moura dos Santos pela música portuguesa, mais pop ou menos pop, mais foleira ou azeiteira, já não é novidade. Há uns tempos torceu o nariz porque o repertório de Rita Guerra foi cantado por meia dúzia de concorrentes. Goste-se mais ou menos, Rita Guerra é uma voz inconfundível e representou o país por várias vezes, razões de sobra para não subestimar a sua valia enquanto cantora. Mas o auge da pedantice daquele membro do júri foi quando atacou o projecto sensação do ano, os Amália Hoje, tendo dito que o seu arranjo para Gaivota é “lamentável, para não dizer pior”.

Lamentável, digo eu, é que um produtor de música em território português tenha em tão má conta o que por cá se produz. É certo que há uma imensidão de artistas portugueses que estão longe de ser motivo de orgulho, mas, reconheça-se, artistas de mau calibre há por todos os cantos. É certo que quantidade (de discos vendidos) não é sinónimo de qualidade, mas não creio que desdenhar a nossa música possa fazer-nos evoluir nesse campo. O que está aqui em causa é, quer-me parecer, este nosso velho complexo de que o que fazemos não presta, de que cantar em português não vende (já cantavam os Clã que “a língua inglesa fica sempre bem / e não atraiçoa ninguém”), de que a música só é vendável em inglês, mesmo que as letras sejam uma nulidade. É a ideia bacoca de que a música dita ligeira não é verdadeiramente música. É ignorar uma realidade inegável: música é o que cada um de nós quiser ouvir. E se há muita gente a ouvir sonoridades tão díspares como Anjos, Rita Guerra e Amália Hoje, é porque há muita gente a considerar que isto é música, boa música. Mesmo que um produtor esbraceje, barafuste e, no seu habitual tom jocoso (e inconsequente), diga que não é.

sábado, 9 de janeiro de 2010

Casamento, igualdade e opções


1. Sou, por princípio, favorável à criação de um instituto civil para a união de casais homossexuais - na tentativa de consagrar direitos, liberdades e garantias a todos os cidadãos - e por ver justiça na extensão de direitos sucessórios e patrimoniais aos homossexuais que desejam fixá-los nas suas uniões. O mesmo não impede, porém, a crítica à forma como o PS, juntamente com a Esquerda, geriu o processo, bem como às opções que tomou (e que acarretam consequências), num momento que classificou de histórico. Ainda assim devemos felicitar José Sócrates e o partido do Governo (não é todos os dias que cumpre uma proposta do seu programa).

2. A aprovação do casamento gay foi conveniente para o Governo. Durante as últimas semanas a discussão das matérias económicas (endividamento público, desemprego, problemas sociais, etc.) cederam espaço aos debates relacionados com a proposta aprovada na manhã de ontem. Mas daí não vem grande mal ao mundo. Afinal de contas acontece o mesmo quando joga o Benfica.

3. Foi claro o comportamento do Governo e da Esquerda parlamentar, no sentido de oportunidade que achou encontrar neste início de 2010. Como disse Paulo Mota Pinto «[o senhor primeiro-ministro] não encontrou tempo para vir a esta Assembleia apresentar, por exemplo, o Orçamento de Estado, mas encontrou tempo para vir apresentar a lei que consagra o casamento entre pessoas do mesmo sexo». Contas feitas, depreendemos que o momento encontrado foi aquele que o putativo aumento do número de subscritores do pedido de referendo pôde sugerir.

4. A proposta de referendo (ao qual me oponho) não teve, em muitos casos, uma oposição correcta. Refiro-me àqueles que interpretaram e propagandearam a eventual sondagem como um prenúncio homofóbico «da maioria face à minoria», como se de uma batalha se tratasse, em que os heterossexuais portugueses estariam prontos a mobilizar-se pela negação das prerrogativas implícitas à eventual vitória do 'sim'. Além disso, o argumento que relaciona a lei com a extinção da homofobia (tantas vezes usado pelos militantes do 'sim') seria pateticamente ingénuo, se não fosse tão demagógico – ou não creio o mesmo tratar-se um fenómeno social que, como todos os fenómenos sociais, não se retém com a lei.

6. O PS cometeu um erro, e não foi o ter desconsiderado a opinião do seu fundador. Obstinado em chamar de 'casamento' à união civil de casais gay, foi errado nos princípios, imprudente na agenda e falacioso no produto. Esmiuçando, o PS faltou ao princípio da igualdade, tal como surgiu na Antiguidade, está consagrado no ordenamento jurídico português e do qual se entende a fórmula equilibrada de tratar por igual o que é igual, e por desigual o que é desigual – o casamento é uma instituição cujos primeiros registos remontam à sociedade pré-estamental da Suméria, enraizada na cultura ocidental pelas leis judaico-cristãs e usada para definir a união de um homem com uma mulher (é uma definição milenar da História); imprudente na agenda, porque a nova lei tem a jusante a questão da adopção de crianças por casais homossexuais, cujo debate já iniciou tacitamente, provocando a celeuma de ontem nas bancadas do BE e do PEV; falacioso no produto, porque, no seguimento das linhas anteriores, o Parlamento não deixou ontem de aprovar (por opção própria!) um casamento de segunda, revelando desonestidade para com a comunidade homossexual e instituindo, por outro lado, uma nova desigualdade.

6. Esteve bem o PSD que, como quem procura a convalescença em dias enfermos, foi ao debate apresentar a proposta de criação da união civil registada – de resto, o instituto adoptado na Alemanha, na Aústria, na Suiça, em França, no Reino Unido, e em mais onze países da Europa.
[a imagem é daqui]

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

É uma casa portuguesa, com certeza


A assinatura é de um holandês de renome, Rem Koolhaas, mas a obra está situada em solo luso e é já um marco histórico da cidade Invicta. Esteve envolta em polémica - como qualquer grande obra neste país que se preze, sublinhe-se -, entre dilemas administrativos, as derrapagens do costume e claro, o arrojo da construção que chocou alguns Velhos do Restelo.
Inaugurada há 5 anos, a Casa da Música permitiu que o Porto se tornasse numa referência musical e, por extensão, também numa referência arquitectónica. A prova está, por exemplo, na distinção que esta obra acaba de arrecadar: o britânico The Times considerou-a um dos cinco edifícios mais marcantes da primeira década deste século XXI. Um motivo de orgulho e, porventura, uma lição para todos aqueles que fazem frente a projectos ambiciosos num país que deles bem precisa.