segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Começamos mal...




Este fim de semana o XXI Congresso da JSD elegeu, em Coimbra, o seu novo líder. À distância, parece-me que a mudança de rostos não significa necessariamente uma mudança na estrutura, pelo menos no que ao Presidente toca, uma vez que foi vice da comissão política cessante. No mandato que ora tem início, espera-se (eu, pelo menos, espero...) que a dinâmica da jota não se cinja, como nos últimos anos, a outdoors e campanhas anti-sócrates, excepção feita ao notório trabalho - cumpre reconhecer - quanto ao Porta 65. Isto, porque a JSD tem gente com capacidade para muito mais, tem credibilidade junto da juventude portuguesa que não convém deitar por terra e tem uma imensidão de bandeiras para hastear, haja visão e sentido de oportunidade. Contudo, a julgar pela imprensa de hoje, dá ideia de que as batalhas que a jsd quer travar em defesa dos jovens portugueses escasseiam. É que no pós-congresso, o destaque vai sobretudo para o direito de voto aos 16 anos, uma bandeira cheia de remendos que, ainda para mais, aproxima a estrutura do... Bloco de Esquerda! É caso para dizer que... começamos mal.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Olha quem fala

Há poucos dias, vi na televisão que a Secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, tecia considerandos sobre a defesa dos direitos humanos na Europa. Falava a Sra. Clinton a propósito da proibição suiça dos minaretes das mesquitas e do veto francês ao uso em público do véu islâmico, na sequência do relatório anual do Departamento de Estado sobre a liberdade religiosa.

É claro que os casos europeus não foram, nem de perto nem de longe, o prato forte do relatório e da intervenção, mas, já que “aqui estamos”, deitemos um olho sobre o assunto.

Pergunto-me, assim sendo, quem será o campeão mundial da “islamofobia”?... Ora… Não é que são os EUA??? Que outro país encerra turistas estrangeiros numa sala de aeroporto separada e os asperge com fumos, apenas por terem estado em países de que os americanos desconfiam?... Exacto: os EUA!...

Quem geria Abu Ghraib e ainda não encerrou Guantamo?!... Respondeu “EUA”?! Nem prémio leva, tal o cariz óbvio da resposta…

Nesta altura, peço ao Leitor que me não interprete mal: não sou do Bloco de Esquerda (cruzes!!!) e nem pertenço àqueles que acham que dizer mal dos Estados Unidos os guinda à condição de “intelectuais”. Adoro o país do Uncle Sam e acho que tem uma democracia e uma cultura vibrantes. Todavia, acho que apontar o dedo é uma má escolha, quando já nem vidro se tem no telhado…

Dir-me-ão os fanáticos: “os Estados Unidos têm razão para a cruzada actual”! Talvez, responderei… Contudo, não menos a terão os europeus, a começar pelos espanhóis e pelos ingleses. Mesmo os franceses, venho dizendo isto há algum tempo, estão, segundo alguns estudos, a braços com o dilema de, dados o conforto social que proporcionam e a progressão geométrica da população “não ocidental”, terem, em algumas décadas, uma maioria de votantes islâmicos nos seus cadernos eleitorais.

Se o fenómeno em si parece natural, o facto é que ocorre num centro nevrálgico da cultura europeia e sem que os “novos franceses” aceitem as regras daquela, preferindo impor aos “anfitriões” ditames de outra fé e de outro modo de ser e de estar. E a isto temos de assistir, dizendo-nos os que aplaudem a anarquia que se trata de diferença cultural… O irónico da coisa é que os nossos “esquerdistas” se esquecem da desconsideração que está ínsita em muitas das “diferenças culturais” impostas, designadamente, às mulheres islâmicas.

O mesmo tom categórico já não emprego na norma arquitectónica helvética. Apesar de se tratar de uma norma democraticamente adoptada, nem sempre os procedimentos referendários foram sinónimos de bom senso, da condenação de Cristo a Weimar.

Todavia, mesmo neste último caso, estou em crer que a intolerância se não equipara à vivida pelos ocidentais nos países muçulmanos, desde a proibição de visitar Meca à exigência de as mulheres visitantes usarem trajes muçulmanos ou de turistas serem alvos potenciais pelo facto de um jornal do seu país ter publicado caricaturas de Maomé.

Sorrio ironicamente, por isso, ao recordar as palavras da Madame Clinton.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Natal sem luz... e sem fome

Acabo de concluir que ainda há responsáveis políticos sensatos em Portugal. Pelo menos, lá para os lados de Sintra, nas freguesias de São Marcos, Rio de Mouro e Colares, cujos presidentes entenderam abdicar da iluminação natalícia nas ruas para iluminar o Natal dos moradores de uma outra forma. Os fundos que se destinavam à iluminação das localidades vão ser aplicados em centenas de cabazes de alimentos, bens essenciais que as famílias têm tido dificuldade em obter, pelo que o número de pedidos de ajuda aos responsáveis locais tem aumentado consideravelmente. A medida é, a meu ver, louvável. Um exemplo a seguir por todas as freguesias e concelhos em que os valores destinados à iluminação de Natal possam colidir com os valores atribuídos para a acção social. E para que se tenha noção dos balúrdios que todos os anos são gastos em iluminação natalícia, é espreitar aqui.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

O prazer de votar

No âmbito das eleições ao parlamento da Catalunha, no próximo dia 28, há campanhas que têm dado que falar, mercê dos meios propaganda utilizados. Uma delas, lançada pelo Partido Popular, consiste num jogo de computador em que o jogador está encarregado de uma missão, a de eliminar imigantes; naturalmente, a brincadeira já deu muito que falar. A outra, que não fica atrás em popularidade e polémica, é de apoio ao candidato José Montilla, pelo Partit des Socialistes de Catalunya (PSC) e incita os jovens ao voto, comparando-o a um meio de obter prazer:

A ideia é da juventude do PSC, que teve a intenção de captar as atenções (não só dos jovens...) e usar um dos mais vulgares iscos de comunicação: o conteúdo sexual, ainda que não explícito. E quanto ao conteúdo político? Absolutamente nenhum. Tenho, por esse e por outros motivos, as maiores dúvidas quanto à eficácia deste vídeo. É primário e desvirtua aquilo que subjaz ao voto eleitoral. Votar é um sentido de cidadania que não toca a todos e a solução não passa, certamente, por incitar a que, qual rebanho, as multidões acorram às urnas. Votar «por votar» não nos leva a lado algum. O voto deve ser consciente, voluntário e lúcido. E para que o seja, o desejável é informar cabalmente os cidadãos das suas opções e não propriamente socorrer-nos de mensagens libidinosas.

A propósito, votar não tem nada que se assemelhe a prazer. Há uma imensidão de coisas que se podem fazer num domingo mais entusiasmantes que desencantar o cartão de eleitor no fundo de uma qualquer gaveta, locomovermo-nos até à escola primária do sítio, esperar sossegadinhos nas filas, reencontrar gente que não víamos há séculos e com quem não temos vontade de falar e, posto isto, despejar o voto na urna. Que entusiasmante.

Em Dia de Não Fumador (ou de não cumpridor?)



Hoje, 17 de Novembro, assinalou-se o Dia do Não Fumador. Neste dia todos se lembram de uma lei que entrou em vigor há quase 3 anos, mas todos os dias eu me lembro que estou num país em que as leis não se cumprem e tudo fica na mesma. Será assim tão difícil fazer cumprir uma lei que só traz benefícios à nossa saúde? Embora o tabaco tenha sido proibido em muitos locais, há ainda muitos cafés, bares e discotecas onde se continua a fumar sem restrições e sem que as devidas condições de extracção sejam cumpridas. Onde está a fiscalização? Ai Portugal Portugal...

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Pele e osso

Talvez a distância seja a causa da maior avidez com que pratico algo que sempre fora um hábito: assistir a noticiários e ler os jornais (embora sem o indizível prazer de folhear os mesmos).

Todavia, da terra onde Vasco da Gama “deu baile” ao resto do Mundo, fica a angústia acrescida de comparar a glória de outrora e a miséria actual, sentimento no qual sou acompanhado pelos membros da comunidade portuguesa, que olham com tristeza e espanto uma Pátria pré-falida.

Chovem as perguntas e escasseiam as respostas: como chegámos até aqui? Por que é que, mesmo com acordo sobre o Orçamento, os juros que Portugal paga pelo dinheiro que pede continuam a subir? Onde vêem os investidores o nosso risco de incumprimento? Por que não assumem os políticos o que o Estado pode ou não pode fazer, de uma vez por todas, em vez de andarem com cortes nos salários, na ADSE e outros paliativos a contado?

Já escrevi por estas páginas que não vale a pena procurar culpados. É uma tradição portuguesa achar que alguém tem a culpa das nossas asneiras… Ora, neste caso, penso que a nossa falta de exigência em relação a nós próprios – na produtividade, no mérito e até nos demais valores sociais – se traduz na incapacidade de exigir mais da classe política, pois a dura verdade é que não entendemos patavina do que é preciso fazer para acabar com a nossa histórica modorra (o pior é que, temo bem, muitos dos políticos também “não vêem boi” dos problemas)!

Embora me obrigue a dar o benefício da dúvida, ainda estou por me render à geração de políticos do Facebook e da folha de Excel (que é como quem diz, listagem de militantes “controlados” e com quotas a pagar)… Somos dos países com mais telemóveis por habitante, o que me faz pensar que temos a noção de cosmética típica do “pato-bravismo”, mas continuo à espera de alguém que não se limite à literacia tecnológica e ao sectarismo intra-partidário, percebendo o papel da emoção e de um desígnio nacional mobilizador.

Que Cavaco Silva representará um seguro de saúde nacional, não tenho dúvidas; os tempos não estão para poesias. Porém, agarro-me à esperança de, chegada a hora, Passos Coelho conseguir duas coisas: emocionar e mobilizar os portugueses e, por outro lado, moderar o apetite dos jovens turcos que se agarraram ao seu manto.

Até esse dia fica ainda o meu cepticismo em relação àqueles que julgam poder culpar o actual Governo por tudo e mais umas botas. O problema é mais fundo e pede respostas que durem várias décadas; de preferência, antes de morrermos à mingua…

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Gatos escaldados (e agora «calados»)

Se havia página d'A Bola que eu gostava de ler nas raras vezes que o jornal me vem parar às mãos, era a das crónicas dos gatos Ricardo Araújo Pereira e José Diogo Quintela, a torcer pelos seus clubes, SLB e SCP, respectivamente. Mas ao que parece, um destes dias o lápis (literalmente) azul falou mais alto e a última crónica do «gato verde» saiu com certos cortes, sem que o cronista fosse disso avisado. Os cortes recaíram sobre trechos em que Quintela «respondia» a Miguel Sousa Tavares a propósito de uma troca de palavras quanto ao célebre Apito Dourado. Pormenores à parte, é de concluir que, desta vez, até o diário comummente associado ao Benfica se prostou perante os papões do Norte. O resultado? Quintela abandonou a crónica e RAP fez, num gesto solidário para com o colega, o mesmo. Quem fica a perder? Todos. O humor intercalado com momentos de pura lucidez (que tanto escasseia no meio), viesse de quem viesse, tornava o desportivo numa leitura mais sadia. Agora MST pode respirar de alívio: tem o jornal por sua conta e ninguém à sua altura para lhe lembrar que um homem com a sua inteligência não pode fingir acreditar que o Apito Dourado é uma mera ilusão futebolística.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Agora é que tu disseste tudo!

“Como sempre, trabalho sem interrupção e se ocasionalmente vejo uma jovem bonita e a olho na cara, é melhor gostar de jovens bonitas do que ser gay

Sílvio Berlusconi, citado pelo Público