domingo, 28 de outubro de 2007

Rasteiras (ideo)lógicas

Sobre a regionalização (ou outros motes para ganhar votos):

Perante uma opinião pública mais ou menos esclarecida, e apesar das diferentes posições assumidas dentro da nossa estrutura, não esqueçamos o debate de há quase dez anos e o que então defendemos - nem tudo se faz pela simpatia dos cidadãos/voto.
Não devemos defender o Estado centralizado - não faz parte sequer do programa - mas fazer depender duma organização institucional o desenvolvimento do interior tem muito que se lhe diga.
Criar um novo mapa organizacional do território quando a tendência se pautou pela macrocefalia natural da capital... hmmm.

Antes de mais, os quadros devem conhecer o chão que pisam.

Caso para dizer: Olhe que não é bem assim, Sr Secretário... olhe que não é bem assim.

(é só de mim, ou a discussão da regionalização nos media trata de tudo menos da própria?)

Diz que é uma espécie de Evita


Cristina Kirchner parece ser, segundo as sondagens feitas à boca das urnas, a próxima presidente da Argentina.
Nas eleições de hoje e até à hora, a "peronista social democrata" (como se auto-intitula) é apontada como a sucessora do seu próprio marido, Nestor Kirchner.
Cristina Kirchner foi primeira dama da argentina, tal como a carismática Eva Perón.
De Evita, Kirchner parece ter "herdado" o carisma e também a elegância, a coragem e a garra que marcaram o curto percurso político de uma das mais importantes figuras femininas da História Política.
Outra figura com que Cristina é frequentemente comparada é a candidata à Casa Branca em 2008, Hillary Clinton. Com idades semelhantes, partilham da mesma formação (Direito) e têm um percurso político idêntico (ambas foram senadoras e primeiras-damas).
Mas Kirchner está longe de se deixar iludir ou influenciar por esses 'rótulos', prometendo deixar indelevelmente o seu cunho pessoal na Presidência do seu país.
Esperar para ver.
Certo, é que o Mundo está a assistir a uma desejada revolução nos protagonistas políticos. As mulheres teimam (e bem) em comprovar que podem fazer história na política nacional e internacional.
Angela Merkel, Sególene Royale, Michelle Bachelet, Yulia Tymoshenko, Cristina Kirchner e quiçá Hillary Clinton.
Aí estão elas a mudar o Mundo.
Sem medos, nem quotas.

To Russia without love

Creio que estarei livre da acusação de ser um daqueles "ex-jotas" que, prescrita a vida na JSD, passa a renegar as origens. Servi a Juventude Social-Democrata com honra, passei por lá momentos de antologia e, ainda hoje, sempre que me pedem, continuo disponível para ajudar as suas diversas estruturas.
Como se não bastasse, creio ter um relacionamento político e pessoal cordato com o seu actual Presidente.
Contudo, sendo a JSD uma organização política do nosso PSD, creio que deve sujeitar-se ao crivo analítico dos seus companheiros, algo que, no meu caso, surge a propósito de uma notícia que li na edição on-line do "Sol" :
"Cimeira UE/Rússia
JSD cancela iniciativa Sem Liberdade, não há Verdade
A JSD cancelou a iniciativa agendada para sexta-feira que previa a colocação de uma faixa em frente ao Convento de Mafra, onde decorrerá a Cimeira UE/Rússia, denunciando a violação da liberdade de imprensa na Rússia
".
Ora bem, vamos por partes:
  1. A liberdade de imprensa é essencial e deve ser defendida. Andou bem a JSD, na ideia.
  2. A cimeira UE - Rússia era algo que tinha de correr bem para Portugal, independentemente de partidos e credos. Se fossem avante (salvo-seja) não sei se tinham feito boa figura (duvido).
  3. Putin tirou da cartola a proposta de um Instituto euro-russo para monitorizar os direitos humanos, pelo que a coisa teria ficado um pouco "no ar". Ou seja, nestas cimeiras convém não sair antes do filme acabar.
  4. Mediatismo é fundamental, mas não apenas pela espectaculaidade. Recomenda-se algo que caia no raio de acção da força política que organiza o protesto. JSD e Moscovo?! Não ganha direitos ou votos por cá e nem se ouve, lá.
  5. E por que não algo sobre a mesma liberdade em Angola, quando vier cá o Presidente reunir com a União Europeia? Continuo a discordar do ruído durante a Presidência portuguesa da UE, mas sempre podem influenciar mais e é uma realidade que dirá mais aos portugueses e aos seus partidos. Ou então analisar a situação na Venezuela que não é muito mais branda e onde vivem quase 500.000 portugueses...
  6. Depois, entendo que é preciso compreender a Rússia (como outros países que não obedecem à nossa bitola; China, Venezuela, etc...) à luz da sua história passada e presente, não caíndo na grosseira categorização norte-americana que, todavia, ainda se estriba no proselitismo wilsoniano (ou seja, na exportação dos valores americanos como uma missão da nação).

A respeito deste último ponto, convirá que se repitam duas ou três coisas que já passaram pelo "lodo": a Rússia nunca foi e, arrisco a dizer, jamais será uma democracia do tipo ocidental; creio até que passa, hoje, pelo seu estado mais democrático de sempre.

Nunca os czares, muito menos o regime comunista e, dado do delapidar do erário público, Ieltsin consagraram o que, por cá, chamamos de democracia.

Já Gorbachev abriu o regime. Todavia, ao tirar o partido do seu lugar de "trave-mestra" (para usar a expressão de Adriano Moreira) do sistema, fez desabar a vida russa a um ponto que, ainda nos dias que correm, muitos habitantes (muitos mesmo!) da ex-URSS sentem saudades do "nível de vida" que, apesar de tudo, tinham.

Vladimir Putin recupera o lado idiossincrático da alma russa, sendo o "pai" que olha pelos russos, defende o Estado, fora de fronteiras, e combate os "glutões", dentro de casa.

Como disse, à Rússia falta a cultura democrática, no sentido que lhe damos por cá, e sobram diferenças étnicas (dezenas) e potenciais focos de conflito intra-muros (idem), de que a Tchechénia é apenas a mais colorida ilustração.

Diria que a JSD e, já agora, os demais portugueses poderão esperar uma semi-democracia ocidentalmente "adocicada" e desejar que a Rússia se mantenha íntegra e virada para este lado do Globo (a "asiatização" russa é possibilidade recorrente), por razões de segurança e pela questão energética.

terça-feira, 23 de outubro de 2007

Depois de Torres, defender a dama

Olhado o Congresso do PSD de há uns dias e ao invés da intriga barata que se tem feito, podemos concluir pelo domínio de Luís Filipe Menezes que pauta claramente a agenda, mesmo no que à indigitação de Santana Lopes para a liderança parlamentar diz respeito.


Desde logo, conseguiu que o conclave decorresse sem história e sem discursos tribunícios. Mesmo onde podia vislumbrar-se novidade – falo de Passos Coelho – cedo foi percebido que o tempo era ainda de consagração de um líder que fizera a sua “longa marcha” e que estava popular e claramente legitimado.


Por seu turno, aos chamados barões, muitos dos quais sem algo a perder, competia materializar o horror de Drácula que veiculavam em relação à cruz de Menezes. E, nada…


Por fim, justiça feita ao sempre corajoso discurso de Alberto João Jardim, que voltou a balizar a acção dos eleitos, é de antologia – tenha ou não havido acordo de cavalheiros – passar-se um congresso sem que o “menino guerreiro” arrebate a audiência. Certo que ganhou em poder, mas aceitou moderar a tendência para brilhar em palco. A meu ver, maturidade de saudar e a seguir.


Se erros ou menores êxitos existem nas opções do dr. Menezes, eles podem, a meu ver, cifrar-se em dois: por um lado, creio que a expectativa em relação à comissão política era maior. Subentende-se a preocupação de gerir o xadrez interno (equilíbrios em face dos apoios) e de apaziguar fantasmas (personalidades que serviram em vários governos). Todavia, esperava-se mais arrojo nas figuras convidadas; mais gente nova na idade e no envolvimento com os mecanismos partidários formais. À parte de José Manuel Canavarro, fica um certo sentimento de déjà vu, por muito estimáveis e sabedoras que sejam as pessoas do novel politburo.


Por outro lado, sendo a aliança de risco, veremos até que ponto foi acertado o protagonismo autorizado ao dr. Santana, conferindo-lhe a liderança parlamentar.


Como social-democrata parece-me bem, prevendo elevada dose de combatividade por parte do grupo parlamentar.


Depois, percebo que não só não convinha a Menezes enfrentar uma guerra com os deputados escolhidos ao tempo da liderança de Santana Lopes (o que importa ao novo premier é afirmar externamente a sua marca), como, assim, aliando-se ao santanismo, encosta às cordas (como se viu nas mudanças de presidências nas comissões parlamentares) a ala mais cerebral (afecta a Durão Barroso) que, até ver, paga o preço de ter procurado, durante algum tempo, passar entre os pingos da chuva. O paralelo 38 (zona desmilitarizada entre as duas Coreias) é sempre um mau sítio para ver os comboios passar, digo eu…


Todavia, o protagonismo em Santana Lopes não é algo que se modere institucionalmente. Para o bem e para o mal (e tanto mal lhe fez no Governo…), o talento é inato e dispensa estudos estratégicos, pelo que a luz que lhe for dirigida não é “desligável” por interruptor, da São Caetano à Lapa.


E acresce que, bem pensada a coisa, Sócrates poderá optar por entronizar Santana enciumando, mesmo que não o próprio, os mais acríticos menezistas.


Ou seja, fiel ao seu estilo, que me agrada, Menezes arrisca, tendo já ganho parte substancial da aposta e mostrando que não é “rapaz” de assobiar para o ar, quando as coisas correm mal; tal percebe-se quando atribui o seu sucesso futuro aos resultados a obter nas várias eleições de 2009.


Veremos no próximo conselho nacional até que ponto é que a glasnost menezista se traduz numa real abertura a um debate aberto. Até lá, voto em São Tomé: é ver para crer.

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Não é Abril... mas não deixa de ser oportuno


A 22 de Outubro de 1945, surgia em Portugal a Polícia Internacional e de Defesa do Estado (PIDE), através do Decreto-Lei 35.046, que atribuía a este organismo as “funções administrativas e funções de repressão e de prevenção criminal”.
Na realidade, a polícia política do Estado Novo tinha como principal propósito reprimir qualquer tipo de oposição que fosse feita ao regime de Salazar, esse Grande Português.

Volvidos sessenta e dois anos sobre o nascimento da PIDE, muitos – como eu – não conseguem sequer imaginar a realidade brutal que se viveu entre esse período e a Revolução dos Cravos.
Ouvimos, desde novos, os nossos pais falar do clima de desconfiança e a repressão moral, política e social, sem no entanto, saber em que é que tudo isso se traduziu.
Nos manuais, surgem ao de leve as perseguições, os medos e as torturas perpetradas pela PIDE. Uns alunos ficam mais impressionados com as histórias da ditadura, outros limitam-se a pensar que “esse tempo já lá vai”. Consequentemente, a maioria dos jovens de hoje desconhece a gravidade da repressão levada a cabo durante o Estado Novo.
A um primeiro olhar, parece sensato evitar que as gerações do pós-25 de Abril se angustiem com as infelicidades de outrora. Contudo, a inconsequência e a leviandade com que muitos dos nossos jovens encaram o quotidiano, leva-me a crer que talvez não fosse descabido que estes mesmos jovens tivessem real consciência de que “direitos, liberdades e garantias” não são coisa do passado. São conquistas bem recentes.

Com efeito, talvez não seja má ideia recomendar aos mais jovens a visualização d’O Julgamento” de Leonel Vieira. O filme tem passagens terríficas q.b., a denunciar uma PIDE sem escrúpulos (isso já sabíamos…) e sem limites.
Ou vá lá, algo mais soft, mas que logre o mesmíssimo objectivo: sugerir "Conta-me como foi", a excelente série da RTP que retrata o quotidiano português dos anos 60, numa sociedade obscura e fechada sobre si.
Importante, é que as novas gerações saibam estimar a liberdade de que podem hoje usufruir. E que reconheçam as conquistas de Abril e valorizem o que daí se herdou.
Ainda assim, nem mesmo hoje se pode gritar liberdade com toda a veemência que aquele conceito exige.
Casos recentes no nosso pequeno Portugal, como o do prof. Charrua, o de Dalila Rodrigues no Museu de Arte Antiga e outros que tais… comprovam que ainda subsistem resquícios de opressão à pluralidade de ideias.
E já há mesmo quem ouse comparar o governo de Sócrates ao governo de Oliveira Salazar, através do acróstico que por aí circula: “Salazar Outrora Caiu e Regressou Agora Transformado Em Socialista”.
Descomedido... ou nem por isso?

Esperava mais. Maybe "Next" time

sábado, 20 de outubro de 2007

O SNS está doente

Pelo menos, é o que se pode concluir ao ler o relatório de uma auditoria levada a cabo pelo Tribunal de Contas aos acessos e cuidados do Serviço Nacional de Saúde.
A avaliação efectuada é deveras arrasadora no que respeita às medidas de combate às listas de espera que, segundo aquele Tribunal, parecem estar destinadas ao insucesso. (Há casos de utentes que esperam cinco anos para uma intervenção...)
Mas as falhas não se ficam por aqui. Apura-se falta de equidade no tratamento de utentes e discriminação nas condições de acesso. O relatório refere ainda a morosidade na marcação de consultas e os números alarmantes dos portugueses sem médico de família, que ronda um milhão de utentes - factos de que já tinha falado aqui.
Os problemas detectados são de inegável gravidade, mas o Ministério competente já veio afirmar que o relatório diz respeito a "uma realidade ultrapassada". Isto é, como foi elaborado nos últimos dez meses... está desactualizado..!
Ora aí está uma óptima forma do Dr. Correia de Campos se ter esquivado ao curativo.
Reforma no sistema de saúde?
Re-estruturação do SNS?
Novos modelos de gestão hospitalar?
Daqui a dez meses, nada será igual... (!!!)
Consta que o Sr. Ministro é daqueles que acredita que "o tempo tudo cura"...

sexta-feira, 19 de outubro de 2007

Tratado de Lisboa? "Porreiro, pá!"

Conforme aqui já previra, a Presidência portuguesa da UE soma e segue. O Tratado de Lisboa é já uma realidade, anunciada na passada madrugada por José Sócrates (que finalizou o anúncio com um desairoso “Porreiro, pá!”) e, imagine-se, com direito a fogo de artificio e até champanhe Murganheira..!

Festividades à parte, a verdade é que se soube dar a volta aos membros da UE mais ‘inconformados’ (leia-se: Itália e Polónia) e lograr com êxito este acordo histórico para a UE e, particularmente, para Portugal. O mérito, esse, cabe sobretudo a Durão Barroso, que graças à sua perseverança, optimismo e diplomacia, obteve com o auxílio da presidência portuguesa, o ansiado consenso.

Portugal fica, deste modo, na história da UE pelo contributo que deu em mais um capítulo da história da União.
As vantagens que decorrem deste Tratado passam, sobretudo - e a meu ver -, pela introdução da figura do Presidente do Conselho Europeu e o reforço da cooperação judicial a nível de matéria penal, particularmente em matérias como terrorismo, xenofobia, corrupção, tráfico, etc… Também de relevar a atribuição de personalidade jurídica única à UE e o carácter vinculativo da Carta dos Direitos Fundamentais.

Agora, aguarda-se a ratificação pelos 27, via Parlamento ou Referendo. Nalguns países esta última via é obrigatória. Em Portugal não é o caso... e parece que os líderes lusos também não estão muito "para aí virados", passo a expressão.

No entanto, fica a questão no ar: numa Europa livre, até que ponto rejeitar a via referendária não é subestimar a voz dos cidadãos?...

*foto LUSA

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

Porque o "lodo" é um blog com sentido de humor...

Na embalagem de sabonete Dove:
"INDICAÇÕES: UTILIZAR COMO SABONETE NORMAL"
(Boa! Cabe a cada um imaginar para que serve um sabonete anormal)

Em alguns pacotes de refeições congeladas Iglo:
"SUGESTÃO DE APRESENTAÇÃO: DESCONGELAR PRIMEIRO"
(É só sugestão! De repente o pessoal pode querer lambê-la, como
se fosse um gelado...)

Num hotel que oferecia touca para o duche:
"VÁLIDO PARA UMA CABEÇA"
(Alguém muito romântico poderia colocar a sua e a da amada na mesma
touca...)

Na sobremesa Tiramisú, impresso no lado de baixo da caixa :
"NÃO INVERTER A EMBALAGEM" (Oops!!! Leu o aviso...é porque já
inverteu!)

No pudim do Mini Preço:
"ATENÇÃO: O PUDIM ESTARÁ QUENTE DEPOIS DE AQUECIDO"
(Brilhante!!!)

Na embalagem da tábua de passar Rowenta:
"NÃO ENGOMAR A ROUPA SOBRE O CORPO"
(Gostaria de conhecer a infeliz criatura que deu origem a este aviso)

Num medicamento (pediátrico) contra o catarro infantil, da Boots:
NÃO CONDUZA AUTOMÓVEIS NEM MANEJE MAQUINARIA PESADA DEPOIS DE TOMAR
ESTE MEDICAMENTO" (Tantos acidentes na construção civil poderiam ser
evitados se Fosse possível ter esses Hooligans de 4 anos longe dos
Catterpillars)

Nas pastilhas para dormir da Nytol:
"ADVERTÊNCIA: PODE PROVOCAR SONOLÊNCIA"
(Pode não, deve!!!! Foi para isso que eu comprei!!!)

Numa faca de cozinha :
”IMPORTANTE: MANTER LONGE DAS CRIANÇAS E ANIMAIS DE ESTIMAÇÃO" (Será
que lá os cães e gatos são ninjas disfarçados? Nunca vi Nenhum mexer em
facas!)

Num conjunto de luzes de Natal:
"USAR APENAS NO INTERIOR OU NO EXTERIOR"
Alguém me pode dizer qual é a 3ª opção?)

Nos pacotes de amendoim da Matutano:
"AVISO: CONTÉM AMENDOINS"
(Mania de estragar as surpresas!)

Numa serra eléctrica da Husqvarna:
"NÃO TENTE PARAR A SERRA COM AS MÃOS OU COM OS GENITAIS"
(Sem comentários)

Nota: foi um amigo que me enviou estas preciosidades por mail, logo, não consigo identificar a fonte investigadora.

terça-feira, 16 de outubro de 2007

O Fado Social Democrata


Neste concorrido fim de semana, o Futebol e Fátima encobriram o 'Fado' do Conclave Social Democrata. Num Congresso que eu esperava vir a ser histórico, sobretudo, pelas circunstâncias em que estava envolto - líder já eleito - a história que se escreveu não foi particularmente feliz.

Desde logo, a (in)disposição dos congressistas deixava antever um Congresso pouco entusiasmado e ainda menos aguerrido.
A maioria das moções foram ouvidas com enfado, as intervenções pouco animaram as hostes (salvo uma ou outra excepção) e o próprio líder pouco contribuiu para a mudança de estado de espírito dos presentes, apresentando também ele um semblante sorumbático q.b..

Bem sei que um Congresso não é uma festividade, pese embora os emotivos hinos e os costumeiros confettis.
Mas esta trigésima reunião magna foi particularmente cinzentona (confirmam aqueles que já passaram por outros congressos) e francamente desprovida de motivação.
Talvez isso se deva à introdução das eleições directas, que já não dão azo ao acicatar das hostes. Ainda assim, a expressividade das eleições de 28 de Setembro parece que se ficou pelas urnas. A energia laranja esmoreceu após a eleição de Menezes, é facto inegável. O porquê, não sei dizer.
Talvez pelo sentimento de objectivo atingido...? Se assim for, menos mal. Mas convém lembrar que a eleição de Menezes não é o fim de uma luta. É precisamente o princípio.

Está na hora de arregaçar as mangas, que a labuta não se resume só ao trabalho intelectual. Discursar, prometer, criticar, idealizar e outros verbos semelhantes de pouco valem se não levarmos a cabo as tarefas necessárias para mudar o nosso fado. Está em causa o destino do partido e o destino do país. Pelo que vai sendo hora de elevarmos, com garra e dignidade, a nossa voz.
Foto in FLICKR

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Profecias para Torres Vedras

Muito se tem especulado sobre o próximo congresso do PSD, o que é perfeitamente natural, diga-se.

Entendo, porém, que não será daqui que virão novidades de monta e digo-o por motivos variados, nos quais arrisco a minha nula propensão para vidente.

Em primeiro lugar, entendo que, como é de esperar, alguns integrantes da longa marcha menezistas tenham algumas contas a ajustar e queiram por isso “mostrar as penas”. Não falo tanto da armada do Norte que acompanha o novo líder há bastante tempo e para quem a vitória foi o culminar de um processo natural. É precisamente a Sul, por parte daqueles que vinham passando maus bocados com o consulado mendista, que pode haver algum excesso pós-revolucionário.
Se bem que, neste caso há um factor de ponderação: saber se há “negociações” bem encaminhadas para que o antigo premier assuma a liderança parlamentar.
Aqui chegados, meia dúzia de palavras sobre esta hipótese: se eu fosse parlamentar e apoiasse Santana Lopes tudo faria para que assim fosse; seria o renascimento, bem mais cedo do que, provavelmente, o próprio previa (teria compensado “andar por aí”…), para além de que os duelos com o engº Sócrates passariam a ser uma delícia irrenunciável – bem longe dos açoites que o Primeiro-Ministro gostava de dar ao dr. Marques Mendes.

Todavia e por muita auto-confiança que possua, se eu fosse o dr. Luís Filipe Menezes não sei bem se acharia conveniente ter num plateau onde não estaria (Menezes não é deputado) um ex-Primeiro Ministro, Ex-Presidente de duas câmaras, ex-Secretário de Estado, etc, etc, etc…
Ainda para mais tratando-se de uma personalidade carismática e que vive em união de facto com a notoriedade, sem que tenha de fazer algum esforço para isso. Dito de outro modo, será errado se a ponderação do dr. Menezes for ditada ou pelo medo da projecção do dr. Santana ou, ao invés, pelo excesso de confiança, entendo que não virá daí qualquer sombra.

É uma decisão interessante e difícil, cuja margem fica ainda por determinar; que é como quem diz que, podem ser as evidências do xadrez do grupo parlamentar a ditá-la.
Será curioso, também aqui, ver o que diz o próximo fim-de-semana laranja.

Em terceiro lugar, entendo que o Congresso poderá valer a pena para lermos os realinhamentos dos chamados “barões” e do grupo dito de barrosistas que, embora envergonhadamente, apoiou Marques Mendes.

Finalmente, facto a que Menezes e os seus são alheios, será divinal ver centenas de menezistas tipo “Royal” (ou seja, instantâneos) ou de pedidos encapotados de desculpa por não terem visto a “luz” mais cedo, uma vez que em 2009 há listas para todos os gostos…

terça-feira, 9 de outubro de 2007

In memoriam

Tive oportunidade de conviver algumas vezes com o dr. Fausto Correia, sobretudo em Lisboa (ironias do destino), antes e durante a minha experiência parlamentar.

Conhecia-o já pela sua passagem pela Briosa, mas, a mais de uma ideia sobre o político de eficácia tremenda (o seu nome era falado para Coimbra, a cada eleição autárquica), ficou sempre a recordação do homem de fina sensibilidade social e de boa "bagagem" cultural. Um dos livros que citei no meu próprio livro e que antes usara na minha tese de mestrado foi indicado por ele, no final de uma noite de conversas cruzadas ("Notícias do Planalto: a Imprensa e Fernando Collor" de Mario Sergio Conti), fazendo uso da sua vida no mundo do jornalismo.
É um daqueles amigos-adversários que faz falta...

Estou chocado...


Hoje, quando vinha no carro a ouvir as notícias da manhã, fiquei "chocado" com as novidades lá prós lados da Covilhã.

Inicialmente até pensei que tivesse sido mais um assalto (sou de Viana do Castelo e ainda tenho presente o "pânico" no centro da cidade durante o assalto ao Museu do Ouro – julgo que todos sabem do que estou a falar)...

Mas não, foram agentes da PSP que entraram supostamente (termo obrigatório) nas instalações de um sindicato de professores para "dar uma formação" de como se faz uma manifestação ao sr. Primeiro-ministro...

Ver noticia em:
http://sic.sapo.pt/online/noticias/pais/20071009_Polemica+na+Covilha.htm

Será isto a flexisegurança*???

“Estou pasmado!!!”


(*) - brincadeira do autor do post devido à conjugação das palavras de flexibilidade e segurança de policia de segurança pública

domingo, 7 de outubro de 2007

O essencial... e o @cessório

Li, há dias, que José Sócrates anunciou - a propósito do "Plano Tecnológico dos serviços públicos" - que em breve será possível fazer marcação de consultas médicas via electrónica.
Vangloriando-se (justamente) da escalada na acessibilidade e qualidade da administração electrónica, Sócrates anunciou ainda a nova geração de lojas do cidadão e ainda a progressiva acessibilidade dos cidadãos com deficiências a sites governamentais.
Quanto à conveniência destas duas últimas medidas, nada a apontar.
Mas quanto à ideia de marcar consultas online, parece-me um pouco desajustada à realidade do nosso país.
Será que o nosso PM tem noção de que, por muitos computadores que ande a distribuir, há por aí muitos lares sem acesso à internet?
Será que o nosso PM faz ideia da quantidade de pessoas que se levantam de madrugada e rumam aos centros de saúde, numa espera interminável (e muitas vezes em vão...) por 5 minutos de atenção do médico de família?
Será que o nosso PM está a par do número de portugueses que não têm sequer, médico de família?! (Os últimos números apontam para 750 mil...)
Será que o nosso PM ainda não percebeu que de pouco serve a modernização se não temos um SNS bem gerido?
Caro PM, concentre-se no essencial...

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

Vem aí mais “cor” dos Radiohead!!!


A banda de Thom Yorke vai lançar no próximo dia 3 de Dezembro um novo álbum intitulado In Rainbows.


Longe vão os tempos em que a letras incompreendidas e o rock “hiper” alternativo foram substituídos por melodias e sonoridades que fidelizaram público em todo o mundo…

Os álbuns dos Radiohead tornaram-se assim uma "caixinha de surpresas"…


O sétimo álbum desta banda, In Rainbows, não foge á regra!!! Desta vez, a grande novidade (mesmo antes de o ouvir) é o facto de quem o quiser, só terá de fazer um simples download da internet pelo preço que achar conveniente pagar… que até pode ser zero €!!! e isto já a partir de 10 de Outubro…
Ir a:

http://www.inrainbows.com/


Já se comenta em terras de sua majestade que os autores do “Creep” estão doidos ou não têm amor ao dinheiro…


Talvez não.


A meu ver, In Rainbows será um marco na luta à pirataria e na consciencialização do consumidor. Agora o mercado discográfico terá de repensar a estratégia e apostar no modo de valorizar o fiel comprador de CD’s… o consumidor por sua vez, terá de começar a respeitar o “criador” para permitir que este continue a criar!!!

Talvez este Arco-íris traga mais cor à música… e não só!!!

terça-feira, 2 de outubro de 2007

Quem tem medo compra um candidato

E eis que o dr. Marques Mendes foi derrotado.

Pelo menos da minha parte, não o foi sem aviso...

Efectivamente, a mais do estilo descolorido e pouco entusiasmante com que fez oposição, a forma como se enclausurou num “bunker” de palmadinhas nas costas feito em relação ao que era o seu forte – o contacto personalizado e afável – e como concessionou a colaboradores arrogantes e persecutórios o trabalho de relações pouco públicas e, seguramente, nada urbanas – tudo isto, dizia eu – foi cavando um fosso entre a cúpula partidária e as sempre referenciadas, mas nem sempre cuidadas, bases do PSD.

E nem se trata de “pisar quem perde”, mas sim de rever a matéria dada...

Todavia, creio que a análise ficaria incompleta se não fossemos a outros pontos. Em primeiro lugar, entendo que é de mau gosto culpar as “directas”, como fizeram muitos “notáveis” sociais-democratas. Em si, a eleição directa do presidente é apenas um processo, dependo os juízos morais do uso que dele se faça. Ou seja, as chamadas directas tanto podem conviver com os mais notáveis espíritos e as mais filigranadas formulações ideológicas, como podem ser um gigantesco tanque para lavagem de roupa suja.

Não vale sequer a pena recuperar exemplos de desmandos plebiscitários (tipo República de Weimar, que teve as consequências políticas que se conhecem com o apogeu do nacional-socialismo), pois, também neste caso, não só se trataria de um abuso especulativo, como seria um atestado de menoridade aos militantes do PSD que, se estão habilitados a votar “directamente” num Primeiro-Ministro (por muito que se elejam deputados em listas, no subconsciente está a escolha de um líder partidário para Chefe do Governo), parecem não poder ser dignos dessa confiança quando o assunto se prende com o seu líder partidário.

Com isto não fica dito que esteja ainda em fase pueril de entusiasmo com as directas. Entendo, hoje (nem sempre pensei assim, reconheço sem problemas), que se perde muito debate sem a disputa em congresso; agora, o que não posso aceitar é que se objecte às directas com o argumento de que se não controlam supostas pulsões malignas da turba inculta, mais a mais quando, desconfio, teríamos uma militância esclarecida, na opinião dos agora insatisfeitos “barões”, caso fosse outro o resultado.

E por falar na dita fidalguia, de novo, um ponto de ordem: falamos de pessoas por quem tenho imenso respeito, que deram muito ao País e ao PSD (se falamos da geração fundadora, note-se, pois parte da que sucedeu inverteu um pouco o sentido da dádiva…) e em quem deposito esperança para com as gerações mais novas fazerem um movimento de tenaz que, no mínimo, coloque pressão na faixa etária que, actualmente, lidera a vida interna do PSD e que, como já escrevi, se profissionalizou e enquistou, com consequências óbvias para o sistema partidário e para a vida pública portuguesa.

Todavia e no sentido irónico dos termos, não deixo de achar uma certa graça às figuras gradas do PSD que parecem envolvidas numa onda de consternação, desde a vitória de Luís Filipe Menezes… Se estavam genuinamente empenhadas no que entendem ser o futuro desejável para o PSD, por que suportaram a liderança nitidamente “partisan” (entenda-se, de aparelho) de Marques Mendes? E por que lhe deram verdadeiros beijos de Judas, apoiando com nítida resignação, ao estilo “do mal, o Mendes”? E, por fim, por que não arranjaram o tão anunciado D. Sebastião (leia-se, 3ª via)?

Agora, o que temos é uma liderança legitimada e pertencente a um grande autarca do PSD.

A mais dos votos do sucesso tradicionais, espero que o dr. Menezes não copie os vícios que criticou e, desde logo, seja tolerante no debate e abrangente nas opções.

Quanto ao “medo” que o novo líder parece suscitar, diria que quem tem medo “compra um candidato”!...