quinta-feira, 31 de agosto de 2006

Quem ri por último

Termina, amanhã, a saga de "O Independente", cujas páginas fui seguindo, mesmo quando repudiava o jornalismo que por lá se fazia.

Foi, que me lembre, o primeiro projecto português a adoptar um estilo de denúncia e uma linha editorial agressiva, com uns toques (e uns tiques) de Libération.
Às suas mãos foram cruxificados, por exemplo, Cavaco Silva, Miguel Cadilhe e Leonor Beleza (que foi alvo da mais infame e cruel campanha pessoal que vi, em vários anos de atenção à vida política). Neste último caso, sou testemunha da superioridade ética de quem, a bem do País e do seu (nosso) PSD, soube afastar ressentimentos e conviver, na mesma maioria, com a alma mater do atentado pessoal e político de que foi alvo (talvez uma das únicas vezes na vida em que concordei com Mário Soares, que saiu em sua defesa), para além, como é óbvio, do currículo invejável, que deveria nortear muito aspirante a político.
Se, por vezes, se leram bons textos e se soltaram alguns risos com o Indy, globalmente não ficam saudades.
Nota do Autor: fotografia "fanada" em "Entre Mares e Planuras".

quarta-feira, 30 de agosto de 2006

Quo Vadis JSD is back!

Após uma longa ausência, o Quo Vadis JSD está de volta!

O artigo da reentré: Partidodependência

Seringadas

Hoje discute-se a troca autorizada de seringas nas prisões portuguesas. Os ministros da Saúde, da Justiça e dos Assuntos Parlamentares tiraram o dia para decidir se devem transformar ou não os estabelecimentos prisionais em mega salas de chuto. Eu pergunto: e dedicarem-se a eliminar a droga das prisões, não?

terça-feira, 29 de agosto de 2006

Well done

Boa escolha, o tema abordado por Marques Mendes no regresso á arena política, após a época de banhos. A forma é que continua a ser pouco cativante, como já aqui anteriormente escrevi. Mas relativamente a isso, um dia destes voltaremos…
Todos sabemos que a economia Portuguesa é constituída essencialmente por PME’s, que asseguram uma enorme fatia do emprego em Portugal.
Ao que parece, Mendes está ciente da sua (PME’s) crucial importância para o desenvolvimento económico do País e que não pode haver política de emprego, sem a criação de um clima favorável para as PME’s.
Parece-me que entrámos a jogar bem. Vamos ver é se os resultados aparecem!

Hot town, summer in the city

Vai quente a polémica sobre a Universidade de Verão do PSD (já foi da JSD, já...) no blog do meu amigo Luís Cirilo...

AIDS 2006 - Time to Deliver


Depois de ter participado no XVI Congresso Internacional sobre SIDA na cidade de Toronto, Canadá, nos passados dias 13 a 18 de Agosto, fiquei com um misto de sentimentos: entre a esperança e a apreensão.
O VIH e Síndrome de Imunodeficiência Adquirida afectam actualmente cerca de (pelo menos!) 40 milhões de pessoas em todo o mundo... Logo, é um problema que continua actual e a exigir uma atenção especial de todos os quadrantes da sociedade global: económica, científica, política, social, religiosa, etc…

Dito isto, passo a transmitir-vos algumas das ideias que trago de Toronto:
- Fundações como as dos Multimilionários Bill e Melinda Gates ou do Ex-Presidente Americano Bill Clinton têm-se mostrado como importantes catalizadores da investigação científica… o que tem como contraface o facto de a comunidade científica ficar refém da prioridades estratégicas de multimilionários e ex-políticos…
- Em termos terapêuticos, ficou comprovado que a esperança da terapêutica quádrupla não traz qualquer vantagem comparativamente com o esquema terapêutico triplo actualmente considerado como mais eficaz (Highly Active Anti-Retroviral Therapy - HAART).
- Ainda tem de haver longo debate sobre questões como a confidencialidade do estado clínico e os testes diagnósticos de execução rápida…
- Os esforços mundiais para assegurar o acesso universal e gratuito à terapêutica HAART tem alcançado impressionantes resultados; isto apesar de nos Estados Unidos da América ainda haver 9 estados que ainda não aprovaram a distribuição gratuita desta terapêutica aos doentes (!!!). Para efeitos comparativos: em Portugal a distribuição é universal e gratuita.
- Sem detrimento do ponto anterior, verifica-se que a distribuição universal da terapêutica anti-retroviral é inútil sem que sejam tomadas medidas sérias no campo da prevenção. Deixo-vos uma nota para reflexão: Por cada doente ao qual conseguimos que chegue a terapêutica anti-retrovial, 10 pessoas são infectadas com o VIH.
- No campo da prevenção, este congresso reforçou algumas ideias antigas mas também nos sensibilizou para novos conceitos e esperanças:
-- A regra do ABC (A – Abstinence, B – Be faithful, C – Use condoms) é importante mas claramente insuficiente, sobretudo porque depende do parceiro, e não apenas da pessoa em causa. Para além do mais, há países no mundo onde a mulher não tem direitos e é obrigada a seguir uma vida com comportamentos de risco – logo o ABC não é uma opção. No entanto, há um consenso: Preservativos salvam vidas. Ponto.
-- A troca de seringas e as salas de injecção assistida para toxicodependentes (vulgarizadas como “salas de chuto”) têm-se revelado, segundo os estudos apresentados, como um meio eficaz para minorar a transmissão do vírus e para aproximar os toxicodependentes aos profissionais de saúde e, consequentemente, aos programas de reabilitação. No entanto, foram transmitidos alguns problemas, sobretudo relacionados com a localização destas salas, e a tendência para criar nichos muito localizados ao invés de se planear e executar estratégias numa escala global. O debate deve prosseguir…
-- A esperada “vacina” continua longe de ser uma realidade mas alguns avanços foram conquistados… neste aspecto, aguardam-se novidades em breve tendo em conta a aposta da Fundação William J. Clinton nesta matéria…
-- Por fim, a Fundação Bill and Melinda Gates, através de uma doação de 500 milhões de US dólares devem assegurar a conclusão dos estudos, já em estadios avançados (e com resultados promissores!), sobre os Microbicidas (creme ou gel de aplicação tópica a nível da vagina e que poderá bloquear a transmissão do vírus). “Empowerment” da mulher… algo que nunca antes foi possível! Aguardamos, esperançosos, novidades. A confirmar-se a eficácia dos microbicidas, o caminho será o de juntar em mecanismos de prevenção únicos, tecnologias que assegurem o bloqueio à transmissão não só do HIV mas também outras DST.

Agora, resta-nos aplicar os novos conhecimentos, ficarmos atentos às novidades que devem surgir em breve e continuar a trabalhar em prol de um mundo saudável e livre deste terrível flagelo que já nos roubou milhões de vidas humanas ao longo dos últimos 25 anos…

Par de bandarilhas

Há dois dias, vi uma reportagem televisiva em que se apurava que o interesse dos não autóctones pelas festas de Barrancos diminuira abrubtamente, desde a legalização das lides com touros de morte (com visível gáudio dos barranquenhos, assim devolvidos à sua intimidade).
É inegável que o nosso povo tem incontáveis virtudes. Porém, também não fique aquém da verdade dizer-se que entre os nossos mais tremendos defeitos se contam a inveja e o voyeurismo.
Neste caso, comprova-se que os milhares de pessoas que se deslocavam a Barrancos e que acabavam por fazer pouca da lei e da Guarda Nacional Republicana, bem vistas as coisas, faziam-no com o comprazimento de quem viola uma lei impunemente e de quem desfruta de prazeres proibidos.

Em rigor, quase ninguém se deslocava ao Alentejo por afeição a um modo de toureio vetado, em Portugal.
Porquê este gosto pelo contornar da lei (como neste caso), pela desgraça alheia, pelo cobiçar do que não se tem?!
Veremos os dados finais das festas, mas não me custa acreditar que os vaticínios estejam correctos.

Ainda na silly season


As surpresas podem vir de qualquer lado, mesmo do soberbo e funcional motor de busca de cinema da Super Bock, o "Cinematron".
Efectivamente, e sem mais, o "lodo" deixa-vos com a ficha e a sinopse do último filme com Jackie Chan, actualmente em exibição:

"Título original: San wa
Realização: Tong Stanley
Com: Hee-seon Kim, Jackie Chan, Leung Tony
Argumento: Tong Stanley
Género: Acção/Aventura
Classificação: 12 anos
País: China
Duração: 118 min
Ano: 2005

Sinopse:
Jackie Chan é Jack, um arqueólogo e jornalista contemporâneo que investiga um mito àcerca de um antigo imperador que tinha a capacidade de levitar. Mas é também um personagem um general de outros tempos, sempre leal ao imperador apesar de apixonado por uma das suas concubinas..."
Portanto, Jackie Chan está o quê?!
Nota do Autor: aproveite, pois em Setembro acaba a palermice...

segunda-feira, 28 de agosto de 2006

Alta voltagem

Sem querer ser herege, bem sei que o Pai era carpinteiro, mas afixar este dístico sobre Jesus no quadro eléctrico de um restaurante, parece excessivo.
Em todo o caso, fica a dica...

sexta-feira, 25 de agosto de 2006

Deve ser do calor...

Há dias, quando todos os partidos com assento parlamentar à excepção do PSD reagiram, no próprio dia da reunião com o Governo, à hipótese do envio de forças militares portuguesas, pensei que o facto do meu partido não se pronunciar de imediato se devia à ponderação de uma exposição especialmente filigranada em homenagem ao melindre envolvido e ao facto de ser uma área de Estado, na qual o consenso entre os dois maiores partidos tem sido regra.
Sou dos que entende (já o escrevi) que a pressão dos media para obter reacções imediatas é um dos factores de erosão da qualidade da política ocidental.
Todavia, ontem à noite, escutando um noticiário radiofónico, apercebi-me de que em relação ao Plano Nacional contra a Droga e as Toxicodependências o mesmo voltou a verificar-se: CDS, BE e PCP teceram os primeiros considerandos sobre a matéria (e o "lodo" também lá chegará) e não havia sido possível contactar pessoa alguma do PSD, o que, para quem esteja familiarizado com o jargão político, quer dizer que. quiçá porque há muita gente de férias (o que é justo, embora sublinhe que nos outros partidos há gente de turno), não houve uma alma social-democrata que se prestasse a dizer algo sobre um tema que considero fulcral, na área social.
Ora, se reagira na hora pode ser nefasto, não perceber que os media aceleraram o tempo político é perigoso.

quarta-feira, 23 de agosto de 2006

Reserva da nação




Gonçalo Capitão está mesmo no banco...

Inverno na Universidade de Verão

Li com a religiosidade do costume o blog do meu querido amigo Luís Cirilo, tendo deparado com um post sobre a Universidade de Verão que, por empenho passado, me despertou a atenção.
Com as devidas adaptações, reproduzo no "Lodo" o que por lá jardinei, começando por lembrar que a primeira UV (que era, efectivamente, da JSD) foi no tempo do Jorge Moreira da Silva, tendo a iniciativa seguido com as presidências do Pedro Duarte.
Na altura era uma actividade de "jotas" para "jotas" e servia para formar quadros que, depois, eram chamados a ajudar, fosse na revisão do Projecto Político para a Juventude Portuguesa (PPJP), fosse nas várias equipas de formação da JSD, fosse ainda na constituição futuros elencos dirigentes. Era, no fundo, uma espécie de "cantera" ou academia.
Apesar de a organização ser exclusivamente da JSD - e, por isso, não havia dinheiro para a duração actual - não deixaram de estar presentes personalidades como Marcelo Rebelo de Sousa, Freitas do Amaral, Lucas Pires, Santana Lopes, António Capucho, Luís Marques Mendes, Luís Filipe Menezes, Pedro Roseta, Paulo Portas, Pedro Passos Coelho, os, então, embaixadores dos E.U.A. e da Croácia, um conselheiro da embaixada da Rússia, entre tantas outras estrelas.
A meu ver, o Jorge Nuno Sá, enquanto presidente, entre outros, cometeu o erro magno de alienar uma das mais vistosas bandeiras da JSD ao PSD, que sempre se vira "obrigado" a ajudar uma iniciativa que já tinha "marca", mesmo que a não dominava (sempre vi a autonomia da "Jota" como um fim em si e o melhor contributo possível para o Partido).
Depois do "take-over", o que se passou é normal (também o sei, porque ajudei nas duas primeiras e não excluo auxiliar na próxima UV, a quarta), vendo o PSD a oportunidade de se libertar do anacrónico modelo dos comícios, para marcar o regresso de férias.
Em linguagem de futebol, diria que, já que o Jorge Nuno vendeu o passe, então ainda bem que o Carlos Coelho é o titular, já que é uma espécie de Petit a organizar.
Os tempos mudam e a actual direcção da JSD sabe melhor do que eu as novas bandeiras a inventar, mas algo há em que não há volta a dar: a Universidade de Verão é, hoje, uma actividade do PSD, por muito que os laços afectivos do Carlos Coelho o levem a envolver a sua estrutura juvenil na organização, conferindo-lhe grande latitude de opinião.
Não sendo necessariamente pior, é e será diferente.

Quem o Cadir?!

A maior parte dos nossos amigos, com toda a certeza, já esqueceu o quanto se massacrou Durão Barroso, por ter como amigos um magnata português e outro grego.
Se esqueceu fez muito bem, pois em ambos os casos presenciámos exercícios demagógicos bem ao gosto das esquerdas portuguesa e europeia...
Porém, ontem, quando deambulava por uma rua de Lisboa, deparei com o estabelecimento acima ilustrado e logo me veio à ideia a hipótese de, à falta de melhor atoarda, o Bloco de Esquerda propor uma comissão de inquérito para descobrir quem é o Cadir....

quinta-feira, 17 de agosto de 2006

Não há loja que resista

O número de grandes superfícies, e citando aqui o exemplo de Coimbra que é donde tenho maior conhecimento, teve um crescimento significativo no presente ano. Até compreendo alguns dos críticos, quando dizem que se está a estragar o comércio, embora convém referir que as causas, ao que me parece, não se limitam ao erguer de mais muros comerciais.
Os centros comerciais mais antigos, grandes críticos, em vez de lutar contra o Dolce Vita ou Forúm, preferem ter horários de baixa e feriados condizentes com os da função pública. A inovação que se pede e é necessária ao ramo está estagnada, o sentimento de derrota está patente nas montras e a hora de fecho é a mesma que o terminus do horário de laboração normal.
Não se pense que sou alheio aos argumentos e inconsciente das dificuldades. Estou antes, a fazer uma chamada de atenção. Com a forte concorrência, e praticando horários de baixa (a título de exemplo: cerca de 80% das lojas do Girasolum estão fechadas, pós jantar!), só restam as críticas à edilidade!
Seguramente que o cerne do problema não é apenas o horário de abertura e fecho, mas os comerciantes podiam dar o exemplo.
Os comerciantes desses centros ou os seus acérrimos defensores, poderão dizer que não vale a pena ter as portas abertas até tarde, que financeiramente, não compensa! Parece-me errado. O abrir de portas, não só transmite uma imagem positiva, como aumenta os níveis confiança junto do consumidor da loja e posteriormente, do próprio centro comercial.
Ou muito me engano, ou nesse ramo, e por uma questão de sobrevivência, as atitudes devem ser tomadas em conjunto e não em separado, o que equivale dizer: se forem apenas dois ou três a dar o exemplo, fica tudo, ou quase tudo na mesma!
E por aqui me fico, para não dizerem que sou um tipo insensível…

Curiosidade

A 12 de Agosto de 1981, a IBM lançou o seu primeiro computador pessoal, o IBM 5150.

Antes:
16 KB de memória; Disquete de sistema operativo (DOS); Placa gráfica a 16 cores; até duas drives de disquetes de 5 ¼”, com 160 KB de capacidade; preço: 1565 a 6300 dólares.

Agora:
Cem mil vezes mais rápidos; fazem numa hora operações que demorariam 12 a 15 anos; custo dos mais baratos: 299 a 890 dólares!

Portugal:
43% dos agregados familiares têm PC.

Previsão:
Dentro de 10 anos, a velocidade será cem vezes superior à actual!

Projecção:
1300 milhões de unidades serão vendidas entre 2006 e 2010!

Sem comentários

A edição de hoje d' A BOLA dá-nos mais uma magnífica e liberal novidade sobre o nosso atletismo:

"Patrícia Mamona com recorde nos Mundiais de juniores
A portuguesa Patrícia Mamona estabeleceu, esta quinta-feira, novo recorde nacional júnior e sub-23 do triplo-salto, ao registar 13,37 metros na final da especialidade dos Campeonatos do Mundo de atletismo, a decorrer em Pequim.

A marca, contudo, valeu apenas à atleta do JOMA o quarto posto na final, a pouco mais de 60 centímetros do último lugar do pódio.A estónia Kaire Leibak conquistou a medalha de ouro, com 14,43 metros, melhor marca mundial júnior do ano, a chinesa Li Sha a de prata e a ucraniana Liliya Kulyk ficou, então, com a de bronze, registando 14,01 metros".
Abençoada menina, diz o "Lodo"...

Paradoxos II

Por vezes dou comigo receoso por estar a desenvolver matizes hobbesianos (refiro-me ao "Leviatã" de Thomas Hobbes e à noção de que há que moderar o "homem lobo do homem"), sobretudo quando, de tempos a tempos, desconfio da eficácia "ressocializadora" da nossa filosofia criminal/penal.

Sou, por isso, adepto do endurecimento das penas, com um reforço da componente ético-retributiva que acompanhe o declínio de valores do mundo ocidental; não tanto com o espírito da Lei de Talião (leia-se, "olho por olho, dente por dente"), mas mais com o espírito de que se não vai a bem, vai a mal...
Contudo, tendo tido responsabilidades políticas e formação jurídica, creio que nunca esta maneira de visionar a ordem pública e a justiça deve ser desenvolvida no calor das situações concretas, sob pena de redundar em miserável populismo.
Ora, não sei por estar acossado pelos cadeados que lhe vêm de Portas e dos trincos que o seguem (muitos dos quais meus amigos, sublinho), Ribeiro e Castro, homem que até tenho por ponderado, veio, no meio do braseiro dos incêndios, propor o agravamento da moldura penal para os incendiários, assim aferrolhando um debate sobre o tema, que devia ser saudável.
Em abstracto até nem me choca a ideia: creio que a punição dos delitos deve acompanhar a valoração social dos mesmos.
Ainda estou mais certo de que a maioria dos portugueses que escutaram o premier popular aplaudiram a aspersão de gasolina no fogo, bem ao jeito da frase que se ouve repetidas vezes: "era apanhá-los, atá-los a uma árvore e deixá-los arder"...
O paradoxo é que Ribeiro e Castro foi eleito com críticas ao estilo de Portas (que, ainda assim, não me lembro de ter ido tão longe) e agora resvala para o mais desbagrado populismo, pedindo sangue no meio de uma hemorragia.
Fotografia surripiada no sítio da CONFAGRI, sendo da autoria de Manuel Vieira (parabéns do "lodo").

quarta-feira, 16 de agosto de 2006

Paradoxos I

Muito me entreteve ver, a propósito das chamadas quotas de mulheres nas listas, algumas forças de esquerda e algumas feministas a empunharem as bandeiras da defesa da dignidade da mulher - algo que, a meu ver, só sai diminuído com as ditas quotas, como veremos.

Propalar exemplos do bom resultado que deram no Norte da Europa e esquecer que somos um País latino é autismo de mau gosto. Porém, cá estaremos para ver que tipo de pessoas ocupará as quotas e qual será a próxima alegada minoria a reclamar igual guarida.

Todavia, o alvo deste post é outro: acompanhei com interesse as últimas etapas da Volta a Portugal e pude verificar que se mantém o hábito dos vencedores (da etapa, do prémio disto, do prémio daquilo...) serem beijocados por duas beldades escolhidas a preceito.

Sendo que me parece algo de inofensivo, os defensores de quotas, se querem ser coerentes (duvido que queiram, em muitos casos, mais do que serem populistas ou "popularuchos"), têm duas saídas: ou defendem que também há que ter homens a beijar os ciclistas (irra!!!), ou devem revoltar-se com o uso absolutamente instrumentalizador que é feito da imagem física das jovens contratadas para o dito ósculo.

E, já agora, por que não uma cruzada contra a maioria da publicidade, que se limita a atiçar a cupidez?! Talvez porque não dê votos na respectiva "quinta"...
A fotografia foi gentilmente "fanada" ao Correio da Manhã e é de Paulo Cunha da Lusa. Bela fotografia, by the way...

quarta-feira, 9 de agosto de 2006

SAP - Serviço de Atentimento "P'ró Povo"

O ministro da Saúde, Correia Campos, afirmou em entrevista ao Jornal de Notícias deste domingo que: «nunca vou a um SAP, nem nunca irei!». Responsável pela saúde diz que vai antes à urgência do hospital.

Questionado sobre o que faria se tivesse um problema de saúde durante a noite o ministro respondeu: «Vou directo à urgência do hospital ou a uma urgência qualificada como tal. Nunca vou a SAP, nem nunca irei!» e explica porquê: «Porque não têm condições de qualidade. Têm um médico e um enfermeiro e conferem uma falsa sensação de segurança. Nenhum deles devia funcionar assim!».

Será que podemos recorrer aos serviços de «outro» Ministério da Saúde? É que este vai dando uma falsa sensação de segurança... e nenhum Ministério devia funcionar assim!

Razões por que houve Páscoa mais cedo

Volto atrás no tempo, para comentar brevemente o desenlace das eleições concelhias do PSD de Coimbra, que terminaram, como aliás previra, subliminarmente, aqui no "lodo", com a vitória de Carlos Páscoa.
Sobre o caso há a dizer que o novel presidente tem capacidades e currículo para o cargo, sendo de destacar a coragem com que abraça os reptos: primeiro, uma estóica batalha autárquica contra um edil que trocara o PSD pelo PS, em Soure. Depois, a ida a votos para a concelhia de Coimbra.
Nesta sua mais recente decisão houve quem estranhasse o facto de trocar Soure por Coimbra e o acusasse de estar a fazer um “frete” ao mayor de Coimbra que, assim, cobria com ouro (o da vitória) a ousadia de Prata (Horácio Pina…). A verdade é que Páscoa arriscou e ficou mesmo com as amêndoas, sendo isso que fica para a história.
Porém, não nos iludamos: como dissera neste blog, e como relembrou o co-autor Ricardo Cândido, até então, só Tolkien vencera o “Senhor dos Anéis”, querendo com isto dizer que, por muito que houvesse sido dito entre portas, Carlos Encarnação não permitiria que o PSD de Coimbra vogasse longe do seu radar. O xadrez partidário é mesmo assim, e o nosso mayor, homem culto que é, leu Richelieu, até nas entrelinhas.
Dirão que é má língua da minha parte, mas aposto 10 contra 1 como a aparição (mais do que legítima e natural, sublinho) na lista, como nº2 (creio) de Páscoa, de um militante de seu nome Nuno Encarnação está longíssimo de ser coincidência. Todavia, a verdade também é só uma: candeia que vai à frente alumia duas vezes, e Páscoa tem a liderança, pelo menos, por dois anos.
Já Pina Prata, a meu ver, perde, em larga medida, por culpa própria. Desde logo, por ter feito do consenso um fim em si. Fundamental, nestas andanças, é ter ideias claras sobre o rumo a seguir e as causas a abraçar, e lutar por elas como se fosse o último combate de uma vida.

Quando, ao invés, se procura timoratamente não agitar as águas, o mais provável, sempre que se não detêm os tais anéis (o centro do poder político é sempre a autarquia, quando as colorações partidárias coincidem; nem é preciso estudar em Coimbra para saber isto…), é o naufrágio. Quem é Vice-Presidente da Câmara ou pede licença e aceita o ascendente ou, por muitas e delicadas vénias que receba, provavelmente, verá que o “império contra-ataca”…

Quando Horácio Pina Prata., alguém com quem se simpatiza facilmente, decidiu avançar e se propôs um projecto autónomo teria ganho mais em assumir a ruptura, cativando novas simpatias e gerando novas ideias, do que seguir a ancestral política dos paninhos quentes.

Acrescento ainda que, na era da imagem e da comunicação, até na propaganda enviada aos militantes, Páscoa foi, de longe, mais feliz.

Este é um resultado facílimo de explicar, sendo que quem quiser arrebatar o ceptro, em 2008 (véspera de eleições legislativas e autárquicas, anote-se) terá muito que fazer (quer no domínio ideológico, quer no domínio da filiação), pois Carlos Páscoa não despertará jamais o capital de antipatia e de anonimato de quem o antecedeu, já que é outro o seu modus faciendi.

Correndo o risco de me repetir, não obstante, sublinho que, a mais da pascal presidência, há hossanas a cantar à sabedoria antiga que continua a dar cartas, na Praça 8 de Maio.

Para vencer o “Senhor dos Anéis” ainda e só Tolkien, por ora…
Nota do Autor: esta do "Senhor dos Anéis" é só para entendedores, alerto.

quinta-feira, 3 de agosto de 2006

Parabéns!!! Já lá vão 10 anos...

"Gentleman, Goldfrapp, The Prodigy, Daft Punk, Zero 7, Afrika Bambaataa, Seu Jorge, Los de Abajo, Marcelo D2, Madness e Macaco são alguns dos nomes confirmados na 10.ª edição do Festival do Sudoeste. Em ano de festas as expectativas são as melhores."
in O Primeiro de Janeiro

quarta-feira, 2 de agosto de 2006

Boas notícias


Não falo pelo lado pessoal, pois não devemos regozijar-nos com o sofrimento de qualquer ser humano, por muito facínora que seja.
Todavia, este primeiro aperitivo de uma Cuba pós-Fidel dá esperança a uma população - a que não teve a sorte de desembarcar em Miami - que tem sido vítima de uma anacrónica e miserável experiência comunista, com contornos de devaneio pessoal e de narcisismo.
Não se enganem os cultores da aura pseudo-romântica do comparsa de Che: depois dele, o regime não durará muito...
O que também pode pensar-se é um meio de evitar que a "nova" Havana venha a ser o recreio (reparem no eufemismo...) americano, que era com Fulgêncio Baptista, ainda que, uma vez abertas as comportas da liberdade, sejam de esperar tempos de excesso.
Nota final para repara a condescendência com que os media continuam a tratar o tirano. A mesma que não tiveram para com Pinochet...
Em todo o caso, mesmo quando não imparciais, são boas notícias.

terça-feira, 1 de agosto de 2006

Porque há quem apenas leia as conclusões...


Enquanto Deputado da Assembleia Metropolitana de Lisboa, concordo em absoluto com o conteúdo exposto no Parecer elaborado e votado por este órgão sobre o Programa Nacional de Política de Ordenamento do Território (PNOT). Destaco os motivos da minha concordância, apresentando para esse efeito alguns excertos do referido parecer:
- Os prazos de discussão pública definidos pelo Governo são claramente insatisfatórios caso haja verdadeiro interesse num debate participado em torno de um dos mais importantes documentos estratégicos nacionais, que deverá definir a visão para o futuro de Portugal a 20 anos.
- Os compromissos assumidos no PNPOT não são claros e o Governo baralhou políticas instrumentais com política estratégicas, o que acontece pois o plano carece de uma linha de rumo nitidamente definida.
- Não são evidentes as medidas de instrumentalização do Programa (PNPOT), ou seja, desconhece-se como é que o Governo pretende aplicar as medidas propostas no terreno.
- Não são identificados os meios de financiamento que irão assegurar a implementação do PNPOT! Nem uma mera perspectiva económico-financeira é apresentada pelo Governo.
- Desconhece-se em absoluto o papel que irão ter os Municípios, as Juntas Metropolitanas e demais estruturas de âmbito local ou regional.
- O Governo não define a evolução do mapa administrativo regional nem o seu futuro modelo de gestão.
- O Governo ignora o posicionamento de Portugal numa perspectiva Ibérica e Europeia.
- O Governo ignora a vocação Atlântica de Portugal no mundo globalizado.
- O Governo ignorou, na elaboração do PNPOT, a Estratégia Europeia de Protecção do Solo e as recomendações da Agenda 21.
- O Governo pouco ou nada inova ao tentar definir um novo mapa de Portugal, limitando-se a aceitar o actual modelo perspectivando-se assim um ainda maior agravamento das assimetrias políticas, económicas e sociais entre as diferentes regiões do nosso País.
- O Governo ignorou por completo a reivindicação dos Municípios da Grande Área Metropolitana de Lisboa de se criar, de uma vez por todas, uma Autoridade Metropolitana de Transportes.
- Por fim, como causa ou consequência desta enorme confusão de medidas e propostas apresentadas no PNPOT, o Governo foi incapaz de hierarquizar as medidas ou sequer definir o que pretende para o nosso País depois de 2013!
No entanto, apesar da minha concordância com o conteúdo do parecer aprovado pela AML, abstive-me no momento da votação (ao contrário dos restantes deputados, tendo estes votado todos favoravelmente) pois considero que as considerações finais do documento aprovado são incoerentes com o que atrás referi. Não posso aceitar que, como vem referido nas considerações finais, "o elenco de objectivos, medidas e directrizes para os instrumentos de gestão territorial é globalmente aceitável."! O Plano Nacional de Política de Ordenamento do Território tem de ser todo ele revisto e as medidas de instrumentalização e de financiamento francamente definidos. O Governo tem ainda obrigação de definir qual a sua visão para Portugal para além de 2013 e definir uma estratégia que assegure o crescimento e desenvolvimento sustentável do nosso País na Europa e no Mundo.
O Plano apresentado pelo Governo do PM Sócrates não serve. Disso, estamos todos de acordo.

O Farol orienta o regresso a casa...

Farol de Santa Marta, Cascais