quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Outros tempos, outras crises... Uma boa leitura

Uma leitura agradável, um enredo interessante e uma excelente análise sobre os alvores do que viria a ser a Revolução de 1917.

As ruínas de Coimbra

Se eu já achava que Coimbra entrara numa era de penumbra cultural – porque à minha cidade não basta um programa cultural, devendo, isso sim, ter “O” programa cultural devido a uma capital do saber – a novela em torno dos achados arqueológicos do Convento de S. Domingos vem a atestar que, das direcções regionais à lucidez da gestão patrimonial, tudo se esvai da nossa Cidade, numa sangria que me faz ter pena de não ter sido suficientemente competente para fazer a via sacra das ascensão partidária local ou de ter relevo quantitativo (leia-se, feitio de cacique) para condicionar as escolhas internas do PSD; outro galo cantaria…

Como o que me resta é a pena, cá vai a opinião de alguém que procura entender a leviandade com que o Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico (Igespar) e a Direcção Regional da Cultura do Centro (dada a pilhagem ao estatuto de Coimbra, é de crer que este organismo ainda esteja cá por mero esquecimento) autorizam a prossecução da construção de um parque de estacionamento que arrasará, para sempre, os vestígios de um centro cultural de excelência, datado do século XIII.

Dizem-nos que se desconhece o estado de conservação, que está a oito metros de profundidade e que, por isso mesmo, há riscos na escavação.

Ora, vamos por partes: em primeiro lugar, deve saber-se que não sou um inimigo do progresso. Creio que não pode sacralizar-se qualquer calhau, obstando ao desenvolvimento de uma terra. Não obstante, também leio que não tratamos propriamente de uma casa de cantoneiros da extinta JAE, mas sim de um relevante edifício dominicano.

Depois, cumpre saber se não resta mesmo outro lugar para o parque de estacionamento… Será que não há, ainda que um pouco menos central (ou seja, afastado da Avenida Fernão de Magalhães), terreno que possa compensar a ala do betão?!

E se há risco na exploração arqueológica do achado – que creio não poder considerar-se irrelevante também pelo facto de ainda não estar suficientemente estudado – por que não conservá-lo intacto até que os meios tecnológicos permitam outra perscrutação?

O problema é que, depois de lá estar o dito parque, a memória será não a da História, mas sim a dos responsáveis por mais um acto de acriticismo cultural e de óbvia ganância.

Da parte da Câmara Municipal, não duvidando das boas intenções (desde logo, combatendo o flagelo da falta de estacionamento), pergunto apenas se não poderá ser feito algo mais…

O Convento é da Idade Média e esta decisão não parece mais “iluminada” do que isso… Dá pena ver Coimbra assim…

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Lápis é...borracha o foi!!!


Há quem diga que foi censura, que o lápis azul está de volta...eu nem sei que pense de tal situação tão ridícula. Lápis azul ou não, a sorte é que depois do 25 de Abril inventaram as borrachas para apagar os erros e seguir em frente. A verdade é que com estas e tantas outras situações é impossível não fazer piadas com o nome do nosso PM. Pinócrates foi muito bem conseguido, mas Salazócrates também não está nada mal ;)

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Trágico-Comédia

A tragédia Freeport começa já a inclinar para o estilo novelístico, comédia, diria mesmo. E com direito a horário nobre, pois claro. Ontem o tio de José Sócrates (aka Zézinho) foi prestar declarações ao Tribunal e, além de ter um gosto no que toca a fatiotas que chega a dar pânico, o Sr. aproveitou o rebanho de jornalistas para fazer um sério alerta: o desaparecimento do seu cão, um Dogue Francês, de seu nome Napoleão. Nem sei quem é mais ridículo, se o dito, se os sôfregos jornalistas que dão voz e tempo de antena a tamanha insensatez. E "a procissão ainda vai no Adro..."!

Sinal (dos tempos?)


Desde sexta-feira passada que estes curiosos sinais habitam a estação de comboios de Warrington, Inglaterra. Os responsáveis pela estação dizem que a medida foi tomada apenas e só com a finalidade de evitar congestionamento nos cais de embarque, onde casais de namorados tinham por hábito trocar uns demorados mimos antes da despedida. Pois bem, agora a despedida fica-se pelo lenço branco acenado lá ao longe, que o ritmo do quotidiano (e o normativo da estação...) não dão azo a mais...!

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Óscar "Boris Ieltsin"

Este senhor, Soicho Nakagawa, era ministro do governo japonês.

Sucede que, após uma cimeira do G8, decidiu dar uma conferência de imprensa com os copos...

Pasma-se a alma por terem forçado o copofónico estadista à demissão!!!

Dada a crise, quem não tem vontade de beber?!

Não temos todos um ou outro mau dia no trabalho?!

Sabem se a mulher dele não é um estupor ou se o filho não lhe teria dito, nesse dia, que aderira ao Bloco de Esquerda lá do sítio?!

O que tenho por certo é que, na Mãe Rússia, o zelo liquefeito do cavalheiro seria, isso sim, devidamente condecorado.

"E o burro sou eu ?!"

Roubo a frase a Scolari, porque ouço e não acredito!...

João Carvalho das Neves, ex-administrador do BPN, foi ao Parlamento dizer que a culpa pela novela que levou à nacionalização foi da falha de supervisão do Banco de Portugal.

Ora, pode até ser que Constâncio tenha sido incompetente, mas não será que, havendo marosca, a culpa foi dos vigaristas?!...

Cegos eram os que não queriam ver (veja !)

Um homem que é um filme (Sean Penn genial)

Sem "dúvida", bom

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Uma questão de igualdade de direitos!!

Independentemente de ser ou não uma questão prioritária para o futuro do país, o casamento entre homosexuais é um tema que não deve ser desvalorizado, uma vez que, à semelhança de outras questões importantes (como o aborto por exemplo), é uma discussão que ultrapassa claramente as estruturas politico-partidárias, por se prender com as liberdades e direitos indíviduais.

Na lógica da total separação de poderes entre o estado e a igreja é inconcebível que se considere que o casamento pressupõe a procriação e a constituição de uma família ou que tenha, no mesmo sentido, necessáriamente de ser contraído por duas pessoas de sexos diferentes. Num estado democrático que reconheça a iguadade de direitos a todos os seus cidadãos, o casamento deve ser estritamente relacionado com a vontade de duas pessoas (do mesmo sexo ou não) quererem levar os vários planos das suas vidas (económico, social e sentimental) em conjunto.


Se o que mencionei não fosse suficientementre válido, poderia ainda referir que o casamento entre homosexuais é algo que só aos interessados diz respeito, não interferindo com terceiros, o que exclui qualquer entrave legal à aprovação de um diploma que o passe a permitir. Devemos ter em conta que a possibilidade de um casal homosexual adoptar uma criança é uma questão independente da possibilidade de se casarem, que deve ser alvo de uma outra discussão pública, onde se pesem abertamentamente as vantagens e desvantagens da mesma.


A discussão deste tema não interfere com a discussão de outras questões igualmente importantes que marcam a actualidade, sejam elas a crise internacional ou mesmo o nível de vida das pessoas, pelo que deve ser levada em frente, de forma a que nos possamos orgulhar de viver num país que não tem medo de se adaptar à modernidade dos tempos, ultrapassando o conservadorismo que marcou o nosso país em tempos que todos queremos acreditar ultrapassados.

* Já tinha publicado este texto no meu blog pessoal dissertações de café, achei oportuno republica-lo numa altura em que o assunto está a ser amplamente discutido.
** Recomendo a este nível o filme Milk (na foto).

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Oasis


Os anos 90 passaram mas eles continuam os mesmos.
Um concerto para brindar com champagne supernova.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Ir(r)a!...

Farto de escrever sobre a crise e as demais desgraças do dia-a-dia, pensei que haveria boas ideias para vos maçar com as linhas de hoje.

Todavia, só me ocorre abusar da paciência dos meus amigos e contar-vos parte do meu dia de domingo (mais concretamente, a parte da tarde)...

Chovia se Deus a dava e, como sempre, lá me meti atrás do volante a caminho de Vila do Conde, onde a Briosa ia jogar e de onde poderia – pensava eu – trazer 3 pontos ou pelo menos empatar (sublinho que escrevo apenas como adepto e associado).

Tradicionalmente e quando as funções protocolares que me foram atribuídas não me requerem coisa diversa, vou para o pé da Mancha Negra, como sempre fiz, desde a fundação da claque até hoje, apesar de a minha filiação na mesma ser recente (desde que os sectores foram delimitados) e de não ser um “activista”. Basicamente, foi sempre ali que se sentaram os meus amigos e, como quase tudo o resto no futebol, as afeições, mesmo por um determinado lugar, não têm cabal explicação racional.

Porém, tal era a cólera pluvial, cedi a “pressões” benévolas da comitiva no sentido de, por uma vez, ficar na bancada coberta do Estádio do Rio Ave Futebol Clube (vulgo, Estádio dos Arcos). E como lamentei o meu bom coração…

Se é certo que fica a experiência sociológica radical, fica também uma carga de nervos e a noção de que, bem vistas as coisas, temos os políticos que merecemos, se pensarmos que os mesmos mais não são do que o espelho da sociedade, já que dela brotam.

Honestamente, nem sei por onde comece o meu relato… Talvez mencionar o crime que é desperdiçar água, em face das alterações climáticas; ou, dito de forma interrogativa: se chovia tanto, por que é que um rapaz, três cadeiras à minha direita, imitava persistentemente (foram mais de cem vezes, juro) uma cobra cuspideira, a ponto de se não ver o degrau à sua frente?!

Depois os mimos que atestam bem a falsidade que reside no dizer-se que somos gente de brandos costumes: entre a observação de que “a Académica é só pretos” e os mimos dirigidos aos nossos atletas de outras paragens (estilo “preto filho da…”), só não consigo entender o que pensarão os vila-condenses do homem que lhes marcou o golo da vitória (Yazalde), já que se ele é branco, eu sou o Robert Mugabe…

No intervalo lá se safou o aplauso para a “túnica” (era uma tuna; desculpem o preciosismo) e a tranquilidade de consciência com que tão primorosas gentes chamavam “azeiteiro” ao árbitro (algo que me apeteceria subscrever, confesso…).
Distribuindo equitativamente a etiqueta, resta lembrar a cortesia para com o guarda-redes da casa (um sonoro “ó Paiba – bem sei que é Paiva, mas… - bai para o c… que te f…”) e a elegante despedida com que brindaram a Briosa “hu hu hu, a Académica já levou no…").

Eu que continuo, como sempre, a achar a Académica um projecto motivador, qual filho pródigo, juro regressar à Mancha, no Bonfim… Irra!...

Euro - Barreiras

Na passada quinta-feira, participei numa simulação de plenário no parlamento europeu, em Estrasburgo, com jovens de praticamente todos os países da União Europeia. Neste âmbito, tive o prazer de presidir à comissão onde foi discutido o futuro da europa.
Nesta comissão foram discutidos temas tão diversos como o ambiente, o tratado de Lisboa, a crise financeira ou mesmo a política externa. Houve, no entanto, um assunto que despertou uma discussão mais acesa que todos os outros, a possível inclusão da Turquia na UE.

Se a diversidade cultural é vista como uma mais-valia da União Europeia, neste caso ela parece ser um claro factor de divisão. Arriscaria dizer que a entrada da Turquia na UE é mesmo impossível por via das incompatibilidades existentes entre a sua cultura e a grega, motivada por factores vários como a hegemonia do império octomano ou a ocupação do Chipre.

As declarações dos jovens cipriotas e gregos demonstraram que a aversão que têm à Turquia chega a superiorizar-se ao seu desejo de reunificação do Chipre. Compreendo de algum modo, que os cipriotas guardem ressentimentos face à divisão ilegítima do seu país, no entanto, isso parece toldar-lhes a visão.

Tive oportunidade de propôr, nesta comissão, a reunificação do Chipre como condição sine qua non na adesão da Turquia – ideia que de resto não tem nada de novo. Esta solução favoreceria ambas as partes, permitindo o alargamento da UE a um país que se insere numa área estratégica e que pode ser um excelente mediador com o médio oriente. No entanto, nem nesta base os jovens cipriotas quiseram aceitar uma possível adesão da Turquia, pensamento que prejudica não só o processo de integração europeu, mas em primeiro lugar o seu próprio país.

Este caso só nos demonstra que persistem barreiras à progressão da integração europeia, que dificilmente serão ultrapassadas, por melhores que sejam as intenções ou por mais belos que sejam os lemas (refiro-me naturalmente à “união na diversidade”).

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Sentir Jacinta

Quando a oferta cultural tem qualidade as salas esgotam e os problemas do dia (por muito sérios que sejam) desaparecem, durante cerca de duas horas.

Que Jacinta é uma intérprete de jazz de mão cheia já se sabia. Que se rodeia de bons músicos também era conhecido.

Todavia, ouvi-la a reinterpretar U2, Ray Charles, Nina Simone, Beach Boys, Prince, Stevie Wonder, Bobby McFerrin, Bob Marley, Beatles, James Brown, entre outros, é um toque doce em dias amargos para o Mundo, em geral, e para os portugueses, em particular.

A última actuação seria no dia 7, mas parece que haverá três espectáculos extra. Se não for ao São Luiz, fica a perder...

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Vómito em formato cinematográfico (péssimo)

Nem pela incursão cinematográfica do rei do toque de bola, Luís Figo nem pelas formas não menos esféricas (silicone oblige) de Liliana Santos vale a pena ver este filme que envergonha o cinema português e que terá "vacinado" quem decidiu arriscar em produto cultural luso, se não for cinéfilo.

Que mostrem mulheres semi-nuas ainda vá (parte da malta agradece), mas que, ao menos, se consiga o mínimo de entrecho, como no caso de Call Girl.

Em Second Life temos um conjunto execrável de lugares comuns, filosofia barata, nudez despropositada, planos de camera enjoativos e desempenhos que mancham algumas carreiras.

Se não tem o que fazer ao dinheiro, ponha a hipótese de o gastar em pastilhas elásticas, pois o tempo de as mastigar é mais divertido do que aquele de que precisa para ver este filme (peço perdão às películas que, realmente, merecerem este nome).

Filme sobre os nossos problemas (bom)

Por vezes, incomodamo-nos com a dimensaõ da casa ou o modelo do carro.
Outras, apenas curamos de fazer carreira, sem sequer percebermos o que é isso.
De permeio, vamos criando a ilusão de que "compramos" os outros e de que ocultar o erro pode ser bom, pois "quem não sabe é como quem não vê".
No fim, temos o fim do afecto e a consciência de que o Mundo em nada melhorou com a nossa presença. de que não resolvemos um só dos problemas de que ele padece...

Fazer-nos pensar em tanta coisa é, digo eu, um bom cartão de visita deste filme.

Ladra, mas não morde

Santos Silva (o pitbull dos socialistas) reage:
"Não pode haver duplicidades. Gostaríamos de saber o que a direcção do PSD e a sua líder pensam desta campanha, fundada em mentiras"...

"fundada em mentiras", Sr. Ministro?
Acho que a JSD vai ter que fazer mais uns cartazes com o PinósSantos...

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Estado player

E ainda por cima desleal no mercado.
A última boa-nova são os novíssimos certificados de reforma do nosso polvo, que concorrendo num mercado destinado às empresas seguradoras e à banca - com todas as ressalvas que os senhores do capital nos podem fazer calcular - entra em grande estilo através da Segurança Social para vir captar para a dívida pública e para o controlo sistemático das nossas contas privadas!

Escolha quanto quer pagar? Não caro contribuinte. O Senhor Estado calcula uma taxa sobre os rendimentos brutos mensais para saber quanto tem, e quanto a mais poderá descartar para o próprio.

Será como um depósito a prazo? Mais ou menos, com o pormenor de só poder levantar a sua poupança na idade da reforma - tal como o PPR, sendo que os produtos concorrenciais a este estabelecem um prazo mínimo de 5 anos e após este período o cliente poderá resgatar qualquer importância da sua conta poupança.

Qual a taxa de rentabilidade? Dizem eles que na média dos últimos 5 anos é de 5.7%, mas do último trimestre é de 3.8%. Qual é que aplicamos? Depende da participação de resultados.

Rentabilidade garantida? Não tem. Não havendo indexação juntamente com as taxas de gestão aplicadas... Perder capital de facto.

E ainda por cima o atendimento é péssimo!