terça-feira, 30 de setembro de 2008

Hábitos...

Domingo de Sol. Esplanada de uma padaria em Matosinhos, perto da praia...
Uma mulher de cabelo loiro, claramente pintado, com uma t-shirt verde Islão que lhe acentuava a candura do rosto, aproxima-se e pede para levar uma das cadeiras que estavam desocupadas. Acaba por levar as três cadeiras.
Senta-se à mesa e, de imediato, surge um homem, de trinta e tal anos, calções beges desportivos, com bolsos laterais. Veste uma t-shirt estampada com motivos florais em degradé preto-cinza-rosa velho. Traz calçados uns carapins plásticos azuis-eléctrico (vulgo "azul PP"), com elástico sobre o peito do pé, daqueles que somos obrigados a calçar quando vamos visitar alguém ao hospital - normalmente no serviço de cuidados intensivos.
Ele senta-se à mesa com a mulher loira, e agora uma outra mulher também.
Aprecia a vista. Dobra-se e descalça os carapins, deixando pousados no chão empedrado os dois pés envoltos em ligaduras, que lhe deixam os calcanhares e os dedos expostos.
Pousa os carapins em cima da mesa - relembro que estamos numa esplanada.
Mais tarde, opta por apoiar os tornozelos no corrimão/parapeito da esplanada-
Chega um croissant com creme, que passa a divir o "loft" da mesa com os carapins azuis... lado a lado.
O croissant acaba por não resistir, desaparece. Mas os carapins... esses permanecem imóveis, agora com a carteira da loira por cima, não vá o vento fazer das suas!!!

É nestes instantes que eu tenho pena de não morar numa casa camarária em Lisboa. Moro num T3 em Matosinhos e os meus vizinhos têm ideias peregrinas como pôr os "sapatos" em cima das mesas das esplanadas, enquanto lancham... Se morasse numa habitação camarária em Lisboa, os meus vizinhos seriam pessoas polidas, educadas e com poder de compra para, em vez de usar uns carapins, comprar uns chinelos ortopédicos...

Como é agradável uma tarde de Domingo com Sol!

Tão amigos que eles são...


Num ano, Hugo Chávez pisou território luso por três vezes. Portugal é o país europeu que o Presidente venezuelano mais visita e isto, quer-me parecer, não é nada bom sinal... É certo que a expressividade da comunidade portuguesa na Venezuela é motivo que baste para haver entre os dois países boas relações. Contudo, uma coisa é diplomacia, outra muito diferente é um amiguismo com um homem que não raras vezes roça a tirania e é do mais tosco e do mais déspota que se tem visto no palco internacional. O mesmo homem que depois vem a Portugal dar palmadinhas nas costas do seu homólogo e que, com um falso ar ternurento, sussurra a Sócrates que "amor com amor se paga". Tenho para mim que mais tarde ou mais cedo o país é que vai pagar bem cara a factura deste namoro cheio de interesses...

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Nem «dar» é sinónimo de «educar», nem «ter» é sinónimo de «saber»!

Sim, tenho algumas (muitas!) reservas quanto aos efeitos colaterais que poderá ter esta insólita bondade do Governo e empresas de telecomunicações nacionais.

Reporto-me ao Magalhães, computador portátil concebido para as crianças portuguesas e que de ora em diante será distribuído pelas escolas deste país a título gratuito ou ao preço da chuva, e sempre com direito a muita pompa e circunstância, que com este Governo não é para menos.

Não julguem que esta minha depreciação decorre do facto de na minha idade escolar ter-me limitado aos berlindes, aos livros surripiados das estantes das irmãs e, em dias de festa, ao direito de usufruir durante dez minutinhos de um único computador que habitava na biblioteca da escola e que tinha sempre enormes filas de miúdos em redor, todos eles embevecidos com a então "nova tecnologia". Não me chamem, por isso, Velho do Restelo. Porque bem sei que o avanço das tecnologias de informação e a chamada inclusão digital se traduzem em desenvolvimento e progresso, quer pessoal, quer económico-social...

Não obstante, ocorrem-me muitas dúvidas quando vejo alguém (um governo!) a incentivar uma criança de 6 anos a usar um computador, ademais, com acesso à internet. Só alguém tão ingénuo como Maria de Lurdes Rodrigues acredita que as crianças e adolescentes deste país dão um uso profícuo às novas tecnologias.

Bem sei que vem equipado com filtros, firewalls, etc. Mas saberão os pais do séc.XX proceder a essas definições? E que dizer dos irmãos mais velhos que tão bem sabem 'dar a volta' aos obstáculos? Ou até mesmo as próprias crianças - para quê substimá-las?!... E depois, em que momentos lhes vão dar uso? Nos tempos mortos da Escola, sem qualquer acompanhamento e preterindo o mundo real pelo virtual? Ou em casa, preterindo o contacto com a família por jogos violentos e viciantes, chats, etc?

Se já é grave aquelas crianças que por incúria dos pais vivem enclausuradas no quarto frente à tv, playstation e afins (já para não falar daqueles que com 7 anos têm perfis em comunidades como hi5, facebook, etc. - sim, eu conheço quem..!), o nosso bondoso Governo vem agraciar os pais e os seus rebentos com um equipamento "à maneira", não basta já esta mania do português valorizar mais o "ter" que o "saber"...

E por falar em "saber", não vale o argumento de que o Magalhães é o salvador da pátria no que respeita à Educação porquanto as novas tecnologias podem desenvolver capacidades e facilitar o acesso a informação mas estão longe de cumprir o papel da formação.

Querem melhorar a educação das crianças deste país? Pois bem, não é preciso pensar muito para perceber que há passos bem mais cruciais - criar infraestruturas que fomentem a socialização das crianças ao invés de instá-las a viver o mundo virtual dos pc's e afins; apostar na melhoria da qualidade ensino/aprendizagem o que passará inevitavelmente por rever os conteúdos programáticos; fazer uma limpeza geral à televisão portuguesa e obrigar o canal público a ter uma grelha de qualidade a pensar nos mais novos; dotar as escolas de modernos meios tecnológicos disponíveis em espaços físicos nos quais as crianças sejam devidamente acompanhadas; promover exaustivamente o Plano Nacional de Leitura, de preferência sem qualquer intervenção da Sra. Ministra, a qual considerou que "o Magalhães chega onde o livro não chegou".... (no comments!), etc etc etc.

Isto sim, são medidas com vista à verdadeira democratização e qualificação do ensino. Coisa bem diferente de, em nome da inclusão digital e com vista a subir nos respectivos rankings, fazer distribuição de brinquedos todos modernaços aos miúdos, estilo Pai Natal antecipado...!

A lição à Srª Ministra: Nem «dar» é sinónimo de «educar», nem «ter» é sinónimo de «saber»!

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Dar à língua

A propósito disto, cumpre aqui dizer que o Gonçalo não está sozinho nessa luta árdua que é dar a entender aos portugueses o quão honroso é fazer uso da nossa língua. Do mesmo lado da trincheira do nosso Ilustre Administrador está o Prof. Dr. Cavaco Silva, que enquanto Presidente da República tem também alertado subtilmente para a subserviência do português (e dos portugueses)face aos outros idiomas.

Hoje mesmo Cavaco Silva dará o exemplo e discursará em português na Assembleia Geral das Nações Unidas, quiçá já a pensar na candidatura portuguesa ao Conselho de Segurança da ONU em 2011. Com ou sem tais pretensões, certo é que será a primeira vez que se ouvirá a língua de Camões nas magnas reuniões daquele orgão. Acresce que Cavaco está também a encetar forças para que o português se torne língua de trabalho naquele conclave. Sem dúvida, um grande passo na internacionalização da língua portuguesa.

Mistério da Insegurança Interna

Tenho a sensação de que, nos dias que correm, acordamos com o noticiário, tendo uma única dúvida: quantos postos de gasolina assaltados, quantas dependências bancárias pilhadas, quantos carros roubados aos condutores (carjacking) ou quantos casos de corrupção insinuados ou divulgados?…

Seja em relação à integridade física ou em relação ao património, o receio apodera-se dos portugueses, e com razão.

A abordagem mais comezinha, mas nem por isso inteiramente descabelada, é a que responsabiliza os media pelo alarmismo crescente. O conflito de valores é, à partida, interessante: de um lado a missão da comunicação social, que é informar; do outro, a necessidade de paz social e a de não empolar fenómenos criminosos, o que, a mais de glorificar o acto ilícito, pode gerar imitação.
Porém, como para tudo na vida, também aqui pode encontrar-se um meio-termo, aceitando-se a primazia noticiosa, mas apelando aos directores e proprietários dos media que não se cinjam a vender informação como uma qualquer mercadoria, explorando as emoções mais básicas dos cidadãos (já bem basta o escabroso e nojento programa “Momento da Verdade” apresentado por Teresa Guilherme, na SIC, que compra a intimidade mais recôndita dos espíritos fracos que aceitam participar; porém, a este tema viremos mais tarde...).

O segundo pensamento que me aflora a este respeito tem a ver com as forças de segurança, que, em Portugal, são sempre o vértice mais vulnerável do triângulo criminoso-vítima-autoridades. De facto, muito fazem as nossas polícias e a GNR, se virmos que sofrem de sub-equipamento crónico e recebem salários magros, se comparados com o risco que correm. Acresce que, mercê de um sistema penal “macio”, não são raros os relatos de agentes da autoridade a acabarem de preencher formulários num qualquer tribunal e a terem que aturar o escárnio de delinquentes que recebem ordem de soltura quase instantânea… Bastava ler o editorial do Público, ontem, que mencionava três casos eloquentes: na Guarda, o do sujeito a quem foram apreendidos 42 detonadores, 6 cartuchos de explosivos, armas de fogo, munições e fio condutor lento. Em Portimão, o do indivíduo que entrou numa esquadra para balear outro. E ainda um terceiro caso sobre um ladrão de automóveis que chegou a alvejar o carro da GNR que o perseguia.

Se a coisa parece malparada, deixem-me que vos diga que o primeiro ficou sujeito a mera apresentação às autoridades, de dois em dois dias. O segundo também teve que carregar com essa cruz que foi ser libertado e ao terceiro coube a árdua pena de apresentação diária...
Isto é mau, e agrava-se quando, em face da necessidade do uso legítimo da força, aparece um qualquer Louçã desta vida a falar de violência policial, mesmo sem curar de saber da proporcionalidade da mesma.

Por fim, creio que, com um ou outro caso de imigração descompassada e indevidamente tolerada, a vaga de crimes também reflecte o sub-insvestimento na segurança interna e um explosivo cocktail de miséria e de pobreza envergonhada (tenho testemunhado vários casos) que o nosso ingovernável País começa a albergar, diante da ineficácia de uma classe política a quem não falta farta mesa e dinheiro para pagar a casa. O problema é que, atrás desta grave míngua, vêm outros problemas, como a da tentação medieval de justiça popular, como, ainda ontem, sucedeu na Moite, em face de um ataque a jovens do concelho, por parte de um bando estimado em 30 marginais.

A solução é óbvia e dúplice: combater as causas sociais de exclusão e reforçar o ordenamento jurídico e securitário. Todavia, fica a incógnita: estaremos preparados para a perda de privacidade e para a contracção de direitos que esse aumento de autoridade do Estado e de violência autorizada implicam?... Também aqui, não há bela sem senão…

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Mas ainda têm dúvidas?!


Goste-se ou não, cada vez mais há mulheres a ocupar lugares de destaque no palco político até agora quasi exclusivamente masculino.
Além de exemplos como Kirchner, Merkel, Bachelet, Tymoshenko, etc, nos últimos dias as protagonistas têm sido elas: Sarah Pallin abalou indelevelmente as Presidenciais norte-americanas; no Japão uma ex-ministra, Yuriko Koike, prepara-se para disputar o lugar vago deixado pelo vetusto Yasu Fukuda; e em Israel, Tzipi Livni pode bem vir a ser a próxima Golda Meir. Quotas, para quê?!

Mozart e Beethoven já eram!...

É verdade!!! Esqueçam o violino e o piano, pois em Sete Rios, Lisboa, há um génio que, a acreditar na publicidade, compõe conCertos para Malas & Sapatos.

Deve ser genial!!! À atenção do Centro Cultural de Belém e da Fundação Gulbenkian...

Go ... Yourself! 2

"Nursery"?! Ando farto de novos-ricos que desconhecem a riqueza da língua portuguesa e abusam do inglês, mesmo quando desnecessário!

Este triunfo do burgesso é em Leiria, na área de serviço...

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

A fuga dos estrategas

Hoje recebi um e-mail publicitário de uma empresa que me fez lembrar duas coisas. A primeira uma máxima da "Estratégia” que afirma que por detrás de uma ameaça há sempre uma oportunidade latente. Outra, uma frase muito batida nos últimos tempos - "Portugal é um Estado de Direito com uma ditadura fiscal".

Comecemos pela ditadura fiscal. Todos sabemos que o Estado paga mal e cobra bem. A denominada "Alta Fiscalidade" asfixia as empresas, os profissionais liberais e independentes. Destrói tesourarias, retira competitividade e abala a auto-estima empreendedora. Ao invés, o Estado não dá o mesmo poder aos seus credores, quando este é o maior devedor. E pode vir legislação impor pagamentos a 60 dias a contar da data da factura que são muito poucos os organismos públicos com liquidez e eficiência interna para fazer face a este novo imperativo legal (Vide Código dos Contratos Públicos).

Não deverá o Estado questionar-se sobre a fronteira entre o que justamente poderá exigir aos seus contribuintes e o que estes, genuinamente, não podem pagar?

Só que este atrofio fiscal tem custos elevadíssimos e para quem questiona a máxima da "Estratégia" que acima citei, o tal e-mail do qual fui destinatário é bastante elucidativo.

O remetente, a Executive Auto Services (passe a publicidade) é uma empresa que se dedica à "Mediação de Automóveis Topo de Gama", que inclusive já teve honras televisivas na RTP1, "presta um serviço personalizado a particulares, empresas e a stands que queiram poupar milhares de euros ao importar automóveis e motos, topo de gama, directamente do maior e mais competitivo mercado europeu (Alemanha) ".

Passando ao lado da vasta gama de serviços prestada pela empresa, um dos aliciantes de tal operação é o facto de o IVA ser pago no país de origem (Alemanha), que é mais baixo que em Portugal. Ou seja, em terra de cegos quem tem olho é rei, e um verdadeiro estratega é aquele que se posiciona ao lado da oportunidade, seja esta em Portugal ou na Conchinchina.

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Ética desportiva

O consumo de bebidas energéticas e as taxas de ocupação dos centros de encontros sociais contemporâneos (vulgo ginásios) dispararam em flecha nos últimos anos, tudo em nome de um corpinho saudável e de uma mente sã. Mas não só...

A malta que faz desporto é mais in, está na moda, tem o melhor cabedal.
A prática desportiva previne doenças, eleva a auto-estima e melhora o equilíbrio emocional
Político que faça jogging no Calçadão ou na marginal de Luanda aumenta consideravelmente o seu indicador eleitoral.
É saudável e fica bem dizer que se faz desporto. Cai bem. Dá outra pinta.

Tudo certo, mas e se fizéssemos um estudo de mercado em que se perguntasse o seguinte:

“A prática desportiva é mesmo importante para a formação do indivíduo?”

Seguramente que uma percentagem significativa de inquiridos responderia afirmativamente à demanda, até porque está implicitamente associado ao desporto o desenvolvimento de competências socialmente positivas.

Apesar da temática não ser recente, confesso-vos que até há poucos dias nunca tinha lido nada sobre “ética desportiva”. Nunca foi das minhas áreas de interesse. No entanto, a newsletter on-line da Universidade de Coimbra deste mês (que diga-se, é um projecto de comunicação interna muito bem elaborado ao qual apetece fazer scroll), abala a noção comum existente de que fazer desporto forja o carácter em sentido positivo.

Uma das reportagens centra-se na tese de doutoramento de um investigador da Faculdade de Ciências do Desporto e Educação Física da UC, que coloca em causa a dimensão ética do desporto na actualidade, afirmando que “a moral desportiva imanente à prática desportiva real é um mito”!

Para este investigador, tendo por base o estudo ciêntifico por si elaborado em que inquiriu 1000
praticantes de desporto organizado, os atletas consideram perfeitamente normal e admissíveis atitudes anti-desportivas tais como o exercer de pressão psicológica sobre os adversários ou mesmo a tentativa de influenciar os árbitros a seu favor.

Fala também numa “patologia social” que pode levar as famílias a pressionar, para a obtenção de resultados, não só os jovens como os próprios treinadores e árbitros, gerando situações contrárias à ética desportiva.

Fica aqui o link do artigo cientifico, para quem quiser espreitar.

Não me lixes, ó Narciso

link

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

JS caladinha que nem um.. cordeiro!

Esta manhã a JSD pronunciou-se, pela voz do seu presidente e a convite de uma rádio, sobre os casamentos entre pessoas do mesmo sexo, temática cujo debate o PS adiou para a próxima legislatura. Relativamente a isto, pode ler-se na edição online do Público o seguinte: "Contactado também pelo Rádio Clube o líder da Juventude Socialista, Duarte Cordeiro, não quis fazer nenhum comentário." Curioso, ainda há uns meses andavam por aí a bradar aos céus pelos direitos LGBT (confirme-se aqui) e agora, que são chamados a falar aos portugueses sobre a sua posição, encolhem-se... Com jovens destemidos, coerentes e convictos como estes, não há dúvida que a próxima geração de políticos oriundos da ala socialista será do melhor!!...

Teimoso que nem um ministro

Se retirar privilégios aos magistrados e aos políticos marcou pontos junto de um povo pobre e invejoso, a persistência do Governo em não ouvir os primeiros sobre as reformas da Justiça que, ao que leio, estão a dar fortíssima asneira e a pôr na rua criminosos perigosos, percorre a estreita linha que divide a teimosia da idiotice; chama-se a tal fronteira irresponsabilidade política (sabemos bem que o Ministro da Justiça jamais será assaltado, pois tem polícia à porta e, quiçá, segurança pessoal)...

Vem agora o Presidente da República juntar-se, entre outros, ao Procurador-Geral da República no apelo para que se escutem as pessoas que, diariamente, têm que aplicar as leis que a meia-dúzia de deputados que manda uma p'rá caixa concebeu na redoma de São Bento; será que Cavaco Silva e Pinto Monteiro se juntaram para tramar Alberto Costa?!... Só mesmo se o Ministro se achasse o centro do mundo é que poderia achar isso!...

Paro por por aqui, pois pode ser um problema auditivo deste outro Costa do PS... Se assim for, as minhas desculpas e uma ajudinha...

P.S. (salvo-seja): se emendarem a mão e quando quiserem mesmo aprovar o casamento de homossexuais (segundo o líder parlamentar do PS, Alberto Martins, na próxima legislatura), espero que ouçam também os casais heterossexuais.

Ventos de Mudança?


Foi ontem e o Lodo, que esteve sempre atento ao desenrolar deste processo (confirme-se aqui e aqui), não podia deixar passar em branco os desenvolvimentos no Zimbabwe, a trazer alguma esperança àquela nação após dois meses de negociações, meio ano em crise política e três décadas de poder absoluto.

Em Harare foi ontem assinado um acordo para formar um Governo de unidade nacional, o qual estabeleceu uma divisão no Poder. Eterniza-se Mugabe na Presidência, contudo, abrindo mão de alguns poderes que caberão ao opositor que perseguiu, deteve e torturou - Tsvangirai. O líder do MDC assumirá funções de primeiro-ministro, responsável pela definição e implementação das políticas.

Espera-se que seja desta que avance a reconstrução socio-económica do país, bem como o progresso no que respeita aos direitos humanos. Um primeiro passo já significativo foi a suspensão de uma lei que proibia as ONGs de entrar no país, dado que Mugabe considerava que estas abonavam a acção da oposição. Quanto ao resto, é esperar para ver...

Vale pelas 3 D *

* Tome nota de que nem todas as salas de cinema exibem o filme em 3 dimensões.

terça-feira, 16 de setembro de 2008

De boas intenções está o Governo cheio

No final de 2006 e no âmbito das comemorações dos 30 anos do Poder Local, o Governo apresentou pela mão de António Costa, então Ministro da Administração Interna, uma carta aos autarcas propondo um sem número de medidas com vista a uma bem intencionada descentralização de áreas como a Educação, Saúde e Acção Social.

Hoje mesmo o Governo concretizou, no tocante à Educação, a transferência de responsabilidades para noventa e dois municípios portugueses. A medida parece, a priori, louvável. Mas este processo de descentralização que José Sócrates humildemente baptizou de "a maior operação de descentralização desde o 25 de Abril" representa uma mão cheia de vantagens e de boas intenções, ou, no fundo, não é senão o passar da batata quente aos autarcas?

É que se fica bonito dizer que a proximidade do poder local com as comunidades pode traduzir-se em eficácia de acção, mais valias e melhoras na Educação, por outro lado afigura-se preocupante o estofo financeiro e logístico que as autarquias serão obrigadas a ter. E mesmo que o Estado Central preveja a dotação financeira das autarquias para tais fins, quer-me parecer que nem todos os problemas se resolvem com numerário...

Bem pelo contrário... Não sejamos ingénuos: dinheiro em pequenos centros de decisão como o são as autarquias pode bem ser augúrio de problemas! Interesses, criação de empresas municipais em cima do joelho, jobs for the boys, desarticulação com a administração central, etc. etc vão dar muitas dores de cabeça aos nossos autarcas. E mesmo que nalguns caso esta gestão venha a produzir bons resultados, cedo ou tarde os autarcas se aperceberão de que no fundo, o que o Estado Central fez foi atirar responsabilidades ao Poder local, deixando-lhe à guarda um tema tão complexo e sensível como a Educação.

Curiosa é a atitude de António Costa, um dos mentores destas medidas, que hoje enquanto edil da Câmara de Lisboa não respondeu ao repto. Caso para dizer, "olha para o que eu digo, não olhes para o que eu faço"...

E estes, hein?


Depois da melhor (e mais polémica) prestação de Portugal nos Jogos Olímpicos, chega a vez dos Paraolímpicos, também em Pequim, onde os atletas lusos têm brilhado. Resultado disso, são as sete medalhas que já arrecadaram. É certo que na última edição trouxeram doze, mas ainda faltam dois dias para o término destes JO... e, independentemente do número, o que importa mesmo é reconhecer que dão o seu melhor por um país que tantas vezes ainda os olha de lado. Por tudo isso e pelo mais que aqui não digo, merecem tantos aplausos como um Nélson Évora e uma Vanessa Fernandes.
* Na foto, João Martins, um dos nossos medalhados

domingo, 14 de setembro de 2008

Vá-se lá entender

Por mim, a denominada imprensa “pink” ia à falência. Todavia, apesar de nunca ter gasto um cêntimo dos meus reduzidos vencimentos em obras literárias de referência como a TV Guia, 24 Horas, Flash, Vip, entre outras, já por diversas vezes folheei as ditas, ávido em saber quem anda com quem e quais as roupas e etiquetas que estão na moda.

Segundo me constou, a notícia a que me irei reportar não é nova, mas como não sou um tipo actualizado na matéria supracitada, só ontem é que tive conhecimento que Bernardo Macambira (para efeitos de enquadramento, é o ex-marido de Rute Marques, ex-modelo) esteve 4 meses preso em Caxias.

Enfim, continuando e indo ao busílis.

Chama a atenção a capa de uma revista cuja área de negócio é a vida alheia que : ”ex marido de Rute Marques conta tudo o que passou na prisão”!

Invadido pela curiosidade, quis saber quais as diabrices de Macambira. Folheando o artigo ciêntifico li que:
“A prisão diz respeito a um processo da sociedade portuguesa de autores. Em 2000, durante uma inspecção à discoteca “Voice”, da qual Macambira era um dos proprietários, foi encontrado um CD pirata”.
Seis anos depois, o relações públicas foi condenado a quatro meses de pena de prisão ou ao pagamento de uma multa no valor de 435€. Contudo, alega não ter recebido algumas das notificações do tribunal, porque, entretanto, tinha mudado de casa.
O processo acabou por se arrastar e quando teve conhecimento do caso, Bernardo Macambira foi pagar a multa, mas foi imediatamente detido, pois a juíza já havia assinado o despacho para detenção.”

Nota: escrita da jornalista e não transcrição de declarações de Macambira.

Desde já importa referir que o artigo apenas tinha a versão de Macambira, que como se sabe na esfera mediática fica como verdade, visto não haver contraditório.

A ser verdade o que diz a revista, é mais um caso em que a justiça faz triste figura. Trabalho comunitário ou apreensão de património pessoal, a título de exemplo, parece-me muito mais lógico. Custa-me a acreditar que se prenda uma pessoa durante 4 meses porque tinha um CD pirata e não pagou uma multa de 435€.

A haver ocultação de informação relevante por parte da revista, esta deveria ser denunciada e retirar a carteira profissional à jornalista responsável.

sábado, 13 de setembro de 2008

E enquanto o blogger nos trama...

... convido os leitores da LODO, SAD a desanuviar as vistas com o vídeo abaixo, que reúne os episódios mais caricatos da política portuguesa no ano de 2007.
Se bem que, pensando melhor, não sei o que é pior: ferir a vista com o fluorescente que se apoderou do Lodo ou sofrer danos auditivos irreversíveis ao ouvir o Sr. Engenheiro? Deixo tal diagnóstico à V. superior consideração...

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

PROBLEMA NO LODO

Caros Amigos:
Não sabemos porquê, mas o Lodo "amanheceu" com os links numa cor horrível e com o sublinhado que vêem.

Não estamos a conseguir resolver via "definições", pelo que pedimos a vossa tolerância.

Se alguém tiver pistas de resolução, muito agradecemos.

A Gerência ;)

Andar na moda

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Esperança média de vida de John McCain


Surgiu recentemente uma polémica que apontava para o facto de ser bastante provável, caso John McCain ganhe as eleições, que Sarah Palin venha a assumir a Presidência... tudo pela idade avançada do candidato republicano.

É verdade que segundo o world fact book, editado pela CIA, a esperança média de vida de um americano é de 75 anos. No entanto a esperança média de vida de um americano que chegou aos 72 anos é superior a 84 anos.

Falamos do conceito estatístico de “probabilidade condicionada”. A probabilidade do candidato McCain chegar aos 78 anos é superior a 84%. Para que não houvessem dúvidas sobre o seu estado de saúde actual, John McCain fez um “disclose” do seu relatório médico elaborado na Clínica Mayo.

A segurança social americana colocou online "Actuarial Tables" onde esta informação é disponibilizada para todas as idades, para que, também por aí, não restem dúvidas...

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Palpites

O Lodo estreou-se nas sondagens com uma consulta sobre a surpresa que os leitores esperavam no discurso de Manuela Ferreira Leite, na Universidade de Verão do PSD. Votaram 25 leitores e, reproduzida a demanda, os resultados foram:



"Manuela Ferreira Leite vai supreender com o discurso de dia 7?"

  • Com'ó caraças - 16% (4 votantes)

  • Sim, mas em medida piquena - 36% (9 votantes)

  • Nadinha - 48% (12 votantes)

Ou seja, numa primeira leitura, podemos dizer que cerca de metade dos nossos leitores e/ou colaboradores entendiam que nada de novo havia a esperar em relação a um discurso que a líder da oposição fizera envolver em expectativa, durante um mês. Tal traduz, a meu ver, um profundo desencantamento com a política e, por outro lado, a ideia de que o PSD é um partido que deve ganhar o poder por alternância e não pela conquista galvanizadora da vontade do povo português.

Se lermos, por seu turno, o magro pecúlio acumulado pelos que entendiam que a drª Manuela iria surpreender, vemos o quão cabisbaixa anda a nossa gente e o seu conformismo com uma ingovernabilidade do País para a qual venho alertando.

Contudo, importa entrar no discurso em si e formular uma opinião. Creio que alinho pelo diapasão da maioria dos militantes do PSD: a Presidente é de uma seriedade inquestionável e foca os temas da actualidade.

Dito isto, cumpre anotar que a metodologia continua próxima da seguida pelo Professor Cavaco Silva; com este silêncio Manuela Ferreira Leite, ao manter o País regulado pela sua agenda, quase pode dizer-se que ensaiou uma sequela do "tabu" levado a cabo pelo primeiro sobre a hipótese de recandidatura, em 1995 (se o leitor se esqueceu, Fernando Nogueira lembrar-se-á cristalinamente...).

Falou quando e como quis e sobre o que muito bem entendeu, o que, na nossa "mediocracia", é um grito do Ipiranga que, mesmo que simbólico, temos que louvar (ao silêncio acresceu a circunstância de a drª Manuela ter resistido à tentação de falar à hora exacta dos noticiários). E, como disse, creio que falou com a-propósito: a insegurança é tema magno, no qual o Governo tem falhado e optado pela cosmética; precisamente, a propaganda institucional do Governo é de monta jamais vista na democracia portuguesa e, por fim, questionar a mais-valia dos vultuosos investimentos públicos anunciados é democrático, necessário e, quiçá, acertado.

Não obstante, a questão que colocávamos era de outra sorte: falávamos da capacidade de surpreender, algo que julgo necessário, quando é certo que os eleitores se perguntarão qual a razão pela qual hão-de mudar de Sócrates para Ferreira Leite e do PS para o PSD.

Aí, entendo que Manuela Ferreira Leite caíu no "nadinha", não tendo adicionado emoção e mobilização ao já grande descontentamento que há para com o Executivo. E tal nem teria que violar a máxima da líder, que parece apontar para não revelar políticas alternativas antes do período eleitoral; bastava que falasse à razão, mas também à emoção, denunciando e entusiasmando, criticando e animando... Em alternativa e conhecido o risco que há em fazer promessas na conjuntura global dos dias de hoje, poderia fazer política low-cost, prometendo pouco e comprometendo-se em remediar o possível deste Portugal ingovernável.


Não fazer nem uma coisa nem outra pode bem potenciar a ideia (que não desejo) de dizer, antes de "fazer a cruz", que "para ser igual, mais vale deixar o que lá está"... No entanto, também não me custa reconhecer que Manuela Ferreira Leite e a sua equipa percebem muito mais disto que este amante da piquena análise política... Espero que tenham razão!

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

As vidas dos outros


Em França, a pasta da Justiça está entregue a Rachida Dati, uma jovem de origem magrebina que se tem revelado uma mulher de armas ao desempenhar com determinação o lugar (parece que votado à polémica) que Sarkozy lhe destinou.

Do outro lado do Atlântico, e na recta final da corrida à Casa Branca, o Partido Republicano chamou à primeira linha e para a vice-presidência, uma figura inesperada: a governadora Sarah Palin, evangélica e ultraconservadora .

O que têm estas duas mulheres em comum?

Nos últimos dias a vida privada de ambas tem sido alvo de ataque. Curiosamente, ambas pelo mesma contingência: gravidez. No caso da Ministra francesa, a polémica prende-se com o facto desta não ser casada, imagine-se!, e de estar em ‘estado de graça’ aos 42 anos. No caso da governadora, a polémica é em torno da gravidez de uma sua filha de 17 anos.

Como é consabido, às figuras públicas torna-se difícil conservar o seu lado privado imune ao exterior. Isso não incomoda muitas delas, particularmente aquelas que subsistem precisamente dessa sobrexposição. Contudo, e especialmente no campo da política, espera-se quer dos próprios, quer dos media, alguma contenção e prudência naquilo que respeita à esfera privada.

Considero que a identidade profissional dos políticos e outros profissionais reconhecidos deve ser a única passível de ser apreciada pelos demais, a menos que se tratem de comportamentos contrários ao ordenamento jurídico, particularmente, a prática de crimes. O que não é, claramente, o caso das duas figuras aludidas.

No caso de Rachida Dati, a polémica nestes contornos não é novidade, já que desde que ocupa o lugar de Ministra tem sido alvo de ataques, mais pela sua origem e pela sua vida privada que pelo complexo trabalho à frente do MJ. Hoje, vê-se a braços com uma imprensa que todos os dias sugere dois ou três nomes para a paternidade da criança. Do próprio Sarkozy a um multimilionário, do vizinho Aznar a um magnata de hotéis e casinos, pouco falta para dizer que meio mundo é suspeito de ter dormido com Rachida. Cruel, no mínimo.

Quanto a Palin, o ataque é por demais oportunista. Nem quinze dias depois de ser convocada por McCain, a governadora do Alasca é alvo de polémica por um acto de terceiro. Bem sei que se trata da sua filha e bem sei que Palin é ultraconservadora, mas porquê pôr em causa a capacidade e credibilidade de alguém por “dá cá aquela palha”? Não seria bem mais hipócrita e reprovável se tivesse encorajado a sua filha a ocultar ou mesmo a abortar a gravidez, prevendo os efeitos que a revelação veio a causar?

Muito se fala na vida privada daqueles cuja vida pública é a única que nos diz respeito. O mal é geral: nesta aldeia global temos cada vez mais uma estranha necessidade de enfiar o nariz na vida dos outros, não nos bastando a nossa. Para quando um pouco de bom senso e respeito pela fronteira do que é a vida privada e a vida profissional pública?

Ficção de hoje e sarilhos de amanhã... O resto é pancada.

Diz que é um raio de sol

Os enviados da Lodo, S.A.D. à Universidade de Verão 2008 vêm comunicar que o Administrador da casa não consegue deixar de estar presente nesta iniciativa, nem que seja virtualmente. Não deixa também de despoletar os aplausos da plateia! Gonçalo Capitão figurou nos vídeos que ilustraram a conferência de Rodrigo Moita de Deus e Carlos Coelho, Falar Claro.

Há um ponto consensual – a UV é um exemplo na motivação para a participação juvenil e honra a juventude como parte reformista da sociedade. Os jovens sentem-se ouvidos. As conferências e os oradores são, na generalidade, de uma significativa qualidade. Tudo o que se discute aqui é pertinente. A exigência adquire aqui o melhor significado. Porém, esta estabelece uma pressão de tal ordem sobre os alunos, que os obriga a praticarem níveis de trabalho desmesurados, tornando-se dificil gerir o cansaço. Ainda assim, tudo o que existe em exagero na UV é, precisamente, o que falta às políticas da Milú.

Quanto ao motivo pelo qual a UV foi notícia nos últimos tempos – a sua escolha enquanto rentreé política de Manuela Ferreira Leite – não podemos deixar de demonstrar a concordância com a escolha: há muito que a Festa do Pontal perdeu a sua relevância nesta matéria.

Temos as maiores dúvidas se a sua intervenção de Domingo justifica um tão longo período de silêncio. Reconhecendo, no entanto, o benefício da dúvida, que tem sido renegado pelos opinion makers. A UV é, acima de tudo, uma escola de ideias, propostas e contributos. Quando deixarão os dirigentes de ser acusados de virar as costas às bases por evitarem conjugar as suas propostas com os garrafões 5L?

PS.: Assinam João Morgado e Diogo N. Gaspar, quinze minutos depois do fim dos trabalhos e a duas horas do reinício.

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

A Albânia que há em nós

Este é um filme que, baseado num conceito invulgar (o documentário e um enredo dentro do mesmo confundem-se), mostra o que de mais genuíno e básico há nas nossas terras do interior (no caso, no meu distrito de Coimbra).

Desde as desgarradas ao som de acordeão aos foguetes, das procissões à matança do porco/javali e dos grupos de baile aos amores de verão (com os emigrantes à mistura), há tudo o que lembra a minha meninice com algumas ligações familiares a Nelas, Carregal do Sal e Estoi (Algarve).

Porém, se formos pelo lado menos romântico, também ali está o mais instintivo e primário, o mais lamechas e conformado, o mais mandrião e invejoso do nosso ethos social; dito de outro modo: ali estão muitas das marcas do nosso atavismo nacional.

O que mais me divertiu, todavia, não foi nada disso!... Foi o comportamento das pessoas pseudo-"bem" de Lisboa que assistiam ao filme, numa superfície comercial junto da Praça de Espanha.

A forma como senti escárnio em alguns comentários e risos, deu-me pena de gente que tem de se endividar para ter tudo o que os outros têm e que se mata em filas de trânsito para dizer que "comprou" o que anunciam na TV. Lembrei-me dos cartões de crédito saturados e dos endividamentos excessivos de pessoas que vivem para uma imagem que ninguém preza, porque estereotipada.

Isto para já nem falar em matéria de educação que, apesar de alguma rudeza, é apanágio dos pequenos meios portugueses... Já na sala de cinema lisboeta o que os nossos "sofisticados" de opereta tinham para mostrar era a mais grosseira falta de cuidado, como podia sentir-se nos pontapés nas costas da cadeira, nas pipocas comidas à maneira de uma gárgula ou nas conversas com volume mais próprio de esplanada...

Tenho dito que temos muito para evoluir, mas, descontada a generalização que subjaz à caricatura que aqui faço, entre estagnar em Arganil e evoluir como muito habitante frustrado das grandes urbes, acho que se me despertam saudades do tintol e da bifana (e, já agora, das campanhas eleitorais das décadas de 80 e 90)...

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Lê-se

"Este Governo desde o início esticou muito a corda, mas a corda partiu-se este ano quando o Governo insistiu num crescimento miraculoso de Portugal, quando o mundo vivia no meio da tempestade perfeita duma crise económica, financeira e de matérias-primas. Neste momento, só urna pessoa mesmo, mas mesmo muito distraída é que pode atribuir a menor credibilidade às previsões do Governo. Apesar de todas as revisões a que foi forçado, o Governo ainda insiste que Portugal vai crescer mais em 2009 do que em 2008, ao contrário das previsões sobre a evolução da esmagadora maioria dos países europeus! Com expectativas irracionais não há gestão de expectativas que resista."

Pedro Brás Teixeira in Jornal de Negócios, edição de hoje

terça-feira, 2 de setembro de 2008

Tu fala de tudo, pá!!!

“Só espero que Aníbal Cavaco Silva, no dia em que apertar a mão a Nelson Évora, para o cumprimentar pelo ouro nos Jogos Olímpicos, se lembre da humilhação do que é o Dia da Raça", afirmação de Francisco Louçã do Bloco de Esquerda.


Primeiro: Aníbal Cavaco Silva vai cumprimentar Nélson Évora porque é o Presidente da Republica. Assim e num esforço de credibilizar o sistema político (termo esgotado pelo Bloco de Esquerda), Francisco Louçã deveria referir-se a ACS apenas nesses modos. Não banalizar a mais alta figura do estado português, é um bom princípio para qualquer politico… até mesmo para os da esquerda.


Sou suspeito, mas não percebo a forma de fazer política destes “camaradas” do tipo Francisco Louçã. Por um lado são extremamente irreverentes em acusar A, B ou C de corrupção e de leviandade política… por outro, ficam muito ofendidos pela irreverência narrativa das outras pessoas - principalmente quando estas apresentam uma visão política diferente…


É bom que o Dr. Francisco Louçã não se esqueça que a liberdade de expressão é de todos. Neste país, pensar diferente da esquerda intelectual ainda é um direito e não uma humilhação…

Parabéns ao Nélson Évora pelo triunfo!!!

"Câmara" Lenta: os Autarcas e a Justiça

No inicio do mês de Agosto, o Supremo Tribunal Federal do Brasil rejeitou uma acção que pretendia impedir as candidaturas a eleições dos políticos “ficha suja”, denominação que o país irmão usa para se referir aos políticos que foram constituídos arguidos em processos judiciais.

E enquanto se discutia na barra tal possibilidade de vedar o acesso àqueles de ir a votos, a Associação de Magistrados Brasileiros divulgou no âmbito da campanha "Eleições Limpas", uma lista anunciando os nomes dos candidatos aos órgãos locais do Brasil (Prefeituras) que têm processos a correr na justiça.

Por cá, as últimas autárquicas (e posteriormente as eleições para a CML) ficaram indelevelmente marcadas pela candidatura de rostos que se encontram a contas com a Justiça – Carmona e seus vereadores, em Lisboa; Isaltino Morais em Oeiras; Valentim Loureiro em Gondomar ;Avelino Torres no Marco; Fátima Felgueiras, etc.

À data, a discussão - creio - partiu do PSD e do então presidente, Marques Mendes. O líder de então acolheu a "teoria do arguido" e rejeitou apoiar candidaturas de políticos constituídos arguidos. (O único 'senão' aqui foi não ter usado do mesmo peso e da mesma medida em todos os casos... Adiante.) Curioso é que mesmo sem apoio partidário, na maioria dos casos os autarcas arguidos levaram a melhor e venceram as eleições de 2005.

Com aproximação, a passos largos, das eleições autárquicas portuguesas, num ano eleitoral intenso que vai ser 2009, volta o tema à baila: até que ponto é legítimo que se separe os candidatos autárquicos com a 'peneira da justiça', tal e qual se separa o trigo do joio? O actual quadro legal nada estabelece neste sentido, pelo que à luz da Lei actual e na lógica da presunção de inocência, não se afigura inviável que um arguido possa ser eleito para tais órgãos.

Contudo, e atendendo aos tempos que correm, há uma necessidade de moralizar a política, a bem da subsistência das instituições, da democracia e das populações. Mas a quem cabe tal tarefa?

Deverá ficar entregue à consciência e ao senso comum dos próprios autarcas, mesmo sabendo-se que aquele não é tão comum quanto seria desejável?

E que legitimidade há para que determinadas forças da sociedade possam intrometer-se na decisão dos eleitores, com acções como a que os Magistrados Brasileiros levaram a cabo?

Caberá aos partidos assumir o papel de 'justiceiros' e decidir sob os critérios que bem entenderem quem apoiam e quem rejeitam, ainda que sujeitos a incorrer em erro?

Ou, por outro lado, a elegibilidade de tais políticos deverá depender tão somente da vontade dos eleitores expressa no escrutínio? Certo é que os eleitores tão depressa levam um político à praça pública e apedrejam-no com a maior desfaçatez, como tão depressa absolvem e entronizam um outro que lhes convenha...

É a velha questão: a democracia tem muitos defeitos, mas ainda assim é o mais virtuoso de todos os sistemas.

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Ó Costa: olha para esta...!

Ar de favela?... A verdade é que o cenário fica entre o Hospital da Cruz Vermelha e o Jardim Zoológico, em Lisboa.
Se é certo que as pessoas podem reter o lixo mais um pouco (a esterqueira é igual no lado oculto dos depósitos), o facto é que a Câmara Municipal bem podia tutelar os seus serviços ou as entendidades com quem contrata (consoante o caso).
E, já agora, quem é que recolhe os "n" carros abandonados, na mesma rua?
Sei que as contas não são famosas, mas a salubridade também está em queda!