quinta-feira, 30 de junho de 2011

A RTP no Túnel

Não me metendo sequer no delicado assunto "Angélico Vieira", questiono, todavia, a prioridade noticiosa que, de há dois dias a esta parte, a RTP (depois dizem que temem a privatização, em relação à qual, diga-se, sou um pouco céptico) vem dando às queixas dos empresários da hotelaria e restauração da zona de Amarante.

Dizem os empresários que a suspensão das obras no Túnel do Marão os prejudicou, porque os operários deixaram de comer nos restaurantes e os engenheiros de arrendar os quartos.

Salvo o devido respeito, a reclamação parece um nadinha idiota, pois a obra e as receitas seriam sempre temporárias. Acresce que, não acreditando eu que se não acabe a a dita, ganharão no futuro o que não ganham agora, apenas se verificando a partição dos lucros.

Bem mais idiota me parece, contudo, andarmos há dois dias a ver extensas reportagens sobre o assunto, sem que, como é hábito hodierno, haja um jornalista capaz de questionar inteligentemente as coisas sem sentido que ouve.

Uma nova «cultura»...

Há um ano atrás dei com esta calinada na língua portuguesa na Nacional 1, algures entre a Batalha e S. Jorge. Um ano depois, parece que ninguém se preocupou em corrigir a coisa. É o nascer de uma nova «cultura»!

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Muito bem feito, dentro do género "Super Heróis"

Nota: quando estrear em Portugal, não saia da sala antes de um primeiro período de aparente fim do filme! Há uma cena extra que lança a eventual sequela.

Sempre em forma!

A origem

Para quem quiser perceber a origem do título de uma moção que levei ao Congresso de Coimbra do PSD e do nome deste blogue, eis a nova versão para escutar :)

Ligados à máquina

Poucas horas antes da votação sobre o novo pacote de austeridade imposto aos gregos o país está em estado de sítio, com milhares de pessoas na rua em direcção à Praça Syntagma, onde fica situado o parlamento.

Convenhamos que os gregos não foram muito sérios na gestão das suas contas públicas, algo pelo qual estão a pagar, e bem.

As suas empresas fecham diariamente e a um ritmo avassalador sem serem dadas quaisquer indemnizações aos seus trabalhadores e aquelas que se vão aguentando vêm-se obrigadas a diminuir salários, em muitos casos para metade.

No plano económico e tendo por base as informações que nos vão chegando, conclui-se que a Grécia hoje não é um país pobre, mas sim em miséria.

Na vertente psicológica os relatos também não deixam ninguém indiferente. Um relatório oficial publicado recentemente pela Associação Psiquiátrica Grega mostra que 30% da população está a passar por uma situação patológica de depressão!

No meio de tudo isto vamos ouvindo e lendo que a UE/FMI irá injectar, a troco de mais austeridade, novas maquias nos cofres gregos.

Mas estas ajudas da UE/FMI não são de borla. São pagas com bons “spreads”. É certo que retiram a Grécia dos “maléficos” mercados durante 3 anos, mas após este período ficará com uma dívida pública de cerca de 150% do seu PIB!

Enquanto tudo isto se vai passando no “berço da democracia” vamos ouvindo e lendo palavrões técnicos como os “defaults”, “haircuts”, “yields”, “reprofilings” que poucos percebem mas muitos falam.

Esta eurocrise mudou a Grécia de forma dramática em apenas um ano e ameaça a União Monetária.

Aliás, segundo alguns especialistas já seria de esperar, porque não há União Monetária sem União Política.

Até lá os chamados periféricos com a Grécia à cabeça vão estando reféns dos países credores do núcleo central da Europa.

Mas o núcleo central da Europa sabe que não tem solução senão ajudar, sob pena de ver alguns dos seus bancos cheios de títulos públicos gregos estoirarem. Ganharam muito com o euro, mas ainda tem muitos créditos a receber.

O núcleo central da Europa sabe que as dívidas dos países periféricos estão nas mãos dos países desenvolvidos.

O núcleo central da Europa sabe que não são só as dívidas, o déficit dos periféricos também são o superavit dos mais desenvolvidos.

O núcleo central da Europa sabe que temos uma Europa dos ricos, e uma Europa dos pobres, e que normalmente quem é o rico, manda.

O núcleo central da Europa sabe que se a EU/FMI continuar a assistir a Grécia esta irá perdendo a sua soberania.

O núcleo central da Europa sabe que a alavanca para a tal União Política que se fala poderá ser uma continuada assistência à Grécia, para começar, diminuindo paulatinamente a soberania do seu governo.

O núcleo central da Europa se não sabe devia saber que este é um problema global e não resolúvel país a país, sob pena de andarmos no futuro a percorrer as peças do dominó.

Nós por cá, neste rectângulo a sul, sabemos que para diminuir a dívida não basta reduzir despesa. É preciso crescer. Isto porque se a obsessão com a redução do défice comprometer a actividade economia, a dívida tenderá a aumentar ainda mais.

Portanto, para não nos vermos gregos a solução é gastar menos e melhor. Mas acima de tudo, crescer, crescer, crescer...

terça-feira, 28 de junho de 2011

Novo Governo atento ao "Lodo"

Foi em Maio, que o "Lodo" defendeu uma alteração do modelo fiscal das autarquias locais. As razões foram a elevada dependência que hoje existe nas suas receitas por parte da construção e do imobiliário. Link

Pelos vistos o novo Governo esteve atento. Link

segunda-feira, 27 de junho de 2011

"A minha alma está parva..."

Acreditem ou não, esta inquérito está na página on line do JN:Será possível a uma semana da tomada de posse (ainda nem sabemos quem são os secretários de estado) e director do JN já quer saber se o governo dura a legislatura inteira????


Ver para acreditar neste link

terça-feira, 14 de junho de 2011

Fraco, fraquinho, fraquíssimo...

Bom filme!

Gostei muito

Balanço e contas

Não era preciso ser mago para prever, como fiz, o que iria acontecer no dia 5 de Junho.



Começo por observações laterais para dizer, em primeiro lugar, que a jornalista da Rádio Renascença que fez a pergunta sobre o eventual (res)surgimento de processos judiciais contra Sócrates deveria ser internamente castigada, para defender o bom nome da emissora! As razões?! Ou impreparação (leia-se ignorância) ou calúnia.



Das duas, uma: ou afirmava claramente que os processos (Face Oculta, Freeport, etc...) tinham sido encobertos pelo desempenho cargo de Primeiro-Ministro (que ficaria rico com a indemnização que iria receber, presume-se) ou percebia que não pode insinuar coisas destas (a tal incompetência).



E escusam as boas gentes laranjas de ficarem contentes, pois este tipo de coisas vindas da comunicação social recai sobre qualquer figura pública, independentemente da "cor". O problema é deontológico e tem a ver com o fim do jornalismo de “escola” (e mais não digo…) e com a dessacralização excessiva da política. O poder ainda não caiu na rua, mas já foi prensado nas rotativas, depreciado nas ondas hertzianas e caricaturado nos noticiários.



Depois, registo o tremendo trambolhão que o Bloco de Esquerda deu, ficando com metade dos deputados que tinha (ao perder o Prof. Pureza perdeu, talvez, o mais sensato) e, sobretudo, com metade dos deputados do PCP, o que representa uma goleada nesta “liga dos últimos”. A lanterna vermelha mudou de mãos…



Finalmente, numa opinião pessoal, as pessoas perceberam o embuste e penalizaram o trotskismo aburguesado em desfavor do marxismo genuíno, embora anacrónico. E Louçã deixou cair a máscara na noite eleitoral, ao anunciar que não se demite. Até Daniel Oliveira entendia, na SIC N, que tal era inevitável...



Em terceiro lugar, não sendo de prever dramas de maior nas negociações entre PSD e CDS, o problema é fixar a altura da fasquia do sucesso governativo. A meu ver, tal pode medir-se situando a aprovação no cumprimento atempado e bem sucedido das metas da troika, fixando-se o louvor e distinção na eventualidade de se anteciparem essas metas.



Convenhamos que, sendo a situação grave e incómoda, vale a favor de quem governa a possibilidade de transferir parte do odioso para instituições estrangeiras (abertura que, todavia, penso que Passos Coelho não usará, dada a sua integridade rígida). Creio até que o mesmo acordo, que menciono implicitamente, será um obstáculo a qualquer laivo de acutilância por parte do PS que, ademais de tudo o resto, assinou o documento.



Por falar em PS e a fechar, creio que Assis é mais consistente, mas que Seguro é mais “vendável” eleitoralmente. Inteligente foi, mais uma vez, António Costa que, ao abrigo de um compromisso real e sério com a Câmara de Lisboa, percebeu que o próximo líder socialista dificilmente virá a governar.

sexta-feira, 3 de junho de 2011

como resolver um problema [à portuguesa]

(recebido por email)

Vaticínio

Se tivesse que apostar, diria que o PSD vai mesmo ganhar as eleições no próximo domingo. As razões são, a meu ver, as mais diversas:


1. Pedro Passos Coelho fez uma campanha serena, recusando estilos que não eram o seu e para os quais, aposto também, tentaram empurrá-lo. Conhecendo-o há mais de vinte anos, posso crer que a sua “teimosia” terá vindo em seu auxílio. Passos Coelho trouxe uma brisa de boas ideias e de sinceridade, num furacão de crises, acusações recíprocas entre os partidos maiores e de insanas candidaturas de partidos marginais, cujos candidatos melhor fariam em ir trabalhar.


2. José Sócrates não fez tudo errado, como alguns querem dizer. Porém, seis anos de governação num Estado de viabilidade dúbia e numa crise global só não destroem completamente pessoas com uma auto-estima férrea como o nosso Premier. O PS que se convença que só mesmo Sócrates daria tanta luta, num contexto tão difícil… Guterres, por exemplo, teria fugido há muito, e Seguro nem sequer teria sido reeleito.


3. A alternância (em certos casos parece mais alterne…) tem ciclos cada vez mais curtos. Não só a voragem mediática faz com que tudo (mesmo governos) “passe de moda” mais depressa, como os problemas criados pelo excesso de poder do aspecto financeiro empurram para a rendição políticos (todos) incapazes de tornarem uma pequena economia num grande maná financeiro (ou vice-versa), visto que as regras do jogo estão feitas à medida dos grandes.


4. Como escreveu Marcelo Rebelo de Sousa em 1991, “o CDS é um partido pequeno porque não tem votos e não tem votos porque é um partido pequeno” (cito de cor). Por muito que, merecidamente, Portas (é mesmo ele, não se iludam os militantes do PP) eleve o partido para patamares perdidos na história, só a implosão do PSD os elevaria à condição de challangers. A mim já me basta o facto de, final e aparentemente, o eleitorado ter percebido o que (não vale) o Bloco de Esquerda… Tudo isto, mais uma vez, aponta para uma vitória social-democrata.


5. Mais perigoso é o facto de essa mesma vitória ser marginalmente ditada por eleitorado que vota “apenas” porque está cansado do actual inquilino de São Bento… Há os militantes que votam com entusiasmo, mas creio que a nossa política se rege em fatia demasiadamente larga pela ideia de que há que mudar só para ir rodando os protagonistas da desgraça anunciada. Tirando Passos Coelho e mais meia-dúzia de nomes (re)conhecidos (a era dos barões morre a 5 de Junho, note-se), ficam jovens turcos; “doutores” que sabem recitar normativo europeu e interpretar as bolsas de valores e “engenheiros” que conhecem as “Conferências TED” e que sabem aplicar a inovação às campanhas, mas a quem “ideal social” diz tanto como farinha “Pensal” e a quem o livre pensamento causa urticária e dá direito ao ostracismo.