segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Ligeiro, mas inteligente; trivial, mas divertido


Transiberiano VII – Irkutsk e Baikal

"Chegamos" hoje a Irkutsk e ao Lago Baikal, no relato que venho fazendo da jornada no Transiberiano.

Sair na esplendorosa estação de Irkutsk é a melhor ideia para explorar o maior lago de água doce do Mundo, o Baikal, que no Inverno gela a ponto de nele se poder andar de carro. São 636km de comprimento e 60 km de água límpida e potável (peixes plantas endémicos asseguram a pureza de um lago que chega a ter mais de 1,6 km de profundidade), alimentados por 366 rios e apenas dando origem a 1 (Angara).








Interessante é, a mais do lago, a visita ao Museu do Baikal,





onde pode ver, além de muitas explicações e espécimes embalsamados, um aquário com as focas mais curiosas que já avistei (para se protegerem do frio, acumulam gordura que as assemelha a bolas com olhos)





e uma pedra ornamental exclusiva daquela região: a púrpura “charoíte” (já que falamos do dito mineral, agradeço a quem conheça uma tradução).





Listvyanka é uma pequena localidade que fornece uma boa base (e boa comida, como o também endémico e saboroso peixe Omul) para explorar o lago e suas lendas,



sendo possível agendar actividades como as experimentadas: passeio de “snowmobile” pelas florestas siberianas (ou no lago)



e passeio de trenó puxado por cães (confesso que depois de alguns voos involuntários, troquei o lugar de condutor pelo de burguês, sentando-me).





Já Irkutsk é uma das mais elegantes cidades russas, repleta de magníficos edifícios do século XIX. Creio, aliás, que a isso não será alheio ter a cidade sido local de muitos “Dezembristas” condenados ao exílio, já que se tratava de um grupo de aristocratas de propensão liberal que para aí foi enviado (falamos da Sibéria, relembro), depois de um golpe falhado contra o Czar Nicolau I. A Casa-Museu Volkonsky é um bom local para os conhecer melhor.






O Museu Regional



e a Galeria de Arte


são também escolhas de regalar a vista, sendo que junto ao primeiro se ergue a estátua ao Czar Alexandre III, o tal que deu o tiro de partida para a construção deste imponente trajecto ferroviário.


Como em toda a Rússia, a cidade tem igrejas deslumbrantes como, designadamente, a Igreja do Salvador e a Catedral Bogoyavlensky





e, para contrariar a devoção, pode sempre passear pelas avenidas Karl Marx




e Lenine…



Típicas da região são as casas de madeira trabalhada e, na maioria dos casos, pintadas de verde (longevidade e juventude), azul (esperança) e branco (purificação).







Como experiência capitalista recomendo a loja de recordações do Hotel Angara onde pode encontrar postais, moedas e notas dos tempos czaristas e soviéticos e até um samovar, se já lá tiverem colocado outro…


Nota vinte para esta etapa, como diria o Professor Marcelo.

sábado, 27 de agosto de 2011

Descobri hoje, e através da SIC Notícias, que o tio Louçã ainda é vivo. E mantém-se igual a si próprio.

(cobertura em directo e na totalidade do discurso do líder coordenador no comício de Santa Maria da Feira)

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Pontos de vista


Li na edição on-line do Diário AS BEIRAS (com o qual colaboro há quase 17 anos!!!...) e com atenção o último artigo da Eurodeputada do Bloco de Esquerda, Marisa Matias, cuja inteligência se não contesta.


Porém, as palavras da nossa revolucionária representante no âmago do monstro capitalista de Bruxelas/Estrasburgo são a mais eloquente explicação para a queda estilo montanha russa (para o caso de pertencer à ala marxista-leninista) ou o golpe de picareta (se for do sector trotskista, presumindo e esperando que não lhe chegue o afecto ao maoísmo) que o BE levou nas últimas eleições e sintoma das razões pelas quais a nossa Deputada, que respeito, terá muitas dificuldades em ser reeleita (por erosão partidária anunciada).


Diz a Deputada Marisa Matias que se não pode tolerar o apelo ao consenso que o Primeiro-Ministro, Pedro Passos Coelho, fez aos sindicatos, na Festa do Pontal. As razões, se bem entendi o proletário euro-diktat, são de duas sortes: é contranatural pedir consenso aos sindicatos e é intolerável pedir aos sacrificados que aceitem mais ónus.


Vamos, então, por partes, como também propõe Marisa Matias: para tal, basto-me com a ideia de que a noção do sindicado permanente e necessariamente oposto a tudo o que seja dimanado de um governo é anacrónica e responsável pela ineficiência e desgaste das forças sindicais existentes. Ninguém no PSD defenderá que os sindicatos se calem, mas é legítimo esperar que se pautem por critérios de análise objectiva e parece-me atrevido reclamar que a razoabilidade seja utensílio mental proibido a um activista sindical. Entendo que seria mais coerente dizer que, no dia em que os sindicatos trocarem a cartilha ideológica por uma negociação sensata e com horizontes avistáveis, os partidos extremistas (PCP e BE) ganharão espaço ainda maior na prateleira das curiosidades ideológicas do passado.


O segundo agravo da Eurodeputada para com as palavras do nosso Premier tem a ver, por seu turno e como mencionei, com o facto de, alegadamente, Passos Coelho querer que o condenado aplauda a pena (palavras minhas). Descontando o aroma a Dostoiévski do texto que ora comento, até poderia concordar que os sectores da sociedade (classes, diria Marisa Matias, presumo) mais afectados são os do costume e que a situação de muitos portugueses atinge proporções dramáticas e que só sente realmente que as vive. Contudo, perde o pé quando vê nisso um atentado deliberado contra os trabalhadores; por motivos já discutidos, as medidas impostas são incontornáveis e só um governante louco teria gosto em castigar o seu próprio povo e, no limite, em pôr em causa a sua base eleitoral de apoio.


Marisa Matias é inteligente e, permita-se o silogismo abreviado, sabe que só o monóculo trotskista permite uma visão assim.

Uma interessante história sobre a História


Divertido e um regresso à adolescência


sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Como é que estão as coisas por lá?

De regresso à etapa africana da vida, trago as primeiras impressões de Portugal, de há um ano e tal a esta parte (incluindo a excelente despedida que a Académica me proporcionou na Marinha Grande, na véspera de partir). Já por cá, a pergunta repete-se: “como estão as coisas em Portugal?”.

Com franqueza não sei se esperam uma resposta muito ilustrada, mas fico sensibilizado com o patriotismo e atribuo a pergunta à calma que emana dos noticiários nacionais da RTP Internacional (do pouco de bom que têm as sua emissões, a meu ver), sobretudo quando comparados com as imagens recebidas de Inglaterra, Grécia ou mesmo Espanha.

Cá por mim apenas consigo ter pinceladas impressionistas e angústias quase surrealistas sobre o nosso País.

Assim, em primeiro lugar, espanta-me a comparação do preço das coisas com os cortes salariais e com o aumento (apesar do ligeiro decréscimo do último indicador) do desemprego; dois indícios desgarrados: não imaginava que um bilhete de cinema (acesso à cultura, portanto) custasse mais de seis euros, e não sonhava que o litro de gasolina 98 pudesse rondar o euro e oitenta cêntimos numa auto-estrada (quase dois euros!!!)…

Por outro lado, nos saldos das marcas de média/alta qualidade vi uma abundância de escolha que não era comum em tempos idos, e constatei que os restaurantes da mesma gama tinham bastantes mesas disponíveis (em muitos casos incluindo a que eu próprio não ocupei).

Contudo, confesso que mais do que notas esparsas desta sorte, trouxe uma preocupação de monta maior: ao ver que as fatwas da Troika incluem a venda das participações do Estado em empresas estratégicas (TAP, REN, EDP e outras), fico a pensar o que faremos da próxima vez que o País estiver com a corda ao pescoço (algo que é cíclico na nossa História)… Nacionalizamos?! Bem sei que o Governo não tem qualquer remédio, mas não deixo de entender que alguma presença em certos sectores poderia ser estratégica e/ou lucrativa e de me perguntar se os Estados francês, alemão e italiano não conservam posições empresariais que obrigam os seus congéneres alienar (confesso, neste ponto, a minha real ignorância).

A somar a isto vem o assunto que temos discutido nestas páginas e que se prende com o facto de sermos incipientes nas exportações e não nos especializarmos em nichos produtivos de qualidade. Enquanto povo bastamo-nos com a invenção da Via Verde e a gestação do CR7, achando que não há quem nos iguale e deixando essa maçada que é o trabalho árduo para os trouxas do Norte da Europa, que não saem à noite e que não se riem nem perdem uma hora no café quando estão nos seus empregos. Sermos ricos e desenvolvidos envolve suor e nós, gente de fado e boa bola, vemo-nos idiossincraticamente como um povo perfumado.

Vamos ver o que muda até à próxima visita à Pátria.

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Não a mandem calar

Daniela Ruah é uma mulher bonita com cabeça, coisa que às vezes escasseia no actual cenário da representação. E além de dar cartas lá fora e de ter passado de estrela nacional a internacional, continua a honrar Portugal. Confirme-se nesta entrevista à Esquire, onde fala de Portugal e dos portugueses com brio. Vale a pena ler (e não é só pela produção fotográfica).

sábado, 6 de agosto de 2011

A prova dos nove

Creio que a deputada J. Barata Lopes jamais imaginaria tamanha publicidade e atenção por parte dos media em tão pouco tempo de Parlamento.
A sua curiosidade está-lhe a valer tinta, imagens televisivas e caracteres jornalísticos, o que não é necessariamente mau para os seus lados.
E tudo isto porquê? Porque o presidente da emergência médica garantia que o tempo médio de resposta não ultrapassava os 5 segundos nas chamadas para o 112 e a deputada, curiosa, resolveu indagar, verificando que uma chamada feita por alguém cujas semelhanças apontam para a sombra do Lucky Luke, foi atendida, imagine-se, nuns "dantescos" 15 segundos.
Em suma, por 9 segundos a jovem deputada é a mulher do momento no Parlamento português. E assim vai a política portuguesa...