Não sendo bruxo, o post anterior já augurava algo que acomoda bem a demissão do Ministro das Finanças, Campos e Cunha. Ou o sacrifício foi combinado, ou me enganei (como os bons bruxos sempre fazem) e, de facto, tudo isto era produto de um free-lancer.
É óbvio que quem anuncia a Ota e o TGV não deve querer ter um membro da equipa sempre a indiciar contrariedades, como quem se prepara para uma dura caminhada pela aridez não desja ver na areia a sombra do abutre que paira.
Para mim é claro que a contradição começava a tornar-se insanável, e não contem comigo para política de oportunismo, que muito tem prejudicado, isso sim (a mais de rumores sobre "negociatas" e "bloco central de interesses"), a credibilidade da nossa política.
Dito de outra forma, se formos honestos, a verdade é que quem manda num governo é o seu primeiro-ministro, e não acredito que o dr. Marques Mendes e o dr. Ribeiro e Castro (os outros políticos, além do engº Sócrates, que, a meu ver, ainda contam para o "totobola") aceitassem de bom grado, um dia que ocupassem o lugar deste último, que o seu Ministro das Finanças andasse permanentemente com dúvidas sobre o rumo do chefe-de-fila (algo em que estariam certíssimos). No caso do lider do meu partido, só quem não o conhecer...
Penso, em consequência, que a dúvida que pode lançar-se é sobre o momento em que Campos e Cunha terá deixado de ter razão, na óptica do Primeiro-Ministro. Senão vejamos: o PS ganhou, prometendo que não subiria impostos, e subiu-os com base no parecer do Ministro das Finanças (como PSD e CDS haviam feito; sejamos honestos, porque as pessoas lembram-se, e porque assim é que é "bonito"). Ora, o engº Sócrates deu-lhe razão, e daí (na emenda da mão) não me parece que tenha vindo grande mal ao mundo, no que à credibilidade diz respeito, dada a excepcionalidade da situação do País.
Porém, com as angústias sobre novas restrições (algo inevitável para 2006) e sobre o aeroporto e o comboio é que o PS poderá já não ter convivido pacificamente. O dilema é saber se o ex-Ministro não tem razão, ou se a tem, mas ela é demasiado dura para que um só partido arque com o ónus de a controlar, uma vez que, em democracia, há eleições para ganhar.
Não me parecem estapafúrdios os rumores que começam a falar de governos de bloco central e iniciativa presidencial, mas podemos continuar a fingir que nada se passa...
De uma ou de outra forma, conclui-se que muito agasalhados andávamos nós com a "tanga" de Durão...
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