segunda-feira, 31 de dezembro de 2007

Feliz 2008!

A Administração da Lodo, S.A.D. deseja a todos os clientes, fornecedores e amigos um feliz Ano Novo, mas recomendando cuidado com os excessos para evitarem as figuras da fotografia ( que julgamos ser de um eleitor português...)!

Não tendo mais nada que fazer...


Quando o trauma é miopia

A 5 de Novembro, lia-se no "Público" que a União dos Resistentes Antifascistas Portugueses já reunira dezasseis mil assinaturas contra a criação de um Museu do Estado Novo.
Sei que me repito, mas se os austríacos, em Viena, assumem o nazismo, se os russos, em Moscovo, lidam bem (demais...) com a URSS e se os ucranianos, em Kiev, explicam Chernobyl, por que diabo não havemos de mostrar e ensinar o que se passou de 28 de Maio de 1926 a 25 de Abrl de 1974?
Até na objectividade e no assumir dos traumas temos que ser atrasados?!

Menezes mal

O Presidente do PSD mandou cancelar a revisão do programa do partido, sublinhando que Francisco Pinto Balsemão (a figura tutelar do processo) lhe dissera que não havia "uma linha" escrita.
Sendo que do fundador do PSD apenas se esperava um crivo final, nada a apontar-lhe, assim como se não crítica o cancelar de um processo moroso demais para se confundir com o calendário pré-eleitoral, onde correria o risco de ser mero arrazoado panfletário.
Onde creio que Menezes não esteve tão bem, foi quando não apurou e revelou porque não havia uma linha escrita. Eu, por exemplo, confirmei, de imediato, a minha disponibilidade, assim que a solicitaram para um dos grupos de trabalho.
Não penso em quem quer que seja (palavra de honra), mas aposto que muitos dos indisponíveis para pensar o futuro do País (um programa partidário deve fornecer um ideal social) já terão vagar para nos fazer o favor de voltar a ir nas listas do PSD.
Diria o Rui Reininho, "é tudo a mesma fruta, a mesma caldeirada"...

Menezes bem

Andou bem Luís Filipe Menezes, quando questionou a transferência de gestores da Caixa Geral de Depósitos para o Banco Comercial Português.
Depois daquela entrada em falso - pedir uma repartição de lugares entre os partidos (CGD vs. Banco de Portugal) apenas tem o mérito de assumir que o bloco central de interesses existe - fez muitíssimo bem em perguntar como raio vão uns senhores que conhecem o banco público de fio a pavio esquecer os segredos do mesmo, quando tiverem que gerir uma instituição da concorrência...
É isto que me leva, cada vez mais, a achar que a nossa democracia é uma farsa, limitando-se a algumas encenações para enganar o cidadão...

sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

Inventem-se novos Natais

Aborrece-me até os Natais já serem previamente formatados no que quer que seja. Aqui em minha casa os rituais são as bolachinhas ao Papai Noeu, as velinhas nas janelas e a malta toda na cozinha a inventar doçaria.
Eu quero lá saber quanto é que ganhou a Vodafone nas mensagens escritas entre as 20 horas de dia 24 e a 01 hora do dia 25, ou as dietas para combater os excessos da quadra natalícia. Francamente - haja paciência.

quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

Na tola

Quase tão comuns como as mensagens que, via telemóvel e sem personalização, se enviam nesta quadra, são as reflexões sobre o Natal e as contra-análises sobre os excessos da sociedade hodierna.

Vendo bem a coisa, não há muito mais que possamos acrescentar. Podemos, isso sim, cortar o nó górdio que irá influenciar o tom do que dizemos: devemos decidir se partimos da ideia de pessimismo antropológico – o ser humano é egoísta de nascença, socializando-se por necessidade – ou da bondade intrínseca de cada um – posto o que atribuiremos à sociedade a chave das perversões em que todos concordamos (eu tendo para a primeira parte).

E este é o ponto para procurarmos resolver o que há para ser resolvido; se todos concordam que há maleitas – quando a própria mensagem da Igreja Católica se baseia em apelos, é porque estamos longe da perfeição – por que diabo não as combatemos, antes tendo a sensação de que estamos cada vez mais desumanos?

Vejamos: por que consumimos desenfreadamente (interrogação que não é nova, aqui no Lodo, como se pode exemplificar)? Por que singram esses abutres do crédito instantâneo? Todos deveríamos saber que muito do que compramos não é necessário; a velha TV ainda funciona, mas aí vem o LCD. O telemóvel faz chamadas, fotografa e envia mensagens, mas o que saiu ontem tem mais mega-qualquer-coisa na câmera. Temos sempre que cozinhar, mas a panela (ou, para sermos finos, “robot de cozinha”) “Bimby” é necessária, apesar dos dois salários mínimos ou mais que me dizem custar…

E qual a razão pela qual estamos tão encantados? Adormecimento intelectual pelo “mundo TV” e pela publicidade? Em parte… Ausência de pedagogos na política? De certezinha…

Mas andemos um pouco mais pela “selva”: creio que todos sentem que, nas grandes empresas, instituições, escritórios e afins, mais do que cooperarmos, competimos em nome de um ideal de “carreira” que ninguém consegue medir ou definir com proficiência ética. E porquê?! Não é melhor o retorno quando, sem pé atrás, aprendemos uns com os outros e repartimos agruras e sucessos? Sim, mas vejo poucos casos de gente que procure estimular a desejável aliança entre o mercado livre e uma moral prática exigida para que possamos respeitar todo o ser humano que connosco se cruza na vida profissional ou no simples trato comercial quotidiano (falo, a contrario, do caso dos que procuram ganhar tudo num dia, enganando)…

E depois há sempre a muito debatida agressividade social. Desde ultrapassagens pela direita e colagens ao veículo da frente ao sujeito que argumenta que fumar á mesa é um direito que lhe assiste, por muito que saiba que (também) prejudica a saúde alheia, a mais de importunar que não aprecie o cheiro de cigarros, multiplicam-se os exemplos de mal-estar, que nem todas as leis ou todas as campanhas institucionais poderão resolver, enquanto cada um de nós se não convencer de que também é com o nosso metro quadrado que se constrói uma nação com civismo…

E o que fazemos, por cá? Começando onde tudo deveria ter o seu início, vemos tipos cinzentos extraordinariamente vaidosos por terem sido eleitos para um cargo que, mesmo ocupado durante duas décadas, por vezes, nunca é visto como lugar de serviço e de postura exemplar. E quem lidera, por vezes, prefere atiçar os “doberman”a proteger os senadores que, ainda assim, tiveram vida e têm valores, ou aguçar o apetite de jovens tubarões que bajulam quem atira a peça de carne – é assim na política como nas empresas, muitas vezes…

E nós, isoladamente?! Muitos aliviam a consciência contribuindo para o Banco Alimentar ou dando uns trocos para o Darfur, sem pensar que, por muito louváveis que sejam os minutos desses dois dias, sobram 363 dias para olhar para o efeito de estufa, para o reorientar dos gastos supérfluos para Educação, Cultura e outros fins interessantes e para, sobretudo, olharmos para o próximo como sujeito e não como objecto.
Eis o que podia ser um Natal. Mas não é…

segunda-feira, 24 de dezembro de 2007

FRestas Felizes

Como todos os anos, a LODO, S.A.D. deseja a todos os fornecedores, clientes e amigos um Natal do caraças!...

quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

A cor do dinheiro

Nesta quadra natalícia e, naturalmente, de maior consumo, os portugueses usam e abusam do crédito para satisfazer tudo e todos. Esquecem, no entanto, que tais ‘facilidades’ podem conduzi-los a um fenómeno que já ocorre com muitas famílias portuguesas e que dá pelo nome de “sobreendividamento”.

Se o agravar das condições financeiras dos portugueses leva ao aumento de situações de endividamento, o mercado de crédito ao consumo não fica alheio a esta tendência e responde ‘à altura’. Basta atentar à pletora publicidade com que somos bombardeados neste âmbito.
Com efeito, a juntar ao tradicional crédito bancário, proliferam as empresas de crédito especializado e as cadeias de lojas e supermercados apostam cada vez mais nos cartões de "pagamento em suaves prestações”.

Quanto à publicidade, pode ser do mais subtil: um dia destes li um horóscopo de um jornal diário*, no qual Paulo Cardoso (sim, o astrólogo!), instava o nativo de determinado signo a recorrer a instituições financeiras caso sentisse uma maior capacidade de realização a nível financeiro..!!!

A pergunta que se impõe: onde irá parar a tendência de crédito vivida no mercado português?
Não sei responder, mas não auguro um cenário muito próspero.
Pelo menos, tendo em conta o auxílio do Governo que, indiferente ao esboroamento da economia nacional, esquece-se de medidas que pode (e deve...) tomar no sentido de estimular uma maior moderação e responsabilidade por parte do consumidor.

Neste contexto, ocorre-me uma recente medida do Governo que me deixou um bocadinho preocupada: lançamento do crédito a estudantes do ensino superior, ao abrigo do programa com garantia mútua. Agora que o Bolonha vigora, não deixa de ser oportuna este “ajuda” aos universitários, mormente no segundo ciclo de estudos. Mas não estará o Governo, deste modo, a incitar precocemente os jovens ao crédito?

Em suma, o crédito está cada vez mais facilitado - ao alcance de um simples telefonema e de uma simples subscrição - mas já diz o provérbio que "nem tudo o que luz é ouro"... e o efeito “bola de neve” não tarda a fazer-se sentir.
O problema, é que nós – povo luso – só despertamos para a realidade quando temos a corda ao pescoço. Até lá, que o brilho do Natal e o dourado dos cartões nos continue a ofuscar.
* Jornal "Meia Hora", edição 18 Dezembro 2007

terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Menino prodígio (e menino birrento...)


Cristiano Ronaldo estava, a par de Káká e Messi, nomeado para Melhor Jogador do Mundo 2007. Ontem, na Gala FIFA World Player em Zurique, arrecadou o 3º lugar e não escondeu a decepção. Grave, é que não fez o menor esforço por isso. Subiu ao palco antes do número dois (Messi), pegou no troféu daquele, não cumprimentou o presidente da FIFA, andou às voltas no palco como que em busca do protagonismo e, last but not the least, para a fotografia, forçou um sorriso amarelo q.b..
Não deixa de ser o ‘nosso’ menino prodígio, mas ficava-lhe bem deixar de uma vez por todas a faceta de menino birrento.
Claro que, quais “papás babados”, Mister Scolari e Gilberto Madaíl já vieram bradar pela injustiça do título, garantindo que Cristiano provou ser o melhor jogador do Mundo no ano que agora finda.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

E a senhora de vermelho vai trazer o quê???


PÚbico

Eu leitor do "Público" me confesso...
Quase sem excepção, todos os dias leio o diário em causa de fio a pavio.
Porém, de quando em vez, lá vem o balde de água fria. Vejamos: anteontem, no Parlamento, Paulo Portas atacou José Sócrates, comparando a alegada perseguição aos contribuintes com a que Afonso Costa moveu às ordens religiosas, enquanto figura de proa da I República (tempo de má memória, digo eu...).
Um dos destaques da pág. 6 do Público, na edição de ontem, dizia "Debate forte entre líder do CDS e primeiro-ministro - Portas compara Sócrates ao mata-frades".
Ora bem, lá fui eu confirmar a ideia que tinha de que quem, efectivamente, se celebrizara por esse epíteto fora, isso sim, Joaquim António de Aguiar, também ele pouco dado ao crucifixo, embora ainda na monarquia...
Mas, mais curiosidade tive em perceber por que razão uma jornalista conceituada embarcara neste erro e guardado estava o bocado...

Como já sei do que a casa gasta, vou à boa da Wikipédia e leio sobre Afonso Costa que: "recebeu, dos seus opositores, a alcunha de 'mata-frades', pela legislação anti-clerical que mandou publicar - expulsão dos jesuítas, estatização dos bens da Igreja (...)".

Já no matutino lia-se: "que ficou conhecido como o 'mata-frades', devido a medidas anti-clericais e à estatização dos bens da Igreja".
Até pode ser, mas, ao que sei, nunca foi "O" mata-frades!
Não consigo nem quero provar o que quer que seja, mas lá fica a dúvida...

A Wikipédia é simpática, mas, mercê de ser livremente editável, contém muitos erros, imprecisões e falsidades. Todavia, segundo sei de fonte segura, cada vez mais, muitos dos nossos jornalistas baseiam aqui a sua "exaustiva" investigação, com os danos que isso tem sobre os cidadãos (poucos) que ainda se prestam a comprar um bom diário, nos dias em que não traz DVD...
Se o meu instinto está certo, há aqui um toque pornográfico, pela descarada negligência...

“Um” peso, duas medidas

(…)
A não ser que a causa seja demasiadamente específica, não percebo a notícia que dá conta de um contrato estabelecido pelo Ministério da Educação com um advogado, por um montante de 20 mil Euros/mês, para trabalhos de “levantamento e compilação de legislação” do ministério.
Não pondo em causa, naturalmente, as competências técnicas do advogado e a especificidade do trabalho, cabe-me no entanto a surpresa pela coincidência na selecção e pelo histórico do contrato em causa: ver noticia aqui

Lembram-se do Paulo Macedo?
… e das criticas socialistas ao seu vencimento?
É caso para dizer que para os mesmos "ordenados", este governo segue a prática de:
“um” (mesmo) peso, duas medidas…
foto do site tsf

Teóricos de Real Valor II

"A combinação do anticomunismo e do nacionalismo tradicional recorda a ideologia de partidos ditos "revolucionários de direita" que procuram na esquerda os seus valores sociais e na direita os seus valores políticos."

in O ópio dos Intelectuais, Reymond Aron

(posso mandar uma posta de pescada? Esqueçam o Pacheco Pereira)
Pronto, está lançada a acendalha política

Teóricos de Real Valor

"Para os teóricos católicos, teria sido o pecado original o evento responsável pela queda do homem do estado de felicidade, em que não existia poder, para o estado social, em que a necessidade de protecção mútua exige a organização social e a coerção do Estado"

in História das RI, Pedro Barbas Homem

Há coisas fantásticas não há?

quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

A fila do bacalhau

Numa co-produção com a Dulce, chega-me esta pérola... Acabara de nascer o Tratado de Lisboa e Sócrates era soterrado por convivas e congéneres extasiados.

Luís Amado, o nosso MNE, estava ali à mão de semear... Bem, semear foi mesmo uma boa alternativa, pois, após escutar os "parabéns" não cantados de José Sócrates, aperto de mão já era pedir demais, tendo ficado, como se viu (por todo o Mundo, aliás) à espera de melhor ocasião.

Num raro momento psicanalítico, o "Lodo" tenta interpretar o gesto do nosso Premier ou, pelo menos, a pose de Luís Amado:

a) Não quis estragar Amado com mimos.
b) Sabia que Amado não lavara as mãos, depois de ir ao wc.
c) Estava com medo que o MNE se aproveitasse do seu prestígio.
d) Queria muito beijar Angela Merkle.
e) Tinha medo de não resistir ao charme de Amado.
f) Temia os estragos que Sarkozy causasse, se deixado à solta.
g) Guardara um beijinho para Amado.
h) Os outros tinham tirado a senha antes.
i) Guardara uma festinha para Amado.
j) O Gordon Brown tem uma mão mais macia.
k) É malcriado.
l) É tímido.
m) Tem saudades do Freitas do Amaral.
n) Tinha visto o Amado com os dedos no nariz.
o) Amado estava a jogar à estátua.
p) Amado estava a recordar o passado de arrumador.
q) Sócrates não tinha trocos.
r) Amado estava a ensaiar para o presépio do Governo, mas esqueceu-se do cajado.
s) A senhora com quem Amado estava a dançar tinha-se posto ao fresco, mas ninguém o avisou.
t) Sócrates preferia uma palmadinha nas costas.
u) Amado acabara de se coçar e o PM topou o esquema.
v) Sócrates não é de dar confiança aos empregados.
w) Amado, na verdade, estava a ensair um golpe de kung-fu.
x) Sócrates não cumprimenta tipos sem casaco.
y) Sócrates pensou que Amado estava a fingir que era um bengaleiro e não quis pendurar o casaco.
z) Estava tudo combinado para os estrangeiros se sentirem importantes.

De uma ou de outra, Luís Amado ficou de mão estendida, que é para não se pôr em bicos dos pés. Quem é que o tipo julga que é?!

Campanha de Inverno da Greenpeace


Winter
You'll miss it when it's gone

Sondagem: e você apertava a mão a este palhaço?

Estou a falar do rapaz da direita...

Andamos a brincar? *

A Cimeira UE–África, que decorrerá em Lisboa no próximo fim de semana e que contará com pelo menos 34 Chefes de Estado e 27 Primeiros Ministros dos dois continentes, não vai debater - para descanso de alguns e infortúnio de muitos - nem Darfur, nem Zimbabwe.

Num encontro em que o objectivo (consta!) é debater problemas que afectam os dois continentes, não está agendada - por pura cobardia, cabe relevar- uma discussão sobre aquelas duas tragédias que subsistem no continente africano.
Coincidência ou não, no mesmo espaço - Pavilhão Atlântico – decorrerá paredes-meias com a Cimeira o espectáculo do Noddy, que aguarda 25 mil pessoas.
Eu cá, a ter que escolher, preferia as histórias de encantar do boneco infantil criado por Enid Blyton. Sempre são mais didácticas e profícuas que qualquer das conversações que possam vir a ter os ditadores africanos com a conivente Presidência Portuguesa da UE.

* perdoem-me o tom popularucho do título... mas confesso que foi o que me ocorreu, mal me apercebi disto.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

Amigalhaços

Nos últimos dias, Rússia e Venezuela ocuparam muito do espaço mediático, mercê, respectivamente, das eleições legislativas e de um referendo constitucional.

Em ambos os casos, a meu ver, se afirma a necessidade das escolas de ciência política que acrescentam à perspectiva algo estaticista do direito constitucional (que analisa em abstracto o funcionamento do sistema) a dinâmica funcional; ou seja, explica “como é que as coisas realmente se passam”. Neste capítulo e para os temas em causa, o último número do “Courrier Internacional” representa uma soberba iniciação.

Creio que o mais interessante, como tem feito a generalidade das publicações, por ora, é mesmo identificar linhas de junção entre um país euro-asiático e outro latino-americano que, à partida, nada teriam a uni-los, não fora a famigerada globalização e, sobretudo, o poder uniformizador da televisão, dentro de portas.

E começamos por aqui, pois em Caracas e em Moscovo os media “alternativos” ou já fecharam ou têm que andar na linha. Acresce que as televisões fiéis aos regimes difundem o país que os respectivos chefes de Estado acreditam que deve existir, já que, regra geral, “se vi na TV é porque existe”, diria o telespectador comum… Ou seja, o virtual – seja a Venezuela socialista e impoluta, seja a Rússia novamente poderosa – faz-se real, ora nas longas prédicas de Chaves no “Alô Presidente”, ora nos atractivos spots de campanha de Putin.

E é estribados neste potente meio de comunicação de massas que ambos ensaiam um simulacro de democracia directa, com toques de anti-elitismo, interno e externo. No primeiro caso, atacam-se as corruptas classes altas que foram incapazes de redistribuir a riqueza, seja na URSS, na era Ieltsin ou na miserável sociedade venezuelana. No segundo plano, questiona-se a supremacia norte-americana, denunciando tratados de controlo de tropas convencionais ou recolocando bombardeiros estratégicos no ar ou ainda acusando a oposição de servir Washington, no caso neo-czarista, ou mesmo chamando “diabo” a George W. Bush, como fez o tenente-coronel Hugo Chavez Frias, na ONU.

Na passada, nem é mau pensar em estender a influência à Bolívia ou a Cuba e apoiar separatismos na Geórgia ou na Moldávia.

Em ambos os casos fica a mensagem de que o líder providencial zelará pelo povo, ainda que, com o aplauso de muita gente, a troca seja a de dinheiro e emprego por liberdade; algo que, dada a carestia e face aos excessos liberais, até parece bom de pagar, tal qual como nos anúncios do crédito por telefone…

Mas não é disso que fala a legislação anti-terrorista dos EUA?!… E não é um regime de concentração de informação e decisão que se esboça com o PS, actualmente, em Portugal? E não foram as directas e a escolha dos candidatos pelas bases bandeiras do novo PSD?!... (em todos os casos, salvas as devidas distâncias, claro)

Ah! Não esqueçamos que, obviamente, os corruptos (ali a Norte, oligarcas russos, acolá a Sul, empresários ou militares golpistas) serão perseguidos a bem do povo. Já Collor de Melo prometera caçar Marajás, no Brasil, e viu-se que era farinha do mesmo saco. Berlusconi vinha para libertar a sociedade do Estado e está em apuros para a se libertar a si próprio… Que é como quem diz: “onde é que eu já vi este filme”?...

E a metodologia – já que ideologia é coisa em desuso - também não exigiria dois manuais distintos. Na Rússia recuperam-se para o Estado todas as concessões (energia incluída) que Boris Ieltsin desbaratou para se manter no poder e usa-se o petróleo (aposta efémera, como perceberão os desgraçados russos e os enganados venezuelanos, daqui a uns anos) para fazer alguma justiça social, sempre com a eternização do líder (que deslocará o centro de gravidade do poder da presidência para o governo) em linha de horizonte.

Na Venezuela a mesma receita, mas com falta de humildade… Chavez achou-se incontestável e, ao invés do sagaz Putin, perdeu a consulta popular (de salientar que ambos procuraram a legitimação democrática, ao menos no plano formal) a que se sujeitou. Não duvido que tenha apoio popular maioritário, mas a liberdade é muito mais cara aos seres humanos do que julgou (propunha, entre outras coisas, a recandidatura sem limite, a possibilidade de nacionalizar tudo e mais umas botas e o quase final da autonomia dos municípios – onde a oposição ainda “canta”).

Permanece a dúvida de saber se a democracia é exportável, portanto…

terça-feira, 4 de dezembro de 2007

In Memoriam

19 Julho 1934 - 4 Dezembro 1980

Se por vezes cabe dizer que “só faz falta quem cá está”, quando se pensa em Francisco Sá Carneiro essa teoria não faz qualquer sentido.
O revolucionário Sá Carneiro, o fundador da direita democrática, o carismático líder, o herói romântico que desafiou os preconceitos da sociedade em que vivia, muitíssima falta faz na construção deste Portugal Maior.
Resta-nos continuar (ano após ano) a recordar o homem de fortes convicções que foi, e claro, tomar-lhe o exemplo.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Porque não te calas… mesmo


Hoje acordamos com os resultados do referendo à alteração constitucional na Venezuela. Pela margem mínima, venceu o Não e perdeu Hugo Chávez.
O prenúncio de uma nova constituição com tolerância máxima às orientações socialistas de Chávez, fica assim na gaveta à espera de novo fôlego!!!
Fica pelo menos o consolo a Chávez, de que Miguel Sousa Tavares (1) prefere jantar com ele do que com o seu eterno inimigo George W. Bush - embora com a condição de que Chávez não fale muito… Não faz mal, pelo menos dessa vez Chávez poderá cantar…

(1) – Expresso – 26 Nov 2007
Fotografia do site RTP