sábado, 28 de janeiro de 2012

Descubra as diferenças

Os congressos do PCP encerram com o discurso do líder, seguido d' A Internacional e do hino de Portugal. Os congressos da CGTP encerram com o discurso do líder, seguido d' A Internacional e do hino de Portugal.

Bem unidos façamos esta luta final...

«Os exploradores são eles, os explorados somos nós»

Se o discurso de Arménio Carlos desse um livro, não sei bem o que seria. Se um romance histórico, se um tratado sobre conspiração.

Protocolo sindical

O líder da CTGP-IN iniciou o seu discurso com os habituais agradecimentos, salientando, de entre outras, as presenças dos embaixadores de Cuba e da Nigéria.

sábado, 21 de janeiro de 2012

QUE MUNDO PARA AMANHÃ?

Sempre perguntei a mim mesmo como é que Tocqueville, num texto duma clareza e duma lucidez extraordinárias, mesmo proféticas, há 150 anos, tinha podido ver no futuro com uma tal precisão.

“Vejo uma multidão imensa de homens semelhantes e iguais que giram sem repouso sobre eles mesmos para se procurarem pequenos e vulgares prazeres, com os quais consolam a alma. Cada um deles, mantendo-se à parte, é estrangeiro ao destino de todos os outros: os filhos e os amigos particulares constituem para ele toda a espécie humana; quanto à existência dos seus concidadãos, ele está ao lado deles, mas não os vê; ele toca-os e não os sente; ele só existe que nele mesmo e para ele só, e se lhe resta ainda uma família pode dizer-se que ele já não tem pátria".

Quando escreve que “os vícios dos governantes e a imbecilidade dos governados dominam”, Tocqueville parece estar connosco hoje!

Ainda mais profético, quando escreve: “a espécie de opressão que ameaça os povos democráticos no futuro não se parece em nada com a que nos precedeu”. Que fotografia impiedosa da realidade contemporânea!

Vendo o que se passa hoje diante dos nossos olhos e constatando no que se transformou a nossa sociedade, esta corrida desenfreada atrás do deus DINHEIRO que justifica todas as turpitudes, todos os crimes, todas as injustiças, e que uma elite cada vez mais rica não parece inquietar-se que ao seu lado viva uma multidão ainda e sempre mais pobre, tudo isso assemelha-se a um suicídio colectivo programado.

Aliás, ao mesmo tempo que destrui o HOMEM, destrui-se também o PLANETA.

Isto veio-me ao espírito, após ter visto na televisão como os homens pescam industrialmente os tubarões, para se regalarem com as barbatanas, afrodisíacas, segundo dizem, lançando borda fora os corpos ainda vivos para irem morrer no fundo dos mares. E quando queimam imensas florestas na Indonésia e no Brasil, para produzir óleo de palma e soja!

E o dinheiro, uma vez mais, está na origem destas acções de destruição e morte. Um provérbio da Índia explica-nos como o homem destrui metodicamente o mundo onde vivemos;

“Quando o HOMEM terá pescado o ultimo peixe, matado o ultimo animal, abatido a ultima arvore, poluído a ultima gota de água, pode ser que ele enfim talvez aprenda que o dinheiro não é comestível” .

Afinal nada mudou

"Um povo imbecilizado e resignado, humilde e macambúzio, fatalista e sonâmbulo, burro de carga, besta de nora, aguentando pauladas, sacos de vergonhas, feixes de misérias, sem uma rebelião, um mostrar de dentes, a energia dum coice, pois que nem já com as orelhas é capaz de sacudir as moscas; um povo em catalepsia ambulante, não se lembrando nem donde vem, nem onde está, nem para onde vai; um povo, enfim, que eu adoro, porque sofre e é bom, e guarda ainda na noite da sua inconsciência como que um lampejo misterioso da alma nacional, reflexo de astro em silêncio escuro de lagoa morta. Uma burguesia, cívica e politicamente corrupta até à medula, não descriminando já o bem do mal, sem palavras, sem vergonha, sem carácter, havendo homens que, honrados na vida íntima, descambam na vida pública em pantomineiros e sevandijas, capazes de toda a veniaga e toda a infâmia, da mentira à falsificação, da violência ao roubo, donde provém que na política portuguesa sucedam, entre a indiferença geral, escândalos monstruosos, absolutamente inverosímeis no Limoeiro. Um poder legislativo, esfregão de cozinha do executivo; este criado de quarto do moderador; e este, finalmente, tornado absoluto pela abdicação unânime do País. A justiça ao arbítrio da Política, torcendo-lhe a vara ao ponto de fazer dela saca-rolhas. Dois partidos sem ideias, sem planos, sem convicções, incapazes, vivendo ambos do mesmo utilitarismo céptico e pervertido, análogos nas palavras, idênticos nos actos, iguais um ao outro como duas metades do mesmo zero, e não se malgando e fundindo, apesar disso, pela razão que alguém deu no parlamento, de não caberem todos duma vez na mesma sala de jantar."

Guerra Junqueiro, 1896

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Adeus Etta



De Los Angeles para os palcos do jazz e dos blues. Quase como parecendo já um requisito essencial para as grandes intérpretes, com uma história de vida conturbada. Mas que bem assim, fê-la transmitir toda a alma nas letras do que nos cantou com garra e a paixão das divas. Adeus Etta Jones, foi um prazer ter-te tido comigo tantas horas e em momentos tão especiais.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

"Lodo" a concurso

O "Lodo" está nomeado para blog do ano, num conclave promovido pelo Aventar.
A categoria é: Actualidade Política (colectivos).
Agradece-se a amabilidade e esperamos contribuir para aumentar o share do concurso que, segundo os organizadores, visa "promover e divulgar o que de mais interessante se faz na blogosfera portuguesa e de língua portuguesa".

Bom, mas gostei mais do primeiro

Naufragar é preciso? *

« Começa a ser penoso para mim ler a imprensa portuguesa. Não falo da qualidade dos textos. Falo da ortografia deles. Que português é esse? Quem tomou de assalto a língua portuguesa (de Portugal) e a transformou numa versão abastardada da língua portuguesa (do Brasil)? A sensação que tenho é que estive em coma profundo durante meses, ou anos. E, quando acordei, habitava já um planeta novo, onde as regras ortográficas que aprendi na escola foram destroçadas por vândalos extra-terrestres que decidiram unilateralmente como devem escrever os portugueses. 

Eis o Acordo Ortográfico, plenamente em vigor. Não aderi a ele: nesta Folha, entendo que a ortografia deve obedecer aos critérios do Brasil. Sou um convidado da casa e nenhum convidado começa a dar ordens aos seus anfitriões sobre o lugar das pratas e a moldura dos quadros. Questão de educação. 

Em Portugal é outra história. E não deixa de ser hilariante a quantidade de articulistas que, no final dos seus textos, fazem uma declaração de princípios: “Por decisão do autor, o texto está escrito de acordo com a antiga ortografia”. 

A esquizofrenia é total, e os jornais são hoje mantas de retalhos. Há notícias, entrevistas ou reportagens escritas de acordo com as novas regras. As crônicas e os textos de opinião, na sua maioria, seguem as regras antigas. E depois existem zonas cinzentas, onde já ninguém sabe como escrever e mistura tudo: a nova ortografia com a velha e até, em certos casos, uma ortografia imaginária. 

A intenção dos pais do Acordo Ortográfico era unificar a língua. Resultado: é o desacordo total com todo mundo a disparar para todos os lados. Como foi isso possível? 

Foi possível por uma mistura de arrogância e analfabetismo. O Acordo Ortográfico começa como um típico produto da mentalidade racionalista, que sempre acreditou no poder de um decreto para alterar uma experiência histórica particular. 

Acontece que a língua não se muda por decreto; ela é a decorrência de uma evolução cultural que confere aos seus falantes uma identidade própria e, mais importante, reconhecível para terceiros. Respeito a grafia brasileira e a forma como o Brasil apagou as consoantes mudas de certas palavras (“ação”, “ótimo” etc.). E respeito porque gosto de as ler assim: quando encontro essas palavras, sinto o prazer cosmopolita de saber que a língua portuguesa navegou pelo Atlântico até chegar ao outro lado do mundo, onde vestiu bermuda e se apaixonou pela garota de Ipanema. 

Não respeito quem me obriga a apagar essas consoantes porque acredita que a ortografia deve ser uma mera transcrição fonética. Isso não é apenas teoricamente discutível; é, sobretudo, uma aberração prática. Tal como escrevi várias vezes, citando o poeta português Vasco Graça Moura, que tem estudado atentamente o problema, as consoantes mudas, para os portugueses, são uma pegada etimológica importante. Mas elas transportam também informação fonética, abrindo as vogais que as antecedem. O “c” de “acção” e o “p” de “óptimo” sinalizam uma correta pronúncia. 

A unidade da língua não se faz por imposição de acordos ortográficos; faz-se, como muito bem perceberam os hispânicos e os anglo-saxônicos, pela partilha da sua diversidade. E a melhor forma de partilhar uma língua passa pela sua literatura. 

Não conheço nenhum brasileiro alfabetizado que sinta “desconforto” ao ler Fernando Pessoa na ortografia portuguesa. E também não conheço nenhum português alfabetizado que sinta “desconforto” ao ler Nelson Rodrigues na ortografia brasileira. 

Infelizmente, conheço vários brasileiros e vários portugueses alfabetizados que sentem “desconforto” por não poderem comprar, em São Paulo ou em Lisboa, as edições correntes da literatura dos dois países a preços civilizados. 

Aliás, se dúvidas houvesse sobre a falta de inteligência estratégica que persiste dos dois lados do Atlântico, onde não existe um mercado livreiro comum, bastaria citar o encerramento anunciado da livraria Camões, no Rio, que durante anos vendeu livros portugueses a leitores brasileiros. De que servem acordos ortográficos delirantes e autoritários quando a língua naufraga sempre no meio do oceano?»


* Crónica de João Pereira Coutinho, publicada na Folha de São Paulo a 10/01/2012, aqui

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Já muita tinta correu por conta do Acordo Ortográfico, mas creio que esta opinião do cronista João Pereira Coutinho é muito certeira, pelo que resolvi transcrevê-la e partilhá-la convosco, tendo destacado as frases que considero mais relevantes. 

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Diz que é para andar à pedrada

Conheço 1 maçon que combina almoços e jantares com maçons amigos para debater questões filosóficas;
Conheço outro maçon que junto de um maçon amigo arranjou um trabalho jeitoso para a filha mais velha.

Mas no fundo todos sabemos que uma esquisitice que mistura aventais com desenhos egípcios só pode ser uma seita maluca duns gajos que se uniram para fazer coisas feias ao Universo.

Todos temos um Dan Brown dentro de nós.

sábado, 7 de janeiro de 2012

2012? Ano do Medo ou da Esperança?

Estamos actualmente numa corrida contra relógio! Uma grande parte da humanidade continua dominada pela lei do ego e pronta a todas as loucuras em nome da religião, do lucro, do poder ou para conservar o modo de vida egoísta e esbanjador ao qual se habituou, mesmo se isso conduz ao fim do mundo. 

Por outro lado, outros procuram com sinceridade soluções para os problemas humanos, sociais, económicos e políticos do nosso planeta. Estes últimos incarnam a consciência superior do que é a Vida. Na medida em que um número cada vez maior de cidadãos integrará esta consciência, estaremos mais próximos da “massa crítica”. 

Não esqueçamos que possuímos largamente, há já alguns anos, os meios para pôr fim a toda forma de vida sobre a Terra. A coexistência duma tecnologia avançada com uma consciência limitada constitui uma mistura instável e perigosa que arisca a todo o momento de desencadear uma reacção em cadeia. 

Num mundo onde três quartos dos habitantes ainda são confrontados com problemas de sobrevivência quotidiana e a quase totalidade do restante quarto se mantém apegado aos seus próprios interesses e privilégios, será ilusório pensar, e isto antes que seja tarde de mais, que os problemas serão resolvidos sem uma «viragem» notável. 

Porque existe uma “massa crítica” que comporta bem no seu interior, um patamar crítico a partir do qual tudo pode oscilar num sentido ou no outro: destruição a grande escala ou recuperação planetária. 

Em 2012, este movimento de oscilação pode determinar o nosso futuro. Vamos esperar que oscile do bom lado. 

 Bom Ano para todos. 

Freitas Pereira