quarta-feira, 31 de maio de 2006

Show de bola


A marca é um activo das empresas, sendo esta, nos dias que correm, um sinónimo de permanência no mercado, tal é a concorrência feroz em todos os domínios de actividade. Facilita o reconhecimento o que, por sua vez, favorece a fidelização por parte dos consumidores.
Em Portugal, como não podia deixar de ser, e honra seja feita aos profissionais da área, o marketing tem-se desenvolvido a olhos vistos e com qualidade reconhecida. Veja-se o exemplo da Frize, que antes a “água com gás era só para quem estava maldisposto” e graças a uma excelente campanha de marketing (inclusive premiando o seu responsável de marketing como o marketeer do ano), hoje a água com gás atinge segmentos de mercado nada comparáveis com os de há pouquíssimos anos atrás.

Perante o acontecimento e o seu mediatismo, todos os marketeers desdobram-se em esforços, no sentido de ver as marcas que representam associadas ao Mundial da Alemanha. Campanhas de marketing associadas ao conclave futebolístico abundam nesta época, sejam promoções, lançamento de novos produtos, jogadores tornados em líderes de opinião para atingir determinados targets, ou mesmo promessas de devolução total dos bens adquiridos caso “a nossa selecção” saia de terras alemãs com o desejado “caneco”. Os marketeers estudam cada vez mais o comportamento dos consumidores, aperfeiçoam técnicas de comunicação, tentam penetrar em novos mercados.

Mudando de flanco, de marketing percebe Scolari. Brasuca de comportamento sisudo, refilão, cara de poucos amigos, impulsivo, que muda quase meia equipa após o primeiro jogo no euro2004, que organiza um estágio pré mundial no Alentejo a temperaturas nada condizentes com as que vai encontrar na Alemanha, que convida Cabo Verde e Luxemburgo para os jogos que antecedem o primeiro jogo no Mundial e que, mesmo assim, consegue unir e pôr a saltitar o coração lusitano de todos nós é obra! Não está ao alcance de qualquer alma mortal!!!...

PS: Quem me dera que o Feira Nova, com a sua promoção “quando a selecção ganha, o feira nova é que paga”, desse à malta que lá anda às compras, vales de desconto de 100% do valor lá gasto…

terça-feira, 30 de maio de 2006

Amnésia


A situação em Timor-Leste, começando por coisas verdadeiramente sérias, tem tudo para ser, pelas más razões, um caso de estudo.

Antes da independência falei e escrevi sobre Timor, até ao ponto de alguns correligionários (alguns dos quais com funções de relevo e que, agora, “enchem a boca” com as gentes timorenses) satirizarem, mas logo sublinhei, quando as notícias começaram a ganhar cores alegres, que o mais fácil seria, de então em diante, esquecer Timor.

E assim se viveram os últimos tempos, com o espírito de quem se livrou de um peso na consciência ou de quem “já deu para esse peditório”.

A somar ao “nacional-porreirismo”, as restrições orçamentais e a proximidade de potências como a Austrália e a Indonésia foram atenuando a “moda” de 1999, excepto no que diz respeito ao brio dos cooperantes e forças de segurança, por um lado, e ao afecto que os timorenses têm por nós, por outro lado.

Nisto, esquecemo-nos de ancestrais divisões étnicas, familiares e políticas que percorrem o jovem País. Ainda há cerca de 30 anos, vizinhos matavam-se uns aos outros, algo que foi agravado durante a ocupação indonésia, em certos casos.

Tudo isto se joga, agora, mormente se pensarmos que o governo é dominado por elementos que estiveram exilados em Moçambique (a tendência mais à esquerda); também esta clivagem - a do local de exílio – serve para ler a política timorense, acreditem ou não. Esta predominância gerará, sem dúvida, rivalidades que agora ressurgem e que geram a união em torno do Presidente da República.

Ou seja, com excepção dos diplomatas, creio que, de facto, nos esquecemos de Timor, o que, como sempre acontece quando se procura aligeirar os problemas, sempre se paga, e com juros.
Sobre as medidas a tomar, reconheço humildemente que me faltam habilitações para a prescrição, mas o que sei é que Timor é e será uma questão premente da nossa política externa, durante muitos e (espero eu) bons anos. Resta saber se estamos dispostos aos sacrifícios inerentes. Entendo que, olhando o passivo histórico e o activo cultural e estratégico, é uma causa a abraçar.

sexta-feira, 26 de maio de 2006

Tácticas do laranjal


Não tenho os números exactos, mas já ouvi, na TSF, que o PS está 12% à frente do PSD, que, por sua vez, desce 0,5%.
Além disso, embora menos relevante, o líder do PSD continua com menos popularidade que o homólogo socialista.
Ora bem, embora se não deva governar pela popularidade - ser Primeiro-Ministro não é o mesmo que ser Miss Simpatia - só galvanizando se mobilizarão os portugueses para as medidas a tomar, invertendo a tendência de degradação da imagem dos políticos.
As cifras "barométricas" arrepiam ainda mais se pensarmos que o Governo, entre outras "prendas", aumentou impostos e os combustíveis, tornou mais difícil o acesso a pensões de vária sorte e ordenou o encerramento de maternidades e escolas, a mais de ter enfrentado os mais diversos grupos sócio-profissionais (entre outros, professores, médicos, agricultores, policias e, desde hoje, farmacêuticos).
No meio disto era supor uma de duas coisas: ou o PS andaria ao nível do PEV ou da Nova Democracia, ou as medidas, sendo boas (se as sondagens traduzirem reconhecimento), mereceriam um aplauso, de quando em vez (como hoje fez o dr. Marques Mendes, com elevado sentido de Estado, sobre a liberalização das farmácias, não deixando de discordar sobre os genéricos).
Em suma, há é que meditar sobre o assunto, e foi isso que procurei suscitar no Congresso.
Em vez de perceberem o contributo, alguns fundamentalistas bem próximos do Presidente do PSD, ao que me dizem alguns amigos, preferiram comentários alarves, pondo em causa a lealdade da intervenção.
Com eles posso eu bem... O que não sei é até quando os portugueses vão poder com a actual maneira de fazer política.

quarta-feira, 24 de maio de 2006

Passar ao lado

Com os anos em atraso do costume, o happy slapping chegou até nós, numa escola de Braga.
No fundo, este é o passatempo de adolescentes (regra geral) que humilham terceiros, enquanto um outro filma o acontecimento para posterior divulgação via Net ou telemóvel.
É estupido e reflecte bem a brutalização a que chegam as sociedades ocidentais, nos dias de hoje.
Todavia, continua sem se ir à raiz do problema, a qual não está na liberdade de escolha, agora recuperada para o debate político.

terça-feira, 23 de maio de 2006

Parece-me desigual...

Esta luta de Carrilho contra o resto do Mundo!

enfim... haja paciência.

...

Já assisti a alguns congressos: uns “in locco”, mais ainda via televisão.
No “antes” congressos, a mensagem é repetitiva: está em causa a discussão política, a reorganização interna, a legitimação do líder e órgãos eleitos, a necessidade de novas conquistas, o debate de ideias que visam o melhoramento da qualidade de vida e anseios de um país agora e sempre sedento de novas políticas, associadas a um evoluir constante dos tempos.
“Pós” congressos, para o líder e direcções eleitas, o conclave corre sempre bem. Houve debate interno, apresentaram-se propostas de futuro, o Partido sai unido, renovou-se com vista aos novos desafios.

Não sou mesmo nada daqueles que entendem que os militantes devam ser fiéis seguidores do que ali foi protelado, sendo quase doutrina. Obviamente, que ao sentido crítico que deve estar presente, deve ser aliado um respeito e seguimento inerente à condição de partidários, quando o somos. O que me parece óbvio é que os partidos e os seus líderes devem estar preparados para estes julgamentos, não os devem encarar como destrutivos, independentemente dos seus números eleitos serem superiores aos noventa pontos percentuais.

Não me parecem nada fáceis os dois anos que se avizinham para o PSD. Olhando para os eleitos, sem colocar em causa os seus valores individuais, a renovação deveria ter sido mais acentuada. Não mexer em equipa ganhadora, como foi apregoado por uns, só me parece viável quando essa equipa tem, junto da sociedade civil, indicadores altos de notoriedade e de compreensão do que dali é apregoado, o que sinceramente não me parece ser o caso. Recordo-me que Alberto João Jardim, quando confrontado com a renovação de que se falava num determinado Congresso respondeu, que não via ali uma renovação, mas sim uma rotatividade de lugares e de cadeiras, onde as personagens eram sempre as mesmas. O que me deixa fulo no meio disto tudo é que, sinceramente e pelo que conheço, quadros de valor no PSD é o que felizmente abunda. E onde é que eles estão? Esquecidos, sujeitos a humores e vontades de quem cola e não desgruda do poder, quais fitas isoladoras da nova geração.

domingo, 21 de maio de 2006

"Sarah"


Embalado pelo fenómeno criado à volta da obra de Dan Brown, que mais não fosse por uma questão de curiosidade, ontem peregrinei ao cinema.
As minhas bases católicas são precárias. Penitencio-me reconhecendo que o meu pensamento na existência de um ser superior, apenas tem cor quando uma ajuda divina vem a jeito, mas não sou descrente. Acredito no que de bom o catolicismo tem, na mensagem de paz e de solidariedade que tenta transmitir, irrito-me quando os seus “dignos” representantes não se modernizam, não se apercebendo que a evolução da sociedade a todos toca, mesmo à Igreja, por muito conservadorismo que esteja na sua génese.

Parece-me estapafúrdia a onda de cepticismo ao seguimento da fé cristã que o “código” impulsiona, isto porque, já tem sido dito e redito, nada do que Dan Brown apresenta é novo. Mais não se trata de um romance/policial, não uma obra teológica. Um conjunto de ideias parciais baseadas em teorias, excepcionalmente apresentadas, embora de veracidade duvidosa, discutível nos dias de hoje e seguramente para todo o sempre.
O “Código Da Vinci”, tal como tudo o que tem mão humana é falível, não se torna doutrina apenas porque o número de curiosos seja elevado, sendo apenas uma forma diferente de interpretar a história.
Sinceramente, gostei do filme e a ser verdade que tenha mesmo existido a tal “Sarah” (descendente de Jesus Cristo e de Maria Madalena), a minha fé não será minimamente abalada, até porque esta história do celibato, sempre me pareceu mais um capricho ideológico da Igreja, que vai contra a natureza humana, dando depois azo a situações desprestigiantes sobejamente conhecidas.

sexta-feira, 19 de maio de 2006

Quando a sociedade trabalha mais...

É certo que foi iniciativa de um sector profissional com alta capacidade de mobilização, mas isso não tira interresse ao facto de o Parlamento ter aprovado, ontem, uma iniciativa legislativa proposta por cidadãos (no caso, arquitectos).
Resta saber, uma vez que a aspiração (a reserva de competência para assinar projectos de arquitectura) tinha 33 anos, o que andaram a fazer os grupos parlamentares, visto que, estando todos mais ou menos de acordo, nenhum partido mexeu uma palha.

Gente de bem

Informou-nos a RTP1, hoje pela manhã, de que Portugal lidera o ranking europeu de furtos em lojas de retalho, apenas "ameaçado" no prestigiad galardão pela República Checa, pela Eslováquia e pela Hungria.
Esperemos que a Albânia adira rapidamente à UE, para ver se isto dá mais luta.

O PSD pensa que...

A Procuradora-Geral Adjunta do Ministério Público, Maria José Morgado, era citada pelo Diário de Notícias (edição de ontem) como detendo a opinião de que pouco se fazia, em Portugal, no domínio do combate à corrupção em meios políticos, aproveitando ainda para sublinhar as suas reservas quanto à eventual interferência do poder político no trabalho da Polícia Judiciária, por via da nomeação dos seus dirigentes.
Sobre isto o PSD pensa que:
1 - está certo
2 - está errado
3 - não está certo, nem errado
4 - todas as anteriores
5 - nenhuma das anteriores
Se souber a resposta, remeta um comentário e habilite-se ao lugar de membro deste blog (temos que reconhecer quem sabe mais do que nós).

quarta-feira, 17 de maio de 2006

Cardápio

O próximo congresso do PSD, a ocorrer neste fim-de-semana, promete baixos níveis de adrenalina, excepto no que tocar a fazer listas ao conselho nacional.

Marques Mendes foi eleito a solo, mas com boa participação, e a margem de demarcação será curta.
Creio (alma poética, a minha), por isso, que será um bom momento para afinar o método, tendo em vista três anos de difícil oposição. A minha agenda seria, assim, quadripartida:

1º “Comunicação”: o PSD tem, rapidamente, que reflectir sobre as razões de vogar atrás nas sondagens, depois de eleger um líder de estilo diametralmente oposto ao anterior, de vencer duas eleições (autárquicas e presidenciais), e estando face a um governo que (também) aumentou impostos, que diminuiu as pensões (ou, pelo menos, a facilidade de as obter), que promete fechar maternidades (por muito ponderosas que pareçam ser as razões), que ficou ligado a “n” aumentos dos combustíveis e que, last but not least, com maior ou menos adequação, tem interpelado vários sectores sociais, com alto grau de crispação.
Aqui chegados, ou o PSD culpa genérica e acriticamente a comunicação social (havendo que encontrar quem faça o papel de Manuel Maria Carrilho) ou encontra uma formula para comunicar que seja atractiva sem cair no simplismo apelativo que requerem muitas das mentes adormecidas pela ”cultura” da televisão, tão característica dos tempos actuais.

2º “Renovação”: quando surgem novas figuras, mormente no domínio da reflexão política, há sempre um qualquer gabinete de estudos ou estrutura honorífica afim para onde “empandeirar” os incómodos pensadores, tantas vezes denegridos com o rótulo de “intelectual”.
O mais comum é que se não perturbem os “accionistas” que se vão revezando nos lugares, de maneira a que sejam, em bom rigor, os mesmos, há mais de vinte anos.
A renovação é Belzebu para os partidos portugueses, dado que, entre a geração fundadora e a que agora começa a discutir o partido, existe uma outra que, aproveitando as oportunidades de participação do pós 25 de Abril, se profissionalizou tacitamente, estando pouco atreita a sair de jogo, e “ameaçando”, dada a idade que tem em média, mais vinte ou vinte e cinco anos de “sacrifícios” pelo povo.

3º “Esperar para ver”: outro ponto a repensar pode bem ser a cautela (vulgo, credibilidade) com que se faz politica, na oposição.
Estando o País com alto grau de ingovernabilidade, os partidos que almejam o poder têm optado por não elevar demasiadamente as expectativas, procurando esperar até que os governos percam o poder.
O problema é que, com tamanho decréscimo de expectativas, a capacidade de, uma vez no poder, mobilizar os portugueses para os esforços a fazer torna-se quase nula. As pessoas passarão a escolher por notas carismáticas ou por descrédito do executivo.

4º “Ideal social”: por fim, entendo que deveria o PSD reflectir não apenas no plano táctico (ou seja, medida a medida ou, no máximo, a quatro anos), mas também no plano estratégico e prospectivo.
A previsível, e mil vezes anunciada, falência da segurança social, o encerramento de unidades de saúde com argumentos económicos, a saturação do meio ambiente, a escassez de recursos fósseis, a proliferação de armamento nuclear, entre outras, são questões que afectarão, sem dúvida, os filhos e netos de muitos dos actuais lideres partidários, sem que se lhes vejam soluções corajosas e pouco raladas com resultados eleitorais imediatos.

Estes são, em suma, pontos que me pareceriam decisivos para elevar a bitola da nossa politica.

terça-feira, 9 de maio de 2006

Olha se a moda pega...

Todos somos conhecedores do fervor patriota dos argentinos em matéria de futebol.
Não é seguramente e apenas, um “problema” do país do tango, o facto de, em tempos de mundial de futebol, nomeadamente quando a selecção nacional dos respectivos países joga, muita “malta” se baldar aos seus afazeres.
Parece-me inovadora a medida do ministro da educação argentino e o seu programa: “Uma televisão na escola”, que visa combater as gazetas dos estudantes às aulas, colocando uma televisão em cada sala de aula. O objectivo é o de impedir que, no dia dos jogos, os estudantes não decidam ir para outras bandas e mandem os professores leccionarem para as paredes.
A medida parece-me caricata. Aos docentes argentinos não agrada nada, antevendo dias perdidos, em que terão de gerir várias emoções antagónicas.

Já viram se a moda pega?

segunda-feira, 8 de maio de 2006

Haja Coração!

Parece sina da Briosa deixar para o fim o que podia e devia ter sido resolvido bem antes. Com o orçamento, equipa de futebol e massa associativa que tem, há credos que podiam muito bem ser evitados. Irritante mesmo, é que aliado à fortuna no jogo de ontem contra o Marítimo, temos o treinador, a horas do derradeiro jogo, proferir que se fosse para encher o estádio, o sofrimento era amenizado!
Valeu-nos um Joeano em forma, que apesar de muitos meses sentado na poltrona dos esquecidos, lá nos deu uma ajuda (e que ajuda) nesta etapa final.
Espero, sinceramente, que para a próxima batalha desportiva, o sofrimento se revista de outras aspirações, condizentes com a grandeza reconhecida à nossa (minha e de mais uns quantos milhões) Briosa.

Virando para outro flanco, outra paixão, lá se realizaram as primeiras directas no PSD. Confesso-me há muito adepto deste método de eleição do líder. Não só o defendo para o PSD, como também para a JSD, se bem que neste último caso, parece-me algo para o qual a estrutura ainda não se encontra minimamente preparada.
As eleições parecem ter corrido bem, a votação no líder reeleito foi expressiva, apesar de uma abstenção elevada, mas justificada, devido à falta de “opponnents”. Contudo, nesta eleição, retira-se que uma eventual candidatura de um qualquer militante que queira ir a votos não se afigura nada fácil! Sem apoios de base, tal torna-se mesmo impossível, veja-se o caso do Dr. Pereira Coelho (Zé Beto), que apesar de não ser um militante desconhecido no partido, não conseguiu ir avante com as intenções de uma candidatura.
Mas, as novidades, não só foram o método de eleição, mas também a questão do pagamento das quotas. Já se fazia tarde, combater o pagamento de quotas em catadupa. Esta decisão da CPN em atribuir de forma aleatória os códigos de pagamento das quotas, atribuídas antecipadamente via postal, já urgia e só peca por tardia.
Finda a etapa eleitoral interna, compete agora a Marques Mendes, tornar o partido mais apelativo, conseguir fazer passar uma mensagem de rigor e reorganização interna, complementá-la com ideias e propostas que saciem os intentos da sociedade civil, utilizar métodos e técnicas de comunicação expressivas, baseadas na experiência adquirida ao longo dos anos, rodeando-se de quadros políticos competentes.
Não aparenta ser tarefa fácil, combater um governo com um líder forte, munido de uma máquina de Marketing Político jamais vista em Portugal.
Que o tempo e desgaste inerentes à governação, aliados a um PSD forte, com Marques Mendes ao leme, nos façam sonhar que em 2009 é possível.

Na cama com os políticos



Tomei nota de uma notícia difundida, há dias, pelos media, que dizia que o Governo tencionava penalizar os cidadãos que decidissem não procriar, discriminando positivamente os que mais dessem cumprimento aos mandamentos bíblicos, por seu turno.

Antes de mais, admito que a notícia seja lacónica, cumprindo aprofundar (salvo-seja) o tema.

Todavia, esta é uma área onde admito uma nuance ideológica (ou, em linguagem de esquerda, a minha deriva neoliberal): não creio que o Estado deva ir para a cama com os cidadãos, por muito que seja a solidariedade a nortear o exercício (salvo-seja II).

Bem sei que a pirâmide etária está a inverter-se (salvo-seja III), pondo em risco a sustentabilidade da segurança social, mas penso que é violentar (salvo-seja IV) o livre arbítrio de cada pessoa impor a obrigação de procriar.

Admitamos que alguém entende que não tem especial vocação paternal/maternal: será boa ideia sujeitar o nascituro a gente displicente? Será de admitir que se contrariem modos de vida não necessariamente egoístas?

Creio que outro tipo de situações deverá também ser acautelado; ou seja, quem não tenha filhos por razões médicas terá que ir a uma repartição exibir um estigmatizante atestado?

Opto pelo "wait and see", mas, por razões ideológicas, discordo da ideia de penalizar quem não se torna gente de família, nada tendo a opor a que se beneficie quem escolha pôr mais cadeiras à mesa.

Forma de estar na vida

Mais um ano na Superliga...

quinta-feira, 4 de maio de 2006

"Habituem-se!"

"A consulta das Bases de Dados do DRE não dispensa a consulta do D.R. original".
Está no site do Diário da República, e é pouco "simplex"!!!
Para parafrasear um ilustre parlamentar socialista, os jornalistas da República é bom que se habituem.

Obikwelo

Se há biografia política que daria best-seller, essa seria (pelo menos, no PSD e alguns sectores de outros partidos e grémios) a de José Alberto Pereira Coelho, o "nosso" Zé Beto...
Misturando-se lenda e realidade, muitas são já as peripécias que animam o imaginário de amigos e conhecidos desta figura grada do mundo laranja, que não deixa quem quer que seja indiferente.
Algumas coisas têm que lhe ser reconhecidas: perseverança (quando entrei para o PSD, ZB já lá estava, desde a I República), coragem (para alguns tem outro nome, mas é inegável) e militância.
Para lá disto, a lista de assinaturas, a avaliar pelo que se lê nos media, é, no mínimo, polémica. E a verdade é que mesmo que, feitas à sua margem, as irregularidades serão sempre associadas ao líder da oposição interna em exercício...
Porém, ZB disse à TSF que ainda está na corrida (alegadamente, não foi notificado)!
Corra, dr. Mendes! Corra!...
Nota: foto gentilmente cedida por "O Politicopata".

quarta-feira, 3 de maio de 2006

Liga Bet and Lose

Lê-se no Diário de Notícias, edição de hoje, que "O CDS, por Mota Soares, mostrou-se também satisfeito, realçando que na votação da Lei da Paridade 'o PS é que não tinha deputados suficientes para assegurar a sua passagem' ".
O assunto base do artigo é a decisão de não suspender o sistema de votação electrónica, questão que, aliás, me pareceu sempre bizantina e ilusória em relação ao que deviamos estar a discutir.
Agora, das duas, uma: ou o meu caro amigo Luís Pedro está a insinuar maldosamente ou é verdade o que ele afirma. Em ambos os casos, há medidas a tomar pela qualidade da nossa democracia.
Olhando para trás, medidas é mesmo a única coisa que nos arriscamos a não ver. Vai uma apostinha?

terça-feira, 2 de maio de 2006

Tangerina (edição revista e aumentada)

Embora a rejeição pelo Conselho de Jurisdição da candidatura de Pereira Coelho, mantenho, no essencial as palavaras que, hoje, vêm publicadas no Diários "As Beiras", pois continuo a entender que o processo de eleição directa do líder do PSD veio confirmar um dos receios que acalentava: o de que os meios viessem a ditar muito do que seja a compita eleitoral.

É evidente que os curricula de Luis Marques Mendes e de José Alberto Pereira Coelho seriam sempre bem diferentes, com esmagadora vantagem para o primeiro, no que toca a cargos partidários e de Estado.

Porém, com as devidas voltas à pista de avanço, normalmente, haveria interesse em mais debates nas circunscrições partidárias e nos media ou, pelo menos, mais tempo de antena para o único challanger, pelo menos, enquanto o foi. Mas nem intenções disso se vsilumbraram
A verdade é que na sociedade mediática, duas afirmações são possíveis e compagináveis: em primeiro lugar, em relação aos media, mais vale cair em graça do que ser engraçado. Quero com isto dizer que se já se é mediático desfrutar-se-á de uma exposição muito maior do que sendo um concorrente quase anónimo para o grande público, quando, se calhar, até podia dar-se uma compensação de sentido inverso.

Em segundo lugar, quem também tenha máquina (leia-se, financiamento, staff, estruturas locais) do seu lado tem outro suplemento não menosprezável, sendo que um mecanismo estimável de democracia directa acaba por ser relativizado pela “cor do dinheiro”.
Não que entenda, note-se, que a candidatura do dr. Pereira Coelho seria um ataque viável ao actual premier laranja; não sei mesmo se, desde o início, terá sido essa a intenção genuína do candidato. Porém, em termos abstractos, creio que podem extrair-se algumas ilações para embates futuros.

Sem invocar as mesmas razões de transparência (que não me parece estar em causa no PSD, salvo melhor opinião) que motivaram a alteração do financiamento dos partidos políticos, creio que a igualdade entre todos os militantes seria mais bem acautelada se a todos os que formalizassem a candidatura fosse assegurado um patamar mínimo de apoio, embora nunca sob forma pecuniária pura.

Dito isto, e falando sobre os ausentes, pode ser que o calculismo que ditou que muitos dos críticos não “fossem a jogo” – bem vistas as coisas, vêm aí três áridos anos de oposição a José Sócrates – venha a sair caro. A análise não é original, mas também eu constato que se há homem “nado e criado” no PSD, esse homem é Marques Mendes.

Tendo dedicado ao partido muito (muitíssimo mesmo) do seu tempo, o actual Presidente conhece bem os locais e as pessoas, não sendo de esperar que baixe a guarda, até 2008.

Feitas as contas, os que não marcaram terreno agora poderão vir a lamentar a abstinência, uma vez que Marques Mendes, com a sua reconhecida sagacidade, tudo fará para sedimentar a sua posição, assim o ajude também uma eventual derrapagem da popularidade do Executivo.

Neste aspecto, Pereira Coelho (o “nosso” Zé Beto) entreviu uma deixa eventualmente irrepetível e tentou o seu momento de glória.

Francamente, preocupa-me bem mais a renúncia de alguns adeptos da surdina (não falo dos opositores óbvios que, por o serem, não falam em surdina) que, por vezes, parecem trocar a conquista de uma laranja por um gomo de tangerina.