sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Ainda as vacas


Mal sabem elas que dão tanto que falar. Mas pelo que se tem visto, as vacas também dão azo a oportunismo político. Não é que depois das ridículas declarações da Associação Animal vem o Bloco de Esquerda (quem mais poderia ser...!) ajudar à festa? Preocupados com as vaquinhas que por uns dias habitaram a Praça de Espanha no âmbito de uma promoção do turismo dos Açores, os lisboetas da esquerda-caviar criticaram a iniciativa. Nada têm a dizer quando degustam um suculento fillet mignon nos restaurantes de luxo da capital mas depois lembram-se das vaquinhas, coitadinhas, meia dúzia de dias a degustar o insípido relvado urbano e a ter que conviver com os sensaborões lisboetas..! Enfim, mais uns que não sabem o quão precioso é o silêncio...

O mais curioso é que a concelhia lisboeta do BE não se ficou por criticar a iniciativa, mas também quem a permitiu. «Denunciamos igualmente a prática, cada vez maior, por parte da autarquia de cedência dos espaços públicos da cidade de Lisboa para fins publicitários e comerciais, em prejuízo da livre circulação e usufruto desses espaços pelos cidadãos e da qualidade do ambiente urbano». Ora, quem tem na CML o pelouro dos espaços públicos e dos espaços verdes é precisamente o vereador do Bloco, José Sá Fernandes...

Nortada clássica

Se fui um dos maiores críticos da colossal derrapagem orçamental da Casa da Música e do facto de não prever espaço para óperas, também nunca deixei de reconhecer que o edifício é muito interessante e a programação aliciante.

No domingo fui ver e ouvir a Orquestra Nacional do Porto a tocar a Sinfonia nº 4 de Brahms (uma obra notabilíssima, sublinho), com uma particulariadade: antes da versão integral, havia uma contextualização histórica e um enquadramento musical da obra, em que as explicações de Rui Pereira (editor de programação) eram entrecortadas por trechos da Sinfonia, num diálogo interessante e formativo sob direcção do maestro Emilio Pomàrico.

E depois foi olhar à volta e ver crianças e idosos, famílias e grupos de amigos, num final de manhã e enriquecerem a sua formação e a fruírem melodias que elevam um estado de alma, a fazer lembrar os meus tempos de criança, em que a minha avó me levava ao Teatro Académico Gil Vicente, em Coimbra, para escutar ciclos dedicados a diversos compositores, sob orientação e explicação do maestro José Atalaya. Aí vi o evoluir de percursos com o de Jorge Moyano ou Pedro Burmester.
Ainda se faz boa cultura, apesar das vistas curtas dos nossos políticos...

Interessante (para quem gosta de política)

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Dias negros


Olho, a título de amostra, para as polémicas em torno do Primeiro-Ministro e recordo as outras que afectaram, à vez, Paulo Portas e Dias Loureiro e percebo que estamos desgraçados, na esteira do que sentenciava, há dias, o juízo bem mais avalizado de Medina Carreira.

Digo-o não apenas pela falta de massa crítica nos partidos portugueses (aviso-vos de que as segundas-linhas são bem menos interessantes do que aqueles que vamos conhecendo), mas também porque nos entretivemos a derreter o pouco de credibilidade que poderia restar à nossa classe política, ora retirando-lhe estatuto apenas para apoucar, ora comprazendo-nos com suspeições que, mesmo quando não provadas, mancham definitivamente o nome de protagonistas que, com mais ou menos apreço, ainda conseguimos sindicar.

Mais me aterroriza o que digo – e que em nada colide com a ideia que tenho que se deve investigar ao milímetro a “limpeza das mãos” dos nossos políticos, mas sempre respeitando a presunção legal de inocência – quando olho o panorama internacional e vejo uma crise que, estou seguro, ainda não atingiu o seu ponto mais negro.

Bastava pegar num jornal de terça-feira e ver as dezenas de milhar de empregos (setenta e dois mil) que se perderam, entre EUA e Europa, num só dia (Segunda-feira), a avaliar pelas intenções comunicadas pelos empregadores.

Fiat, General Motors, Caterpillar, Citigroup, Pfizer, Qimonda, Ecco, NEC, Sony, Microsoft... Escolha o leitor o nome da desgraça para tantas pessoas que vão começar a pensar como pagar a casa, como dar de comer e vestir as suas crianças e, no limite, como preservar a sua dignidade e a sua auto-estima.

Gente que deixa de comprar o acessório e “mata” quem vive do fabrico ou comércio desse produto ou serviço. Toda uma legião de descamisados que, no seu todo, deixará de comprar parte do essencial, atraindo, involuntariamente, mais gente para as areias movediças do ocaso do consumismo infrene, que, com a minha voz inaudível por falta de estatuto, não me cansei de denunciar em congressos da JSD e do PSD, sublinhando que as pessoas não eram números e que estávamos a definir-nos mais pelo “ter” do que pelo “ser”.

Agora, vamos afundar-nos mais e mais, sem políticos de referência para nos ajudar e sem conseguir prever o que acontecerá quando não houver pão em milhões de mesas. Julgar-me-ão catastrofista se augurar que a criminalidade e o suicídio poderão vir a parecer saídas para os mais aflitos?! Oxalá esteja a ser agoirento!... O que sei, como disse, é que a grande noite ainda não caiu totalmente…

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Uma forma de estar na vida

Diogo Gomes marcava o 2º golo da Briosa frente ao Guimarães e dois elementos da Lodo, S.A.D. exultavam. Ora confiram no canto direito...

Portugal é uma região!!!

A regionalização de um país tão pequeno como Portugal é uma calamidade tão grande que entro num estado próximo do colapso mental, cada vez que ouço alguém falar convictamente nela.

Ponderados todos os factores, considero que só em circunstâncias anormais é que as vantagens de um processo como este poderiam compensar os prejuízos que acarreta. Parece-me que os políticos que a propõem vivem de algum modo deslocados da realidade de um país com uma dimensão inferior à de muitas regiões de outros estados onde o processo está implementado.

Logicamente, não nego o excesso de centralismo que existe em torno de Lisboa, no entanto não considero que este resulte da dimensão do país e muito menos que pode ser resolvido com o megalómano projecto de regionalização apresentado. Considero que este deriva, isso sim, do centralismo existente na mentalidade dos homens que governam o nosso país.

A regionalização obrigaria à criação de uma série de organismos intermédios, com custos que tornam a sua viabilidade bastante dúvidavel. Por outro lado, a nova classe política que surgiria com estes organismos, com os jogos de interesses que lhe estão associados, teria exactamente o efeito contrário daquele que se pretende com este processo, afastando ainda mais o cidadão comum da política e dos órgãos de governação, gerando focos de corrupção e minando consequentemente a eficiência que organismos como estes poderiam ter na gestão do território.

Os objectivos deste processo poderiam ser atingidos de uma forma muito mais simples e económica caso se apostasse preferencialmente na descentralização de mais competências para o poder local ou para entidades de âmbito distrital, criadas por exemplo através da completa reformulação das funções dos governos civis. As competências a descentralizar distribuir-se-iam essencialmente pelas áreas da educação ao nível da gestão do parque escolar, do apoio social permitindo políticas diferenciadas consoante as necessidades especificas de cada região, da economia no que diz respeito à captação de investimento e estímulo do empreendedorismo e ainda da cultura, área onde os organismos do poder local com os devidos recursos podem ter uma acção bastante eficaz.

É claro que as novas competências atribuídas a estes órgãos, exigiriam a transferência de um volume de fundos bem mais significativo e que estes fossem geridos com a transparência correspondente à responsabilidade que representam. E apesar das câmaras municipais não constituírem propriamente exemplos de boa governação, considero que dada a sua dimensão, estas podem ser fiscalizadas de forma bem mais eficiente, não tendo a mesma margem que os hipotéticos governos regionais para atingirem níveis de endividamento surreais – veja-se o caso do governo regional da madeira e das suas famosas sociedades de desenvolvimento.

Enfim, resta-me esperar que os portugueses tenham a mesma sensatez que demonstraram da primeira vez que esta proposta lhe foi apresentada.

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Diz que é uma espécie de amnésia...


Se a celeridade caracterizou o andamento do processo de licenciamento do Freeport, a morosidade marcou a postura de todos quanto, de uma ou outra forma, tiverem contacto ou conhecimento do sombrio enredo daquele processo e só agora se lembram de vir bradar às autoridades que à data desconfiaram de falhas, irregularidades, ilegalidades e tudo o mais que lhes assome à memória.
De zelosas ex-secretárias a atentos ex-secretários de Estado, passando por associações ambientalistas que se esquecem das queixas que fazem, a cada dia que passa haverá alguém que vem aditar mais alguma coisa ao processo, sendo que durante sete anos todos sofreram de uma oportuna amnésia. Se me permitem, aqui a amnésia confunde-se com cobardia e deu lugar a uma certa conivência. E o espectáculo ainda mal começou...

A "maldição do vencedor"

Como dizia um famoso dirigente socialista:
NOTA: o boletim não é o original, mas é muito parecido!!!!!!!

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009


Parece que isto, deu nisto.

Comédia muito inteligente

Big in Japan IV - "e que tal de sushi?!"

Acreditem ou não, eu vi!... No Japão há chocolates Kit Kat dos seguintes sabores (quase todos provados, mas nem todos ilustrados supra): Pudin Flan (saco grande e pequenos chocolates circundantes; gostei), Morango (canto inferior esquerdo; bom), Batata Doce (canto oposto; ainda a provar) e os ausentes Chá Verde (bonzinho), Soja (um nojo), Maçã (comprado, mas a provar), Cheesecake de Frutos do Bosque (bem bom) e de Morango (não adquirido) e - juro!!! - Feijão (estou a ganhar coragem, embora tenha provado uma sobremesa japonesa que usava feijão adocicado e que deixou as papilas gustativas a bater palmas!!!).

Fica por saber para quando um Kit Kat de Sushi... E que tal chocolates Regina de cozido ou de bacalhau?!...

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Big in Japan III - "Razão a quem a tem"


Ainda o Metro de Tóquio.

Lê-se


"Ou estou fortemente enganado (o que sucede, aliás, com uma frequência notável), ou a história de Portugal é decalcada da história de Pedro e o Lobo, com uma pequena alteração: em vez de Pedro e o Lobo, é Pedro e a Crise. De acordo com os especialistas - e para surpresa de todos os leigos, completamente inconscientes de que tal cenário fosse possível - Portugal está mergulhado numa profunda crise. Ao que parece, 2009 vai ser mesmo complicado.

O problema é que 2008 já foi bastante difícil. E, no final de 2006, o empresário Pedro Ferraz da Costa avisava no Diário de Notícias que 2007 não iria ser fácil. O que, evidentemente, se verificou, e nem era assim tão difícil de prever tendo em conta que, em 2006, analistas já detectavam que o País estava em crise. Em Setembro de 2005, Marques Mendes, então presidente do PSD, desafiou o primeiro-ministro para ir ao Parlamento debater a crise económica.

Nada disto era surpreendente na medida em que, de acordo com o Relatório de Estabilidade Financeira do Banco de Portugal, entre 2004 e 2005, o nível de endividamento das famílias portuguesas aumentou de 78% para 84,2% do PIB. O grande problema de 2004 era um prolongamento da grave crise de 2003, ano em que a economia portuguesa regrediu 0,8% e a ministra das Finanças não teve outro remédio senão voltar a pedir contenção. Pior que 2003, só talvez 2002, que nos deixou, como herança, o maior défice orçamental da Europa, provavelmente em consequência da crise de 2001, na sequência dos ataques terroristas aos Estados Unidos. No entanto, segundo o professor Abel M. Mateus, a economia portuguesa já se encontrava em crise antes do 11 de Setembro.

A verdade é que, tirando aqueles seis meses da década de 90 em que chegaram uns milhões valentes vindos da União Europeia, eu não me lembro de Portugal não estar em crise. Por isso, acredito que a crise do ano que vem seja violenta. Mas creio que, se uma crise quiser mesmo impressionar os portugueses, vai ter de trabalhar a sério. Um crescimento zero, para nós, é amendoins. Pequenas recessões comem os portugueses ao pequeno-almoço. 2009 só assusta esses maricas da Europa que têm andado a crescer acima dos 7 por cento. Quem nunca foi além dos 2%, não está preocupado.

É tempo de reconhecer o mérito e agradecer a governos atrás de governos que fizeram tudo o que era possível para não habituar mal os portugueses. A todos os executivos que mantiveram Portugal em crise desde 1143 até hoje, muito obrigado. Agora, somos o povo da Europa que está mais bem preparado para fazer face às dificuldades."

Crónica de Ricardo Araújo Pereira, in Visão (Janeiro 2009)

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Qualidade

Bom, mas a puxar para o chatinho...

Paremos de respirar!

O Ministro das Finanças diz que o Mundial de Futebol de 2018 (portanto, daqui a 9 anos...), a organizar por Espanha e Portugal, não é prioridade, dada a crise que vivemos...

O porta-voz da Conferência Episcopal, Padre Manuel Morujão, critica a moção de José Sócrates ao Congresso do PS, pois entende que os casamentos homossexuais não são prioritários, olhada a mesmíssima crise...

O que não está em crise é mesmo a demagogia. Em nenhum dos casos citados a crise importa: no primeiro, a despesa a realizar é daqui a uma década e, no segundo, a alteração ainda, que polémica, não é onerosa.

Um destes dias, será melhor pararmos de falar ou mesmo de respirar, com o intuito de não desviarmos as nossas atenções da crise. Com franqueza!...

Maybe we can!

Ao ler estas linhas, já tomou posse Barak Obama e já terão sido escritos e ditos milhões de palavras sobre raça, credo, esperança, economia, guerra, Iraque, Afeganistão, Médio Oriente e por aí fora…
Cá por mim mantenho baixas expectativas em relação a alguns aspectos fundamentais do debate, por muito que acredite em melhorias, já que, depois de George W. Bush, pior é quase de certeza impossível - o “quase” tem a ver com o desejo expresso pelo pai Bush de que o outro filho, Jeb Bush, possa vir, também ele, a ser presidente dos EUA, algo que seria justíssimo pelo “roubo” em que colaborou enquanto Governador da Florida (aquele que daria a vitória ao seu irmão sobre Al Gore).

Falo de baixas expectativas, desde logo, no domínio da política externa, já que o proselitismo está ínsito na mesma. Com excepção de Teddy Roosevelt e Nixon, os presidentes americanos encarnam o papel doutrinador que foi instituído por Woodrow Wilson. Assim, mudando de aliados em alguns casos e privilegiando mais o diálogo noutros, não vejo Obama com espaço de manobra ou sequer disposição para aderir ao multilateralismo puro e simples com que muitos sonham.

Depois, creio que os recursos naturais e a sustentabilidade do Planeta poderão registar evolução positiva, mas seria preciso um corte drástico na delapidação dos primeiros para que o segundo vector recuperasse de modo a evitar catástrofes como o degelo, a seca, a fome, as tempestades e outros fenómenos que, consoante a área geográfica, se vêm atribuindo às alterações climáticas e ao vampiresco padrão de consumo que se implantou a Ocidente e na Ásia. Ora, não creio que a própria indústria americana, mormente em tempo de crise, possa ou queira reconfigurar significativamente o seu modus faciendi, designadamente no sector automóvel. Acresce que sempre restariam, por exemplo, casos como o da China que, com a “desculpa” de que também tem direito a desenvolver-se, devora recursos fósseis e polui avassaladoramente.

Resta o plano económico, onde a mudança de paradigma pode, aqui sim, ditar melhorias, a começar pelo recuo na abordagem selvática que se fez do capitalismo e da economia de mercado. Ando, há algum tempo, a defender a ideia de que, a permanecermos cegos às desigualdades acabaríamos, involuntariamente, por dar razão a Marx, algo que me parece – a URSS demonstrou-o – errado, porque impossível de concretizar e contra-natura. Todavia, a crise actual mostra que nos excedemos, instrumentalizando as pessoas e entronizando o mero lucro.
O problema é, aliás, de tal modo global que tardam as soluções eficazes e crescem os sinais de desespero (aumento de desemprego, criminalidade, falências).

Face a isto, poderá até ser que Obama, apostando mais na função reguladora do Estado, venha a contrariar algumas tendências nefastas; contudo o cerne da questão subsiste: a expectativa depositada no 44º Presidente é tão elevada que a cobrança poderá ser quase imediata. Bem pode Obama tentar agora refrear os ânimos que espoletou durante a campanha, mas será sempre tarde demais. A situação é muito grave e o desespero não se apazigua com palavras.

É por tudo isto que olho o novo “líder do Mundo” com simpatia, mas com esperança refreada. Há que tentar e não há dúvida de que Obama parte com um capital de aprovação inaudito, de tal modo que a gaffe no juramento, que fez sorrir milhões e o próprio, teria valido os maiores enxovalhos se, por exemplo, se tratasse da tomada de posse de George W. Bush...

Big in Japan II - "o quê?!"

Os comboios de Tóquio são, indubitavelmente, curiosos... Olhando para o topo da imagem, fico sem saber se é ou não de um tipo se apear... De todo o modo, fica a saber que pagará 1.280 ienes.

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Prioridades...

Depois de abrir telejornais e de ter um "Prós & Contras" exclusivamente dedicado à sua pessoa, o périplo de Cristiano Ronaldo pelos programas da RTP não estaria completo não fosse o menino d'oiro convidado de Judite de Sousa na edição de ontem da Grande Entrevista. Eu cá não tive oportunidade de ver o programa, mas a julgar pelo blá blá blá aqui do local de trabalho, o programa teria sido melhor se se tratasse de uma "entrevista-relâmpago". É que o Cristiano é bom à bola mas não deve muito à língua portuguesa e por aí fora, pelo que a entrevista foi demolhada em lugares-comuns.
Não esqueço que se trata de um miúdo que tendo tido uma infância pobre, lutou e saltou da Madeira para o Mundo, singrou no futebol e tornou-se no melhor de todos. Louvável, bem sei. Mas, caramba, tantos milhões em ferraris novinhos para a sucata, bentleys a reluzir, vivendas e férias de luxo... e não vai nada, nada, nada para enriquecer o seu discurso e a sua postura em público?! ...

...e Portugal tem destas!

Se o Japão tem destas coisas, Portugal - ou melhor, a Praça de Espanha - tem até dia 25 meia dúzia de vacas a passearem-se com a vaidade (e o alívio!) de quem veio dos Açores até Lisboa de uma outra forma que não fatiada e conservada em arca frigorífica.

A estratégia promocional da Associação de Turismo dos Açores inicia-se hoje e conta ainda com uma baleia a mergulhar lá para os lados do Saldanha, um campo de golfe nos Restauradores e um campo de hortenses a florescer em Entrecampos, tudo isto com a finalidade de trazer até à capital uma pequena amostra da oferta do arquipélago.

Claro que a Associação "Animal" já veio protestar pelo facto dos "animais estarem até domingo na rua, expostos ao frio e à chuva". Não pondo em causa o trabalho que estas associações de defesa do animal levam a cabo - o qual, ademais, louvo - parece-me ridículo que, desta feita, se preocupem com isto. Parece-me até que esta indignação só pode partir de quem passa a vida enfiado num gabinete, mal saiu de Lisboa e nunca viu uma vaca in loco! Ou então faltaram a umas aulas de Ciências da Natureza....

É certo que hoje Lisboa acordou mais fria que o normal, mas os animais no seu local de origem estão nas mesmíssimas condições - e se chove nos Açores! - sendo que o pêlo e a gordura que têm é-lhes suficiente...
Aos senhores da "Animal": Há alturas em que o silêncio é mesmo de ouro!

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Palpites VI

Perguntámos aos leitores do "Lodo" por que razão entendiam que os estádios portugueses têm falta de público e 26 amigos colaboraram com a sua opinião. A caminho do Vitória de Setúbal vs Académica para a Taça da Liga - e a propósito da fraca adesão a esta competição - apetece pensar no assunto. Assim:
  • 42,3% (11 pessoas) atribuiram o facto ao preço dos bilhetes. Concordo! Para a bolsa dos portugueses 20 ou 30€ (preço que pode facilmente atingir-se e superar-se na recepção a um clube afamado) é muito dinheiro. O problema é que sem dinheiro não há boas equipas e sem elas não há bons espectáculos; sem estes, por fim, ninguém acede a desenbolsar gordas maquias, mesmo que as tenha.
  • 27% (7 pessoas) escolheram o mau futebol praticado como causa maior da rarefacção humana nos areópagos do pontapé-na-bola. Sim... Muito mal se joga por cá!... E, por vezes, um jogo menor do campeonato inglês basta para nos encher as medidas e nem é pela nomeada dos artistas; há muita prata da casa, por lá.
  • 3,8% (1 pessoa) crê que é a violência a afastar pessoas dos nossos estádios. Discordo. Com uma ou outra escaramuça estamos em ambiente relativamente seguro, em Portugal.

Alguns dados curiosos:

  • 19,3% (5 pessoas) entendem que há um misto de tudo isto que afasta as pessoas.
  • 0% ou seja ningém atrbui o facto à falta de conforto (o que é certo, dadas as condições de grande parte dos nossos estádios dos dois escalões maiores) ou às arbitragens (o que não deixa de ser curioso, já que entendo que, mesmo que sem intuitos subversivos, temos um nível medíocre na nossa arbitragem).
  • 7,6% (2 pessoas) entendem que a pergunta é falsa... A meu ver só se for por me ter esquecido de pôr à disposição a justificação das transmissões televisivas e dos horários estúpidos a que por vezes obrigam; de resto é notória a ausência de público.

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Sete títulos para o n.º 7


Bem sei que já chateia meia hora de telejornal a levar com mais uma conquista de Cristiano Ronaldo, seguido de um "Prós & Contras" inteiramente dedicado ao craque (quais seriam os contras?!) e depois de uma noite destas ainda ter que gramá-lo em todas as capas dos jornais logo pela manhã! Mas com 23 anos e tanto prémio já arrecadado é impossível ignorar o sucesso de Cristiano Ronaldo e menosprezar um jogador que num só ano arrecadou sete distintos prémios do mundo do Futebol, com a cereja no topo do bolo - FIFA World Player 2008.

Sete prémios para o nosso número sete merecem de facto reconhecimento dos portugueses, até porque tudo o que envolve o nosso craque mexe com aquele orgulhozinho de ser português e deixa de rastos aqueles que sustentam a ideia de que o português não é bom em coisa alguma..! O que chateia mesmo é que Ronaldo seja tão bom lá fora e quando chega a hora de vestir a nossa camisola, parece que o talento se eclipsa... A ver vamos se a sucessão de comemorações que o moço viveu em 2008 o moralizam para fazer por merecer mais uns tantos nos próximos tempos... e a ver vamos se num próximo Europeu ou Mundial justifica toda esta bajulação dos portugueses...!

A democracia e a heterossexualidade

Políticos sofríveis, cidadãos pouco cívicos e empresários gananciosos. Se me não engano e ressalvadas excepções positivas, será assim que a maioria dos ocidentais adjectivará o tríptico social enunciado.

O que me apoquenta é que, na mesma medida em que temos sociedades com massa crítica exígua quando toca a pensar a vida pública e em que nos castramos civilizacionalmente (com honrosas exclusões como as dos EUA, Reino Unido e Israel), vivemos no mais estupidificante relativismo ético (ou seja, todas as opiniões valem o mesmo, esbatendo-se a diferença entre o certo e o errado), excepto quando toca a mostrar intolerância para com aqueles que ousam defender uma moral prática ou um código de conduta; aí sim, dizem os anarcas e extremistas de esquerda que está errado ter um rumo.

Falo a propósito da Igreja Católica e dos ataques que tem sofrido, mas sublinho que nem é preciso que concordemos com a sua doutrina; basta que admitamos que a ela tem direito e que se trata de uma proposta de vida de adesão voluntária, ao invés do que podem dizer muitos cidadãos de países com governação islâmica (mais uma vez, há casos de sentido contrário, felizmente) e/ou ditatorial.

A mais recente reunião da Cúria Romana fez o balanço de 2008 e, sem surpresa, reafirmou a ideia de que o projecto divino ínsito na lei natural deve guiar os seres humanos, entre outras coisas, para a família e para a heterossexualidade.

Por oposição existe a teoria do género, que (em versão simplificada) entende que tudo resulta de uma interpretação cultural que se faz da “infra-estrutura” natural com que nascemos.

Pessoalmente, estou-me nas tintas quanto à opção sexual de cada um, conquanto me não macem directamente com orientações que não perfilho (para que conste sou convicta e incorrigivelmente heterossexual); isto é, cada um deve ser feliz à sua maneira, mormente quando não prejudica o próximo… Nesse sentido, não sigo a ideia da Igreja Católica de que há na homossexualidade um crime de lesa Criador.

Todavia, o que não devem tentar impingir-me é a ideia de que a diferença que vejo na homossexualidade não é isso mesmo: um caminho alternativo ao que é a inclinação maioritária e historicamente comum do ser humano.

Não viso com esta conclusão gerar qualquer clima de intolerância, mas tão somente sublinhar três ideias: em primeiro lugar, a Igreja Católica tem direito a estruturar uma ética, sendo de lamentar que não existam mais alternativas consistentes.

Em segundo lugar, fica por perceber como existiriam os defensores de outra “normalidade”, se a heterossexualidade passasse a interpretação ocasional do nosso destino.

Por último, lamento que os que, por sistema, atacam pilares óbvios da ocidentalidade não percebam que estão a minar o modus vivendi que lhes autoriza essa divergência.

sábado, 10 de janeiro de 2009

As marcas da Crise

Enceto a minha intervenção lodosa (salvo-seja) neste ano de 2009 repescando uma teoria económica que se propagou nos finais de 2008 e cuja divulgação ainda não teve (o merecido) lugar aqui no Lodo.
De uma assentada, a teoria é esta: perante a crise, aumenta exponencialmente a venda de baton. Sim, leram bem, baton. Um produto feminino a dizer-nos a quantas anda essa malfadada Crise.

A credibilidade deste disparatado indicador económico parecer-nos-ia facilmente desmontável se não partisse de senhores economistas e se não tivesse sido corroborada por uma edição do New York Times de Dezembro passado. E quem somos nós para pôr em causa que quando a Crise bate à porta, às senhoras assoma-se-lhe uma vontade de pintar os lábios?!

Certo é que a partir de agora, mais do que ler o caderno de Economia, toca a observar a afluência às lojas de cosmética. Espreitar a bolsa de maquilhagem da vizinha do lado também pode ser um bom começo para saber se a sua (e a de todos) vidinha financeira vai passar pelas ruas da amargura. Melhor, melhor é ver se a mãe, a amiga, a tia, a vizinha ou a colega de trabalho andam a abusar das pinturas de guerra no rosto. Ele há estudos e teorias que são do mais proveitoso que há, não é verdade...?...

PS.1 - Tenho-vos a dizer que nos meus 24 anos de vida nunca comprei um baton. Na minha carteira só encontram baton cieiro de supermercado, razão pela qual escusam de me vir pedir explicações pelas perturbações económicas que eventualmente estão a sofrer! ;)

PS.2 - Ah, e se encontrarem marcas de baton nas camisas do vosso companheiro não é sinal de Crise...