sexta-feira, 4 de novembro de 2005

"É triste ver este homem"...

Apesar de citar a letra da banda sonora de um filme com final trágico, não é ao "guerreiro menino" que me reporto, mas sim ao dr. Soares, que deveria ter sido preservado, um pouco (salvas as devidas distâncias, porque as circunstâncias são diversas) como sucedeu com Sottomayor Cardia, quando lhe passou pela cabeça o avanço para Belém.

A "tara" por Cavaco é excessiva, ridícula e apouca um homem com um percurso, goste-se ou não, singular.

Anteontem, na TVI, era o facto de não saber falar e de, quando o faz, só debitar Economia.

Ontem, a entrevista à VISÃO trouxe mais umas pérolas:

a) "Estou aqui para discutir as minhas ideias convosco. Se vai pôr toda a ênfase em Cavaco Silva, está a fazer uma entrevista falhada"
(...)
"Mas ainda não saímos do professor Cavaco... É uma obsessão vossa!"
(...)
Porém:
"(perguntado sobre se tem apoiantes de direita) Tenho, mas sabe por que é que me apoiam? Porque não gostam de Cavaco Silva".

E a obsessão é dos outros!... Ainda bem que as pessoas se revêm, sobretudo, nas ideias...

E, já agora, quem falou numa candidatura para evitar um passeio de Cavaco Silva na Avenida da Liberdade?



b) VISÃO: "Porque escolheu (...) Cunha Vaz, que Ferro Rodrigues processou por difamação..."?
Soares: "Quanto à empresa de Cunha Vaz, sou testemunha, nesse processo, a favor de Ferro Rodrigues, por quem tenho muita estima e de quem sou amigo. Cunha Vaz está apenas lá [candidatura] como profissional".

E se não tivésse estima e amizade?! Ainda bem que não é também testemunha de Jeová, porque era mais grave, dado o envolvido...



c) VISÃO: "A decisão de levar até ao fim a sua candidatura é mesmo definitiva?".

Voltando à introdução do post, e salvaguardo o devido respeito pelo dr. Soares, não estranhará ele por que é que estão sempre a fazer-lhe esta pergunta?! Será que imaginam que há uma cabala "geronticida"?

Vai ser dramático, até Janeiro, olhem o que vos digo...

2 comentários:

Fernanda Marques Lopes disse...

Caro Gonçalo:

Tendo em conta a estima que por ti tenho (não fosse tu o brother da minha melhor amiga) e a qualidade inconfundível do teu blog, decidi compartilhar contigo e com os demais iluminados leitores do teu blog um artigo que escrevi recentemente (ainda por publicar) para um semanário regional da minha área de residência e de influência política (pouquinha, por enquanto, como é claro..)

Cumprimentos


O regresso de D. Sebastião

Se até há pouco tempo eram as eleições autárquicas que povoavam os telejornais e o imaginário de cada um, agora são as presidenciais que ocupam o lugar de destaque.

Nas autárquicas assistimos a quase tudo o que possamos imaginar. De facto, a nossa imaginação pôde soltar-se nestas últimas eleições, mas dificilmente venceu a realidade a que íamos assistindo. Há um caso que não posso deixar de citar. Carrilho tentou aproveitar o mediatismo da esposa, mas nem assim conseguiu ganhar a Câmara Municipal de Lisboa, esse aparente “trunfo” acabou por se tornar contra-producente, algo que julgo correcto, pois em campanha avalia-se a postura dos candidatos e não dos familiares ou amigos dos mesmos.

Já nas Presidenciais, valerá, por certo, a imagem de qualquer um dos candidatos, sendo certo que haverá um concurso de popularidade entre Mário Soares e Cavaco Silva. Penso que presenciaremos grandes debates televisivos entre ambos.

Quanto à candidatura de Cavaco Silva, já anunciada publicamente pelo mesmo, parece-me justificável. É interessante como Cavaco, antes mesmo de avançar, era o único candidato que ganhava, pelo seu silêncio e ponderação, enquanto que os outros lutavam contra algo que ainda nem sequer tinha avançado. Aníbal Cavaco Silva afigura-se como o Presidente certo para esta conjuntura política e economico-social; o seu perfil encaixa nas necessidades sentidas pela nossa pátria. Não nos podemos esquecer de que Cavaco está há dez anos a preparar o seu regresso à cena política activa, desde que perdeu as Presidenciais para Jorge Sampaio, enquanto que Mário Soares está há apenas alguns meses nesta corrida a Belém. Pessoalmente, creio que o país tem uma dívida de gratidão para com Cavaco.

O combate far-se-á, fundamentalmente, em duas frentes: Mário Soares e Cavaco Silva. Penso que Manuel Alegre, apesar de ter começado melhor do que Soares, não tem meios nem apoios para combater de igual para igual com os dois “gigantes”. Mas o que me parece mais grave para Soares é o facto de nem sequer conseguir manter a unidade dentro do partido. É certo que em 1985 Soares também não unia a esquerda, pois competia com Freitas do Amaral à direita, e com Zenha e Pintassilgo à esquerda. Todavia, a situação agora é bem mais delicada, sobretudo por dois motivos principais: Mário Soares já foi Presidente da República durante dez anos e também porque do outro lado, do centro-direita, surge um candidato de peso, Cavaco, o que deveria reunir mais esforços e consenso da esquerda e do PS quanto ao seu candidato. Penso que Mário Soares irá prejudicar muito a sua imagem se perder com Cavaco Silva, nesta altura da sua vida, será uma saída inglória dos palcos políticos nacionais.

Se analisarmos a situação política actual, é mais facilmente previsível uma coabitação pacífica e construtiva entre o governo de Sócrates e Cavaco Silva, do que propriamente entre o primeiro e Mário Soares ou mesmo Manuel Alegre, e muito menos entre o governo e Jerónimo de Sousa ou Francisco Louçã.

Uma análise curiosa à margem deste confronto entre Soares e Cavaco indica-nos que Jerónimo de Sousa vai “esmagar” Francisco Louçã. Jerónimo é simpático e congrega muita gente à esquerda, foi uma agradável surpresa que revigorou o Partido Comunista. Já Francisco Louçã demonstra-se arrogante e intelectualmente sofisticado, transpondo facilmente a fronteira do político para o lúdico. Como diz um amigo meu, o “fenómeno Louçã” vai demonstrar que o Bloco de Esquerda não tem consistência.

Voltando a Cavaco, este é intelectual e politicamente sério, incorruptível e vai querer fazer reformas na sociedade portuguesa. Desde que o governo deixou de ter controlo na economia que a crise começou a instalar-se e só Cavaco pode ajudar neste aspecto, porque é um homem de finanças e trará de volta a confiança ao sector económico. Apesar de sabermos que o Presidente da República tem competências bem definidas na Constituição e limitadas, também é notório que o Presidente pode e deve exercer um magistério de influência, projectando um ponto de equilíbrio no país.

Por último, é digno de se registar que, pela primeira vez, a comunicação social não está contra Cavaco, nem contra a direita. Talvez muita dessa comunicação social se queira redimir das muitas vezes em que não foi totalmente isenta, prejudicando claramente alguns candidatos. Esperamos que assim se consiga manter, isenta e verdadeiramente informativa, até ao final da campanha.

Fernanda Marques Lopes

Finalista da Faculdade de Direito da Universidade Nova de Lisboa

Membro da Assembleia Municipal da Lourinhã pelo PSD

fernanda_iml@yahoo.com

Gonçalo Capitão disse...

Fernanda:

Sê bem aparecida, e usa o blog as vezes que quiseres, pois a tua opinião enriquece-o.

Parabéns pela tua eleição, na Lourinhã.