quinta-feira, 25 de março de 2010

Declarações de voto de alguns dos accionistas da Lodo, SAD


GONÇALO CAPITÃO

“Apoio Pedro Passos Coelho, como fiz na última eleição. Creio que a sua juventude, o bom uso que faz da imagem e da comunicação e, sobretudo, uma agenda nova podem trazer uma esperança a Portugal.

Claro que partilho alguns receios sussurrados… Parece-me que defende um programa de cunho um pouco liberal, mas logo penso que as receitas mais sociais-democratas somente nos têm apenas mantido à tona, o que me parece pouco ambicioso.

Temo ainda uma nova geração de apparatchiks que aí vem. No entanto, a sua hora sempre chegaria e Pedro Passos Coelho talvez consiga moderá-los.

Como dizem os teóricos, a vantagem da democracia é que podemos sempre despedir os governantes, pelo que voto com confiança num amigo.”


DIOGO NOGUEIRA GASPAR

“Não sou militante do PSD mas, se o fosse, votaria em Paulo Rangel. Foi o único que conseguiu criar uma mensagem inovadora e séria para os principais desafios do país distinguindo-se, desde logo, dos seus adversários Passos Coelho e Aguiar-Branco (de Castanheira Barros espero muito menos!).

Não conheço de nenhum quadro do PSD, propostas políticas na área da Educação, que revelem tanto entendimento como o seu, e que a assuma como o verdadeiro instrumento da mobilidade social, contra um sistema em que, como ele descreve, «ou se é doutor, ou não se é nada» (com consciência do valor da escola pública e, sobretudo, dos erros do PS nesta matéria). Assume a prioridade estratégica da agricultura, quando chama um novo D. Dinis, e propõe medias para aquele que é o sector económico mais desprezado em Portugal. Tem consciência das assimetrias regionais no desenvolvimento do território, optando por reforçar os poderes dos órgãos existentes, sem se converter à regionalização. Conhece por inteiro os problemas de uma Justiça em que tribunais e juízes, se encontram cada vez mais instrumentalizados pelo poder político e reféns de algazarras mediáticas, prometendo-lhes mais soberania, e defendendo responsabilidades do o Presidente da República.

É cauteloso quando fala do Estado, assumindo como prioridade o combate à partidarização e promiscuidade dos interesses e definindo novos modelos de regulação. Evita uma revisão liberal – ele, a quem alguns apelidam de católico progressista, sabe que o PSD nunca foi, nem estatizante, nem liberal, mas antes o Partido da sociedade. Dito isto, é de referir ainda: também Paulo Rangel é um candidato jovem e, do seu perfil, há a reter acima de tudo que já provou que é possível ser um político ganhador, sem que para isso tenha reduzido a sua vida à sobrevivência partidária, sem que para isso seja o produto de um «exército alinhado».”


DULCE ALVES

“A pouco mais de 24 horas da eleição do próximo líder do PSD devo confessar que ainda não sei sobre quem recairá o meu voto, sendo que desconfio que o meu boletim vai mesmo parar à urna tal qual chegará às minhas mãos: em branco. Tudo porque do leque de candidatos não há um que me convença que tem capacidade para rejuvenescer o partido, e digo rejuvenescer não no sentido de renovar caras, mas antes de renovar ideias e de readquirir o vigor que o partido já teve e que outrora imprimiu à sociedade portuguesa.

Pedro Passos Coelho é aquele que mais me cativa, quer pela capacidade retórica, quer pela serenidade com que sempre se apresenta, enfim, pelo embrulho, reconheço. Mas é, porventura, aquele com que menos me identifico no plano ideológico, mormente, com o modelo liberal que defende (e então no que toca à Saúde...). Acresce a isto que muito temo o fiel exército que o acompanha, polvilhado de gente que não faz falta nenhuma ao partido, cumpre dizer. Contudo, acredito que por ser aquele que recolhe maior capital de simpatia fora do partido é, naturalmente, aquele que parte em posição mais favorável para um combate eleitoral próximo.

Por seu lado, Paulo Rangel até agrada pelo conteúdo, mas deixa muito a desejar pelo invólucro. Desde os laivos de arrogância à súbita sede de poder - rompeu o compromisso "Europa" que fizera com os eleitores, arrogando-se o Messias do Partido e isso, por si só, é lamentável. Já Aguiar Branco e Castanheira Barros, embora não se possa pô-los no mesmo saco, diria que pura e simplesmente não têm perfil, por razões notórias.

Em suma, não me sinto plenamente representada por nenhuma das candidaturas, motivo que me leva a votar em branco, esperando, contudo, que o eleito um dia destes me dê motivos para arrependimento. Seria bom sinal.”


JOÃO PEDRO CRUZ

“Eleições à presidência do PSD: eu acho acima de tudo que o PSD tem 3 bons candidatos. Podia dizer já que apoio um qualquer, apenas porque é o melhor… mas estaria a ser injusto para com os outros 2. Acho mesmo que existem bons e diferentes argumentos para apoiar um dos 3.

Confesso que não foi uma decisão fácil de tomar. Tive de pensar. Pensar bem… mas para ter a certeza que iria apoiar a pessoa certa analisei 3 pontos que considero fundamentais no panorama político actual:

1) Se as eleições legislativas fossem hoje, qual dos 3 candidatos melhor disputaria uma campanha eleitoral contra José Sócrates?

2) Sem focar o espectacularidade do discurso polido, qual dos 3 candidatos tem as ideias melhor arrumadas para definir estrategicamente um novo rumo para o nosso país – principalmente em termos económicos?

3) Qual dos 3 candidatos tem a capacidade de implementar as reformas necessárias no PSD… isto é, mandar uma série de pessoas para a reforma...?

Pois bem, acho que agora já ninguém tem dúvidas que vou apoiar o Pedro Passos Coelho.

Eu até não me considero uma pessoa com o pensamento extraordinariamente liberal. Não. Mas por outro lado, também não acho que as linhas conservadoras (por vezes de forma excessiva) nos levem, como nação, pelo melhor caminho.

Acreditem que a leitura do livro do PPC ajudou qualquer coisinha na minha decisão. Afinal de contas, é de mudanças que estamos a falar…”


RICARDO CÂNDIDO

“Sou daqueles que consideram que o PSD não se soube afirmar como alternativa ao PS nos últimos anos. Mais do que votar num candidato que poderá ser afecto à concelhia X ou à Distrital Y, é imperativo que dia 26 se vote no candidato que consideremos estar em melhores condições para levar o PSD ao governo de Portugal. E aí, valendo o valem, todos os estudos de opinião têm sido claros em colocar Pedro Passos Coelho (PPC) na linha da frente.

Numa altura em que o descrédito na classe política atingiu indicadores impressionantes, penso ser imperativo o PSD dar o exemplo, promovendo uma mudança geracional que represente uma nova forma de estar e de fazer política, assente na capacidade técnica, académica e cívica dos seus actores.

As regras actuais da arena política exigem visão de futuro nas ideias, empreendedorismo nos actos, discurso pedagógico com capacidade de mobilização, juventude que demonstre garra em querer fazer.

Entre as opções disponíveis creio que PPC é quem melhor representa a alternativa que o PSD necessita e que o País anseia. Encaro as cenas dos próximos capítulos com PPC como Primeiro-Ministro. E serão seguramente bons capítulos.”


ROSA MORETO

Nas últimas eleições o meu voto foi para Manuela Ferreira Leite, pelas razões que na altura apresentei. Também nessa altura considerei que Pedro Passos Coelho seria um bom candidato para vencer as eleições seguintes, embora não conhecesse ainda muito bem as ideias que defendia. Agora chegamos a novas eleições e tudo corria bem até que de repente os candidatos se multiplicaram e vieram de novo trazer a ideia de divisão do partido. Quatro candidatos pareceu-me um exagero numa altura em que o PSD precisa é de união e mudança. Como muitos militantes e simpatizantes do PSD, penso que a disputa se faz entre Coelho e Rangel, não estando aqui a querer desvalorizar o esforço e empenho de Aguiar Branco e Castanheira Barros. Penso que duas candidaturas eram suficientes, e até Paulo Rangel entrar na corrida o meu voto tendia para Passos Coelho. Depois fiquei na dúvida e lá fui ao congresso a ver se me decidia...e vim de lá ainda mais baralhada. Da dúvida entre Coelho e Rangel passei à dúvida entre um dos dois ou voto em branco. Depois vieram as conversas com colegas de JSD, cada um a puxar a brasa à sua sardinha...e eu continuava baralhada. Depois o meu voto começou a tender mais para P. Coelho (talvez porque a Páscoa está a chegar). Ontem até o fui ouvir aqui em Aveiro e não esteve mal...mas continuo baralhada.

Ok, basta! É que estou farta de escrever e não só estou eu baralhada como devem estar os curiosos que se deram ao trabalho de ler a minha confusa opinião. Tudo isto para dizer que ainda não sei como vou votar. Acredito que tanto Paulo Rangel como Passos Coelho têm qualidades importantes para liderarem o partido, mas também têm características que não me convencem e me deixam de pé atrás. Como não conheço nenhum dos dois pessoalmente, e as palavras... leva-as o vento, a minha dúvida agora é entre dar um voto de confiança a um dos candidatos ou votar em branco. No final de contas, o que espero é que a partir de sábado a mudança que o PSD precisa realmente aconteça!


RICARDO BAPTISTA LEITE

“Considero que é fundamental unir o Partido em torno de uma liderança que possa finalmente concretizar um projecto social democrata em Portugal... Só assim sairemos do marasmo político, económico e social em que o País está mergulhado. Nestes últimos anos, Pedro Passos Coelho rodeou-se dos melhores de cada sector da sociedade, organizou uma equipa e metodologias de trabalho, e apresentou um projecto concreto para Portugal. Desde a saúde à educação, da justiça à economia, da segurança social à cultura, a sua visão é clara e revejo-me na sua estratégia. Foi aquele que apresentou atempadamente e de forma estruturada o seu plano para o país, é independente da política, é intrinsecamente um social democrata e já demonstrou que possui a capacidade de liderança necessária para agregar e unir o partido e para enfrentar os desafios que nos esperam. Eu acredito que estamos a tempo de colocar Portugal no rumo do desenvolvimento, progresso e do crescimento sustentados. O fomento da criação de riqueza e a racionalização do papel do estado na sociedade terão que ser os pilares fundamentais da estratégia política que será, arrisco-me a dizer, de salvação nacional. Por tudo isto, urge MUDAR! Por Portugal, com convicção, EU APOIO e VOTO PEDRO PASSOS COELHO!”


MANUEL RODRIGUES

"Desde 74 que Portugal não atravessa condições económicas tão adversas. É fundamental termos uma liderança no PSD que dê coesão ao partido e que seja dinâmica e sóbria, capaz de ajudar a re-credebilizar o país junto das instituições internacionais (agências de rating entre outros) e simultâneamente ajudar a criar um clima propício ao relançamento económico. Acredito que Pedro Passos Coelho tem a melhor Equipa capaz de enfrentar os grandes desafios do país e do partido!"

Notícia: "Justiça italiana quer ouvir Berlusconi sobre fim de programa televisivo"

Se fosse em Portugal, era tudo muito "lamentável" e não acontecia nada.
Vamos ter mesmo de "Mudar"!

quarta-feira, 24 de março de 2010

Pontapé... no provérbio.

Acabo de ouvir o jogador Filipe Oliveira, do Sporting de Braga, dizendo, a propósito da suspensão do seu colega Vandinho, que ignorar a sua importância "é tapar o Sol com uma pena"...

Ainda bem que o jogador não dorme com um edredão ou um colchão de peneiras...

A hora do Coelho

Na próxima sexta-feira, os militantes do PSD com quotas pagas (no meu caso, orgulhosamente, por mim próprio) poderão (deverão?) escolher o presidente do partido, levando em linha de conta não os rancores idiotas que introduziram um cisma do tipo claque (cá estou eu a sonhar acordado…), mas sim o perfil que consideram desejável para levar o PSD a uma vitória muito possível, se não mesmo provável.

Desta vez, mesmo engolindo sapos (com ele está o PSD da “folha de Excel” – ou seja, o aparelho puro e duro) os meus passos vão, de novo, para o Coelho que parece poder saltar da cartola social-democrata.

Desde logo, trata-se de um candidato que, sem alardear rupturas (resta saber com que passado rompe um neófito como Rangel, mas isso deve ser um preciosismo lógico da minha parte…), não espera que o PS perca eleições (coisa que o seu Líder não concede de barato, como pôde constatar Manuela Ferreira Leite), propondo-se ganhá-las de modo afirmativa e com um projecto que, corajosamente, publicou em livro, assim selando o seu compromisso político.

Depois, quando há opinião unânime dizendo que José Sócrates é um mestre da comunicação política, seria errado não acautelar esse aspecto. Todavia, o resultado, a curto e médio prazo não se alcança com uma saturante retórica ao estilo da I República, nem espetando o indicador a troco de tudo e de nada, antes se recomendando um discurso claro e uma postura imaculada, como tem Passos Coelho.

Em terceiro lugar, gosto da frontalidade de Pedro Passos Coelho. Não sei se concordo com ele na sua posição sobre a Lei das Finanças Regionais (creio que não), mas sublinho-lhe a coragem de contrariar um senador do PSD, como é Alberto João Jardim. Aliás, o “caminho das pedras” não lhe é estranho, pois já nos seus tempos de JSD dizia a Cavaco Silva o que outros não ousavam sequer pensar (lembro que a “sua” JSD teve um projecto de revisão constitucional autónomo).

Realço ainda que a maturidade das suas posições é notória; lembro o pedido de demissão do Procurador-Geral da República, que acho excessivo, mas ainda assim mais inócuo do que denegrir o País numa instância europeia (de novo, Paulo Rangel). Trago, por fim, à colação a categoria com que foi apoiar Manuela Ferreira Leite no comício de Vila Real, depois de esta o ter excluído da lista de candidatos do distrito.

Claro que, como disse, há um “mas”. Com excepções como a do concelho de Coimbra (onde conta com o apoio de gente prestigiada), a necessidade de angariar votos levou-o a incorporar muita gente de “listagem no bolso” e computador portátil nas reuniões e alguns jovens turcos ávidos de poder e parcos em tolerância; assim a sua mestria os venha a domar, depois de vencer…

Em todo o caso, é a escolha mais interessante.

Limpar Portugal

No dia 20 de Março cerca de 100 mil voluntários ajudaram a limpar Portugal, distribuídos um pouco por todo o país, recolhendo assim milhares de toneladas de lixo. Já devem ter ouvido nas notícias. Mas queria apenas salientar que iniciativas como esta dão um novo alento, mesmo numa altura em que não olho para o meu país com muita esperança. Afinal os Portugueses não se unem só na desgraça (como aconteceu recentemente para ajudar a Madeira) ou no futebol (como aconteceu no Euro2004). Também há Portugueses que se unem para pôr mãos à obra e limpar o lixo que outros Portugueses depositam indevidamente por tantas matas e florestas das suas freguesias. Se por um lado senti orgulho por ver tantos voluntários empenhados, por outro lado fiquei indignada com a falta de civismo de todos aqueles que se livraram dos seus lixos sem qualquer problema de consciência. Já agora partilho a minha experiência. Em Fermentelos foi assim:

quinta-feira, 18 de março de 2010

Como faltam mais de sessenta dias...

Como faltam mais de sessenta dias para o próximo acto eleitoral, creio que posso escrever este artigo…

Com base nessa premissa, começo por dizer que há lições que o PSD não aprende. Desde logo, quem, como eu, tenha seguido com atenção o Congresso de Mafra, no último fim-de-semana, terá visto a razão de os conclaves do PSD continuarem a ser um acepipe para a avidez da comunicação social, pela razão de que a gestão dos trabalhos, seja qual for o elenco que compõe a Mesa, conseguir a proeza de alinhar a horas decentes todos os notáveis e detentores de cargos, ao passo que o militante desconhecido tem sempre o “azar dos Távoras” de falar a altas horas da madrugada e para meia dúzia de gatos pingados… Eis a primeira pérola da democracia laranja.

A segunda tem a ver com a aprovação da medida já denominada como “lei da rolha”, que penaliza como infracção grave a crítica a orientações da direcção, nos sessenta dias anteriores a um acto eleitoral. E nem vale a pena perder muito tempo com a medida em si, por duas ordens de razão: por um lado, a crítica é legítima, constitucional e sempre fez parte do acervo histórico do PSD (Sá Carneiro viveu com ela, se bem li os relatos históricos). Por outro lado, é certo que um “clube” tem a possibilidade de estabelecer as suas regras, mesmo que os que as votam se estejam nas tintas para o que estão, na realidade, a aprovar, que aposto ser o que se passou.

A medida em causa é penhor, por isso e em minha opinião, de mais engulhos do ponto de vista da sua aplicabilidade, oportunidade e necessidade. Quanto à aplicabilidade, creio que serão mais os problemas do que as vantagens quando procurar averiguar-se o que é uma crítica grave e quando se pensar na disparidade potencial das consequências para um militante que critique o “politburo” a 61 dias de eleições e outro que o faça a 60… Acresce que fica por perceber qual a razão do prazo; por que não 120, 45 ou 30 dias ou mesmo 36 horas e 45 minutos?!...

Aliás, quando é tida por necessária uma expulsão, mesmo em massa, estão aí os dirigentes do PSD de Coimbra para atestar que já não eram precisas mais normas, pois, ao que sei, várias pessoas que terão concorrido contra as listas do partido enfrentaram ou enfrentarão esse destino.

O que contesto é, em conclusão, a oportunidade de uma norma destas, numa altura em que o PSD (mesmo em Coimbra) deveria procurara a reconciliação (mantendo os debates no campo da argumentação pura, sem purgas) e não oferecer o flanco a um PS que, ferido, aproveitará qualquer oportunidade para aliviar a pressão.

Acresce que tanto me faz que os estatutos do PS vão pelo mesmo caminho, pois com o mal dos outros posso eu bem...

Tenho pena que a sugestão partisse de Pedro Santana Lopes, que sempre beneficiou de tolerância e respeito por parte da generalidade do PSD, assim como lamento que tenha dito que, ao invés das palavras que lhe haviam sido atribuídas, não mudara de ideia quanto à eleição directa do presidente do partido.

terça-feira, 16 de março de 2010

Mafra 2010: MFL

Manuela Ferreira Leite falou apenas uma vez ao congresso… mas falou bem.

De uma forma extremamente calma e clara (como lhe é costume), montou o seu discurso palavra após palavra descrevendo um Portugal no caminho errado nas mãos do governo socialista.

Dos diferentes pontos que abordou recordo-me das descrições que fez relativamente: ao caminho desastroso que o governo está a seguir nas finanças públicas; ao excesso de confiança que Sócrates transmite aos portugueses com a decisões do tipo aeroporto e TGV; ao mais que provável crescimento acentuado do desemprego; à asfixia democrática; à tendência da movimentação de pessoas da classe média para a classe pobre do país, com a permanente perda de poder de compra…

Quem a ouviu, poderia pensar que MFL estaria a fazer este discurso pela primeira vez, pois foi dramaticamente actual. Mas não. Conforme a própria confessou, tratava-se de um discurso que fez em 2008!

segunda-feira, 15 de março de 2010

Mafra 2010: “É esta a boa moeda…???


Pedro Santana Lopes começou o 32º congresso do PSD em grande. Inicialmente divagou pelo pouco tempo que esteve como presidente do PSD, a sua curta experiência como primeiro-ministro e as dúvidas que teve em 2005 relativamente à seriedade do candidato José Sócrates a primeiro-ministro.

Sobre o último, recordou ao congresso um outdoor da JSD, onde se perguntava ao país se conhecia José Sócrates.

No desenvolvimento do seu discurso foi fuzilando a prestação de José Sócrates como primeiro-ministro. Desde as últimas medidas governamentais mais polémicas até à última lamentação do Sócrates relativamente à limitação da liberdade de expressão dos órgãos de comunicação social. Assuntos que oportunamente ia interrompendo com comparações aos 4 meses do seu governo.

Relativamente à prestação do governo socialista e a José Sócrates, PSL perguntou ao congresso:
“é esta a boa moeda?”

E é assim que Aníbal Cavaco Silva entra no discurso de PSL. A meu ver, entra da pior forma para o primeiro, até porque a sala do congresso aplaudiu efusivamente a provocação de PSL.
Mas, ainda bem para Cavaco que PSL não é como Cavaco. Após o recado estar dado, PSL tentou demonstrar que Cavaco foi apenas mais um a ser enganado e que muito provavelmente hoje não escreveria aquele artigo tão polémico que ditou os últimos dias do seu governo.
Afinal de contas, a próxima luta eleitoral é para Cavaco… e PSL demonstrou que não pretende pagar com a mesma moeda.

sábado, 6 de março de 2010

Passos Coelho à R. de São Caetano

Continuando a saga da semana passada em que avivei a necessidade do PSD Mudar de vida, agora deixo aqui a minha preferência para líder do partido.

E é sem grandes notas introdutórias que vos digo que votarei novamente em Pedro Passos Coelho (PPC). Já o fiz há dois anos, fá-lo-ei novamente, mas desta vez ainda com maior determinação.

PPC soube-se preparar para a imensidão da empreitada que o aguarda. Melhorou o discurso, trabalhou o partido, preparou os dossiês, definiu claramente a sua declaração de missão e sabe explicar com clareza a sua visão para o País. Creio que tem um futuro enorme à sua frente.

Revejo-me nas suas ideias sobre o papel do Estado: “Menos Estado, Melhor Estado”. No reforço da iniciativa privada. Na necessidade de diminuir a ditadura fiscal que asfixia as nossas empresas e no imperativo de as tornar mais competitivas nos mercados hipercompetitivos como aqueles onde hoje actuam.

A candidatura de PPC representa uma perspectiva de união para o PSD e de estabilidade para o País. Não será um líder de facção nem temporário. Será sim uma verdadeira alternativa ao PS e ao Eng.º Sócrates, ou seja, aquilo que o País realmente necessita.

Mas a motivação inerente ao voto em PPC não se fica por aqui. Há ainda o “cardápio” de candidatos disponíveis. Não tenhamos dúvidas que entre as opções, o pior que poderá suceder ao PSD é escolher Paulo Rangel (PR) para líder e não são necessários mais debates para se perceber que não tem o perfil nem a preparação necessária para importância da “guitarra”. Ou seja, há claramente falta de unhas...

Se o PSD decidir ir por aí, veremos um líder com traços populistas nunca vistos. Será o discurso do show e a política do espectáculo no seu esplendor máximo. E não deixa de ser irónico que é precisamente esse tipo discurso e de espectáculo que MFL acerrimamente combateu durante anos. Face a este dilema, não espantaram os empurrões a Marcelo Rebelo de Sousa.

Para os apoiantes de PR, há dois anos PPC era muito novo para a empreitada. Agora que PR é mais novo que PPC, tem a vantagem de parecer mais velho. Ou seja, os argumentos oscilam consoante as necessidades. Tudo em prol da manutenção do poder.

O PSD é um partido com a tradição de bem receber e PR foi bem recebido. Foram-lhe dadas oportunidades de participação cívica. A ex-filiação centrista não foi entrave ao acolhimento. Agora, escusava de cair no esquecimento do próprio. É essencial àqueles que querem ser eleitos (diria até que têm o dever) explicar aos que têm o "poder" de os eleger as suas ideias e também, claro, o seu percurso.

Do CDS prefiro o exemplo de Lucas Pires. General de um pequeno partido que não se importou de ser sargento de um grande partido. O percurso de Rangel é diferente, soldado de um pequeno partido que se quer tornar general de um grande partido.

Sem esquecer que apesar do segmento populista não estar na natureza do PSD, os poucos votos de direita que ainda se poderiam alcançar já se encontram ocupados por Paulo Portas e pelo seu PP. O encostar ao PP seria fatal para o PSD. Sejamos francos, Portas é muito superior a Rangel no discurso, no populismo e no fazer passar a mensagem.

José Pedro Aguiar Branco é um gentleman. Foi um bom Ministro, é um bom líder da bancada parlamentar e tem o CV e a carga histórica necessária para a tarefa. Todavia, penso que falta o carisma necessário aos políticos de hoje com as novas formas de comunicação. Fala bem, direitinho, mas não encanta.

A traição de PR aumentou a sua popularidade. Creio que os portugueses têm especial apreço por vítimas de “sacanagem” política. Mas JPAB vem da alta burguesia nortenha. É uma imagem que não passa no País e eu quero um líder do partido que venha a ser Primeiro-Ministro em 2011.

quarta-feira, 3 de março de 2010

Choque tecnológico

E, finalmente, lá fui ver "Avatar", na segunda-feira. Ficou-me a sensação de ter visto um filme tecnologicamente bonito e com uma mensagem que pode motivar adolescentes para causas justas. Contudo, é filme que dificilmente verei outra vez.

terça-feira, 2 de março de 2010

Entre a política e o teatro está uma cidade pequena*


A Cidade, exibida durante o mês passado, no palco lisboeta do São Luiz, é uma peça baseada em textos de Aristófanes (Os Acarnenses, Lisíastra, Paz, Pluto, As Mulheres no Parlamento, As Nuvens, entre outros). A criação é do Teatro da Cornucópia, uma companhia para a intelligentsia. A sinopse descreve o espectáculo como uma proposta crítica de abordagem da democracia ateniense e dos seus vícios, sugerindo que são esses os mesmos vícios que minam a política dos nossos dias.

Sucede que não foi preciso assistir a uma hora de espectáculo para percebermos que estávamos diante de uma peça que assenta numa trapalhada de sequências narrativas, que algumas boas interpretações não chegam para salvar. 

Fica aqui o nosso registo...

São ao todo cerca de quatro horas de duração, cuja primeira parte procura ter Lisíastra como ponto alto. No texto que conta a história das mulheres que se entregam à abstinência sexual como forma de exigir a paz com Esparta, centraliza-se a cena num Exército que sofre com a impertinência dos seus impulsos sexuais, numa caracterização bacoca, com diálogos brejeiros e sem piada. E nisto vão quase duas horas.

Chega Nuno Lopes. Nesta peça, a sua participação, longe de ser um atestado da sua versatilidade, é sofrível. Talvez a sua inclusão nesta peça procure uma aproximação ao grande público, como quando Nuno Lopes fazia rábulas junto de Herman José, há uma década atrás. Infelizmente atribuíram-lhe o guião errado. Quase pelo mesmo caminho vai a desperdiçada Maria Rueff.

Quem sabe se em alusão às quotas, segue-se a adaptação de As Mulheres no Parlamento, onde se sugere que o seu talento para o debate não é o mesmo do que para os ofícios do lar. As cenas seguem uma via sinuosa até à cidade igualitária, em que mulheres feias terão o mesmo acesso à alcova que as mais bonitas.

E eis que, perto do fim, Luís Miguel Cintra não sabe da mulher e aparece na rua. Aflito que está, resolve encostar-se a uma casa e aliviar-se. Em dificuldades por causa de uma pêra, não sabe onde, depois de comer novamente, irá «voltar a pôr a merda toda». A sequência ditaria a entrada em cena das moscas, mas serão os pássaros, que papagaiam como os tribunos nos hemiciclos, que nos oferecem mais uns minutos agonia, à espera do fim.

A tirada final de Luís Miguel Cintra, num monólogo de estilo pedagógico sobre a Democracia é uma carta fora deste baralho, e por isso um dos trechos candidatos a salvamento da exibição, juntamente com o episódio de Pluto...

Mais haveria a dizer, mas por ora fica o pedido a Fernando Mendes (o do Preço Certo) que, caso venha a ler estas singelas palavras, conte connosco no seu próximo espectáculo. Os dele não recebem subsídio público e têm muito mais nível do que isto.

* com a colaboração de Dulce Alves e Gonçalo Capitão
[fotografia de Cristina Reis]