terça-feira, 12 de julho de 2005

Ir ou não ir


Pode discutir-se a forma e o conteúdo das afirmações de Alberto João Jardim, como pode e deve fazer-se em relação às de qualquer interveniente político.

Agora, o que já não parece tão legítimo é querer aparecer ao lado dele nas mobilizações populares - assim beneficiando da sua inegável identificação com o eleitorado regional - e procurar fingir que o não conhecemos de parte alguma, quando o discurso não obedece aos cânones continentais.

Cá por mim, como líder madeirense e como histórico dirigente do PSD, respeito-o nas diferenças e nas semelhanças, e reconheço-lhe a coragem de sempre ter assumido o que tem dito sem precisar de procuradores.

No que diz respeito ao conteúdo do mais recente sound byte (a indesejabilidade de trabalhadores chineses, entre outros), creio que a forma é dura, mas a substância é dita à boca pequena por muita gente sem a frontalidade e frieza do premier insular.

Dito de outra forma: Alberto João é um democrata de créditos firmados e fez um discurso de alarme, mas se persistirmos em não abordar os problemas actuais (ainda que de forma eventualmente mais diplomática), um dia haverá extremistas a pegar no tema.

Lamento que as almas só se tenham apoquentado com o facto de se ir ou não ir ao Chão da Lagoa, e não com o alerta subjacente ao discurso, ainda que fosse para discordar fundamentadamente.

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