quarta-feira, 29 de março de 2006

Tá bem, abelha


Lê-se (e vê-se), hoje, no "Record": "Foi involuntário", disse. "Vê-se de forma clara, porque tentei tirar o braço e não tive tempo para o fazer. Creio que o árbitro avaliou bem o lance porque não era penálti", disse.
As declarações são de Thiago Motta, do Barcelona. O mercado também selecciona os mais fortes, mesmo no critério dos árbitros
Fonte: declarações e fotografia in "Record"

quarta-feira, 22 de março de 2006

Sérvia tu


A começar, diga-se que a região dos Balcãs sempre teve muita lenha para nos queimar a todos.

Como bem sublinha Kissinger, por ali passaram as linhas de divisão entre impérios romanos, entre alfabetos diferentes, e entre credos distintos.

Acresce que, entre outras refregas, a I Guerra Mundial começou "with a little help from our friends", os sérvios, ante o "olho gordo" do Império Austro-Húngaro.
Ora bem, dito isto, pode perceber-se a excepção que foram os anos de Tito, e a naturalidade da secessão posterior, na qual Milosevic vogou à vontade, exaltando o sempiterno nacionalismo dos seus conterrâneos.

O problema foram os métodos de Slobo, uma vez que as reivindicações das comunidades sérvias eram de esperar, quer na Bósnia-Herzegovina, quer no Kosovo (onde estão em minoria clara, mas onde as reivindicações nacionalistas sobem de tom, com base histórica).

Fica claro, desde já, que os ditos métodos de Milosevic não têm perdão, e que a sua figura era, por isso, odiosa. Não há causa, por mais legitima que possa parecer aos olhos dos seus defensores, que se justifique com grosseiros atropelos dos direitos humanos.

Porém, há dois pormenores que não são de somenos importância. O primeiro, confirmável nas exéquias fúnebres, é que o nacionalismo sérvio ainda "anda por aí". Aliás, quem visite o Museu Militar, em Belgrado, verá que as salas mais recentes têm a ver com a exposição dedicada aos despojos (fardamentos incluídos) dos soldados da NATO e do UCK (guerrilha muçulmana apoiada pela Albânia) abatidos em combate. O mesmo se diga dos edifícios bombardeados pela Aliança Atlântica que permaneciam, em 2004, propositada e parcialmente destruídos (de tal modo é pensada a atitude que não podem fotografar-se os edifícios).

O segundo prende-se com o facto de permanecerem por apresentar em Haia, que eu saiba, dirigentes croatas de nomeada (tirando o General Gutovina) ou qualquer dirigente ou cabecilha da guerrilha de origem muçulmana.

Espero eu que, neste último caso, não estejamos perante mais um caso da corrente auto-castração da civilização ocidental.

Crimes são crimes, independentemente de qualquer factor de distinção, seja ele a religião, a cor da pele, ou qualquer outro.

Não sendo peremptório, pergunto-me se o "pirata" era só Slobodan Milosevic.

segunda-feira, 20 de março de 2006

Guitarradas

Desafios do PSD:
1-Explicar para onde leva a luta pela credibilidade, no plano interno.
2-Adaptar o modo de comunicação a era em que vivemos. Pode ter-se conteúdo em forma apelativa.
3-Mostrar que temos ideal social; isto é, que mais do que análise sectorial, temos um "mundo de chegada".
Quem tiver unhas que toque guitarra.

Se eu fosse dos outros...

O pior que podem fazer a Ribeiro e Castro e Marques Mendes?!
Não concorrerem, antes de 2008.

quinta-feira, 9 de março de 2006

Já está

Pó a mais

Sinceramente, questionei-me sobre a minha saúde auditiva, quando ontem, numa estação de rádio, ouvi uma reportagem em que se dizia, a propósito da co-incineração, que a Secil não comparecera a uma reunião na Câmara de Setúbal, não só porque não tenciona, para já, aplicar o processo de queima de resíduos na cimenteira do Outão, mas também porque a reunião não era, como de costume, nas suas (Secil) instalações.
Onde é que chegámos?!
A ser verdade é uma atitude arrogante, indelicada e com profundo défice democrático.
O edil sadino está londe de ser do PSD (foi eleito pelo PCP), mas entendo que não pode baixar-se mais o patamar de (des)respeito pelos poderes eleitos pelo povo.
Então um alto quadro empresarial já pauta a agenda de um presidente de câmara?! O dinheiro venceu mesmo a soberania popular?! Por muito que haja essa tendência, rendemos a política à economia?!
Claro que poderá haver detalhes que não se conhecem, mas, a ser verdadeiro o teor da reportagem, o pó de cimento anda a turvar algumas vistas...

quarta-feira, 8 de março de 2006

Rezar por 1/3

A cena é clássica nos desenhos animados: a barragem começa a estalar e a personagem tenta suster a passagem da água com a mão...

Repete-se agora a cena, em meu entender, com a discussão da paridade, pela qual o Bloco de Esquerda (não conheço ainda a proposta do PS) quer obrigar os partidos a incluir um mínimo de 33,3% (ou seja, 1/3) de mulheres nas listas para a Assembleia da República, Parlamento Europeu e autarquias, não permitindo a sucessão nas mesmas de mais de dois elementos do mesmo sexo, em lugares consecutivos.

A medida não parece muito avisada, mas já parece mais, isso sim, ilusionismo.

Comecemos pela primeira parte: não é avisada, porque, desde logo, estabelece um critério de aferição não equiparado noutros planos. Vários dados internacionais apontam para a crescente supremacia das mulheres em determinados sectores de actividade, dos estudos ao mundo laboral. Estarão os legisladores, um dia destes, dispostos a instituir uma quota masculina?

Por outro lado, mulheres haverá que, por muito mérito que exibam, serão sempre olhadas como “quotas”, se for claro que entraram por esse mecanismo. O mesmo expediente, aliás, de que nunca careceram, por exemplo, Maria de Lurdes Pintassilgo, Leonor Beleza e Manuela Ferreira Leite, entre tantas outras que, mesmo quando não candidatas, chegaram, por exemplo, a cargos ministeriais.

Depois, importa pensar que, se a moda pega, cedo teremos de contemplar a mesma medida em função da orientação sexual, da raça e (por que não?!) do credo.

Por fim, será curioso deslindar o caso de não haver mulheres com perfil em número suficiente (num espectro realista de recrutamento) ou de as haver em número excedentário em relação ao máximo de 66,6% permitido por lei. Em nada me chocaria ver três mulheres qualificadas em lugares sucessivos de uma lista.
Faço notar, todavia, que embora tenha uma perspectiva eventualmente conservadora neste domínio, não me considero reaccionário ao ponto de negar a medida a todo o transe. O problema é que consagrada a medida, se forem fundados os meus receios, ou não existirá margem de recuo (retirar direitos é sempre altamente impopular), ou será uma lei a que se fará vista grossa, com o inerente agravar do laxismo português em relação ao cumprimento de normas e obrigações.

Não obstante, o que mais me preocupa é a ilusão de qualidade que possamos estar a criar; o tal estancar de um dique com o indicador…

Creio que, embora sejam coisas de diferente jaez, pode partir-se desta medida para concluir que se resolveu o problema da qualidade da representação, quando o problema, em boa verdade se diga, resulta muito mais da mecânica interna dos partidos do que da lei.

Podemos até exigir 33% de mulheres, 15% de advogados, 8% de professores, 2% de dálmatas ou mesmo a Família Addams, mas, se os partidos continuarem como à data, não haverá garantias de qualidade. Quero com isto dizer que, embora haja candidatos e eleitos de muito boa qualidade, tal é, muitas vezes, fruto do acaso (a parte em que, ao escolher-se determinada pessoa, se acerta no mérito) ou obra de algum “mecenas” político que “atravessa” o seu prestígio e os seus votos internos por alguém de relevo.
Hoje em dia, olhando a maneira como se fazem as listas, pode o amigo leitor crer que nem sempre a preparação para a função hierarquiza a colocação numa lista.

Em suma: se existe a ideia de que a imposição de 33,3% de mulheres na lista resolve um problema, faça-se, mas sem que se alimente a ideia de que passaremos, só por isso, a ter elencos de qualidade.

sexta-feira, 3 de março de 2006

Poder Popular


Tá bem:

- O Presidente do PSD e o seu politburo devem ser eleitos em conjunto e directamente, sendo esta última a opção. Seria idiota ter um sujeito a comandar o exército "inimigo" numa batalha que seria, feitas as contas , contra si próprio e imobilizadora do partido. Já nos meus tempos de santanismo o havia dito ao Premier da minha crença de então.

Tá mal:

- A ser verdade, é preciso ver se a intenção de expulsar automaticamente os militantes que concorram contra o PSD não contraria princípios constitucionais. Concordo com a pena, acredito que tenham meditado sobre isto, mas toda a gente tem direito a ser ouvida, por muito evidente que seja o "delito". Antes de serem passados pelas armas, pelo menos, o Gulag.

A ver vamos:

- Há medidas que são irreversíveis na nossa democracia "mediocrática", designadamente, as que tenham a ver com avanços para a democracia directa; ou seja, levantada a hipótese de consagrar o célebre lema "um militante, um voto" (é justo lembrar que, quando Santana Lopes defendeu as directas, até em fascismo se falou...), já não haverá volta a dar-lhe.

O princípio é justo e corresponde a uma formulação do regime democrático que, na sua quinta essência, nunca existiu, nem sequer na Grécia antiga. Agora, as novas tecnologias da informação tornam possível a ideia, como o demonstram ciber-apostolados que podemos ver, por exemplo, em www.vote.com.

Concretamente, se há 30 anos era necessário ir a uma sede ou ter apetência para ler um jornal, para saber das lideranças, hoje basta ligar o televisor ou telemóvel 3G para ver Marque Mendes, Luís Filipe Menezes e as demais figuras da galáxia presidencializável...

A questão é outra: se já a democracia representativa pressupõe uma cidadania muito bem informada, a democracia directa ainda mais. As minhas dúvidas residem aqui; não sei se o debate com os militantes tem sido suficientemente aprofundado

Acresce que, em campanhas de espectro nacional, o dinheiro contará muito mais para se ascender ao plateau das candidaturas (vejam-se as primárias norte-americanas).

Gosto do princípio, não sei bem se aprecio o momento...

quinta-feira, 2 de março de 2006

Ainda sobre boa educação

Claro que também há a destacar a ideia de preencher os "furos" ("feriados", no meu tempo e na minha terra) com aulas de estudo, ésclarecimeto ou outras actividades.
É bom para os alunos (mantém a disciplina intelectual e utiliza bem o tempo) e não traz mal ao mundo para os docentes que não podem interpretar a missão - e a maioria não o faz, bem sei - como um "upload" com "megas" contados.
Também por aqui, a nota é positiva.
A ver vamos o que se passa em matéria de disciplina, que tanta celeuma levantou, aquando do respectivo estatuto.

quarta-feira, 1 de março de 2006

Certo e Just(in)o

A medida de encerrar escolas do 1º ciclo que tenham menos de 10 alunos, pese embora os inconvenientes da deslocação e da perda de uma referência para muitas terras, é, há que dizer, uma ideia acertada, já que permite a socialização adequada dos alunos (no futuro, a sua cidadania será mais consistente), melhores estruturas de apoio social (por exemplo, cantinas) e mais acesso, designadamente, à prática desportiva.
De igual modo, a extensão do horário escolar nas idades mais jovens não só permite o acesso a actividades complementares (como a música, mas não apenas) que, hoje em dia, só gente de fortuna pode proporcionar a título particular, mas que tão boas consequências têm no desenvolvimento da personalidade, mas também uma medida quase invisível, embora estudada, de incentivo ao crescimento da natalidade, já que, compatibilizando os horários escolares com os dos pais do século XXI (percebo alguma resistência dos educadores e docentes, mas há que arranjar meio de aplicar esta decisão), deixarão de ser o ritmo de vida e carreira a operar como medidas de contracepção.
O que também não ficaria mal é, quando se faz notícia ou se fala sobre o assunto, reconhecer que foi com David Justino que as medidas agora, aparentemente, mais consensuais começaram a abrir caminho. Não é decisivo, mas é Just(in)o...