quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Mera coincidência...

Ainda Paulo Portas festejava o "tiro no porta-aviões" de domingo, que fora a eleição de 21 deputados e a medalha eleitoral de bronze, e já o negócio da aquisição de dois submarinos (celebrado quando era Ministro da Defesa) voltava às primeiras páginas e ecrãs...

Claro que pode ser coincidência (espero que seja...), mas deixa noa ar um perfume de domesticação...

Seja como for, "submarino ao fundo" na esquadra do Caldas...

Quem é que percebe isto???

Os jogos na política são mais do que evidentes e naturais nos dias de hoje... Mais do que as ideias e os projectos, a sociedade interessa-se pelo romance das questões menos políticas e mais cor-de-rosa – esta é apenas uma das poucas razões que eu consigo encontrar para justificar a massa humana que dá força a um BE, que ninguém sabe lá muito bem o que irá fazer quando tiver poder, e com a renovação de mandatos na AE maioritariamente no partido socialista…

Se não for isto, será que é pelos projectos megalómanos que estes dois partidos tanto defendem?

É sabido que a construção de um novo aeroporto em Lisboa, do TGV e das não sei quantas mais terceiras vias entre cidades deste país geram muitos postos de trabalho… isto para não falar da quantidade de empresas que se criam para o efeito e das grandes companhias deste país que encontram novo fôlego para as pesadas estruturas que ganharam nos últimos anos – esta é a parte destes projectos que é menos condenável e que naturalmente serve (serviu) para convencer qualquer 1.

No entanto, já alguém fez contas para saber quanto custa a cada português na actualidade a criação de um destes postos de trabalho?
Serei eu (e todos os cumpridores natos deste país) o banco de Portugal para tamanha ambição?

Temo que não…

Politicamente falando, fica bem apresentar powerpoints fabulosos com grandes obras para os próximos 10 anos… mas, pergunto eu, onde cabe tamanha aspiração na responsabilidade social que é devida aos nossos governantes para com as portuguesas e os portugueses da actualidade?

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Na mouche!

Nem as empresas de sondagens, ódio de estimação do CDS-PP, estiveram tão perto. O último cartaz do partido do táxi (que agora já enche um Minibus) acertou em cheio. Desde domingo que eles são muito mais. E, atento o cenário, ainda bem que assim é. Não fosse a eficaz campanha de Portas e o trabalho louvável que este pequeno partido fez na última legislatura, teríamos como terceira força política o partido dos bloquistas radicalistas trotskistas anti-capitalistas e outros «istas» que nunca chegaremos a perceber muito bem. Estivemos na iminência de ver concretizada uma coligação PS/BE - coisa que suspeito que levaria muito de nós a emigrar para bem longe deste Portugal - mas o partido de Portas 'resolveu'. Bem vistas as coisas, não foi só o CDS-PP que ficou a ganhar, fomos todos nós...

domingo, 27 de setembro de 2009

Empenhar o país

No discurso de vitória, José Sócrates agradeceu aos portugueses o empenhamento e vibração. Sobre esta última não me pronuncio. Quanto ao empenhamento, talvez «empenho» soasse melhor. É que, por momentos, pensei que José Sócrates estava a agradecer o facto desta sua vitória consubstanciar um penhor sobre o país.

Mais do mesmo

José Sócrates não aguentou a máscara de meiguinho nem mais um bocadinho. Contados os votos e apurado o resultado, o Sr. Engenheiro profere o discurso de vitória com a arrogância a que nos habituou nos últimos quatro anos e que, ao que parece, é característica que 2 milhões de portugueses muito apreciam.

O menino de coro que vimos nos últimos dias desapareceu de rompante e o político que assomou ao Largo do Rato foi o austero e sobranceiro Sócrates que conhecemos quando derrotou o menino-guerreiro.

De sorriso sacana em riste, denunciou a falta de chá de Louçã - que disse não o ter felicitado -, assanhou-se com os jornalistas e debitou palavras com a altivez que lhe corre nas veias. Ou muito me engano, ou isto é uma pequena amostra daquilo que aí vem. Mais do mesmo.

sábado, 26 de setembro de 2009

Dia de Reflexão (ou não)


No dia em que a legislação eleitoral impõe silêncio às máquinas partidárias e aos meios de comunicação social, a TVI não tem pudor em transgredir a lei logo pela manhã, emitindo a repetição de "A torto e a direito", um programa de Constança Cunha e Sá que conta com três opinion makers de peso - João Pereira Coutinho, Francisco José Viegas e Franscisco Teixeira da Mota.
O programa anda em torno da «actualidade» e, como seria de esperar, na berlinda esteve o acto eleitoral de amanhã, o balanço da campanha e do desempenho dos seus protagonistas. Conteúdo para reflectir, portanto.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

MMS - Mesmo Muito Saloios

Se uma campanha baseada quase exclusivamente em frases negativas - do estilo "correr" com os adversários - já é repugnante, que dizer quando ela vem com erros de ortografia que, a mais de serem um espelho da instrução dos membros do MMS, revelam ignorância histórica e geográfica?!...

Já haviamos alertado para a bacorada
, mas o MMS persiste em chamar "Conchichina" ao que é Cochinchina, como se comprova aqui, ali e em dezenas de sítios até mais certificados cientificamente.

O que vale é que esta malta não vai nem a S. Bento, quanto mais a sítios cujo nome não sabe escrever...

terça-feira, 22 de setembro de 2009

O regresso do bolo rei II

A prova de que a demissão de Fernando Lima contende com a campanha do PSD já começou a ser feita: por um lado, Pacheco Pereira (cabeça de lista por Santarém) já veio dizer o mesmo, com o significado que isso tem, vindo de uma aposta pessoal de Manuela Ferreira Leite.

Por outro lado, a Líder do PSD declarou hoje que não se mete nesses assuntos da Presidência, quando no comício de Aveiro, sexta-feira, cavalgara a onde, dizendo que as escutas ao director do Público (já desmentidas pelo próprio) eram um exemplo de asfixia democrática.

Como profissão de fé, fui hoje pagar as quotas, à sede do PSD. Sim, porque a mim nenhum cacique as pagará jamais!... Já me bastou a rolha a que me obrigaram em tempos muito recentes (falaremos mais tarde sobre isto).

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Luva branca

Pedro Passos Coelho acaba de declarar o seu apoio a Manuela Ferreira Leite, no comício de Vila Real.

Recordo que a Líder do PSD rejeitou o antigo Presidente da JSD como cabeça de lista pelo mesmo círculo eleitoral, apesar da sua disponiblidade e da proposta nesse sentido dos órgãos locais do PSD.

Vejo aqui uma bofetada de luva branca e um passo de gigante em direcção a uma candidatura forte à liderança.

O regresso do bolo rei


Já desde o mutismo dos anos noventa - quando, na campanha presidencial, optou por comer bolo rei, em vez de responder aos jornalistas - que um silêncio do Professor Cavaco Silva não era tão eloquente.

Falo, obviamente, da recusa do Presidente da República em pronunciar-se sobre as alegadas escutas a assessores do Presidente e à também alegada tentativa de infiltração de um assessor do Primeiro-Ministro nos segredos de Belém.

Na sexta-feira, o Diário de Notícias tornou pública a tentativa por parte de Fernando Lima, eterno assessor de Cavaco Silva, de "vender" a história. O jornal publicou mesmo correspondência electrónica entre jornalistas do Público (o jornal escolhido), na qual se mencionava o facto de Fernando Lima ter dito estar a mando do Presidente e se confessava que haviam escolhido o correspondente na Madeira para encobrir a pista de Belém, enquanto fonte de informação. Mais se dizia no DN que a história tinha meses, que o jornalista escolhido concluira tratar-se de um rumor e que, mesmo assim, o Público escolhera avançar com a "notícia".

Nessa altura, dada a indelével conotação do Presidente com o PSD e em face da sua proximidade à Dra. Manuela Ferreira Leite, achei que o Eng. Sócrates passara o dia escondido na dispensa, a rir à gargalhada...

Hoje, a demissão de Fernando Lima, ainda para mais "por decisão do Presidente" (segundo fonte de Belém citada pelas edições electrónicas dos jornais), piora a situação...

Desde logo, porque continuamos sem um necessário esclarecimento cabal por parte do Presidente da República. O assunto é muito sério e a campanha eleitoral nunca serviu de desculpa para algo que é próprio de uma república das bananas! Façamos a revisão da acusação: o Palácio de Belém estaria a ser espiado a partir de São Bento ou, não sendo assim, estaria em causa uma intriga da Presidência da República para manchar a conduta do Primeiro-Ministro; do ponto de vista constitucional, qualquer uma das duas hipóteses é gravíssima e demonstra o estado de degradação da política portuguesa, pondo a nu pontos de corrosão numa de duas das mais importantes instituições nacionais (Presidente e Governo) ou, se quisermos, em dois dos quatro órgãos de soberania. Ou seja, olhando o edifício constitucional de 1976, a infiltração é mesmo nas fundações...

Em segundo lugar, mesmo que o DN não revelasse os e-mails do Público, toda a gente informada sabe que Fernando Lima jamais daria um "ai" sem autorização do Professor. Suspeito até que antes de qualquer eructação pós-almoço de Fernando Lima é precedida de decreto presidencial habilitante... É claro que, diz o povo, há sempre uma primeira vez para tudo, mas, mesmo aí, o caminho bifurca: ou o Presidente explicava, de imediato, a culpa de Fernando Lima, ou optava por ser responsável pelas suas escolhas políticas (na minha terra, chamamos a isso "solidariedade"), pedindo desculpa pelo trapalhão simulacro de intriga.

Mesmo nesta última hipótese e fosse como fosse, teríamos um bode expiatório, o que não fica bem a quem manda. Nixon tentou fugir, mas acabou por pagar as favas, com ou sem responsabilidade. No caso, como disse, bastava que o Presidente (em quem sempre votei, em todas as eleições, e que admiro) assumisse a defesa intransigente do assessor ou, em alternativa, explicasse (embora já não chegasse cedo ao "jogo") o que se passa.

Se o início da história enublava o PSD, injustamente, diga-se em quarto lugar, o fecho do seu primeiro capítulo faz temer atrapalhação nas hostes.

Resumindo: este acto (que substitui, inabilmente, as palavras que o Presidente se recusou a proferir) iliba o PS, como Sócrates sempre defendera. Dito de outro modo, Sócrates sai com ar de vítima de uma conspiração originada na Presidência (gravíssimo!!!) e o Presidente da República (ex-Presidente do PSD) bloqueia qualquer comentário por parte de Manuela Ferreira Leite que, deste modo, não pode defender-se da conotação implícita, por muito absurda que seja na realidade.

A mais de tudo isto, Cavaco Silva era a pessoa que ninguém de bom senso esperava, por muito remotamente que fosse, ver ligada a uma confusão destas; quando muito, podia recear-se uma "rasteira" destas nos consulados de Mário Soares. Ironia do destino: Cavaco Silva vê-se, agora, envolvido numa daquelas penumbras de que o PSD acusava Soares, a famosa "força de bloqueio"!... Resta-me fazer figas e ir votar...

Se não os podes vencer, junta-te a eles


Dá-me ideia que dentro de uma semana o PS estará nesta situação. Ou bem que vence inequivocamente as legislativas (feito improvável) ou vence por um triz e resta-lhe estender a mão ao BE. Contudo, e para já, nada de abrir o jogo. Enquanto pode clamar (em vão!) pela maioria absoluta, o Partido Socialista tem passado a ideia de que não precisa de nada, nem ninguém, para governar. (Atento o cenário, antes assim fosse!) Acicatam, por isso, os bloquistas e apelam aos indecisos a concentrar os votos no PS, receosos que estão quanto à prevísivel votação histórica do BE. Mas eis que, a uma semana do dia D, Mário Soares deixa cair a máscara e confessa à comunicação social que não lhe repugna a ideia de o PS vir a coligar com o Bloco. Quando um fundador do PS consente tal solução, não vejo quem se lhe possa opor. Dá vontade de ir a correr votar em massa no PS. É que, a meu ver, mais vale aturar um Sócrates que uma dupla Sócrates-Louçã.

domingo, 20 de setembro de 2009

Campanha Cor-de-Rosa

A adjectivação que se faz em epígrafe não reporta à cor partidária, antes ao significado dessa cor na palete dos sentimentos: o amor e a paixão. É que a julgar pelas tonalidades e pelo palavreado dos cartazes de campanha abaixo, o amor e a paixão estão no ar. A ideia não é má de todo: já que não se vai lá pela razão, toca a apelar ao coração e à comoção!


Em Loures, a paixão é o mote. E muitos papelinhos coloridos a ajudar à festa!


No comments I

No comments II


Num jogo de palavras, a candidata socialista ao Município cascalense recorre também ao verbo amar.

Já em 2005 Mesquita Machado havia recorrido à paixão para conquistar os bracarenses.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

O limite da estupidez

Ontem, os actores Jel e Vasco Duarte (os "Homens da Luta") decidiram perturbar um comício de José Sócrates, no Seixal.

Ora, se há adepto da utilização do humor na política, sou eu (as actas parlamentares atestam-no), mas, como em tudo, creio existirem limites.

No caso, de megafone em punho, os dois "engraçadinhos", abafaram o som dos discursos do PS e, assim, interromperam uma manifestação cívica e até corajosa (porque em ambiente mais vermelho do que rosa). Os políticos já estão suficientemente mal cotados para virem agora dois pseudo-cómicos abandalhar um momento em que um candidato se esforça por explicar aos eleitores o que quer fazer com os seus votos.

Escolho este incidente precisamente por não se ter verificado com o meu partido e assim vos transmitir a compreensão que tenho pelo desespero de alguns militantes do PS presentes. Façam os vídeos brejeiros que entenderem, mas conservem-se ao lado dos demais GB de lixo electrónico que se produz diariamente.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

O não admirável mundo novo

Com maior ou menor ar de frete, tenho procurado acompanhar a campanha eleitoral e os tempos que antecederam… Entre TGV, espanhóis, remodelações totais-que-afinal-são-parciais do Governo e luta de classes, tem sido mais do mesmo.

Todavia, sinais há de que o modo de fazer campanha mudou e de que os políticos, ao invés de inventarem modelos a seguir, preferem sujeitar-se à imagem de descrédito que as pessoas têm da classe política, procurando caminhos para serem os “menos detestados da turma”…

O primeiro desses exemplos vem do anunciado e continuado crescimento da votação no Bloco de Esquerda. Trata-se de um partido que tem no oportunismo o seu cimento programático: detecta-se o problema do momento, dá-se-lhe um banho ideológico de esquerda e toca de pôr em causa a seriedade de todos os demais partidos, sem alguma vez oferecer um modelo consistente de governação; aliás, nas fileiras do BE existe a certeza de que uma ida para o Governo poderá ser o fim do bluff, seja porque se vêem forçados ao aburguesamento (descontentando os revolucionários e os anarquistas), seja porque o seu radicalismo torna a sobrevivência de uma coligação insustentável (alertando os eleitores moderados para a inutilidade do voto no BE).

No fundo, o que está em causa é um voto de protesto, que se explica pelo facto de não vivermos tempos fáceis e de o Bloco dar forma política aos desabafos que todos temos no quotidiano. Advirto, no entanto, para o preço do voto na extrema-esquerda: o facto de não servirem para qualquer governo responsável e a circunstância de poderem vir a estabilizar bem acima dos 15% podem acarretar uma ingovernabilidade duradoura do sistema político português.

A segunda nota de mudança das campanhas é dada pelo corrupio de líderes partidários (seguindo-se os dois principais concorrentes à autarquia lisboeta) ao programa da SIC “Gato Fedorento esmiúça os sufrágios”, que teve a sua primeira edição na segunda-feira, entrevistando José Sócrates e liderando, desde logo, as audiências com mais de um milhão e trezentos mil espectadores.No dia seguinte, Manuela Ferreira Leite terá rondado os dois milhões de almas atentas!...

A meu ver, tal fenómeno – a ida de políticos de primeira linha a programas de entretenimento – serve para aferir da força dos media e da indústria de conteúdos, iniciando um percurso que já tem anos nos E.U.A. e que obriga a que, por lá, qualquer candidato ou figura pública que se preze seja obrigado a passar pelas mãos de Oprah Winfrey, Jay Leno ou Jon Stewart. Ao mesmo passo, representa também um recuo do poder político… Certo é que descontrai, mas não deixa de se tratar de "brincar com coisas sérias".

A última nota de mudança é, a meu ver, dada pelo modo de campanha de Manuela Ferreira Leite: apresentar um programa e um discurso sem promessas concretas e afirmar que apenas fará o que puder representa uma capitulação perante a vox populi na sua condenação dos políticos e o fim do dever de apresentação de um caminho a seguir, quando já há muito se deixara de falar do ponto de chegada (o ideal social). No entanto, pode ser que dê resultado…

2º direito

Que a vida contemporânea é conflituosa, já o sabia... Basta andar na estrada ou em certos estádios de futebol.

Porém, sempre cultivei a cortesia entre vizinhos. Pois sucede que, no prédio de Lisboa onde passo a semana, há tempos, o 2º andar direito ganhou uma nova inquilina (e família, presumo).

Algum tempo volvido, a mesma recebeu a administração do pequeno condomínio (rés-do-chão e três andares), em mais uma reunião em que não pude estar, visto que ocorrem ao fim-de-semana, quando me desloco para Coimbra, como faço desde que vim trabalhar para a metrópole. Aliás, sou dos que acredita que, em certas circunstâncias, a abstenção em um sinal de satisfação com o estado das coisas.

Ora bem, na semana passada, apercebo-me de que a parte inferior da minha varanda (ou seja, a que faz parte da fachada exterior) tem o revestimento a cair em dois pontos, à semelhança do que sucede no 3º andar e do que, mais mês menos mês, sucederá no 2º; é o decurso do tempo num prédio com quase 40 anos e que há muitos não vê obra de conservação.

Com diplomacia, subo ao 2º andar, sendo que a própria diligente administradora já deixara recado na vizinha do lado, afirmando peremptoriamente que a responsabilidade era minha... Esquecera-se de ler o Regime Geral das Edificações Urbanas que, salvo melhor opinião, impede que retalhemos as fachadas, seja para pôr antenas parabólicas, seja para colorir cada varanda de uma cor ou tom diferente...

O meu propósito era apenas o de solicitar uma reunião, recebendo como resposta que qualquer um pode fazê-lo e eu que tratasse disso. Com a mesma falta de educação, a dita senhora (com quem nunca falara e a quem não dei confiança alguma) ainda se achou no direito de me admoestar por não ir a reuniões, assim lhe causando a maçada de repetir discussões, alegadamente, já havidas... Respirei fundo e continuei cortês... Mas, guardado estava o bocado: sendo a conversa à sua porta, ainda me disse que, naquele momento, tinha mais que fazer!...

Resultado, vou "remendar" o problema, pois pago para não me reunir com cavalgaduras assim!... Havia necessidade?! Não creio...

Excesso de simpatia

Há gente que carece de inteligência emocional... Nos centros de atendimento ao cliente (vulgo, call centres ou centers, valem as duas grafias, para os mais espertinhos...) está boa parte dessa nação...

Ligo para a EDP e tenho um diálogo de 5 minutos reais, em que o operador não consegue terminar uma frase sem dizer "Sr. Gonçalo Capitão". Percebe-se que o tenham "treinado" para mostrar respeito pelo cliente, mas também nada se perderia em explicar-lhe que tal deferência deve ser intercalada com frases que terminem com um vulgar ponto final....

O resto seria bom senso...

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Cartazes para o avó e o bebé

Os autarcas andam a adocicar a boca do eleitorado e, qual pudim boca-doce, não se esquecem nem do avô nem do bébé. A ver pelo número de cartazes que os contempla parece que estas faixas etárias da população têm vindo a merecer maior consideração por parte dos candidatos. Resta saber se os políticos estão mesmos dispostos a prestar aos idosos a atenção que do ponto de vista social lhes é devida ou se tão só pretendem captar votos ao imenso eleitorado que tem mais de 65 anos.
Já quanto às crianças, dir-se-ia que a atenção só pode ser genuína. É que até ver, as criancinhas ainda não votam. A menos que tenham feito batota, à semelhança de Carolina Patrocínio.





segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Do Barlavento ao Sotavento algarvio - as campanhas

Um fim de semana no Allgarve deu para confirmar que apesar do sotaque inglês que predomina naquela província (ainda) são os autóctones quem por lá manda. O que mais marca as campanhas a Sul do país é, nem tanto as promessas e ideais, porventura os nomes dos candidatos. Nas legislativas há Elidéricos e Anastácios. Nas autárquicas o leque é mais vasto: há Apolinários, Macários, Abúndios, Serucas, Álbios, Vairinhos e um sem fim de nomes sui generis. E quanto às mulheres, essas não fazem por menos: Piedade Carrasquinho, Jovita Ladeira, Hilarina Sousa, Jamila Madeira, Rosa Cigarra são candidatas a juntas, assembleias municipais e câmaras do sul do país.

Embora sorridente, Jovita Ladeira é mulher de poucas falas.
(Mas recomendo-vos a todos a ler aqui a deliciosa explicação que faz do seu outdoor)

Jose Sócrates convive bem com o vizinho Macário Correia.
À falta de melhor, José Apolinário confirma o que todos nós suspeitavamos: "Faro é Faro!"
O último cartaz é dos "Cidadãos com Faro no Coração" e seu candidato José Vitorino.

Não sei do que gosto mais, se da informalidade da coisa (contigo, tu aí, ó tu!!), se do arrojo do «&», se da qualidade das fotografias.


O clássico fundo azul e uma ou outra tonalidade laranja são sempre uma aposta segura, mesmo quando o nome destoa.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Não adormeci!!!

Ver a TVI, hoje à noite, foi um teste aos meus valores patrióticos e partidários!...

Começou com um jogo aborrecido da Selecção, de que se aproveitou a vitória pela margem mínima.

Continuou com um debate pachorrento e cinzento entre Manuela Ferreira Leite, que se saldou (mesmo com um auto-golo nas taxas dos impostos) por uma sonolenta supremacia da primeira. A dado passo (designadamente, na hegemónica fatia dedicada à Economia) parecia uma conversa entre a austera directora da escola e um teimoso membro da associação de estudantes.

No meio da seca generalizada, aplaudem-se com uma só palma as duas vitórias...

Primeiro estranha-se, depois entranha-se


Soava o hino nacional no estádio em Budapeste e só meia dúzia dos jogadores em campo davam ares de saber "A Portuguesa" de cor e salteado. Os luso-brasileiros Liedson, Deco e Pepe mantinham-se hirtos e de dentes cerrados. A sua chamada à Selecção das Quinas deu muito que falar, tendo havido quem dissesse que está em marcha uma descaracterização da selecção nacional. Certo é que se primeiro estranhamos, logo entranhamos. A inclusão destes três na equipa portuguesa tem vindo a revelar-se positiva, sendo que os dois únicos golos marcados nos dois últimos jogos têm o carimbo de Liedson e Pepe, respectivamente. Dois golos decisivos, que a inexistirem teriam já condenado a esperança de Portugal chegar ao Mundial 2010. E isto é o que realmente importa. Digam o que disserem.

Ter memória não é ser amnésico

Juro que queria escrever sobre a pré-campanha em curso, mas ou por falta de imaginação, ou porque a coisa roça mesmo o óbvio, não tenho muito a dizer a não ser que tudo me tem parecido natural e óbvio. Assim sendo, veremos se a campanha propriamente dita desequilibra as contas para PS ou PSD; em termos de apostas “totobolísticas”, para já, jogue com uma tripla…

Em função da modorra política supra descrita, deixo-vos umas breves linhas sobre um apontamento de fim-de-semana, no qual, entre outras coisas, pude, finalmente, visitar o Vale dos Caídos, em Espanha.

O monumento em si mesmo imponente fica perto de Madrid e visava perpetuar a vitória de Francisco Franco e seus apoiantes na Guerra Civil Espanhola, embora sob a capa nacionalista que levou a que por ali estejam sepultados tanto nacionalistas como republicanos. Afirma-se, no entanto, que muitos prisioneiros da ala derrotada (a republicana) terão feito o trabalho pesado (muito pesado, se pensarmos que a extensíssima basílica foi escavada em rocha).

Deixando de lado considerações artísticas (vale a pena), cobram lugar de destaque os túmulos de Francisco Franco e de José Antonio Primo de Rivera, filho do autocrata com o mesmo apelido, fundador da Falange (dínamo da propaganda nacionalista) e mártir dos nacionalistas (morreria com 33 anos).

Com esse facto em mente, em 2007, o Congresso espanhol aprovaria, depois de insistente trabalho de José Luis Zapatero (Presidente do Governo), a Ley de la Memoria História (ou La Ley por la que se reconocen y amplían derechos y se establecen medidas en favor de quienes padecieron persecución o violencia durante la Guerra Civil y la Dictadura), que deu ao lugar um cunho exclusivamente religioso, proibindo qualquer uso político (algo que era comum, até há uns anos e designadamente, nos aniversários da morte de J.A. Primo de Rivera.

Perguntará o leitor, por esta altura, se estou a tentar fazer uma imitação barata de um dos programas do Prof. José António Saraiva. A resposta é um humilde “não”!
O meu ponto é bem diverso e tem a ver com a maneira com que Espanha sempre conseguiu lidar com o seu passado, a espaços, bem mais sangrento do que o nosso. A transição para a democracia foi pacífica e preparada por Franco, o Rei Juan Carlos reina incontestadamente, apesar de protegido e “indigitado” pelo primeiro, e não houve qualquer histeria de apagar nomes ou de fingir que as coisas não aconteceram.

Por cá, há uma ponte com o nome de uma revolução que nada teve a ver com a sua construção (a Ponte Salazar passou a Ponte 25 de Abril), é um “ai Jesus” cada vez que a população de Santa Comba-Dão fala numa estátua ou baptiza uma praça e nada existe que aborde descomplexadamente e com rigor histórico os defeitos (em maioria) e os méritos do Estado Novo.

Desconfio que a maioria da classe política nem saberia explicar aos filhos o que se passou… E, no entanto, o cultivo da ignorância é o pasto dos fantasmas… Ou já se esqueceram da eleição do Doutor Salazar como o primeiro entre “Os Grandes Portugueses”, na RTP?

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Há lodo no Avante!

A ideia não é nova, mas para o Lodo é como se fosse! No passado fim-de-semana (4-6 de Setembro), os colaboradores Diogo Gaspar e João Morgado formaram uma delegação à 33ª Festa do Avante. Partilhe-se o testemunho!

Passado o Pragal já se identificam, na carruagem, os companheiros da luta. Destino: Foros da Amora, onde um autocarro faz o transporte (devidamente subsidiado) até à Quinta da Atalaia. A instalação no parque de campismo não escapa à burokracia. Mas o que importa? Estamos na festa onde todos são iguais. O dress kode uniformizado das camaradas é prova disso.

A noite cai e com ela A Carvalhesa! No Palco 25 de Abril, imagens de Trás-os-Montes ao Algarve pairam nos ecrãs. Punhos cerrados, bandeiras no ar e o povo a dançar... diz que é uma espécie de ritual. Pouco depois chegará a primeira edição da Grande Gala de Ópera, tido como o momento mais significativo desta Sexta-Feira (dia 4). E é uma sessão de luxo: confirme-o o reportório, à atenção dos especialistas da casa. Mas nem só as obras (não encenadas) justificam a assistência. Aqui não há plateia, nem camarotes e muito menos “galinheiro” – haverá sala mais democrática? Além disso, atestamos a boa complementaridade que parece existir entre a marijuana e as melhores árias – enfim, como nunca pôde sentir em São Carlos!

Finda a sessão e antes que o recinto feche, arranjamos tempo para uma ida à Área Internacional. Lá se encontram unidos os partidos comunistas de todo o mundo. É, por isso, uma boa oportunidade para conhecer a gastronomia da luta. A saber: FRETILIM – 1 euro vale uma espetada e o tradicional molho sassate –; Associação Portuguesa de Amizade e Cooperação Iúri Gagárin (Antiga Associação Portugal-URSS) – a Ração Kocmoc é um expoente do Internacionalismo Gastronómico: 3 cl de vodka russa acompanham a fatia de pão preto com uma rodela de pepino –; Associação Partido Comunista de Cuba – aconselham-se os mojitos, com trave a hortelã de um qualquer campo colectivizado.


E por falar em colectivização, já é Sábado (dia 5) e o leitor pode acompanhar o pequeno-almoço com a apresentação do livro A reforma agrária é necessária, de António Gervásio, com a chancela das Edições Avante. E já que aqui estamos, continuemos para o Pavilhão Central. Das três exposições patentes a mostra 35 anos da Revolução, Abril de novo para Portugal com futuro «valoriza a luta e a resistência ao fascismo – quando aliás muitos o querem branquear» (assim reza o programa). E continua «Quando muitos dos visitantes da Festa já nasceram depois de 1974, aqui ficará uma oportunidade […] para revisitar a nossa história» – pena que a maioria da audiência passe em muito a idade da revolução. Uma camarada mais velha emociona-se.

Diz-nos uma militante não identificada que já acompanha o Avante! desde os tempos da FIL. Alto da Ajuda, depois. E a seguir participou no peditório dos 150 mil contos que (em 1990) compraram a Atalaia, na altura ainda com um palacete e zona agrícola. Fala de uma ida à União Soviética (em 1978), de onde saiu triste com a corrupção, visível aos olhos de qualquer um - «Não foi para aquilo que tinha vindo o Aurora». Ainda assim não esconde as saudades da força do bloco comunista: tempos em que «a Área Internacional da Festa era o dobro e nunca faltava marisco». Burguesice, dizemos nós! Ficam algumas máximas: «os cubanos exportam saúde, os americanos exportam armas»; «a falta de crítica cá dentro é uma invenção da comunicação social», «o BE pode andar à vontade, desde que não roube as medidas aos outros e vá para os jornais anunciar»; «se quiser aderir à verdadeira causa humana e justa, já sabe…».

Domingo (dia 6). No Palco da Solidariedade realiza-se o debate Capitalismo, repressão e militarismo. Depois do comício com Jerónimo de Sousa e transmitidas por esta ordem Avante, Camarada, A Internacional, o Hino de Portugal e A Carvalhesa, segue-se o jantar nos pavilhões do Alentejo. As filas levam-nos a optar pelo Bar de Portalegre e, consequentemente, pela bifana em pão caseiro (pago com cartão multibanco). Sentamo-nos em mesa familiar – «ó filho, faz um favor ao pai, vai ali àquele camarada pedir a mostarda» – enquanto as cantigas da Brigada 14 de Janeiro (de Elvas), já enchem o ouvido: «Ao preço a que estão as casas quem aluga tem uma mina / Ai, ai, minha barraca clandestina!». Trocamos os alentejanos por uma Teresa Salgueiro em versão popular. Local: Pavilhão 1º de Maio. Para a despedida ficará David Fonseca, e uma passagem inevitável pelo Bar da Marinha Grande.

E a delegação voltará, camaradas (quinquenalmente).

Expropriada. Na placa pode lêr-se «Devolvam os meus ténis, ok?»
Komércio tradicional. Uma montra bem alinhada.

Brinde do COMECON. Ideal para depois da Ração Cokmoc.

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Só tenho duas palavras: ge nial!!!

No MOTELx (Festival Internacional de Cinema de Terror, de Lisboa) assisti a uma apresentação do vanguardista e brilhante filme "A Dança dos Paroxismos" (1929/30) de Jorge Brum do Canto. Delicioso...

E por falar em delícia, a banda sonora composta e tocada por Paulo Furtado (The Legendary Tiger Man) e Rita Red Shoes deu o toque de arte final.

Uma receita a explorar, como já vira fazer em "Alexandre Nevsky" e "Aurora".

Movimentos Cívicos: uma faca de dois gumes


O País tem vindo a assistir, nestes últimos anos, a um saudável fenómeno democrático: a proliferação de movimentos cívicos. Emergiram no contexto de dois referendos portugueses, em redor dos quais tiveram um papel activo que nunca antes se lhes havia permitido. Se até aí o seu impacto na sociedade civil era esporádico e cingia-se ao plano local, hoje o cenário é bem diferente, pese embora os principais mediadores entre a sociedade e o Estado continuem a ser os partidos políticos.

Não obstante, o inegável peso dos movimentos de cidadãos no palco político conduziu a uma revisão constitucional no ano de 1997 que passou a permitir que estes tipo de movimentos pudesse concorrer a todos os órgãos do poder local (até então apenas podiam aspirar às juntas e assembleias de freguesia). A importância desta conquista tem-se traduzido no crescente número de candidaturas não partidárias às eleições autárquicas. Compare-se o número de candidaturas independentes às Câmaras deste país nos últimos anos: se em 2001 se registaram vinte e uma, em 2005 foram vinte sete e, neste ano de 2009, serão cinquenta. Por terras de Cister (leia-se: Alcobaça) as autárquicas que se avizinham contam com quinze candidaturas independentes num universo de dezoito freguesias e uma só Câmara.

É certo que se alguns destes movimentos nascem pela mão daqueles que (aversos ou não à militância partidária) pretendem colocar-se ao serviço do bem comum, outros surgem tão só para permitir que autarcas que entraram em cisão com o seu partido concorram em eleições autárquicas. E é pela mão deste movimentos que autarcas como Fátima Felgueiras e Isaltino Morais (entre outros maus exemplos) se perpetuam no poder. Por isso digo que os movimentos cívicos são como uma faca de dois gumes. A sua génese pode ter estar impregnada de boas intenções, mas há quem a degenere e deles se sirva para colocar em marcha os seus (pouco nobres) interesses.

Ainda que efémeros, - regra geral surgem para um fim que se alcança ou se frustra numa certa data, nas urnas - os movimentos de cidadãos de carácter eleitoral são talvez os mais expressivos. Há depois aqueles que, tendo em vista o bem comum, nascem para junto dos órgãos actuantes reivindicar determinadas medidas. Contudo, parece que o clima pré-eleitoral é fértil ao florescer de movimentos cívicos que surgem à toa, à procura de um protagonismo a construir à sombra de uma qualquer reivindicação. São grupos de interesse com intenções de duvidoso altruísmo e, algumas, a meu ver, bem disparatadas.

Atente-se, a este propósito, ao movimento que, na passada semana, ressurgiu a defender a transferência da freguesia de São Martinho do Porto para o concelho das Caldas. Escudam-se na distância entre aquela Vila e a sede do concelho e alegam falta de atenção por parte do edil alcobacense. Quanta ingratidão!

Frequentei o Ensino Básico em São Martinho do Porto e veraneei ali desde sempre, pelo que bem sei o que foi - e aquilo que é hoje - aquela vila. Evoluiu sem que quem a governa a deixasse cair num processo de descaracterização, o que já por si é louvável. Mas parece que ainda assim a melhoria das acessibilidades e das infra-estruturas, a requalificação da Marginal, a manutenção do fluxo turístico, a aposta cultural (obviamente sazonal) e tudo quanto este município tem investido na bonita Vila de São Martinho não é reconhecido por duas dezenas dos seus habitantes. É consabido que a freguesia precisa de mais, mas que freguesia deste país se pode arrogar “plenamente satisfeita” consigo mesma?

Quanto ao argumento “proximidade”, que seria deste país se todas as franjas dos concelhos se lembrassem de andar a saltitar de concelho em concelho ao sabor das conveniências? Em Bragança, há freguesias que distam a 40 km da sede de concelho e nunca ouvi nenhuma delas clamar pela integração numa qualquer cidade fronteiriça de Espanha.

Apele-se ao bom senso. E, sobretudo, relembre-se que a cidadania é uma conquista demasiado nobre para ser usada ao desbarato. Os movimentos cívicos podem ser uma excelente plataforma para que o comum cidadão contribua para a melhoria da qualidade de vida da sua terra mas, tal como nalguns processos eleitorais, não se recorra a eles com a leviandade e a cobiça que inquinam a democracia.

* também publicado na edição de 3 Setembro do jornal «Região de Cister»;

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

3-2

Pelo que ouço e leio, creio que não produzirei doutrina maioritária, mas penso que o debate de ontem foi ganho por José Sócrates, com escassa vantagem.

Desde logo, creio ser injusta a crítica que aponta a ausência de propostas. Mormente o Primeiro-Ministro foi, tanto quanto o castrador esquema do debate (que parece querer meter o Rossio na Betesga) o permitiu, apontando algumas linhas de futuro, que aliás já se conheciam da entrevista a Judite de Sousa, na véspera; 1-0.

No plano da economia e finanças, Sócrates marcou o seu distanciamento ideológico (nisso foram ambos muito claros, permitindo distinguir as diferentes ideologias em confronto) e ainda teve arte e engenho para golpear Paulo Portas por alegadadas falhas do Governo de coligação (2002/05) , mesmo no sagrado terreno centrista das pequenas e médias empresas; 2-0.

Já no início do tema social, creio que o Líder do CDS lançou um bom contra-ataque, alertando para medidas penalizadoras tomadas pelo Governo do PS: aumento da idade da reforma, aumento do prazo para os jovens receberem o subsídio de desemprego e o escândalo (palavras minhas) do rendimento social de inserção (vulgo, rendimento mínimo). Teve ainda ensejo de salientar a magreza comparativa do aumento das pensões feito pelo PS, quando comparado com o do consulado de Bagão Félix; 2-1.

Foi preciso aguardar o início do tema da segurança para ver um auto-golo... Paulo Portas, em vez de "jogar o joker" num dos temas que o celebrizou, exigiu voltar atrás, quebrando as regras do debate, bem como perdendo tempo precioso (ficou mais a exaltação do que outra coisa) e a compostura ("vá interrogar os seus camaradas" fica mal ao, regra geral, cortês Portas); 3-1.

No entanto, seria neste terreno que Paulo Portas ainda reduziria a desvantagem (que seria se não tivesse perdido tempo a voltar a um tema em que até não estivera mal...), demonstrando a pobreza dos meios atribuídos ao combate à criminalidade.

Resultado Final: 3-2
Árbitro (Constança Cunha e Sá): amorfo.
Comentário final: provavelmente um dos debates mais interessantes, se olharmos aos protagonistas e à sua arte no uso da palavra.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Cada macaca no seu galho


Não restam dúvidas, o PS é o maior. Pelo menos, o maior na contratação de Mandatárias. Depois do peso pesado "Carolina Patrocínio", a lista socialista do Seixal não esteve por menos e garantiu como mandatária da juventude a senhora da foto*, de seu nome Filipa de Castro.

Primeiro considerando: mandatária da JUVENTUDE?! É consabido que a senhora faz maratonas entre cabeleireiro - discoteca - spa - vernissage - manicure - centro comercial - sessão fotográfica - etc, mas o facto de não lhe faltar energia para tão afadigosa vida confere-lhe a faculdade de encaixar no posto de juventude? Se o candidato à Câmara fosse um sexagenário, ainda se compreendia. Mas não, Samuel Cruz é um tipo novo, com ar de quem deixou a casa dos pais faz dias.

Agora mais a sério: que tendência é esta de escolher mandatárias através de um-dó-li-tá às capas das revistas cor-de-rosa?! Que contributo pode dar alguém que chegou à ribalta graças ao posto "ex-mulher do futebolista Beto"?! E que credibilidade se pode esperar de uma mulher que desde o mediático divórcio nada mais fez que posar para revistas de duvidosa qualidade?

Muito me apraz ver mulheres envolvidas na política. Se forem bonitas, tanto melhor. Sucede que mais importante que isso é que saibam ao que vão, que estejam por vontade própria, despojadas de interesses. O que não é, seguramente, o caso desta jovem...

* não imaginam a trabalheira que foi descobrir uma foto em que a senhora aparecesse com mais que uma peça de roupa...

Febre alta

Veio a lume o facto de haver alguma polémica sobre as despesas de deslocação do Bastonário da Ordem dos Médicos, nas suas viagens a Madrid.

Parece que o nosso Dr. Pedro Nunes é (ou foi, em acumulação) conselheiro de um seguradora espanhola. O púdico doutor veio já falar de "difamação" e, diz-se na televisão, terá passado um cheque em branco para devolver tudo o que (e diz que, a ser algo, é pouco) tenha recebido por "erro".

Até aqui, tudo bem! Sinto até algum rubor nas faces por ter duvido do honorável médico...

Mas será só isto?!... Naaaaaa....

Lendo o "Público" (o problema é que muita gente se queda pelo televisionado), sente-se a necessidade de carregar na tecla pause ou até mesmo na de rewind! Parece que o Dr. Nunes era conselheiro da AMA (a dita seguradora), onde a Ordem dos Médicos fez o seguro de responsabilidade civil dos profissionais por si tutelados! Ora, mesmo que se não prove que tal avença é uma contrapartida, manda o pudor que se separem águas!

E como um mal nunca vem só, segundo o mesmo jornal, a entidade oficial que tutela os seguros em Espanha já mandou o nosso "ofendido" devolver mais de cem mil euros de ajudas alegadamente indevidas.

Dada a origem eventual da maleita, neste caso, é melhor não ir à farmácia, Sôtor!...

O que pôde arranjar-se

Quando terminou a prestação do Eng. Sócrates na "Grande Entrevista" de ontem, fiquei com uma dúvida: bastará ser um político competente (a meu ver, é-o) e comunicar bem ou atingimos o grau mais elevado de saturação em relação aos políticos portugueses?

Vamos por partes: creio que a entrevista, no cômputo geral, correu bem a José Sócrates. Com a boa presença que o distingue, conseguiu explorar todas as falhas usualmente atribuídas a Manuela Ferreira Leite; da célebre tirada em que disse que as grandes obras públicas só dariam emprego a cabo verdianos e ucrânianos áquela outra em que falou da suspensão da democracia por seis meses, sem olvidar a alegada contradição entre a reclamação de exclusividade dos candidatos feita pelo PSD (na altura das eleições para o Parlamento Europeia e visando Edite Estrela e Elisa Ferreira) e o facto de o cabeça de lista pela Madeira ser, como sempre, Alberto João Jardim, que jamais assumiu o lugar. De permeio, nem sequer se esqueceu de "envenenar", devolvendo as acusações de "asfixia democrática" ante a exclusão das listas do nome de Passos Coelho.

Ou seja, na "finta" esteve bem.

Já quanto ao resto, procurou cavar o fosso na interpretação do papel do Estado, seja nas obras públicas, seja nas questões cívicas (divórcio e casamento homossexual), seja ainda na segurança social. A diferença parece, aqui, clara entre PS e PSD.

Todavia, continuo a perguntar-me se a dureza destes quatro anos ainda deixa disponibilidade aos portugueses para escutarem o nosso Premier... Seguramente não o ouvirão os professores, a quem o Primeiro-Ministro dirigiu um lamento pelo facto de o Governo não ter usado de maior "delicadeza" na comunicação de medidas que continua a defender...

Parece que falta um epílogo... Não se ouviu uma medida galvanizadora ou algo que nos faça crer que vamos ser um País dos mais bem sucedidos da Europa. Parece que os nosso líderes (o PSD não faz melhor, neste particular) abandonaram o ideal social e a esperança de não sermos mais os remediados da União...

Foi o que pôde arranjar-se, calculo...

Nova história com a qualidade de sempre

Campanhas e piranhas

Há muito que nos habituámos a ver as campanhas eleitorais como um lodaçal em que partidos e candidatos trocam acusações, mostram rostos conhecidos (e mentes ausentes, se nos lembrarmos de Carolina Patrocínio…) e fazem promessas que ou simples e descaradamente não cumprem, culpando o Governo de outro partido que o os tenha antecedido, ou nem sonharam cumprir, porque nunca governarão (PCP) ou porque sabotar é a sua forma de estar na vida (BE).

É, por isso, com simpatia que vejo a decisão tomada pelo PSD de acabar com os comícios, caravanas e brindes. A mais do atentado ao desenvolvimento sustentável, as canetas, sacos e aventais com que os partidos soterravam os transeuntes constituíam pura intoxicação, não acreditando eu que um só voto tenha mudado em função de uma dessas ofertas (mau fora) ou sequer que uma delas tenha servido ao seu detentor como imprescindível lembrete para o dia eleitoral.

Numa altura em que as fontes de informação excedem em muito aquelas que estavam disponíveis acerca de quinze anos (quando fui, pela primeira vez, candidato à Assembleia da República), não faz sentido complementar imagens televisivas e documentos disponíveis na Internet com uma parafernália de objectos, regra geral de qualidade lamentável.

A única dúvida que ainda paira no meu pensamento prende-se com o grau de genuinidade da decisão de acabar com os comícios. Não será uma forma encapotada de disfarçar a falta de capacidade de mobilização dos partidos portugueses?!

Bem sei que as pessoas estão mais comodistas e que podem escutar as palavras daqueles que lhes pedem o voto na televisão, na rádio ou na Internet, sem saírem do conforto do lar!... Porém, também sei que os comícios eram uma ocasião magna para escutar de fio a pavio as propostas e as ideias (estou a ser benevolente, bem sei…) das mais conhecidas personalidades da freguesia, concelho ou mesmo do País. Aliás, se fossem inúteis, fica por perceber por que é que, por exemplo, o PSD afirma não realizar comícios, mas promete sessões em auditórios! Isto se não houver daquelas jantaradas de lombo assado, em que as mesas ajudam a preencher o chão dos pavilhões…

O meu ponto é simples: bem podem os partidos portugueses propor o fim dos comícios e brindes (PSD), o fim dos cartazes gigantescos na via pública (CDS) ou dar-nos fruta sem caroços (se o PS der o Ministério da Educação à empregada de Carolina Patrocínio, como é da mais elementar justiça), pois o essencial reside na credibilidade que lhes é atribuída e na fiabilidade das suas propostas.

Fazer figura de “santinho(a)” não ajuda, enquanto os eleitores persistirem em ver a maioria dos candidatos como um cardume de piranhas à espera do seu naco de poder. E nem se diga que os eleitores é que não se interessam (que o diga a, para mim, triste subida do Bloco de Esquerda que, para vergonha pessoal, está à beira de eleger um deputado por Coimbra)… E não se tente passar a ideia de que jamais haverá mobilização de massas, nos dias de hoje; a campanha de Obama prova o contrário…