quinta-feira, 17 de novembro de 2005

60 contos de liberalismo

Uma das notícias do dia é o inicio da efectivação de uma das promessas eleitorais do engº Sócrates: a de elevar para o mínimo de 300 € as pensões de reforma, embora comece apenas pelos que têm mais de 80 anos, para chegar aos cidadãos de 65 anos, em 2009.
A bondade intrínseca da medida não é questionável, a não ser pelas pontas por onde já começaram a pegar: por um lado, há quem diga que é pouco começar pelos octogenários, que são, ao que ouvi dizer alguém na TSF, pessoas em fim de vida. A mais do macabro de algo que poderia ficar não dito, a verdade é que se em 2009 se chegar ao fim da linha, não é nada mau. Isto a mais de sabermos que a situação do País não permite avanços de rompante.
Por outro lado, ouvem-se lamentos no sentido de que só abrangerá aqueles que não auferem qualquer outro rendimento, nem que seja sob a forma de apoio familiar. Aqui chegados, há que dize-lo: concordo com a opção, entendo que é ideológica, e é muito mais liberal do que socialista, para que conste no Largo do Rato.
A verdade é que o que pode ler-se na "questão familiar" é a ideia de que a sociedade civil tem um papel muito importante no desenvolvimento de um País. Ao Estado devem reservar-se funções reguladores, designadamente garantindo um limiar mínimo de dignidade social abaixo do qual ninguém deve cair. Daí por diante mérito e laços sociais devem desempenhar o seu papel.
A medida é boa e tem um travo anglo-saxónico, mas se isto é apoiar o Governo, ao menos note-se que eu já estava do lado de cá das novas fronteiras. Dito de outro modo, como Blair provou, a 3ª via é mais liberalismo com tempero social do que socialismo.

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