quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Foi há 25 anos



Podia ter sido há 25 minutos.

Repetição

Cada dia que passa, ora são mais impostos, ora é a notação financeira que desce, ora a Briosa faz mais um mau resultado para o campeonato…
Quase novecentos anos depois da independência, faz-me impressão que haja portugueses a entregar casas aos bancos, bancos a entregarem a alma ao criador, pessoas a chorarem por não terem dinheiro para o passe social ou para os medicamentos…

Deixámos o dinheiro mandar tanto que, hoje, creio que a maioria dos cidadãos ocidentais sobrevive apenas. Acho infame que já nem haja a perspectiva de gozar com a família ou com actividades lúdicas parte substancial e final da vida. Não fui eu que inventei o modelo social europeu, mas sou eu um dos que, compreendendo a utilidade, desconto para que os mais idosos possam fruir tranquilamente os seus anos avançados, depois de uma vida de trabalho.

Acho ainda perigoso se deixarmos que o mercado hierarquize e encareça a formação superior dos cidadãos. Queremos chegar ao ponto de certos países mais amantes do mercado desregulado nos quais só um empréstimo draconiano contraído pelos pais permite aos jovens irem para as melhores escolas e em que os jovens recorrem a danças “exóticas” e outros empregos que os deixam sem tempo de estudo? Sei bem que em Portugal estamos, felizmente, a anos-luz de tudo isto, mas a verdade é que a moda europeia de cortar tudo em todas as prestações públicas me faz temer o pior.

Mais longe iremos se falarmos de Cultura, por tradição, o parente pobre da governação. Se dissermos, durante um ano ou dois, às Forças Armadas que não há equipamento novo, creio que a operacionalidade não fica comprometida e estamos a falar, ainda assim, de um orçamento de muitos milhões. Contudo, num orçamento indigente como é, regra geral, o da Cultura, qualquer corte significa menos programação e menos criação.

Significa, portanto, que alguns portugueses “inventarão” ou representarão menos e que muitos outros terão menos momentos de fruição e de libertação espiritual.

Sei bem que esta linguagem merecerá escárnio por parte dos tipos de fato cinzento que mandam em sectores intermédios da sociedade. Todavia, se percebessem que falamos de um sector que não apenas complementa o sujeito como aumenta a boa disposição geral, talvez entendessem que o apoio continuado – e não apenas esporádico e pirotécnico, embora relevante, ao jeito de capitais da cultura – é a melhor maneira de um povo se não deixar tragar pelas forças uniformizadoras da globalização, que nos reduzem a riscos de uma dívida com que alguém quer enriquecer e que mais não é do que a venda de países a retalho…

Sei que já falei disto, mas a verdade é que vou continuar a falar…

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

É mesmo bom (e eu era dos cépticos)

Não concordo com o Ricardo Cândido (vide infra) porque...

... acho que Di Caprio tem um desempenho notável criando, com rigor, uma personagem obcecada e fanática, como, ao que consta, terá sido Hoover.
De acordo que o filme é lento, mas creio que, deste modo, reproduz melhor a evolução da situação americana segundo a mente de um dos seus mais importantes autores do século XX.
Se quer acção, realmente, mude de sala. Mas se quiser ver o "porquê" de muitas coisas da história recente dos EUA, J. Edgar é o seu homem.

Excelente desempenho, interessante biografia, saudade de políticos a sério

domingo, 19 de fevereiro de 2012

O Ronaldo e o Messi também falham

Leonardo DiCaprio tem, na sua carreira, algumas das interpretações mais bem conseguidas em alguns dos melhores filmes que tive oportunidade de assistir.

O portfólio é filigrana pura: Titanic; Gangues de Nova York; Catch Me If You Can; O Aviador; Revolutionary Road; Shutter Island; A Origem… Sem esquecer, claro, Diamantes de Sangue, que é aquele tipo de filme para responder quando alguma revista ou jornal perder o juízo e resolver fazer uma entrevista sobre cinema a este vosso "criado".

Já o escrevi aqui no “Lodo”. Para mim, é o melhor actor da sua geração!

Por isso, sempre que vou ao cinema ver DiCaprio as expectativas são elevadíssimas.

Talvez seja por isso, mas este último, J. Edgar, sob a direcção de Clint Eastwood não esteve à "altura". É monótono, as personagens são chatas e as histórias maçadoras.

Mas não há problema, o Ronaldo e o Messi também falham penaltis e no entanto não deixam de ser os melhores.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

POBRE GRECIA

O caos instalou-se na Grécia. Caos das instituições, caos  do Estado, caos da economia, caos total da sociedade .
A Grécia vogou sem comandante durante anos, num mar calmo e com um vento favorável que soprava  de Bruxelas, ou não fosse Eole o mais Grego dos deuses, deus dos ventos!

A tragédia que os Gregos vivem actualmente, parece bem confirmar a legenda segundo a qual, Ulisses , a quem Eole ofereceu um saco secreto para a sua viagem de regresso à ilha natal, navegou durante nove dias com um bom ritmo, até que a tripulação, ciumenta, abrisse o saco e libertasse assim os ventos contrários que o fizeram voltar para traz até à ilha de Eole.
Pobre Grécia, que já entre 1967 e 1974 sofreu a ditadura dos Coronéis, que quadruplicou a divida grega, por razoes que não beneficiaram o povo, mas sim o regime militar, despótico e repressivo.
E que dizer também da divida contraída aquando dos Jogos Olímpicos de 2004, que deviam custar , segundo o Comité Olímpico e o governo, “só” 1.300 milhões de dólares, e que ultrapassaram realmente 20 mil milhões !
E que dizer do escândalo dos submarinos alemães, fornecidos pela Thyssen ou dos contratos fabulosos passados com a Siemens à base de comissões ocultas e “sacos dourados” que serviram para alimentar os dois principais partidos gregos !
A Grécia foi vitima dos amigos ! A adesão à zona euro em 2001, graças à trafulhice contabilista da Goldman Sachs, validando contas falsas, estimulou entradas de capitais, sob forma de empréstimos ou/ e investimentos.
Os amigos ,ou sejam  os bancos franceses, alemães, belgas, holandeses, britânicos, luxemburgueses e irlandeses, emprestaram maciçamente à Grécia., sem se preocuparem da solvência do pais.
No fim de contas, vinte anos de redistribuiçao não conseguiram melhorar definitivamente a economia dos beneficiários, mas antes permitiram-lhes de se habituar a este maná fácil.
Mas ninguém lhes disse que em vez de continuar a endividar-se era preciso controlar os orçamentos.
Foi preciso chegar a 2010 para constatar que o conjunto da zona Euro apresentava um endividamento de 85% do PIB ! A Grécia a 143%, A Irlanda a 96%, Portugal a 93%.
O total criminoso da divida grega chegou a 329 mil milhões , a Irlanda a 148 mil milhões e Portugal a 163 mil milhões!
Claro que agora, a Comissão Europeia encoraja planos de austeridade sucessivos, para salvar os capitais emprestados pelos ocidentais, sem controlo , sem nexo.
As consequências estão visíveis : o empobrecimento generalizado de milhões de cidadãos, um golpe severo às empresas, aos empregos e às rendas do trabalho, a perda de rendas fiscais para os Estados, levando à diminuição das prestações sociais, das reformas e dos salários.
O caos e a miséria generalizados. E  , como de costume, são os “pequenos” sem defesa que pagam a incúria dos governantes, dos politicos.
Porque os planos de austeridade, como eles lhe chamam, são austeros só para as classes mais modestas, que trabalham e utilizam as ultimas forças para salvar os bancos.

Freitas Pereira






Os Cavaleiros do Apocalipse


A vida desfila vertiginosamente através dos acontecimentos que balizam o dia a dia, num mundo que segue uma trajectória preocupante.

E como o mundo se torna cada vez mais exíguo graças às tecnologias da comunicação e aos meios de transporte subsónicos, verifica-se instantaneamente que lá, como cá, as coisas evoluem da mesma maneira, nem melhor nem pior ! O mundo transformou-se numa aldeia planetária !

Os profetas demoníacos começaram a apregoar, que uma guerrazinha poderia salvar o mundo do caos económico que alastra por toda a parte. Não analisam as causas nem as soluções para este caos, e preferem considerar,  já , que não tem concerto! São os profetas do infortúnio! São os Cavaleiros do Apocalipse.

A angustia e a esperança, as cicatrizes e os beijos, o exílio e o reino, o passado e o presente, o antigo e o novo mundo, eles ignoram-nos..

Saborear cada momento do presente como se fosse o melhor e o único, sem o comparar, sem o medir, eles não sabem fazer. 

Embora as causas da situação que vivemos sejam bem conhecidas, eles não querem adoptar as soluções que se impõem. E tudo isso por causa duma doutrina !

A doutrina na qual eles se inspiram, herdada dos séculos XVIII e XIX  era baseada no individualismo e no utilitarismo. Afim de combater os aristocratas do antigo regime e a moral rígida da Igreja, os Liberais lutaram primeiro, indistintamente, para melhorar a sociedade e estender as liberdades e a democracia política.
Nessa época, esta conotação “liberal” até era bem vista nos Estados Unidos, onde os Negros e os Trabalhadores eram privados de muitas liberdades.

Na década de 1970-80,  eles viraram neo-liberais. O programa que impuseram ao mundo , em nome da  luta contra a inflação, contra os défices públicos, contra a função publica, contra as subvenções do Estado, contra os direitos alfandegários, etc., e , duma maneira geral,  a lei do Mercado e a Finança,  prioritárias sobre a produção, puseram o mundo ao avesso.

Mais uma aceleração de Reagan e Thatcher na década de 80, e o resultado foi o Ultra Liberalismo ! Isto é,  a solução do Capital contra o Trabalho, o Indivíduo sobre o Colectivo .

Os Direitos do Homem , que tinham uma significação no após guerra de 1945, de sinónimos de Direito ao Alojamento, à Educação, à Saúde, à Segurança, à Paz , à Justiça Social, esvaziam-se pouco a pouco de toda a essência.

E isto porque, nos anos 80, todos os cintos de segurança que impediam o capitalismo de descarrilar, foram desmantelados!

Maastricht , o dogma da economia de mercado , auto-regulàvel e auto –controlável, ( grande magia falaciosa ! ) , a não intervenção do Estado, a livre concorrência, transformaram tudo e todos em mercadorias! Mesmo a Saúde e a Educação !

A cavalgada final foi na década de 90. A civilização do após guerra foi destruída : privatizações, desemprego, deslocações de empresas, com o descalabro social que isso significa,  substituíram o papel desempenhado até então pelo Estado, que era a locomotiva da economia, que abria ou fechava a torneira do crédito, controlava o valor da moeda, os preços e os salários.

Hoje, não somente assistimos à carga avassaladora do ultra-liberalismo conquistador, mas descobrimos que a social democracia se revela incapaz de opor uma resistência qualquer ao processo de globalização económica e aos seus efeitos perversos.

Quando o Estado for realmente incapaz de corrigir todos os desequilíbrios criados , podemos recear que um dia ou outro se acendam violências das quais ninguém é capaz de prever a amplitude.

O mundo assiste à queda inexorável  do berço natal da Democracia. Quem será o próximo ?

Sem dúvida, o futuro, antes, era melhor que hoje.


J. de Freitas Pereira

sábado, 11 de fevereiro de 2012

Necessidade

Tenho assistido nas últimas semanas a uma necessidade extrema de se incendiar as relações entre os portugueses. São jornalistas, fazedores de opinião, cavaquistas, extremistas, comunistas e outros istas sobre qualquer que seja o assunto. A "Luta" que tantos levantam nos estandartes deve corar de vergonha ao ver a sua evocação ser feita em blasfémia.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Piegas

O Público, o Expresso, o Diário de Notícias, A Bola, o Jornal de Notícias e o Correio da Manhã lançaram nas últimas horas o mais quente fait divers da política portuguesa da próxima semana. 


Aqui fica a versão musical deste novo tipo de jornalismo.


segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

era disto que falavas, Diogo?

A esquerda que não se oriente

que não é preciso.

A primeira vez que reflecti sobre uma das maiores fraquezas da esquerda portuguesa foi há pouco mais de um ano, ao longo da campanha para as presidenciais. Há uma qualquer esquizofrenia e um sentido de exclusividade que impediram os partidos de cativar o seu eleitorado para uma candidatura que conseguisse fazer frente ao recandidato Cavaco Silva. Do processo em que foram apresentados 6 candidatos, três deles - os da esquerda - reuniram os votos de 41% dos portugueses. Incluem-se aqui Fernando Nobre, o centrista com maior simpatia no PS, Francisco Lopes, o incorruptível da kassete comunista e Manuel Alegre, que alegremente conseguiu esvaziar os apoios críticos do Bloco de Esquerda ao alinhar conjuntamente o partido do poder e a amálgama de trotskistas, maoístas outros istas e os rapazes do LGBT. Claro que há a tradição da reeleição do presidente em funções e o desempenho de Cavaco Silva se apresentou razoável em função do governo socialista já altamente desgastado. Mas a desagregação de forças na esquerda portuguesa (a dita fraqueza) resulta num qualquer impedimento moral para se apresente uma alternativa de fundo ao eleitorado na ocupação do mais alto cargo da Nação.

Aprofundando a retrospectiva, e de acordo com os naturais equilíbrios entre os candidatos vencedores nas últimas décadas a tendência deveria manter-se com a aparição de um forte candidato para 2016, o que não estou a ver bem como é que vai acontecer. E para mal dos nossos pecados. Feitas as especulações, deverá sair da ala socialista António Costa, que até ao momento se tem mantido bem escudado na Câmara de Lisboa, e desalinhado desde cedo com os governos de Sócrates. Do PCP, e foi esta a "outra" especulação que me fez repensar este assunto, deve sair Carvalho da Silva que trará a bagagem de luta na contra o actual governo enquanto dirigente da CGTP. Do Bloco, se ainda existir (tenho as minhas dúvidas), pode vir o tio Louçã no final da sua carreira política. E é precisamente esta equação que, verificando-se, arruína novamente as pretensões socialistas para Belém e me deixa intranquila face ao necessário debate democrático. Aquele que deve ser estimulante. Onde se confrontam as origens da organização da sociedade. A concepção do papel do Estado em função do indivíduo ou em função da comunidade.

A não ser que volte Guterres e consiga iluminar o caminho de alguns sebastianistas.


quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Vou nas asas de um sonho

Volto ao vosso convívio com um título emprestado pelos Santamaria (não sei o que vem mais a calhar: se o título da música, se o nome do grupo), para descrever o sentimento com que encaro o meu encontro próximo com a Lufthansa.

De facto, quando entrar naquele “A380” mais do que Lisboa, só queria que ele me deixasse logo em Santa Maria da Feira, para que o jogo de dia 7 com a Oliveirense chegasse mais depressa. É uma vida a sonhar ver a Briosa no Jamor e, se possível, trazer a Taça de regresso a casa!... Já chega de andar por maus caminhos, desde 1939…

E quem puder, deve ir por muitas razões. Comecemos pela psicologia invertida: não serve de desculpa não se apreciar este ou aquele dirigente. Seguramente eu não faria as mesmas listas que o actual Presidente apresentou (mormente em um ou dos casos), mas a escolha é sempre do candidato e a eleição foi democrática. Estou, aliás, certo de que muitos associados jamais me teriam escolhido para a Direcção e, no entanto, sempre senti apoio do Eng. Simões e o maior respeito por parte dos associados.

A paixão pela Académica deve ser isso mesmo: uma paixão pela nossa Associação e pelo seu historial, acreditando sempre que o pior dos academistas é melhor que o mais excelso sócio de qualquer clube que se nos oponha. Relembrarei por isso o antigo amigo (daqueles com quem muito se viveu e de quem jamais se espera semelhante estupidez) que demorava em aceitar a minha amizade no “Facebook” e que, quando indaguei sobre aquilo que julgava ser uma distracção, me disse a relutância se devia ao facto de ter apoiado José Eduardo Simões. Em bom rigor, amizade desta não faz falta e associados assim não são verdadeiros academistas (parece que o dito cidadão entregou o cartão de associado). Para mim a Académica suplantará sempre qualquer pessoa que a sirva.

As razões positivas para estar em Santa Maria da Feira e, assim espero, no Jamor são mais e conhecidas. Desde logo, quem nasceu em Coimbra, por aí passou ou aí está sabe bem que temos na Académica uma bandeira de que podemos orgulhar-nos, a par dos nossos Hospitais e das nossas escolas e Universidade. Assim a Autarquia venha a juntar-se ao pelotão da frente da promoção da Cidade, tão cedo quanto possível.

Depois, para quem, como eu, andou pelos bancos de uma das nossas faculdades, por muito que os tempos mudem (mudam no futebol, como mudam na Universidade, sobretudo ao nível da tradição), será sempre clara e mais do que onomástica a ligação entre a Académica, a Academia e a Universidade (sendo que aqui, a primeira e a terceira instituições podiam fazer um pouco mais para estreitar laços).

Em terceiro lugar, quem vá a uma Assembleia-Geral da AAC/OAF cedo percebe a elevação de 99% dos participantes e a forma diferente que os seus associados têm de estar na vida e o “fair-play” com que encaram o desporto e a diversidade de opinião.

Em quarto lugar, a Académica tem uma claque com toques de genialidade, com raríssima propensão para o disparate e que tem uma lealdade que, por vezes, parece suplantar a de algumas pessoas que a deveriam ter por dever de ofício. Jamais ouvi a Mancha Negra vaiar os seus “rapazes”, ao invés de apoiantes de chamados grandes que, ao menor revés, enxovalham os atletas e ameaçam os dirigentes.

Por último, só me lembro de lhe recomendar a ida ao jogo pelo simples mas puro facto de adorar a Académica!...