Mostrar mensagens com a etiqueta Bloco de Esquerda. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Bloco de Esquerda. Mostrar todas as mensagens

sexta-feira, 22 de abril de 2016

"Um Imenso Portugal?" - I

O início do processo de cassação do mandato da Presidente Dilma Rousseff (impeachment, seguindo a moda) paralisou o Brasil e chamou a atenção dos demais países, como não poderia deixar de ser, atendida a dimensão deste gigante quase continental.

 Dando por sobejamente explicado nos media o processo em si, partilho algumas reflexões pessoais. A primeira delas tem a ver com o facto de entender que, ante a já mencionada dimensão do país, o início da queda de Dilma é o fim da ilusão populista na América Latina, pelo menos nos actores de dimensão significativa. Sei mesmo que muitos venezuelanos rejubilaram com o resultado da votação domingueira, precisamente por sublinhar com tintas mais fortes o letreiro de “A Prazo” que já pairava sobre Miraflores (palácio presidencial).

 Primeiro veio a derrota fragorosa dos herdeiros de Cristina, na Argentina. Depois, a conversão de Correa (Equador) ao pragmatismo. A contrario, o desenvolvimento notório da Colômbia. Agora, o mais do que provável “despedimento” de Dilma… Tudo sinais de que o sonho (a encenação – riscar o que não interessa, como nos impressos antigos) bolivariano de Chávez entrou numa derrocada irreversível. Contudo, mais do que o episódico rolar de cabeças, a leitura que faço é a de que, efectivamente, caiu a máscara dos populismos de esquerda que prometiam um mirífico igualitarismo alternativo à economia de mercado vigente nos países ocidentais, e que vieram a revelar-se propostas económicas desastrosas, projectos sociais incentivadores de indolência e corrupção, e até, em certos casos, alfobres de protoditaduras. A Venezuela será uma questão de tempo, e a Bolívia um teste ao contorcionismo político de Morales.

 Já na Europa, provando que até nos dislates perdemos a liderança, Bloco de Esquerda, Podemos e Syriza estão para lavar e durar, embora sem a mesma perspectiva de triunfo dos congéneres latino-americanos.

 O segundo corolário que extraio do ocaso da presidente brasileira poderá ser polémico, mas é algo sobre que especulo com convicção: sendo a primeira mulher a assumir a presidência Brasileira e partindo da premissa, como parto, de que a principal causa da queda verdadeiramente inerente a Dilma Rousseff foi a sua incompetência, tal comprova que a competência e uma série de outras qualificações nada têm a ver com questões de género e não são passíveis de controlar por um sistema de quotas.

 Note-se que a Presidente em vias de “despedimento” não foi eleita por qualquer sistema de quotas, nem tão pouco quero encetar um libelo contra as mulheres. Nada disso! Quero apenas contrariar a ideia de alguns histéricos da extrema-esquerda de que pertencer a minorias supostamente discriminadas é uma graduação social… O raciocínio equilibrado seria, pura e simplesmente, combater as discriminações (sou totalmente favorável) e reconhecer que nem todos os homens são incompetentes (algo que creio, para ser intelectualmente honesto, nunca esteve em causa), como nem todas as mulheres são competentes, como Dilma prova à saciedade. Daí a minha descrença em sistemas quantitativos de indigitação.

 (a continuar)

quarta-feira, 23 de março de 2016

Falinhas mansas

E lá chora a Europa com mais um nojento atentado, desta vez na Bélgica…

A mais do evidente repúdio e da óbvia revolta, creio que é tempo de acabar com as falinhas mansas.

É bonito e eticamente gratificante falar de direitos humanos e do quão elevada é a alegada superioridade axiológica da civilização ocidental, em geral, e da construção europeia, em particular, mas o facto é que essa “conversa” começa a saber a pouco às cada vez mais numerosas famílias das vítimas de atentados, aos refugiados e populações de “desembarque”, aos inocentes cidadãos que se vêem confrontados com um crescente número de medidas restritivas da sua liberdade (designadamente, de circulação), e a todos quantos, directa ou indirectamente, associam a vida em sociedade ao respeito recíproco (que lirismo o nosso, ao que parece…).

Desde logo, importa que os líderes religiosos que pregam na Europa e, na medida do possível, os que ensinam a fé muçulmana nos países cujas populações observam essa respeitável e ancestral confissão, comecem a passar da mera condenação ao acto de denunciar quem suja o nome de Alá com actos que nada têm a ver com o verdadeiro Islão. Não basta continuar a dizer que quem o faz é inimigo da fé; é necessário punir ou entregar quem inquina de forma tão vil e cobarde a paz mundial.

Depois, seria relevante entender até quando estaremos dispostos a ser uma civilização castrada, na Europa. O facto é que, em nome da suposta e mencionada superioridade do nosso modo de ver o ser humano e a vida, com as honrosas excepções do Reino Unido (quase sempre) e da França (algumas vezes), em homenagem a restrições orçamentais, por causa de medo de baixas próprias e colaterais (as mesmas que os atentados desconsideram e de que os terroristas se riem) – por tudo isto, dizia – não debelamos este anátema, não cortamos o mal pela raiz, não destruímos estes canalhas… E quando o digo, digo-o dentro e fora de portas. No primeiro caso, havendo ninhos de víboras claramente identificados nas metrópoles europeias, é urgente acabar com a auto-restrição imposta pela esquerda radical (que agora assobia para o ar, como se o estado abúlico em que vivemos não fosse fruto de anos de desconstrução da lei e ordem, sob a acusação idiota de reminiscências fascistas) e permitir às polícias que, observados os direitos fundamentais de presumíveis inocentes, não se detenham por anacrónicos limites horários, impedimentos de rastreamento tecnológico ou medo de usar a força proporcional e necessária para o combate deste flagelo (a verdade é que, mesmo que o infractor seja brutal, aparece sempre um trotskista armado em moralista a falar de violência policial, mesmo quando esta, que é condenável, não existe).

Se continuarmos nesta “anarquia mansa”, os Trump deste mundo começarão a ganhar nos EUA, na Polónia, na Hungria, na Rússia e por aí fora…


Não reagir com mão firme, ao invés do que possa parecer, é precisamente a forma de caminharmos para um Estado securitário, para uma Europa fortaleza e para o fim de uma Era.

quarta-feira, 2 de março de 2016

Vão chamar pai a outro


A propaganda do Bloco de Esquerda que diz que “Jesus também tinha dois pais” (comemorando a aprovação da adopção por casais do mesmo sexo) é, antes de mais, uma questão de mau gosto e de deliberada ofensa aos que não concordam com aquela organização intelectualmente totalitária.


E começo por aqui mesmo: o BE arvora-se em campeão das liberdades democráticas, mas é, provavelmente, a mais intolerante, discriminatória e agressiva força parlamentar. Quem não concorda com a mixórdia de marxistas-leninistas arrependidos, trotskistas psicadélicos, maoístas bafientos e anarquistas-chiques é apelidado de reaccionário, inimigo da democracia e outras coisas mais que, com apoio de grande parte da classe jornalística (que mistura a revolta contra o patronato com a função de megafone da extrema-esquerda), servem para menorizar e intimidar quem, legitimamente, defende ideia adversa.


Aliás, muitas das actividades de agitação e propaganda da nossa extrema-esquerda finória são “cool”, criativas e inovadoras porque são daquele lado da fronteira; se alguém do centro-direita ou mesmo do PS andasse em “topless” defendendo o direito ao corpo ou postergasse o nome de Cristo, imediatamente era derretido pelos escribas que cobrem o quotidiano bloquista.


Mas nada a fazer… Com colossal culpa dos “arcos da governabilidade” europeus, a bandalheira política entrou na moda, chame-se ela Syriza, Podemos ou Bloco de Esquerda (confesso mesmo que me enganei rotundamente ao prognosticar a erosão do BE; coisas de “emigrante”…).


Recentrando o assunto no enxovalho a Cristo, diria que a primeira coisa a desmistificar é a alegada propriedade de ideias como a adopção e o casamento de pessoas do mesmo sexo ou a despenalização da interrupção voluntária da gravidez. Nenhuma força política é dona dessas causas! Há milhares de cidadãos que, perfilhando ou não as orientações em debate, sempre se bateram pelo fim do que entendem como discriminações, sendo um insulto este aparecimento de um latifundiário intelectual das causas “justas”.


Depois, entendo que a Igreja Católica não poderia pedir mais. Ao mesmo tempo que “Spotlight” ganha um Oscar, relembrando o encobrimento de abusos sobre menores, o Bloco desperta uma onda de indignação entre católicos e outras pessoas de bem.


Por fim, não venha Marisa Matias demarcar-se da ideia, como se de um erro se tratasse. Foi deliberado e com intenção de enxovalhar.


Ou me engano muito, ou António Costa pagará um alto custo por esta bandeira de conveniência. Ele e todos nós…


Impedido de me expressar como Arnaldo Matos (MRPP) o fez recentemente, lamento e registo a ofensa.

segunda-feira, 19 de outubro de 2015

O dia em que Houdini se afogou


Tentarei escrever esta prosa com o menor número de adjectivos e com a frieza possíveis em homenagem à moderação a que me sinto obrigado. Contudo, creio que o dr. António Costa poderá estar, politicamente falando, a meter-se numa numa camisa-de-onze-varas ou a criar, genialmente, o “auto-xeque-mate”.

Indo por partes, reafirmo que, a meu ver e usando noções sobre métodos eleitorais que espero não estejam desactualizadas, a coligação PSD-CDS, tendo mais votos e mais deputados eleitos, ganhou as eleições. Continuo a acreditar nisso, apesar de as últimas notícias me tenham feito ganhar esperanças de que a Briosa possa ir à Liga dos Campeões, aliando-se a clubes mais bem pontuados. E nem venham os puristas dizer que se não pode comparar política e futebol; em ambos os casos e salvaguardadas as evidentes diferenças regulamentares, é uma questão de pontos averbados...

Pode, por isso, soar a mau perder que as forças derrotadas queiram o que os portugueses não quiseram dar-lhe. Acredito que a mensagem eleitoral pode ser plasmada do seguinte modo: siga o Governo com o bom trabalho, mas com mais moderação e escutando propostas alternativas.

Pensar nem que seja num acordo de incidência parlamentar com PCP (dou por irrelevantes Os Verdes) e Bloco de Esquerda é suicídio a prestações: por um lado, porque estas duas formações radicais têm apenas dois caminhos possíveis: ou se “aburguesam” e desaparecem em próximas eleições por traição ao seu eleitorado, ou impõem os seus temas e arrastam o PS para fora da governabilidade europeia.

Por outro lado, porque esta originalidade aritmética pode custar a Costa a união do PS, tanto mais necessária quanto mais esotérico o acordo que fizer.

Ademais importa por os conceitos en su sitio: no caso do PCP, como podemos ver pelo quase estaticismo eleitoral, falamos de um partido parado no tempo e que espera que a lei da vida venha a erodir a sua base eleitoral, por muito que disfarce com a operação plástica que consiste em indigitar alguns deputados jovens. Trata-se do único partido comunista ocidental que apoiou o golpe contra Gorbatchev e que, mais recentemente, revelou dúvidas sobre o facto de a Coreia do Norte não ser uma democracia. Por fim, cumpre dizer que nem Mário Soares deu, alguma vez, tanto poder aos comunistas…

Já no caso do Bloco de Esquerda e como não sou apreciador de cocktails, não sei qual a sua composição actual, mas lembro-me de um tempo em que se descortinavam marxistas-leninistas, trotskistas, maoístas e até anarquistas na sua fórmula. É a propostas destas maravilhas ideológicas que podemos sujeitar-nos? E se já houve fracturas internas, como será quando tiverem que incensar a burguesia que, seguramente, vêem no PS?

Se for este o caminho, que não se iluda Costa: cedo ou tarde, a factura chegará e com IVA a 100%...

Já se escolher “tolerar” a coligação e derrubá-la um ou dois anos volvidos, provavelmente, arrisca nova maioria absoluta de PSD e CDS.

Há habilidades que podem sair caras. A ver vemos se sai da caixa de água em que se meteu.

quinta-feira, 8 de outubro de 2015

Um navio que não deu a(o) Costa

Por muito que se pinte de rosa o que é laranja e azul, só há uma leitura dos resultados eleitorais: PSD e CDS ganharam, e o PS perdeu; a leitura é simples e não é preciso estudar em Coimbra para a fazer. Interessante resultado, depois de medidas tão penalizadoras. Mais do que masoquismo, leio maturidade democrática, quiçá até no apoio condicionado por uma maioria relativa.

De um ponto de vista socialista, eu diria que o maior dilema é o julgamento moral que pode fazer-se em face da degola política de António José Seguro; apear um cidadão que ganha por pouco por outro que o apeia e perde… No entanto, como sabemos, a palavra “moral” é algo de alienígena para os aparelhos partidários, e nem dou por excluído que António Costa possa ser Primeiro-Ministro, no futuro. Note-se, porém, que creio que o não consegue (ou logra um “inconseguimento”, segundo a Dra. Assunção Esteves) se criar instabilidade a um Governo legitimado por uma maioria de votos e de lugares; antes pelo contrário… Fica a obra de ciência política que é perder algo que era seguro (que palavra ambígua!…).

Por fim, reconheço que festejei antecipada e erradamente um desaparecimento do Bloco de Esquerda que aproveitou a moda hispano-grega para continuar na passarela. Continuo a entender que se trata de uma modernidade pouco estimável, mas o facto é que “vende”.

A respeito de “modernices” vale a satisfação de Marinho, Joana e Cª não terem vendido as suas ilusões. Nem o tom grave de um, nem a gravidez de outra lograram transformar em consistente o que é coisa de megafone, assim estilo “Homens da Luta” ainda com menos graça (o que já me parecia impossível).

Já o PCP e o seu atrelado esperam tristemente que a lei da vida leve o grosso da coluna dos seus votantes. Um dia, inevitavelmente, a pauta eleitoral dirá “chega de saudade”.

Resta esperar que uns trabalhem, e que outros deixem trabalhar.

segunda-feira, 21 de setembro de 2015

A verdade nua e... grávida...


Comentei na página de Facebook de um amigo a recente paixão de Joana Amaral Dias pelo “strip-tease” para dizer que, embora a malta agradeça, a descascada postura já não tem o que quer que seja de política.

Postas as hormonas em sentido, há que ver que se a cidadã fosse de direita, no mínimo, era porca; sendo de extrema-esquerda é “cool”, ousada, vanguardista e defensora da autonomia da mulher.

Se calhar (margem de erro quase nula), JAD já criticou o uso da imagem das mulheres pelo imperialismo; pois bem, haja ou não tomado tal posição, a verdade é que, em campanha eleitoral, é disso que falamos. A candidata achou que despir-se (supostamente porque é um gesto bonito) lhe traz vantagens, e tudo o mais que se diga são efabulações.

Dito isto, é preciso ir a outro ponto crucial: trata-se de uma consequência clara da sociedade mediática e da interpretação que grande parte dos jornalistas faz da sua missão. Tenho escrito amiúde (com a clara sensação de que poderia falar directamente para a secção de congelados de um qualquer hipermercado; instalação do século XXI para o Sermão de Santo António aos peixes…) que, no que diz respeito ao primeiro ponto, as empresas de comunicação procuram o lucro e não a informação. Ora, a emoção sempre vendeu mais do que a razão.

Já parte dos jornalistas, pelo menos em Portugal, entende a sua missão como contra-poder, sendo o jornalismo de escola uma doce recordação de um passado que já não volta. Nessa perspectiva, qualquer atitude que vise perturbar a ordem tradicional goza de um favor desproporcionado nas suas peças. Nem outra, a meu ver, é a explicação da desmesurada projecção do Bloco de Esquerda, durante anos. É ademais a mesma ideia que me parece fundamentar o gosto de alguns jornalistas pela desconchavada aparência à BE.

Estes factores e um certo gostinho pela desforra que alimentamos pela desforra são os únicos temores que tenho de que os carros alegóricos que aparecerão no boletim de voto averbem resultados visíveis… Não será pela consistência das propostas que Marinho Pinto (repito, uma espécie de Mário Nogueira de gama alta), Joana Amaral Dias, Bloco de Esquerda, e outras variações em demagogia maior elegerão deputados.

Para que não se perca a pedra de toque configurada nestas linhas, recentro o tema: por muito que goste de mulheres nuas (peço desculpa pela falta de vanguardismo, mas sou de gostos clássicos), ainda tenho uma ideia da actividade cívica em que o que importa despir são as razões e os ideais.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Tirar o chapéu a...

Sou daqueles que, de há uns anos a esta parte, nem caio nas boas graças de Miguel Relvas. Creio, por isso, poder dizer com isenção que lhe louvo a resistência e, mais recentemente, o nível elevado com que tem enfrentado alguns momentos que oscilam entre o burlesco e o anti-democrático.

Falo, em primeiro lugar, na elegância com que respondeu às palavras de Francisco José Viegas sobre as facturas e os fiscais. Peço apenas que pensemos todos na escandaleira que os media armariam se fossem declarações de Relvas comentadas por Viegas. Assim, como este é intelectual, tem tudo muita graça...

Depois, falo dos imbecis com pretensões anarquistas que interromperam Relvas, no Clube dos Pensadores, cantando "Grândola, Vila Morena". Se queriam ser eficazes podiam, pelo menos, disfarçar as suas preferências pelo PCP ou pelo BE e evitar insultos (chamaram "fascista" ao Ministro). É tétrico pensar no projecto de sociedade de uma gente que impede debates democráticos e que ignora até o significado daquilo que diz (se Relvas fosse fascista, estariam a cantar num calabouço). Ainda assim, Miguel Relvas fez declarações tolerantes e democráticas.

Chapéu tirado!

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Opinião Isenta sobre Portugal

Um artigo de Jacques Amaury, sociólogo e filósofo francês, professor na Universidade de Estrasburgo. 


"
Portugal atravessa um dos momentos mais difíceis da sua história que terá que resolver com urgência, sob o perigo de deflagrar crescentes tensões e consequentes convulsões sociais. Importa em primeiro lugar averiguar as causas. Devem-se sobretudo à má aplicação dos dinheiros emprestados pela CE para o esforço de adesão e adaptação às exigências da união. Foi o país onde mais a CE investiu "per capita" e o que menos proveito retirou

Não se actualizou, não melhorou as classes laborais, regrediu na qualidade da educação, vendeu ou privatizou mesmo actividades primordiais e património que poderiam hoje ser um sustentáculo. Os dinheiros foram encaminhados para auto-estradas, estádios de futebol, constituição de centenas de instituições público-privadas, fundações e institutos, de duvidosa utilidade, auxílios financeiros a empresas que os reverteram em seu exclusivo benefício, pagamento a agricultores para deixarem os campos e aos pescadores para venderem as embarcações, apoios estrategicamente endereçados a elementos ou a próximos deles, nos principais partidos, elevados vencimentos nas classes superiores da administração pública, o tácito desinteresse da Justiça, frente à corrupção galopante e um desinteresse quase total das Finanças no que respeita à cobrança na riqueza, na Banca, na especulação, nos grandes negócios, desenvolvendo, em contrário, uma atenção especialmente persecutória junto dos pequenos comerciantes e população mais pobre

A política lusa é um campo escorregadio onde os mais hábeis e corajosos penetram, já que os partidos cada vez mais desacreditados, funcionam essencialmente como agências de emprego que admitem os mais corruptos e incapazes, permitindo que com as alterações governativas permaneçam, transformando-se num enorme peso bruto e parasitário. 

Assim, a monstruosa Função Publica, ao lado da classe dos professores, assessoradas por sindicatos aguerridos, de umas Forças Armadas dispendiosas e caducas, tornaram-se não uma solução, mas um factor de peso nos problemas do país. 

Não existe partido de centro já que as diferenças são apenas de retórica, entre o PS (Partido Socialista) e o PSD (Partido Social Democrata), de direita, agora mais conservador ainda, com a inclusão de um novo líder, que tem um suporte estratégico no PR e no tecido empresarial abastado. 

Mais à direita, o CDS (Partido Popular), com uma actividade assinalável, mas com telhados de vidro e linguagem pública, diametralmente oposta ao que os seus princípios recomendam e praticarão na primeira oportunidade. 

À esquerda, o BE (Bloco de Esquerda), com tantos adeptos como o anterior, mas igualmente com uma linguagem difícil de se encaixar nas recomendações ao Governo, que manifesta um horror atávico à esquerda, tal como a população em geral, laboriosamente formatada para o mesmo receio. 

Mais à esquerda, o PC (Partido comunista) menosprezado pela comunicação social, que o coloca sempre como um perigo latente e uma extensão inspirada na União Soviética, oportunamente extinta, e portanto longe das realidades actuais. 

Assim, não se encontrando forças capazes de alterar o status, parece que a democracia pré-fabricada não encontra novos instrumentos. 

Contudo, na génese deste beco sem aparente saída, está a impreparação, ou melhor, a ignorância de uma população deixada ao abandono, nesse fulcral e determinante aspecto. Mal preparada nos bancos das escolas, no secundário e nas faculdades, não tem capacidade de decisão, a não ser a que lhe é oferecida pelos órgãos de Comunicação. 

Ora e aqui está o grande problema deste pequeno país; as TVs as Rádios e os Jornais, são na sua totalidade, pertença de privados ligados à alta finança, à industria e comercio, à banca e com infiltrações accionistas de vários países. Ora, é bem de ver que com este caldo, não se pode cozinhar uma alimentação saudável, mas apenas os pratos que o "chefe" recomenda. Daí a estagnação que tem sido cómoda para a crescente distância entre ricos e pobres. 

A RTP, a estação que agora engloba a Rádio e TV oficiais, está dominada por elementos dos dois partidos principais, com notório assento dos sociais-democratas, especialistas em silenciar posições esclarecedoras e calar quem levanta o mínimo problema ou dúvida. A selecção dos gestores, dos directores e dos principais jornalistas é feita exclusivamente por via partidária. Os jovens jornalistas, são condicionados pelos problemas já descritos e ainda pelos contratos a prazo determinantes para o posto de trabalho enquanto, o afastamento dos jornalistas seniores, a quem é mais difícil formatar o processo a pôr em prática, está a chegar ao fim. A deserção destes, foi notória. 

Não há um único meio ao alcance das pessoas mais esclarecidas e por isso, "non gratas" pelo establishment, onde possam dar luz a novas ideias e à realidade do seu país, envolto no conveniente manto diáfano que apenas deixa ver os vendedores de ideias já feitas e as cenas recomendáveis para a manutenção da sensação de liberdade e da prática da apregoada democracia. 

Só uma comunicação não vendida e alienante, pode ajudar a população, a fugir da banca, o cancro endémico de que padece, a exigir uma justiça mais célere e justa, umas finanças atentas e cumpridoras, enfim, a ganhar consciência e lucidez sobre os seus desígnios.

"

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Pontos de vista


Li na edição on-line do Diário AS BEIRAS (com o qual colaboro há quase 17 anos!!!...) e com atenção o último artigo da Eurodeputada do Bloco de Esquerda, Marisa Matias, cuja inteligência se não contesta.


Porém, as palavras da nossa revolucionária representante no âmago do monstro capitalista de Bruxelas/Estrasburgo são a mais eloquente explicação para a queda estilo montanha russa (para o caso de pertencer à ala marxista-leninista) ou o golpe de picareta (se for do sector trotskista, presumindo e esperando que não lhe chegue o afecto ao maoísmo) que o BE levou nas últimas eleições e sintoma das razões pelas quais a nossa Deputada, que respeito, terá muitas dificuldades em ser reeleita (por erosão partidária anunciada).


Diz a Deputada Marisa Matias que se não pode tolerar o apelo ao consenso que o Primeiro-Ministro, Pedro Passos Coelho, fez aos sindicatos, na Festa do Pontal. As razões, se bem entendi o proletário euro-diktat, são de duas sortes: é contranatural pedir consenso aos sindicatos e é intolerável pedir aos sacrificados que aceitem mais ónus.


Vamos, então, por partes, como também propõe Marisa Matias: para tal, basto-me com a ideia de que a noção do sindicado permanente e necessariamente oposto a tudo o que seja dimanado de um governo é anacrónica e responsável pela ineficiência e desgaste das forças sindicais existentes. Ninguém no PSD defenderá que os sindicatos se calem, mas é legítimo esperar que se pautem por critérios de análise objectiva e parece-me atrevido reclamar que a razoabilidade seja utensílio mental proibido a um activista sindical. Entendo que seria mais coerente dizer que, no dia em que os sindicatos trocarem a cartilha ideológica por uma negociação sensata e com horizontes avistáveis, os partidos extremistas (PCP e BE) ganharão espaço ainda maior na prateleira das curiosidades ideológicas do passado.


O segundo agravo da Eurodeputada para com as palavras do nosso Premier tem a ver, por seu turno e como mencionei, com o facto de, alegadamente, Passos Coelho querer que o condenado aplauda a pena (palavras minhas). Descontando o aroma a Dostoiévski do texto que ora comento, até poderia concordar que os sectores da sociedade (classes, diria Marisa Matias, presumo) mais afectados são os do costume e que a situação de muitos portugueses atinge proporções dramáticas e que só sente realmente que as vive. Contudo, perde o pé quando vê nisso um atentado deliberado contra os trabalhadores; por motivos já discutidos, as medidas impostas são incontornáveis e só um governante louco teria gosto em castigar o seu próprio povo e, no limite, em pôr em causa a sua base eleitoral de apoio.


Marisa Matias é inteligente e, permita-se o silogismo abreviado, sabe que só o monóculo trotskista permite uma visão assim.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

“Quando o feitiço se vira contra o feiticeiro”

Já toda a gente percebeu que o bloco de esquerda (BE) não anda na política para se chatear.
Basicamente tudo o que se diz e se faz em politica, para o BE está sempre “mal feito”!!!

Com muita ou pouca argumentação, o BE utiliza sempre a metáfora para criar factos políticos, voando rasteiro sobre o ético e o razoável em debate com os outros partidos!
O “cúmulo” desta forma de fazer política, é a reacção de um deputado do BE quando é alvo dos métodos preferenciais do seu próprio partido… ora vejam
aqui!
NOTA: fotografia do site do DN

sábado, 9 de janeiro de 2010

Casamento, igualdade e opções


1. Sou, por princípio, favorável à criação de um instituto civil para a união de casais homossexuais - na tentativa de consagrar direitos, liberdades e garantias a todos os cidadãos - e por ver justiça na extensão de direitos sucessórios e patrimoniais aos homossexuais que desejam fixá-los nas suas uniões. O mesmo não impede, porém, a crítica à forma como o PS, juntamente com a Esquerda, geriu o processo, bem como às opções que tomou (e que acarretam consequências), num momento que classificou de histórico. Ainda assim devemos felicitar José Sócrates e o partido do Governo (não é todos os dias que cumpre uma proposta do seu programa).

2. A aprovação do casamento gay foi conveniente para o Governo. Durante as últimas semanas a discussão das matérias económicas (endividamento público, desemprego, problemas sociais, etc.) cederam espaço aos debates relacionados com a proposta aprovada na manhã de ontem. Mas daí não vem grande mal ao mundo. Afinal de contas acontece o mesmo quando joga o Benfica.

3. Foi claro o comportamento do Governo e da Esquerda parlamentar, no sentido de oportunidade que achou encontrar neste início de 2010. Como disse Paulo Mota Pinto «[o senhor primeiro-ministro] não encontrou tempo para vir a esta Assembleia apresentar, por exemplo, o Orçamento de Estado, mas encontrou tempo para vir apresentar a lei que consagra o casamento entre pessoas do mesmo sexo». Contas feitas, depreendemos que o momento encontrado foi aquele que o putativo aumento do número de subscritores do pedido de referendo pôde sugerir.

4. A proposta de referendo (ao qual me oponho) não teve, em muitos casos, uma oposição correcta. Refiro-me àqueles que interpretaram e propagandearam a eventual sondagem como um prenúncio homofóbico «da maioria face à minoria», como se de uma batalha se tratasse, em que os heterossexuais portugueses estariam prontos a mobilizar-se pela negação das prerrogativas implícitas à eventual vitória do 'sim'. Além disso, o argumento que relaciona a lei com a extinção da homofobia (tantas vezes usado pelos militantes do 'sim') seria pateticamente ingénuo, se não fosse tão demagógico – ou não creio o mesmo tratar-se um fenómeno social que, como todos os fenómenos sociais, não se retém com a lei.

6. O PS cometeu um erro, e não foi o ter desconsiderado a opinião do seu fundador. Obstinado em chamar de 'casamento' à união civil de casais gay, foi errado nos princípios, imprudente na agenda e falacioso no produto. Esmiuçando, o PS faltou ao princípio da igualdade, tal como surgiu na Antiguidade, está consagrado no ordenamento jurídico português e do qual se entende a fórmula equilibrada de tratar por igual o que é igual, e por desigual o que é desigual – o casamento é uma instituição cujos primeiros registos remontam à sociedade pré-estamental da Suméria, enraizada na cultura ocidental pelas leis judaico-cristãs e usada para definir a união de um homem com uma mulher (é uma definição milenar da História); imprudente na agenda, porque a nova lei tem a jusante a questão da adopção de crianças por casais homossexuais, cujo debate já iniciou tacitamente, provocando a celeuma de ontem nas bancadas do BE e do PEV; falacioso no produto, porque, no seguimento das linhas anteriores, o Parlamento não deixou ontem de aprovar (por opção própria!) um casamento de segunda, revelando desonestidade para com a comunidade homossexual e instituindo, por outro lado, uma nova desigualdade.

6. Esteve bem o PSD que, como quem procura a convalescença em dias enfermos, foi ao debate apresentar a proposta de criação da união civil registada – de resto, o instituto adoptado na Alemanha, na Aústria, na Suiça, em França, no Reino Unido, e em mais onze países da Europa.
[a imagem é daqui]

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Política barata

Não é segredo que considero o Bloco de Esqueda um alfobre de demagogia, mas até eu sou surpreendido, de quando em vez, pelo quão longe consegue ir a falácia.

No último fim-de-semana ouvi, na rádio, o deputado João Semedo a defender a extensão do subsídio de desemprego a todo aquele, sem excepção, que perca o emprego. Eis uma medida simpática e insustentável; ou seja, demagogia...

Mas por que estou eu surpreendido, perguntarão... Porque a coisa não ficou por aqui. Quando os jornalistas perguntaram ao demagogo de serviço quanto custaria aos cofres públicos tal medida, o Deputado disse que não sabia!...

Os eleitores do BE que "brinquem" aos votos e um dia arrependem-se...

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Na mouche!

Nem as empresas de sondagens, ódio de estimação do CDS-PP, estiveram tão perto. O último cartaz do partido do táxi (que agora já enche um Minibus) acertou em cheio. Desde domingo que eles são muito mais. E, atento o cenário, ainda bem que assim é. Não fosse a eficaz campanha de Portas e o trabalho louvável que este pequeno partido fez na última legislatura, teríamos como terceira força política o partido dos bloquistas radicalistas trotskistas anti-capitalistas e outros «istas» que nunca chegaremos a perceber muito bem. Estivemos na iminência de ver concretizada uma coligação PS/BE - coisa que suspeito que levaria muito de nós a emigrar para bem longe deste Portugal - mas o partido de Portas 'resolveu'. Bem vistas as coisas, não foi só o CDS-PP que ficou a ganhar, fomos todos nós...

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Se não os podes vencer, junta-te a eles


Dá-me ideia que dentro de uma semana o PS estará nesta situação. Ou bem que vence inequivocamente as legislativas (feito improvável) ou vence por um triz e resta-lhe estender a mão ao BE. Contudo, e para já, nada de abrir o jogo. Enquanto pode clamar (em vão!) pela maioria absoluta, o Partido Socialista tem passado a ideia de que não precisa de nada, nem ninguém, para governar. (Atento o cenário, antes assim fosse!) Acicatam, por isso, os bloquistas e apelam aos indecisos a concentrar os votos no PS, receosos que estão quanto à prevísivel votação histórica do BE. Mas eis que, a uma semana do dia D, Mário Soares deixa cair a máscara e confessa à comunicação social que não lhe repugna a ideia de o PS vir a coligar com o Bloco. Quando um fundador do PS consente tal solução, não vejo quem se lhe possa opor. Dá vontade de ir a correr votar em massa no PS. É que, a meu ver, mais vale aturar um Sócrates que uma dupla Sócrates-Louçã.

terça-feira, 28 de julho de 2009

Não cobiçarás a mulher do próximo

"[Joana Amaral Dias] deveria já ter vindo a público esclarecer tudo o que há para esclarecer (...) Não o ter feito ainda, com o avolumar de suspeitas dos últimos dias, está tornar o seu silêncio ensurdecedor"
[Editorial da edição de hoje do Diário de Notícias]

O mesmo PS que aprovou a Lei da Paridade é o mesmo PS que anda por aí a bajular as mulheres dos outros*, tal é o desespero. E bem à semelhança dos relacionamentos amorosos, um affair nem sempre corre bem, arrisca-se a ser desvendado em menos de nada e depois, depois é o filme de sempre, o traído a pedir explicações, o amante a negar que cortejou a moça, a moça a encolher-se perante tamanha vergonha.

Joana Amaral Dias já se havia aproximado da facção socialista em tempos idos, uma vez mandatária da candidatura presidencial de Mário Soares. Louçã não terá gostado e o certo é que três anos depois afastou-a da direcção do Bloco. E vai daí José Sócrates pensou que era uma óptima oportunidade para galantear a ex-deputada bloquista. Parece que levou um não, mas na lei do bom senso e da sensibilidade partidária a tentativa também é punível.

Já dizia o décimo mandamento do Velho Testamento qualquer coisa como «não cobiçarás a mulher do teu próximo», mas Sócrates parece mais dado às filosofias que à religião e moral. Não obstante, a lição serve para os dois, já que a tentação só se tornou mais irresistível porque Louçã menosprezou uma militante de calibre, tornando-a assim mais cobiçável aos olhos dos outros.


* deixo à V. consideração a inclusão neste epíteto de Miguel Vale de Almeida, defensor LGBT outrora ligado ao Bloco e hoje candidato à AR nas listas do PS ;

domingo, 21 de junho de 2009

O Bloco


Se por um lado é a CDU que avança, com toda a confiança – assim diz o respectivo slogan eleitoral – por outro, foi o BE quem saiu das eleições a cantar de galo.

A corroborar o sucesso de um discurso populista e, acima de tudo, moralizante (para a usar a definição de Clara Ferreira Alves, há umas semanas, no Eixo do Mal de Nuno Artur Silva) está, desta feita, o sucesso eleitoral do passado dia 7 – três deputados eleitos e a categoria de terceira força política nacional. Com dez anos de história e raízes que são a dos pequenos grupos políticos extremistas do PREC, mergulhados no exemplo de romanescos regimes autoritários e muito longes de obter qualquer expressão eleitoral significativa aquando da fundação da III República Portuguesa, o BE alimenta a curiosidade de muitos. Sobre o seu estilo já têm escrito o João Pedro, a Dulce e o Capitão da casa.

Abanão constante da vida política portuguesa, abdicando muitas vezes de falar de políticas, para falar de pessoas (ainda que Miguel Portas ou Ana Drago façam muitas vezes a alternância), o Bloco, sob a voz inflamada do seu líder, protagoniza acusações violentas, ora directa, ora indirectamente. Ainda ontem, Sábado, na senda das duras críticas que fez ao grupo dos economistas – todos eles de pouca fama, diz Louçã – que promovem o manifesto e o fórum Reavaliar Investimentos PúblicosAntena 1 Louçã não falou nem de investimento público nem de endividamento externo, certamente por motivos ideológicos), não deixou escapar o comentário de que Cavaco Silva não aprendia com o que as bolsas lhe tinham feito – uma espécie de provocação à imagem de que goza o Chefe de Estado. Nesta soma "verdades" de que se acham donos, os responsáveis pelo BE, retomam, no entanto, propostas velhas e pouco criativas. João Marques de Almeida abordava, a 9 de Março no Económico, a crença inabalável na nacionalização da banca [e do sector energético, acrescente-se] como a melhor solução económica para o País (e a avaliar o discurso do BE, as razões estão na classe dirigente). Almeida previa assim o início do caminho que levaria ao fim da economia de mercado e da liberdade económica. E dá o exemplo da indústria alimentar, ensaiando o argumento ‘não se admite que haja capitalistas a ganharem dinheiro à custa da alimentação’, em que o Estado seria, “ao fim de poucos anos [e comprovam-no os exemplos históricos] incapaz de assegurar a existência de bens alimentares”. Ressalvando-se, claro, a elite tradicional de um Estado oligárquico.

Mas voltando ao estilo, é também importante averiguar ampliação que sofreu a mensagem bloquista. Se por um lado a sedução dos mais desfavorecidos é previsível (tenha-se em conta o desemprego crescente), bem como de uma boa parcela de jovens que, assim como eu, não auguram um futuro pleno de oportunidades, o BE comporta agora novos eleitores, provenientes de outras áreas políticas e com diferentes funções sociais. A classe média descrente na política (quase toda), mais abstencionista que votante, e que o Bloco já apaixona, sente-se como que parte de um discurso turbulento e impiedoso, face à elite económica e até política que, neste Estado da Arte, é assumida como um sector terceiro e dividido de todos nós – intolerável numa Democracia (em teoria o governo do povo pelo povo). A classe média descrente, demitida do seu papel cívico e interventivo, fica como que satisfeita, sentindo que o inefável verbo do Xico fez por si só, o papel de fiscalização que ela própria não faz.

Para concluir faça-se a ressalva - muitos políticos dão de barato (possibilitando) este discurso moralista. Isto é, muito boa gente, alimenta a descrença que se converte em votos no BE. E assim sendo, resta-nos constantar que, de cimento ou não, o Bloco vai durar...