sexta-feira, 23 de julho de 2010

Constituição (muito) física

Agitam-se os mares com a eminente revisão constitucional.

Mais concretamente, aviva-se o debate com os poderes do Presidente da República e com a previsão da possibilidade deste demitir o Governo.

Vamos por partes: a opção por um sistema de governo misto combinado com o actual sistema eleitoral tem muito a ver com a circunstância pós-25 de Abril, procurando-se um equilíbrio delicado de poderes e sobretudo um Governo com rédea curta. Aparentemente os portugueses estavam cansados da “governabilidade” que caracterizou o Estado Novo…

O mesmo pode dizer-se das afinações que o sistema foi recebendo, designadamente no que concerne à extinção do Conselho da Revolução e à diminuição dos poderes discricionários do Presidente da República. Eram outros os tempos, outra a maioria parlamentar e menores os receios.

Vem agora o PSD, sob a liderança de Pedro Passos Coelho, propor uma ousada revisão constitucional em que, entre outras coisas, se prevê a possibilidade de o Chefe de Estado demitir o Governo.

Levantam-se as virgens ofendidas do costume, dizendo que se trata de um retrocesso e de uma consagração do presidencialismo.

Errado! – diz este vosso criado…

Na realidade, creio que há assuntos bem mais merecedores dos neurónios laranjas do que a revisão do sistema político. Sou mesmo da opinião de que, enquanto não aliviarmos a pressão do garrote da crise e dos ataques especulativos (se me perguntarem, digo que acho isto das empresas de notação financeira ou rating uma vigarice pegada), mais valia concentrar energias nesses alvos.

No entanto, em face do passatempo ora criado, creio que é preciso que os críticos internos do PSD se lembrem de que já no passado o partido da Lapa apresentara um diploma na Assembleia da República com o intuito de tipificar as circunstâncias em que o Presidente podia demitir o Governo.

E cumpre que os inquisidores socialistas se lembrem de que a aprovação desta proposta do PSD (que não me aquece nem me arrefece, como sói dizer-se) permitiria evitar leituras “às três tabelas” da Constituição, como aquela que fez Jorge Sampaio; tendo um “problema” a resolver com o Governo de Santana Lopes, dissolveu um órgão de soberania diferente (a Assembleia da República), que funcionava em plena normalidade. Estivera em vigor esta medida e evitava-se um golpe constitucional, que reputo de possível, mas injusto e arbitrário.

Em conclusão, mais do que dar mais poderes ao Presidente, atendendo ao passado recente, estar-se-ia a “pôr preto no branco” os limites da sua “criatividade”.

Para quem prefira ver aqui a emergência de uma figura tutelar, deixo duas notas finais: em primeiro lugar, o assunto é idiossincrático e tem a ver com o modo de ser dos portugueses (rebeldes, mas sempre olhando para o “pai”). Em segundo lugar, é de lembrar que nem sempre o Presidente será do PSD (embora o “Poeta de Águeda” possa “tirar o cavalinho da chuva”), sendo mesquinho dizer-se que a alteração é pensada para Cavaco Silva.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Muito bom

Época baixa

Svetlogorsk, Kaliningrado (Rússia), 2010

Gaivotas em terra

Svetlogorsk, Kaliningrado (Rússia), 2010

“Quando o feitiço se vira contra o feiticeiro”

Já toda a gente percebeu que o bloco de esquerda (BE) não anda na política para se chatear.
Basicamente tudo o que se diz e se faz em politica, para o BE está sempre “mal feito”!!!

Com muita ou pouca argumentação, o BE utiliza sempre a metáfora para criar factos políticos, voando rasteiro sobre o ético e o razoável em debate com os outros partidos!
O “cúmulo” desta forma de fazer política, é a reacção de um deputado do BE quando é alvo dos métodos preferenciais do seu próprio partido… ora vejam
aqui!
NOTA: fotografia do site do DN

domingo, 18 de julho de 2010

A previsão do polvo Paul

Que se desenganem aqueles que pensam que o polvo mais famoso do Mundo já se reformou!
Alheio à cobiça dos mercados financeiros, nomeadamente de Wall Street que já quis "comprar" as suas previsões, Paul resolve agora surpreender a nação futebolística ao prever que o próximo campeão nacional para a época de 2010/2011 será... a Académica.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Valha-nos o Ciclismo...

Este é o senhor que rivaliza com José Sócrates as capas da imprensa de hoje. E não é para menos, já que fez história ao vencer a décima etapa do aclamado Tour de France. Feito que só quatro conterrâneos terão logrado até à data - Joaquim Agostinho, Paulo Ferreira, Acácio Silva e José Azevedo. Já que o desporto-rei não nos tem dado muitas alegrias... valha-nos o ciclismo!
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Adenda 1 - acabam de me alertar (e bem) que a comunicação social não é unívoca quanto aos ciclistas que, além de Sérgio Paulinho, já conquistaram este feito: aqui diz-se que foram quatro, já aqui apenas indicam três, excluindo José Azevedo;
Adenda 2 - com uma pontinha de orgulho dou nota que Sérgio Paulinho é quase meu conterrâneo, já que correu por Alcobaça durante muito tempo e era presença habitual nos «circuitos locais»;

terça-feira, 13 de julho de 2010

O jeito que isto nos dava


Há pouco estava a ver as ruas de Madrid em directo e... arrepiei-me. Mais de 500 mil encheram a Cibeles e a Calle Alcalá para brindar com La Roja o título arrecadado pela primeira vez na história de nuestros hermanos. A festa que ali se faz é impressionante e deixa a nu a força do futebol e o seu impacto nos povos e nações. E na economia, por supuesto. Consta que o impacto emocional desta vitória pode traduzir-se num crescimento económico real. O ABN Amro, banco holandês de primeira água, analisou o fenómeno e garante que o PIB do país vencedor cresce, em média, 0,7%. Caso para dizer: o jeito que a taça nos dava!!

segunda-feira, 12 de julho de 2010

A Finlândia na crista da onda

A Constituição da Finlândia acabou de consagrar o acesso à banda larga como direito essencial dos seus cidadãos. O país compromete-se a conectar todos os finlandeses a uma velocidade mínima de 1 MB por segundo e, até 2015, de 100 MB por segundo. Fasquias que só fazem sentido num país que já saciou todas as suas necessidades básicas, desde saúde a educação e igualdade social.

Posto isso, as metas são outras e, por que não, sonhar alcançar uma sociedade plenamente informatizada, estipulando o acesso à informação como um direito basilar. A Finlândia faz assim história, obrigando todas as empresas do país a oferecer o serviço a preço simbólico, para que todos tenham acesso à informação. Para já, embora acabadinha de promulgar, a medida já abrange 96% da população. Notável.

Humano e interessante


Filme chileno, de 2009. Ganhou diversos prémios. O título original é "La nana" e não sei se já foi exibido em Portugal (provavelmente foi, no circuito alternativo).

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Em Portugal, “Líder” só em conserva

E, mais uma vez, saímos sem glória de um grande torneio de futebol.

Se quisermos consolar-nos, podemos buscar torpe conforto no facto de as selecções de Inglaterra, França e Itália (as duas finalistas de 2006) também terem recolhido cedo. Podemos até pensar que o facto de nos qualificarmos consecutivamente para os torneios europeus e mundiais é uma novidade no nosso historial futebolístico.

Porém, não só podemos bem com o mal dos outros, como o facto de termo tido uma década consecutiva no galarim do futebol não justifica retrocessos; ninguém gosta de andar de cavalo para burro, como sói dizer-se…

Importa afirmar que não jogámos bem. Aquando do massacre dos norte-coreanos por épicos sete a zero disse que assim como o empate com a Costa do Marfim não era justa causa de depressão, a rechonchuda vitória contra os rapazes de Kim Jong-il também não deveria alavancar orgulhos desmesurados. A Coreia do Norte tinha uma selecção muito fraca e, naquela tarde, tudo correra bem aos nossos embaixadores do “pontapé na bola”.

O jogo com o Brasil, por seu turno, foi ditado por um Brasil que assegurara previamente a qualificação e que, como veio a constatar-se, também já conheceu melhores dias.

Chegámos, assim, algo anestesiados ao embate com os espanhóis (o jogo que mais detesto perder, nem que seja num campeonato de caricas!!!) no qual, apesar de termos coleccionado algumas oportunidades no primeiro tempo, soçobrámos ao meio campo adversário, muito apoiado no tremendo Barcelona. Para tal contribuíram, em não parca medida, os equívocos de Carlos Queiroz, desde a escolha dos jogadores que seleccionou até à escandalosa e idiota substituição de Hugo Almeida, que fora, até aí, o único jogador que assustara e fixara os defesas espanhóis. Elucidativas são as palavras de Cristiano Ronaldo (também ele em “recessão técnica”), captadas por um canal televisivo do país vizinho, no qual prognostica que “assim não ganhamos, Carlos!”.

Não sendo uma autoridade na matéria, creio que Carlos Queiroz é um excelente teórico do futebol – veja-se os esquemas integrados que giza para os escalões de formação – mas tem falta de carisma e de perfil de liderança. As novas gerações – sejam ou não jogadores de futebol – cresceram num mundo mediático em que a emoção e a ambição mandam mais do que a razão, mormente em ambientes de alto índice de exposição pública e de competitividade, pelo que, mais do que professores, importa descobrir lideres. Mesmo não percebendo, digo eu, patavina de táctica, quando comparado com o “mister” português, Diego Armando Maradona empolgou a sua equipa e arrastou a sua nação, oferecendo ao Mundo futebol bem jogado e apenas tombando ante uma “Mannschaft” que fez Ângela Merkel e os adeptos de futebol saltar da cadeira, em quase todos os jogos (a Espanha tem andado longe de tamanha força de demolição).

Não explicando tudo, o sucesso passaria por uma remodelação governamental na nossa selecção (confesso que estou a imaginar os acrescentos que farão alguns leitores…). Para já, “Líder” só o atum…