segunda-feira, 31 de maio de 2010

Para as crianças dos novos tempos


À saída do RiR este Sábado, depois de um dia fantástico para as crianças, diz a mãe à sua filha:

- Para 17 anos, a Miley Cyrus tem as pernas muito flácidas, não achas?

E pronto, o meu queixo foi ao chão.

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Made in Portugal


Desconheço de quem partiu a parceria, mas tanto o MoMA como o nosso Ministério da Cultura estão de parabéns pela colecção de produtos representativos do nosso país que, por tempo limitado, se encontra à venda no museu nova iorquino (aqui).

É uma forma de promover o nosso país em solo estrangeiro e, simultaneamente, de dar visibilidade e potenciar o consumo dos mais característicos produtos feitos por cá: dos utilitários de cortiça à famosa louça, dos sabonetes ao galo de Barcelos, do pião aos utensílios de cozinha únicos (como o é o "Salazar"), do alumínio à filigrana entre outros objectos de design contemporâneo lançados por mão(s) portuguesa(s).

Ao percorrer o catálogo de portugalidades a adquirir ficamos, inevitavelmente, orgulhosos daquilo que por cá se faz. A criatividade e inovação mostram que somos capazes do melhor. Em tempo de crise, convém lembrarmo-nos disso.

28 de Maio

"Na Véspera do dia 28 de Maio, o Doutor Salazar mandou comprar a expensas suas uma passagem no avião da carreira de Lisboa ao Porto. Era a primeira vez que utilizava a via aérea para as suas deslocações, e parece que o meio de transporte não foi do seu agrado" *.

Quando passam oitenta e quatro anos desde a marcha de Gomes da Costa sobre Lisboa, que haveria de culminar, com a Constituição de 1933, no início do Estado Novo, escolho esta citação de uma obra magnífica, pois, a meu ver, a mesma reflecte o essencial de António de Oliveira Salazar: honesto como já ninguém é, mas ensimesmado e conservador, tal qual como queria o País... Tivera saído no final da década de 40 e outros relatos se ouviriam...

*Serrão, Joaquim Veríssimo, in "História de Portugal", vol. XVIII ["A Governação de Salazar: Grandeza e Declínio (1960 - 1968)"], pág. 218, Lisboa, Babel (Verbo), 2010.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Sobre a Briosa (parte II)

Retomando o tema da semana que passou, abordo agora, singelamente, aquilo que, a meu ver, pode fazer-se para fortalecer a Académica no plano do seu enraizamento social e, logo, do seu sucesso desportivo.

Talvez o melhor seja mesmo começarmos por aqui, procurando explicar o passo lógico que enunciei. Tendo em conta que futebol moderno tem muito de gestão empresarial, sem “consumidores” do “produto futebolístico” da nossa Instituição será difícil explicar a um patrocinador por que razão há-de gastar dinheiro na A.A.C., mesmo que este perceba cabalmente a mais-valia que é o prestígio desta última.

Por seu turno, sem apoios é difícil manter os atletas que venham a destacar-se e, deste modo, nutrir aquela cultura institucional de que as pessoas dizem ter saudade, pese embora se continue a cultivar a diferença (muito por mérito do actual Presidente, que resiste às tentativas de mercantilização por parte de uma ou outra mente pouco brilhante). Por muito que uma Direcção tente incentivar os atletas a completarem-se enquanto homens e cidadãos, designadamente estudando e percebendo a ligação singular entre a Briosa, a Universidade e a Cidade, é de compreender a volatilidade das equipas, mercê da contenção salarial a que a gestão responsável tem obrigado.

No entanto, só mantendo constantes na equipa algumas referências que possam transmitir a quem chega o que é a Académica (lembro, só para falar nos últimos tempos, Miguel Rocha, Pedro Roma e Nuno Piloto) é possível ter uma cultura institucional e uma praxis, que levam muito tempo a adquirir (e, infelizmente, poucos dias a destruir).

Parece, então, que chegámos a um nó górdio: não temos dinheiro e mais competitividade porque as pessoas não aderem e não temos adesões porque não temos dinheiro e mais competitividade…

Como Alexandre, o Grande, temos que cortar o nó e acabar com a angústia; falemos, por isso, do que pode competir a uma Direcção da Associação Académica de Coimbra/Organismo Autónomo de Futebol, deixando aos conimbricenses e aos que passaram pelos bancos das nossas faculdades o julgamento da sua própria consciência, para que possam perceber que, a mais da retórica simpática de dizer-se que se é da Briosa, há uma série de deveres que estão ínsitos nessa condição de academista, sob pena de sermos mais uma meia dúzia, pouco diferente das de Leiria ou de Paços de Ferreira, e de olharmos com preocupação (e vergonha na cara, espero eu) as assistências em Guimarães, Braga ou até Matosinhos. Mais digo que, tratando-se de uma instituição velha de mais de um século, devemos servi-la sempre, independentemente de qualquer elenco directivo que a represente e das críticas que, legitimamente possamos fazer-lhe na sede própria.

Terminaremos estas notas, em breve, com um ou dois pensamentos pessoais sobre o que há a fazer pelo lado da cativação de velhos e novos públicos.

Para nos lembrar que nunca é demais sonhar

terça-feira, 25 de maio de 2010

Momento de natureza dúbia

Fábio Coentrão ao Maisfutebol

"Valha-nos Deus!...", digo eu.

A segunda burrice de Queiroz

Que ninguém duvide de que adoraria ver Portugal como campeão!

Todavia, se já o lote de convocados me parece polvinhado de equívocos e fetiches (primeira burrice), as palavras do Seleccionador, no fim do miserável empate com Cabo Verde, são elucidativas:


Pois... O problema é mesmo esse... Se Queiroz tivesse feito, por exemplo, como outros (vide Fabio Capello, ao comando da Inglaterra), mantendo um lote maior de jogadores na incerteza, veria que haveria mais brio. Todos seriam "homenzinhos" em busca de um lugar. Ora, o nosso génio ("burro" era Scolari...) apenas utiliza 24 jogadores, dos quais já se presume sairem Pepe ou Zé Castro.

Oxalá Mourinho se engane, mas...

Já se pode ir de carro!!!

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Palpites VIII

A última sondagem que fizemos registou 68 opiniões, que se dividiram da seguinte forma:
  • 27% entenderam que teremos eleições legislativas em 2010.
  • 63% discordaram dessa possibilidade.

Com os dados mais recentes, creio que dificilmente teremos as ditas eleições. Por um lado, a situação é grave e seria perigoso desencadear uma crise política.

Por outro lado, Passos Coelho percebeu que tem toda a conveniência em deixar o PS no Governo durante a referida crise, aumentando a sua erosão eleitoral.

Apenas uma nota pessoal: nunca subestimar José Sócrates. Goste-se ou não, tem política nas veias.

Esperava mais de Ridley Scott

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Da lucidez, em geral - Tomo I


"Se me candidatasse a um posto político, tinha muito povo comigo. É difícil haver um político português que me ultrapasse em popularidade. Acho que só o Mário Soares poderia empatar comigo"

Maestro António Vitorino de Almeida, jornal "i" (on-line), 20 de Maio de 2010

Nota: dada a desadequação, pelo menos, citou a referência certa...

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Sobre a Briosa (parte I)

Numa altura em que suspendo funções directivas por motivos profissionais, ocorreu-me partilhar algumas reflexões sobre a nossa Académica.

Assim, creio que durante a sequência aberta com a presidência do Dr. João Moreno e continuada pelo actual Presidente, Eng. José Eduardo Simões, se conseguiu, até à data, um objectivo que se tornara urgente: a estabilidade.

De facto, havia que consolidar as contas, tornar “habitual” a permanência da Briosa no escalão superior do nosso futebol e conquistar respeitabilidade, num futebol cada vez mais industrializado e, logo, sujeito à ética (perdoem-me a ironia de acreditar que existe uma) dos negócios, no que à gestão diz respeito.

Creio, a esse respeito, que é inquestionável o que se conseguiu: diminuir o passivo, progressivamente, contenção orçamental e a construção de uma infra-estrutura que foi crucial para estabilização da equipa como uma “crónica” inquilina da I Liga; refiro-me, evidentemente, à construção da Academia Dolce Vita, que permite uma planificação adequada do trabalho em todas as suas vertentes (da gestão ao trabalho das equipas dos diferentes escalões, passando pela recuperação dos atletas lesionados e pela própria vida administrativa do Organismo Autónomo de Futebol da A.A.C.) e é um símbolo da inserção da Académica no que de melhor se faz nos dias de hoje.

Feito isto, urge entrar na fase da qualidade, como venho dizendo. Neste objectivo foram já dados passos que devem ser sistematizados e seguidos por outros que projectem a Académica para um patamar elevado de notoriedade e cativação de afectos que já foi seu e que pode, com um pouco de imaginação, voltar a pertencer-lhe.

Englobo aqui, em primeiro lugar, a revisão estatutária que, como disse há algum tempo, permite ter uma Académica que responda às exigências de gestão do futebol actual, sem aderir à moda “Sociedade Anónima Desportiva”, que considero incompatível com os seus pergaminhos.

Por outro lado, no mesmo âmbito incluo a recuperação da histórica sede dos Arcos do Jardim, que me parece ter sido um projecto tão essencial quanto bem gizado, a merecer uma visita para quem gosta da Académica e de Coimbra. Sem memória, o futuro nada mais será do que o de qualquer outra sociedade anónima, pelo que penso que se deu um passo seguro no sentido da preservação da nossa identidade.

Em breve, voltaremos ao tema com sugestões sobre o que há para fazer.

Diversão pura e simples

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Robin sem bosques

O Conselho Nacional do PSD decidiu, ontem, apoiar a continuação da solidariedade do grémio laranja com o Governo, no sentido continuar a atacar os graves sintomas da crise que se abateu sobre a zona Euro e, em concreto, sobre Portugal.

A decisão parece avisada, como avisada e segura tem sido a liderança de Pedro Passos Coelho. Deste modo se consegue preservar o necessário patriotismo, passando a mensagem adequada aos nossos pares da União Europeia e, sobretudo, aos especuladores que procuram vampirizar os países mais frágeis (continuo pasmado com a importância que dão às mesmas agências de rating que, há não muito tempo, davam boa notação às empresas que vieram a estar no epicentro de uma crise global sem precedentes…). No entanto, com as bolsas a continuarem em queda, veremos se não morremos da cura...

Ao mesmo tempo, Passos Coelho preserva o PS no Governo, numa altura em que ninguém ganha popularidade por governar; em linguagem corrente, o líder do PSD deixa o Primeiro-ministro acumular desgaste, sendo obrigado a protagonizar medidas impopulares que somarão os seus efeitos nefastos aos que já vinham de quatro anos precedentes como inquilino de S. Bento.

Ademais, ao propor a redução do vencimento dos políticos e dos gestores públicos, creio que o PSD esteve bem na forma, mas mal na extensão. Bem na forma, porque é um sinal de moralização, mostrando que há quem tenha um exemplo a dar (já não era sem tempo…). Mal na extensão porque reduzir os vencimentos em menos de 3% seria irrisório para a Economia, quase imperceptível para os “lesados” e, por isso mesmo, desproporcional em relação ao que sentiria o português “comum” com o aumento de impostos que se adivinha; quem já pouco tem de sobra sentirá um impacto muito superior. Bem vistas as coisas, os 5% a que se chegou parecem mais adequados.

Entendo, todavia, que algo mais deve fazer-se. Desde logo, já que, agora e finalmente, os políticos querem fixar um padrão ético de conduta, haveria que explicar, em linguagem que todos entendam, o que está a passar-se (as razões e as consequências da crise) e qual o resultados dos sacrifícios que se pedem.

Depois, cumpre que haja conta, peso e medida. Ao falar-se em cortes no décimo terceiro mês (que, para já, parecem arredados), cumpre não esquecer que, mesmo para a classe média, mais do que uma cornucópia de esbanjamento, o subsídio em causa serve para pagar apólices de seguros e outras contas “extra” que o vencimento já não comporta.

Persistir em onerar os mesmos de sempre, tornará demagógica qualquer proclamação de justiça social; será omeleta sem ovos ou Robin sem bosques, pedindo a bolsa a céu aberto e sem alguém que disso beneficie.

Em suma, em tempo de agruras, valha à Nação o título benfiquista e a visita Papal para que se não fale tanto do que aí vem…

domingo, 2 de maio de 2010

Polémica à antiga portuguesa (sem comentários)

"Que imensa tristeza nos provoca a leitura das Quase Memórias do Dr. António de Almeida Santos (Volumes I-II, Lisboa, 2006), onde se critica a II República por não ter aceite o processo das independências coloniais. Um advogado de superior craveira põe-se a historiar o passado sem atributos para o fazer, e o resultado fica bem à vista. São lugares-comuns e juízos sem prova, até com o desplante de rebaixar um mestre da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, ousando revelar conversas privadas e o «diz-se» de versões deturpadas. Como é fraco o talento histórico de um abalizado causídico que, em vez de se quedar para sempre em Moçambique, onde lhe estaria reservada a presidência da nova República, voltou à metrópole com os proventos amealhados numa conspiração consentida. E que hoje recolhe as frustrações de quem não soube fazer uma carreira política nesta metrópole onde praticamente ninguém deu pelo seu regresso."


Serrão, Joaquim Veríssimo, in "História de Portugal ", vol. XVIII ["A Governação de Salazar: Grandeza e Declínio (1960 - 1968)"], pág. 9, Lisboa, Babel (Verbo), 2010. Itálicos no original.

sábado, 1 de maio de 2010

Xeque ao "Rei do Roque"

Religiosamente, assisti ao concerto de apresentação de "Retropolitana", o novo disco dos GNR, ontem, em Sintra.

Para quem encheu Alvalade e as Antas, a noite de ontem deve ser parte de um enigma que consiste em conjugar o bom trabalho que Reininho e os seus continuam a fazer e as plateias por esgotar. Não menos estranho é, aliás, o facto de o álbum ainda não ter editora...

Seja como for, sou dos que estarão sempre prontos a ouvir a versão melódica das letras de um dos mais brilhantes poetas contemporâneos portugueses.

Das oito músicas novas escutadas (serão doze), além do já conhecido "Rei do Roque", ficaram no ouvido "Baixa/Chicago", "Clube dos Encalhados", "Tatoo" e "Burro em Pé".

O resto foi matar saudades de grandes sucessos como "Dunas", "Tirana", "USA", "Morte ao Sol" (já diria o Engenheiro Sócrates...), entre muitos outros, num total de 21 músicas e bastante inspiração de Rui Reininho.