quinta-feira, 29 de junho de 2006

Pense se quiser


A República Popular da China está na moda.
A mais da persistêncai da sua imensa população, a ideia "um país, dois sistemas" fez com que a nomenklatura chinesa, além de evitar o risco de desabamento à maneira da URSS, deslocasse o país para o "eixo do bem" ou, pelo menos, escapasse ao risco de andar fora dos eixos.
Assim, com a industrialização em curso e a abertura dos mercados, esperam-se novidades nefastas para as economias ocidentais.
A questão é que o sistema de relações internacionais obriga a esquecer questões que têm a ver com direitos humanos (o mesmo se passa em relação a quase todos os países fora da União Europeia, EUA incluídos).
Daí que valesse a pena que tivésse mais destaque um "quadradinho" que li na imprensa, que dizia que o motor de busca "Google" foi bloqueado pelas autoridades de Pequim, que apenas desejam ver os chineses a aceder ao "Google.cn", versão sujeita a escrutínio oficial (vulgo, censura).
Para além do óbvio, o que fica patente é a falta de apetite dos nossos jornalistas (parte deles, pelo menos) para explicar e analisar factos, limitando-se a "papaguear" as súmulas das agência notícias.

quarta-feira, 28 de junho de 2006

Sentido figurado

Parece que o mayor de Viseu é figura nos tablóides.
Que o comentário não lhe correu nada bem, parece-me óbvio, agora convém também ter a noção do contexto de cada região, se bem que isso não justifique tudo. Incitar ao apedrejamento de quem quer que seja, mesmo que o sentido seja figurado, ainda para mais alguém com as responsabilidades conhecidas, ultrapassa claramente o conservadorismo imperante. Se formos por aí, os limites da razoabilidade acabam por ser postos em causa. Os políticos têm de se aperceber que as suas opiniões e afirmações têm repercussões, provocam reacções de terceiros. Devido à força dos cargos que ocupam há sempre danos adjacentes aos deslizes cometidos em termos de terminologia.
O “sentido figurado” e o “não sei, mas ouvi dizer que…”, a título de exemplo, são expressões a ter em atenção, em caso de utilização. A imagem dos eleitos em democracia representativa, muitas vezes é, a imagem da própria democracia.

Laranja a votos, em Coimbra

Depois da candidatura de Horácio Pina Prata, diz-se que o “império contra-ataca” (espero que o George Lucas me desculpe o plágio), pelo que da “linha dura” da Comissão Política Concelhia de Coimbra do PSD poderá emergir um challanger.

Em si, sem apreciar o conhecido e o desconhecido, a oferta diversificada beneficia sempre o consumidor (entenda-se, o militante). Pina Prata já não alcançará o pote de ouro (lista única) que se encontraria no fim do arco-íris político que se preparava para federar, o que também impedirá as bandeiras de conveniência que têm ondulado no céu do PSD de Coimbra, como se todos fossem amigos, de há muito a esta parte.

A verdade, como sempre disse, é que a reconquista de edilidade unificara, por boas ou más razões (não sou nem psicanalista, nem polícia), pessoas que sempre se haviam defrontado, e que ao menor sinal de perestroika a divisão dos despojos seria possível.

Entre os rumores de que Carlos Encarnação poderia estar “noutra” e o facto de o mayor ter preocupações que cheguem com o belíssimo trabalho que tem feito na cidade (nota do autor: esta afirmação é desprovida de ironia!), seria de esperar que as velhas alianças se recompusessem, e nem a antecipação tacticamente bem pensada por Pina Prata parece ter podido evitar o inevitável: à boa maneira de Richelieu, o poder é, nos grandes partidos, um fim em si, pelo que, nem que seja só por isso, na ausência de tutela, os exércitos perfilam-se.

Escrevo o texto presente sem ponta de pretensão, já que bem sei que, tirando esta tribuna livre do BEIRAS (falo por mim), a livre reflexão, por cá, costuma pagar-se em desterro. Todavia, não desisto de gostar do PSD e ainda mais de Coimbra e de Portugal, pelo que creio que há questões que o candidato assumido e o outro que me dizem que há de ser assumido deviam explicar, se não achassem uma maçada excessiva:

1. Entendendo eu que o PSD pouco pauta o debate político de Coimbra, descansando, a este respeito, à sombra do justo protagonismo do mayor, muito gostaria de saber como tencionam os candidatos revitalizar o debate interno, no partido. Espero que não repitam as banalidades do costume sobre grupos e conselhos de reflexão, que são sempre uma boa maneira de “arquivar” os “arrogantes” que ousam importunar com umas ideias livres quem carrega o fardo de decidir.

2. Também não seria mau sabermos qual o conceito estratégico de cidade defendido pelos eventuais presidentes concelhios. Liderança nacional na ciência? Centros de excelência ou misto de formação e absorção de recursos humanos para uma mais deliberada evolução do tecido industrial que é algo incipiente, olhando o todo do País? Cidade de cultura? Qual cultura: elitista, de massas, ou “subsidio-dependente” (aquela de que gostam o Bloco e os amigos)? Que modelo de evolução urbanística? Tudo isto? Nada disto?

3. E como seleccionarão os candidatos, agora que a democracia directa se instalou, mesmo na eleição do presidente da comissão política nacional? Será que põem a jogo os nomes de vereadores e deputados do nº2 em diante (já que os cabeças de lista me parecem uma escolha a reservar para a liderança nacional)? E o perfil que apresentarão à assembleia concelhia continuará a ser a trivialidade e o albergue espanhol (onde cabe até o falecido urso de relva que foi imolado pelo fogo, à beira-rio) que tem sido?

4. Depois, também daria alvíssaras se me explicassem com coerência e exequibilidade como tencionam fazer com que o PSD de Coimbra recupera a importância nacional que já teve. Se não fosse o esforço persistente de Carlos Encarnação, Fátima Ramos e Jaime Soares, poderíamos mesmo ir a um congresso nacional sem nos lembrarmos do distrito…

5. Por fim, confesso-me curioso para saber como se quebrará – se é que há o menor interesse nisso – o ambiente de “sociedade por quotas” que me parece imperar, com os shares de votos a ditarem a lei do PSD de Coimbra.
Em suma, entendo que com uma presidência de Prata ou outra qualquer, do que o PSD de Coimbra carece é de ideias de ouro…

terça-feira, 27 de junho de 2006

Código Do Silva

Li na imprensa do fim-de-semana (salvo erro, na "Sábado") que consultado sobre leituras a rejeitar, Augusto Santos Silva (Ministro dos Assuntos Parlamentares, e ex-Ministro da Educação e da Cultura) lança uma fatwa contra Dan Brown (autor, entre outros, do "Código Da Vinci"), cujos livros apelida de literatura light.
De facto, importa reconhecer que os livros não são um primor, e que a linha de concepção se repete, ao longo das três primeiras obras. A primeira ainda surpreende, a segunda passa com nota mínima pela mudança de cenário, a terceira enfada.
Porém, o que subjaz às afirmações de A.S.Silva é mais do que uma mera a constatação deste facto. Na verdade, regressa o elitismo cultural de um certo sector do PS; o mesmo sector que vê com horror a batalha de PSD e CDS (2002-2005) pela democratização da cultura, apelidando de "pimba" quem procure generalizar a fruição do nosso património mais valioso.
Lê, exclusivamente, livros de existencialistas? Apenas contempla os pintores suprematistas? Gosta daquele teatro impregnado de referências filosóficas em proporção oposta às cinco pessoas da plateia? Se sim, cuidado, pois pode acabar a assessorar a linha socialista que (ainda) domina a cultura...

terça-feira, 13 de junho de 2006

A recusa

Já aqui tinha dito que considerava “ridícula” esta história da avaliação dos docentes, em comment ao post do Gonçalo: “Tácticas do laranjal”.
Pelo que li ontem, a Associação de Pais da Escola 2,3 Inês de Castro, em Coimbra, recusou avaliar os professores!
Os argumentos, se bem que resumidos, parecem-me interessantes.

“Consideramos a avaliação dos docentes um assunto muito sério.”
“ A proposta da Ministra não é para levar a sério.”
“… este episódio da avaliação dos professores mais não faz do que desautorizar os professores perante a comunidade estudantil, minando a credibilidade da escola pública.”
“ Os pais e encarregados de educação têm, fundamentalmente, contacto com a escola no seu conjunto, o seu funcionamento em termos gerais e não no particular, já que são utilizadores por interposta pessoa, que são os seus educandos.”

terça-feira, 6 de junho de 2006

Um "bafo"


Julgo ser sensato este volte face na responsabilização dos proprietários dos restaurantes, hotéis, bares e discotecas quando um seu cliente puxe de um cigarro. No entanto discordo no que toca à manutenção da medida principal da lei, que é a proibição de fumar em todos os estabelecimentos.
Esta ideia de delimitação do país de norte a sul, como área não fumadora, não me parece o caminho certo para atingir resultados, para mais quando sabemos que, em muitos casos, nomeadamente junto da faixa etária mais jovem, o fruto proibido acaba sempre por ser o mais apetecido.

Sinceramente, concordo com os responsáveis dos estabelecimentos de hotelaria e restauração, quando dizem que o modelo a seguir seja o Espanhol, onde cabe aos proprietários a decisão de se fumar ou não no seu “estaminé”, devendo estes serem uniformes relativamente à totalidade do espaço e não segmentá-lo em zona de fumadores e não fumadores. A informação do critério escolhido deve ser visível, logo à entrada.

Em vez do Governo andar com trocas e baldrocas neste assunto, o conselho aqui do Je, é um aumento avassalador do preço do tabaco! Em vez de se andar a aumentar 5 e 10 cêntimos por maço de tempos a tempos, aumente-se 5€ o maço a ver se o consumo não desce drásticamente!
Eu, pelo menos, na qualidade de fumador confesso, não estaria virado para a sustentação um vício que, para além de ser extremamente prejudicial para a minha boa forma física (que já esteve bem melhor!), sacasse 7,60€ diários às minhas economias.

Sem medos… se há coragem para aumentar impostos e fechar maternidades, porque não para aumentar o preço da nicotina em 5€ o pack de 20 cigarros…

Nota: li há uns tempos, nem sei bem onde, que as tabaqueiras numa estratégia comercial com vista a diminuir o preço de venda ao público, face a elevados preços, presumo que nos “States”, diminuíam os maços de 20 cigarros para um número inferior, tornando-se mais acessíveis. Caso esta minha dissertação fosse colocada em prática, as tabaqueiras, provavelmente, iriam enveredar por esse mesmo caminho, à falta de melhor rumo, embora saibamos que dinheiro e imaginação não lhes faltam.

sexta-feira, 2 de junho de 2006

A 1º vez é muito importante

Cavaco Silva uso o veto político.
Sendo eu um céptico em relação à prerrogativa constitucional usada, creio que, já que existe, foi invocada de forma soberba!!!
O Presidente vetou, e bem, o diploma sobre as quotas femininas.
Já a 8 de Março (cfr. post) me opusera. As razões mantêm-se, pelo que deixo o aplauso.

Abaixo de ...


O PSD apresentou, na Assembleia da República, um projecto de resolução para que o dia 6 de Junho passe a ser o Dia Nacional do Cão.
Ora bem, vamos a contas:
1 - Boa ideia, porque...
a) Mais de 7000 cidadãos subscreveram uma petição nesse sentido, e a democracia directa está a pegar.
b) O cão é mesmo um animal útil, a muitíssimos títulos.
c) Denota sensibilidade.
2 - Má ideia, porque...
a) Quando não percebemos as grandes ideias do PSD noutras matérias (por exemplo, a segurança social) ou a Comissão Europeia não as entende (por exemplo, quanto à utilização de fundos comunitários para despedimentos), pode pensar-se que andamos (sou o militante nº 11969) a descurar os alvos essenciais.
Nota: se a culpa da pouca notoriedade das nossas outras propostas for a comunicação social, apenas há que o demonstrar aos portugueses, com dados.
b) Há muito "cão" bípede que não será homenageado.
c) Se a moda pega, ai de nós quando os donos de gatos, pássaros, peixes e iguanas começarem a demonstrar o papel relevante daqueles...
d) Quando largarmos o domínio do irracional: e se houver petições para o dia nacional do quadro técnico sem viatura de serviço? E para o funcionário com o messenger bloqueado pela empresa?
E para os lares com empregadas filipinas?
Como noutros casos, impressiona mais o momento do que a medida em si...