domingo, 26 de dezembro de 2010

Fraquinho

Thunderstruck


Usa-se o título de um dos êxitos dos AC/DC para ilustrar o dia-a-dia do Verão de Joanesburgo. Tarde sim e noite sim, uma trovoada de respeito cai sobre a cidade que se diz ser a mais fustigada pela EDP celestial... A vista do no nosso cantinho é esta.

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Festas felizes

Mais um ano e a Lodo, S.A.D. vem desejar a todos os colaboradores, fornecedores e amigos Festas Felizes e um 2011 com muita massa e pouca crise.

Desejos de Natal e certezas de Ano Novo

É comum, nesta altura, as revistas e os jornais trazerem reportagens de Natal e desejos e previsões de Ano Novo. Globalizado que estou, não fugirei à regra, no mês em que passam dezasseis anos desde que o Beiras cometeu o erro de publicar um artigo meu pela primeira vez…

Sem distinção entre desejos e verdades, cá vai disto: desde logo, nem preciso de copo de cristal (quanto mais da bola…) para antever uma vitória de Cavaco Silva à primeira volta (se calhar até bastava meia volta). Não só se reconhece o perfil de estadista, como se recomenda o economista para visar as ideias luminosas do Primeiro-Ministro (seja ele Sócrates ou Passos Coelho, ou mesmo qualquer outro). Acresce que Alegre tem feito uma campanha triste… Triste pelo tom agressivo, triste pela colagem ao Bloco de Esquerda, triste pelo desânimo das hostes. Resta a expectativa de ver os bodes expiatórios que o Poeta de Águeda arranjará na noite de 23 de Janeiro.

Outra coisa que é certinha é que 2011 será a doer e nem PS nem PSD (caso avance a moção de censura) terão grande margem para repor o que perderão os funcionários públicos. Tenho para mim, como é (bom e mau) hábito dos portugueses, que lá nos acomodaremos com a ideia de vivermos pior e de sermos, cada vez mais, os últimos da Europa (mesmo atrás de países que viveram décadas de ditadura comunista). Se assim não fosse, já haveria distúrbios públicos como há sempre que chega a mostarda ao nariz dos franceses, ingleses ou alemães. Por vezes, fico sem saber se somos cívicos ou mansos…

Na “Terrinha” (a minha Coimbra), fica para ver se o PS ainda existe. Com a saída de Carlos Encarnação e a entrada de Barbosa de Melo, independentemente dos méritos deste último, abre-se uma janela de oportunidade para os socialistas lançarem um candidato carismático para a presidência da Câmara Municipal. É sabido que sai uma personalidade forte e conhecida e que entra alguém com um perfil público menos exuberante e com menor reconhecimento por parte do eleitorado (louva-se a inteligência e a generosidade de Encarnação ao sair agora, por esta mesma razão), mas também não se ignora que maior divisão do que a que existe no PS de Coimbra só mesmo a que separa as duas Coreias.

Ainda por Coimbra, vamos ver no que dá a insólita situação em que se viu a nossa Académica. Depois de um início imperial, “dois vezes cinco são dez” e ficámos sem o Jorge Costa. Sendo os motivos pessoais, nada a dizer; caso contrário seria, a meu ver, um erro de palmatória, pois a Briosa vinha fazendo bons jogos e mesmo em Braga viu-se força e harmonia ofensivas, até que a coisa se tornou desastrosa. Resta esperar que a escolha dos dirigentes em funções seja inspirada pelos bons motivos e não por alguma voz que veja a Académica como qualquer outro clube (infelizmente, embora quase inexistentes, sempre há uma ou outra voz que pensa mais em lucros do que em identidade e resultados). A esse respeito o academismo do Presidente é uma garantia a que dou valor, mormente agora que o caminho para o Jamor (ou, pelo menos, para as meias-finais da Taça) parece bem possível.

Resta-me desejar a todos festas felizes e um 2011 com a coragem necessária para as agruras vindouras, já que este vosso amigo só voltará em finais de Janeiro, depois de enfrentar o Inverno siberiano (o original…).

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Fugas e Rupturas

Penso que ninguém no seu perfeito juízo questionará, no mundo democrático, as liberdades de informação e de expressão.

Acresce que ambas sempre foram servidas por processos tradicionais, mas também por investigações ocultas, violações de privacidade e outros meios mais “alternativos” (cujo limite da tolerância reside em alguns programas de TV, jornais e blogues que apenas servem para a coscuvilhice, a intriga e o postergar da reputação das pessoas). Mesmo assim, a democracia sempre acomodou eventuais excessos em homenagem ao bem maior: saber a verdade.

É por isso que alguns jornalistas de investigação receberam prémios internacionais (com destaque para o Pulitzer) e que sucessivos “piratas” da Internet (vulgo hackers) foram sendo olhados com condescendência – desde 1983, por exemplo, ano em que as salas de cinema enchiam para ver “War Games”, filme em que o protagonista, embora com fins lúdicos, invadia um computador militar, quase desencadeando uma guerra nuclear.

Aliás, compreendendo o ganho de ter cidadãos informados, já muito antes, Thomas Jefferson, Presidente dos EUA, declarara preferir imprensa sem governo a governo sem imprensa, se a questão se pusesse.

Vem este arrazoado a propósito do sensacional burburinho causado pelo sítio dedicado à publicação de fugas de informação, WikiLeaks. De facto, os governos ocidentais, mormente o norte-americano, têm vindo a procurar reagir a divulgações de informações confidenciais, que dizem pôr em perigo a segurança nacional e a dos seus aliados.

A meu ver, é bem possível que os governos tenham razão. Qualquer liberdade sem dever é libertinagem. Neste caso, será de pensar se não há um ponto em que a liberdade de informar deva ceder ante necessidades de segurança colectiva.

Muito mais importante: admitindo que ainda não chegámos ao paraíso dos Louçãs deste mundo (entenda-se, a anarquia), quem deve julgar os limites? Jornais, televisões e blogues ou instituições constitucionalmente consagradas e democraticamente e também judicialmente sindicáveis?

Importa, depois, olhar a natureza daquilo que se revela: uma coisa é maledicência ouvida na política ou escândalos sexuais (pode meter nojo, mas não mata), outra é informação sensível sobre instalações vitais em vários países (algo que o WikiLeaks revelou).

Mas não sejamos ingénuos: o que está em jogo não é a luta dos “maus” americanos & aliados contra os pobres cruzados da verdade do WikiLeaks, nem tampouco uma genuína luta pelo tal “saber a verdade”! Estamos perante libertários (libertinos, diria eu) que acham que apoucar a civilização ocidental os torna intelectuais, como prova a decisão do Bloco de Esquerda de alojar aquele sítio virtual. Como se viessem a ter liberdade para tamanha estupidez em qualquer outro regime, acaso destruíssem este… É Natal; perdoemos-lhes a ingenuidade…

sábado, 11 de dezembro de 2010

Uma notícia amarga

O tema do dia pode, apriori, parecer mais doce que o habitual, tratando-se de açúcar, mas o seu racionamento nos supermercados gera preocupação, sobretudo numa quadra que se quer doce. A notícia apanha desprevenidos os portugueses, que nalguns supermercados apenas poderão comprar dois pacotes, restrição que traz à memória outros tempos... Agora o motivo é diferente, sendo que a produção de cana de açúcar tem descido abruptamente, o que tem disparado o preço do produto nos mercados internacionais e, consequentemente, encarecido a respectiva exportação. Conclusão: não só a compra deste produto começa a ser racionada, como é inevitável que o seu preço dispare. Bem vistas as coisas, antes açúcar que outras espécies de bens essenciais. E depois, não se aflijam, que não é díficil encontrar substitutos de açúcar: mel, frutose, maple syrup (xarope de ácer) e agave nectar, por exemplo.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Lodo, SAD ou os pioneiros da gulodice




Acabo de ler que as famosas Bolas de Berlim do Natário, incontestável talismã dos congressos do Lodo, foram agraciadas com o (justo, cumpre dizer) Prémio Mérito Comercial, pela tradição e qualidade com que há décadas brindam os vianenses e os turistas. A notícia dá também conta de que a pastelaria tem já um vasto grupo de fãs no Facebook, ao qual eu aderi. E não é que a foto de perfil é precisamente a nossa, tirada neste inesquecível convívio por terras de Aveiro?! Com tanta ajuda na publicidade à casa, bem podiam agraciar a Lodo, SAD com umas fornadas das melhores bolas de berlim do mundo...

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Alegrias e alergias

Na passada terça-feira, fui torpedeado com duas declarações do “Campeão da Liberdade” e “Primeiro Republicano à face da Terra”, Manuel Alegre: a primeira versava o facto de nunca ter feito parte do salazarismo, sendo desde sempre um resistente.

Ora, a estação televisiva que emitiu estas declarações (não me lembro de qual dos três canais noticiosos se tratava) imediatamente associou o remoque a Cavaco Silva. Duas coisas tenho por certas, todavia: por um lado, sei que o recandidato não enveredará por linguajar soez.

Por outro lado, creio que a declaração, a ser correcta a interpretação que dela fizeram os jornalistas, é desprestigiante para classe política, desqualificando quem a profere (no caso, o Poeta de Águeda). Imaginemos, por um instante, que um dos outros candidatos verbalizava insinuações sobre Manuel Alegre baseadas nas dezenas de mensagens de correio electrónico que ligam o mesmo a condutas alegadamente censuráveis (recebi algumas relativas ao período colonial); seria digno, quando não se junta prova? Contribuiria para o esclarecimento dos eleitores? Não! Aliás, devo dizer que apago de imediato essas mensagens, não as reencaminhando. Sou coerente e creio que as mesmas – repito, porque não provadas – revelam baixeza e cobardia.

Aliás, o candidato do distrito de Aveiro, ao afirmar-se pela ética republicana, está, a meu ver, a depreciar a qualidade da vida democrática e da própria República, quando deixa fantasmas não corporizados a pairar sobre o debate. Isto, mais uma vez o digo, se a emissora contextualizou adequadamente o que disse.

A segunda intervenção que não apreciei, teve a ver com o facto de, na opinião do candidato socialista-bloquista, Cavaco Silva ter sido complacente com a crise. Ora bem, basta lembrar que não foi o actual Presidente que foi deputado socialista durante anos, inclusive durante o primeiro mandato de José Sócrates. É que, na minha opinião, não basta quebrar a solidariedade de forma tribunícia (atitude de “gosto” político discutível, aliás); quando se conserva o lugar e se adere a um programa, parece estranho que, nem dois anos volvidos (o programa actual do PS continua o anterior), se possa demarcar de tudo, atribuindo a quem garantiu a estabilidade democrática (Cavaco) conivência na crise.

Prefiro pensar que este jeito inhenho de fazer política – lançar atoardas sobre o “camisola amarela” – não tem a ver com as franciscanas sondagens que são de modo a deixar Alegre triste… Fico-me por dizer que é um modo que me causa alergia, sabendo-se de antemão quem ficará alegre, já no dia 23 de Janeiro…

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Começamos mal...




Este fim de semana o XXI Congresso da JSD elegeu, em Coimbra, o seu novo líder. À distância, parece-me que a mudança de rostos não significa necessariamente uma mudança na estrutura, pelo menos no que ao Presidente toca, uma vez que foi vice da comissão política cessante. No mandato que ora tem início, espera-se (eu, pelo menos, espero...) que a dinâmica da jota não se cinja, como nos últimos anos, a outdoors e campanhas anti-sócrates, excepção feita ao notório trabalho - cumpre reconhecer - quanto ao Porta 65. Isto, porque a JSD tem gente com capacidade para muito mais, tem credibilidade junto da juventude portuguesa que não convém deitar por terra e tem uma imensidão de bandeiras para hastear, haja visão e sentido de oportunidade. Contudo, a julgar pela imprensa de hoje, dá ideia de que as batalhas que a jsd quer travar em defesa dos jovens portugueses escasseiam. É que no pós-congresso, o destaque vai sobretudo para o direito de voto aos 16 anos, uma bandeira cheia de remendos que, ainda para mais, aproxima a estrutura do... Bloco de Esquerda! É caso para dizer que... começamos mal.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Olha quem fala

Há poucos dias, vi na televisão que a Secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, tecia considerandos sobre a defesa dos direitos humanos na Europa. Falava a Sra. Clinton a propósito da proibição suiça dos minaretes das mesquitas e do veto francês ao uso em público do véu islâmico, na sequência do relatório anual do Departamento de Estado sobre a liberdade religiosa.

É claro que os casos europeus não foram, nem de perto nem de longe, o prato forte do relatório e da intervenção, mas, já que “aqui estamos”, deitemos um olho sobre o assunto.

Pergunto-me, assim sendo, quem será o campeão mundial da “islamofobia”?... Ora… Não é que são os EUA??? Que outro país encerra turistas estrangeiros numa sala de aeroporto separada e os asperge com fumos, apenas por terem estado em países de que os americanos desconfiam?... Exacto: os EUA!...

Quem geria Abu Ghraib e ainda não encerrou Guantamo?!... Respondeu “EUA”?! Nem prémio leva, tal o cariz óbvio da resposta…

Nesta altura, peço ao Leitor que me não interprete mal: não sou do Bloco de Esquerda (cruzes!!!) e nem pertenço àqueles que acham que dizer mal dos Estados Unidos os guinda à condição de “intelectuais”. Adoro o país do Uncle Sam e acho que tem uma democracia e uma cultura vibrantes. Todavia, acho que apontar o dedo é uma má escolha, quando já nem vidro se tem no telhado…

Dir-me-ão os fanáticos: “os Estados Unidos têm razão para a cruzada actual”! Talvez, responderei… Contudo, não menos a terão os europeus, a começar pelos espanhóis e pelos ingleses. Mesmo os franceses, venho dizendo isto há algum tempo, estão, segundo alguns estudos, a braços com o dilema de, dados o conforto social que proporcionam e a progressão geométrica da população “não ocidental”, terem, em algumas décadas, uma maioria de votantes islâmicos nos seus cadernos eleitorais.

Se o fenómeno em si parece natural, o facto é que ocorre num centro nevrálgico da cultura europeia e sem que os “novos franceses” aceitem as regras daquela, preferindo impor aos “anfitriões” ditames de outra fé e de outro modo de ser e de estar. E a isto temos de assistir, dizendo-nos os que aplaudem a anarquia que se trata de diferença cultural… O irónico da coisa é que os nossos “esquerdistas” se esquecem da desconsideração que está ínsita em muitas das “diferenças culturais” impostas, designadamente, às mulheres islâmicas.

O mesmo tom categórico já não emprego na norma arquitectónica helvética. Apesar de se tratar de uma norma democraticamente adoptada, nem sempre os procedimentos referendários foram sinónimos de bom senso, da condenação de Cristo a Weimar.

Todavia, mesmo neste último caso, estou em crer que a intolerância se não equipara à vivida pelos ocidentais nos países muçulmanos, desde a proibição de visitar Meca à exigência de as mulheres visitantes usarem trajes muçulmanos ou de turistas serem alvos potenciais pelo facto de um jornal do seu país ter publicado caricaturas de Maomé.

Sorrio ironicamente, por isso, ao recordar as palavras da Madame Clinton.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Natal sem luz... e sem fome

Acabo de concluir que ainda há responsáveis políticos sensatos em Portugal. Pelo menos, lá para os lados de Sintra, nas freguesias de São Marcos, Rio de Mouro e Colares, cujos presidentes entenderam abdicar da iluminação natalícia nas ruas para iluminar o Natal dos moradores de uma outra forma. Os fundos que se destinavam à iluminação das localidades vão ser aplicados em centenas de cabazes de alimentos, bens essenciais que as famílias têm tido dificuldade em obter, pelo que o número de pedidos de ajuda aos responsáveis locais tem aumentado consideravelmente. A medida é, a meu ver, louvável. Um exemplo a seguir por todas as freguesias e concelhos em que os valores destinados à iluminação de Natal possam colidir com os valores atribuídos para a acção social. E para que se tenha noção dos balúrdios que todos os anos são gastos em iluminação natalícia, é espreitar aqui.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

O prazer de votar

No âmbito das eleições ao parlamento da Catalunha, no próximo dia 28, há campanhas que têm dado que falar, mercê dos meios propaganda utilizados. Uma delas, lançada pelo Partido Popular, consiste num jogo de computador em que o jogador está encarregado de uma missão, a de eliminar imigantes; naturalmente, a brincadeira já deu muito que falar. A outra, que não fica atrás em popularidade e polémica, é de apoio ao candidato José Montilla, pelo Partit des Socialistes de Catalunya (PSC) e incita os jovens ao voto, comparando-o a um meio de obter prazer:

A ideia é da juventude do PSC, que teve a intenção de captar as atenções (não só dos jovens...) e usar um dos mais vulgares iscos de comunicação: o conteúdo sexual, ainda que não explícito. E quanto ao conteúdo político? Absolutamente nenhum. Tenho, por esse e por outros motivos, as maiores dúvidas quanto à eficácia deste vídeo. É primário e desvirtua aquilo que subjaz ao voto eleitoral. Votar é um sentido de cidadania que não toca a todos e a solução não passa, certamente, por incitar a que, qual rebanho, as multidões acorram às urnas. Votar «por votar» não nos leva a lado algum. O voto deve ser consciente, voluntário e lúcido. E para que o seja, o desejável é informar cabalmente os cidadãos das suas opções e não propriamente socorrer-nos de mensagens libidinosas.

A propósito, votar não tem nada que se assemelhe a prazer. Há uma imensidão de coisas que se podem fazer num domingo mais entusiasmantes que desencantar o cartão de eleitor no fundo de uma qualquer gaveta, locomovermo-nos até à escola primária do sítio, esperar sossegadinhos nas filas, reencontrar gente que não víamos há séculos e com quem não temos vontade de falar e, posto isto, despejar o voto na urna. Que entusiasmante.

Em Dia de Não Fumador (ou de não cumpridor?)



Hoje, 17 de Novembro, assinalou-se o Dia do Não Fumador. Neste dia todos se lembram de uma lei que entrou em vigor há quase 3 anos, mas todos os dias eu me lembro que estou num país em que as leis não se cumprem e tudo fica na mesma. Será assim tão difícil fazer cumprir uma lei que só traz benefícios à nossa saúde? Embora o tabaco tenha sido proibido em muitos locais, há ainda muitos cafés, bares e discotecas onde se continua a fumar sem restrições e sem que as devidas condições de extracção sejam cumpridas. Onde está a fiscalização? Ai Portugal Portugal...

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Pele e osso

Talvez a distância seja a causa da maior avidez com que pratico algo que sempre fora um hábito: assistir a noticiários e ler os jornais (embora sem o indizível prazer de folhear os mesmos).

Todavia, da terra onde Vasco da Gama “deu baile” ao resto do Mundo, fica a angústia acrescida de comparar a glória de outrora e a miséria actual, sentimento no qual sou acompanhado pelos membros da comunidade portuguesa, que olham com tristeza e espanto uma Pátria pré-falida.

Chovem as perguntas e escasseiam as respostas: como chegámos até aqui? Por que é que, mesmo com acordo sobre o Orçamento, os juros que Portugal paga pelo dinheiro que pede continuam a subir? Onde vêem os investidores o nosso risco de incumprimento? Por que não assumem os políticos o que o Estado pode ou não pode fazer, de uma vez por todas, em vez de andarem com cortes nos salários, na ADSE e outros paliativos a contado?

Já escrevi por estas páginas que não vale a pena procurar culpados. É uma tradição portuguesa achar que alguém tem a culpa das nossas asneiras… Ora, neste caso, penso que a nossa falta de exigência em relação a nós próprios – na produtividade, no mérito e até nos demais valores sociais – se traduz na incapacidade de exigir mais da classe política, pois a dura verdade é que não entendemos patavina do que é preciso fazer para acabar com a nossa histórica modorra (o pior é que, temo bem, muitos dos políticos também “não vêem boi” dos problemas)!

Embora me obrigue a dar o benefício da dúvida, ainda estou por me render à geração de políticos do Facebook e da folha de Excel (que é como quem diz, listagem de militantes “controlados” e com quotas a pagar)… Somos dos países com mais telemóveis por habitante, o que me faz pensar que temos a noção de cosmética típica do “pato-bravismo”, mas continuo à espera de alguém que não se limite à literacia tecnológica e ao sectarismo intra-partidário, percebendo o papel da emoção e de um desígnio nacional mobilizador.

Que Cavaco Silva representará um seguro de saúde nacional, não tenho dúvidas; os tempos não estão para poesias. Porém, agarro-me à esperança de, chegada a hora, Passos Coelho conseguir duas coisas: emocionar e mobilizar os portugueses e, por outro lado, moderar o apetite dos jovens turcos que se agarraram ao seu manto.

Até esse dia fica ainda o meu cepticismo em relação àqueles que julgam poder culpar o actual Governo por tudo e mais umas botas. O problema é mais fundo e pede respostas que durem várias décadas; de preferência, antes de morrermos à mingua…

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Gatos escaldados (e agora «calados»)

Se havia página d'A Bola que eu gostava de ler nas raras vezes que o jornal me vem parar às mãos, era a das crónicas dos gatos Ricardo Araújo Pereira e José Diogo Quintela, a torcer pelos seus clubes, SLB e SCP, respectivamente. Mas ao que parece, um destes dias o lápis (literalmente) azul falou mais alto e a última crónica do «gato verde» saiu com certos cortes, sem que o cronista fosse disso avisado. Os cortes recaíram sobre trechos em que Quintela «respondia» a Miguel Sousa Tavares a propósito de uma troca de palavras quanto ao célebre Apito Dourado. Pormenores à parte, é de concluir que, desta vez, até o diário comummente associado ao Benfica se prostou perante os papões do Norte. O resultado? Quintela abandonou a crónica e RAP fez, num gesto solidário para com o colega, o mesmo. Quem fica a perder? Todos. O humor intercalado com momentos de pura lucidez (que tanto escasseia no meio), viesse de quem viesse, tornava o desportivo numa leitura mais sadia. Agora MST pode respirar de alívio: tem o jornal por sua conta e ninguém à sua altura para lhe lembrar que um homem com a sua inteligência não pode fingir acreditar que o Apito Dourado é uma mera ilusão futebolística.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Agora é que tu disseste tudo!

“Como sempre, trabalho sem interrupção e se ocasionalmente vejo uma jovem bonita e a olho na cara, é melhor gostar de jovens bonitas do que ser gay

Sílvio Berlusconi, citado pelo Público

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

A razão pela qual nada aprenderemos com a crise – Parte II

Retomando a análise sobre a aquilo que julgo ser a explicação do facto de qualquer crise se sentir com mais profundidade em Portugal, repito o que já disse noutros textos: não havendo homens providenciais, acho comodista e algo hipócrita que se culpem apenas os políticos.

Se é certo que muitos deles são movidos pela sedução do poder, pela ambição ou pela perspectiva de “dinheiro fácil”, também é verdade que muitos não são desonestos (seja por serem íntegros ou por não terem “categoria” para roubar). O problema é que os políticos saem do meio do povo que os elege. Por muito desfasados que, por vezes, pareçam, não são extra-terrestres vindos de outro planeta… Reflectem as nossas virtudes, mas, igualmente, os nossos defeitos. Também eles têm um ar pesado e vivem num mundo que já não existe (começa pela retórica parlamentar, onde ainda ouvimos “vossa excelência” seguida de pontapés na gramática e de enxovalhos pouco dignificantes).

Acresce que também os políticos se tornam mais básicos e previsíveis à medida que os padrões de exigência do ensino se degradam e que as próprias mentes das novas gerações sofrem o empobrecimento ditado pelo progressivo abandono da cultura escrita, em detrimento da ruminação de conteúdos de televisivos e da exposição sem coordenadas éticas a tudo o que pode ver-se na Internet.

Colhe, por isso, sentido a frase de Maistre: “cada povo tem o governo que merece”!...
Dito isto, que fazer?

Com franqueza, esvai-se me a esperança. Para sairmos da crise permanente em que, com altinhos e fundões, vamos vivendo, era preciso que ganhássemos consciência colectiva, que abraçássemos o desígnio de sermos dos melhores países da Europa, que não buscássemos o suborno em lugar do cumprimento dos trâmites da lei, que não nos limitássemos a obedecer a esta por medo da punição, que tentássemos ser melhores em vez de invejarmos o sucesso alheio, que não favorecêssemos os graxistas e lacaios em vez dos críticos leais, que percebêssemos que o dinheiro deve advir do talento e da ética, que, em suma, fossemos decentes, trabalhadores e solidários…

Só se atingíssemos este “minus” da essência de uma nação, poderíamos ombrear com gente que se aplica, que tem orgulho na sua bandeira para além do futebol e que não aldraba ou que, quando o faz, tem a cadeia como destino certo.

Até lá merecemos alguns dos seguidores de Sócrates e Passos Coelho (ambos culpados menores de tudo isto). É uma pena justíssima!

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Previsões do Lodo

Agora que as negociações com o Governo fracassaram, eis as previsões do blogue que nunca vos abandona:
  1. PSD "aprova" orçamento com uma abstenção, explicando que o faz em nome de Portugal.
  2. Em Março (quando o Presidente puder convocar eleições) apresenta moção de censura.

Classificados no Lodo: negócios

Em tempos de crise há sempre oportunidades.
Concretamente, o futuro sorri aos produtores de coletes reflectores, se a moda de uma localidade catalã pegar. Assim, parece que as prostitutas de rua serão obrigadas a utilizar mais este acessório de segurança para que o embate frontal envolva apenas o condutor e não o veículo...
Embora o mercado de trabalho português seja menor, fica o alerta aos munícipios, fabricantes e retalhistas.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

"Um vintém é um vintém"

Tenho para mim que Jorge Jesus é dos melhores treinadores intuitivos do futebol português e é o homem certo para pôr em extâse 90% dos adeptos benfiquistas.
Porém, a modalidade evoluiu e, hoje em dia, muito se passa no plano táctico e nas metodologias de treino e observação de jogadores e adversários.
Ora, creio que o treinador do Benfica é pobre nestes aspectos. O jogo com o Lyon foi mais uma sucessão de equívocos e uma mostra de pouca bagagem teórica....

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Na semana passada...

Na semana passada, duas declarações mereceram a minha atenção. Partilho-as, agora:

a) Carlos Queiroz: ao culpar (novamente) Laurentino Dias pelo seu despedimento, Queiroz responsabilizou-o pela situação difícil em que se encontrava (está melhor, por estes dias) a Selecção. Disse mesmo que com ele no banco frente ao Chipre e à Noruega "nada disto aconteceria" (cito de cor). Haverá declaração mais assassina e ingrata para o companheiro e colaborador de há anos, Agostinho Oliveira? Isto só prova que, podendo ser bom teórico, Carlos Queiroz tem muito a aprender sobre a natureza humana.

b) Paulo Bento: dias mais tarde, o actual seleccionador deu uma prova de humildade notável. Confrontado com a sondagem a José Mourinho, antes da sua contratação, Bento disse que estava orgulhoso pelo facto de a Federação ter ponderado apenas duas hipóteses: " o melhor treinador do mundo e o Paulo Bento". Ao contrário do que previ, pode ser que tenha pé para a dança!...

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Revendo a lição do Professor "Mamede"

Pioneiro que é, o nosso "Mamede" já tinha visto este filme, há algum tempo. Sucede que lhe conferiu uma nota sofrível, ponto em que, com a devida vénia, estamos em desacordo com este monstro sagrado do "ver cinema", capaz de tornar insignificante o parecer avisado de homens como "Lauro Dérmio"...

Aplaudido o humor insíto no título da crítica do Prof. "Mamede", atribui-se o nariz torcido à sua relativa juventude, pois, a nosso ver, o filme vale pelo desfile de notáveis da "porrada à antiga"!

Começa pelo maravilhoso regresso da dupla Stallone - Lundgren que entusiasmou a adolescência dos moços da minha idade, num dos mais tolos e ao mesmo tempo aclamados filmes de propaganda do tempo da guerra fria: "Rocky IV". Da morte de Apollo Creed ao improvável triunfo e propagandístico discurso de Rocky Balboa, após a vitória sobre Ivan Drago, em Moscovo, é um sem-fim de cenas irrepetíveis.

Depois, é ver o imenso Mickey Rourke, que precisou de bem mais do que "9 semanas e meia" para voltar a esta forma de "wrestler"...

Há espaço ainda para Bruce Willis, mesmo que não salte nem assalte um arranha-céus, e para a genial aparição do Governador da Califórnia, Schwarzenegger, que, em poucos minutos, revê a antiga rivalidade com Stallone, que ainda o acusa de ter ambições presidenciais!...

Por fim, mesmo a "II Liga" está em bom nível com nomes como Jet Li e Jason Statham.

É por tudo isto que temos que votar contra um cândido mas injusto parecer do mais famoso cinéfilo da Solum!

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

A razão pela qual nada aprenderemos com a crise – Parte I

À guisa de prelúdio, diria que as linhas que se seguem não devem ser vistas à luz de qualquer forma de autoflagelação; não considero que tenhamos que andar com a corda ao pescoço, qual Egas Moniz, ou de nos chicotearmos, enquanto gritamos kyrie eleison… Temos, isso sim, enquanto povo, de reflectir sobre a explicação profunda do estado de “crise permanente” em que vivemos, pois, mesmo antes desta marretada valente dos mercados internacionais, fica a sensação de que sempre viemos a afundar-nos alegremente.

Creio mesmo que o mais escandaloso neste luso atavismo e nesta nacional “choraminguice” é olharmos os países do antigo Bloco de Leste que, sujeitos a décadas de opressão soviética ou pró-soviética e muito mais recentes nas andanças da União Europeia, em menos de um fósforo, se colocaram ao nosso nível, quando não nos passaram mesmo nos números do desenvolvimento… Dou, assim, de barato exemplos repetidos à saciedade, como o caso da Finlândia que, mesmo sem os recursos naturais que nos queixamos de não ter (e até temos alguns que os finlandeses não têm, como sejam praias infindáveis e clima “para turistas” todo o ano), se guindou ao patamar cimeiro em que permanece, desde que me lembro.

Tudo isto para dizer algo simples: enquanto povo temos muita responsabilidade no estado de coisas a que chegámos, sendo os cortes nos vencimentos e pensões dos funcionários públicos, o aumento do IVA e todos os demais instrumentos de tortura que nos fustigarão a partir de 2011 consequências da insalubridade ética em que sempre apreciámos chafurdar. Em vez de produzirmos mais e melhor, sempre preferimos empurrar o destino para a frente com a barriga; em vez de contestarmos solidariamente o que está errado, calámo-nos, esperando que a régua não açoite a nossa mão e que a promoção chegue a nós, mesmo que outros se quedem na injustiça; em vez de acharmos que houve um colega que mereceu mais do que nós “aquele lugar ou aumento”, logo congeminamos as razões do favoritismo (amizade, partido ou caso amoroso) e, o que é pior, por vezes, com razão…

Somos, por isso, tendencialmente invejosos, em vez de cultores de uma lógica de mérito. Mesmo muitos dos que nas autarquias, gabinetes de estudos e assessorias procuram mascarar a coisa com o uso de Powerpoint, ecrãs de LED com produções bonitas e, em suma, embalagens tecnologicamente atractivas e uma imagem de suposta competência desprovida de emoção (um subtil renascimento da propaganda totalitária), na verdade, continuam a alimentar “o grupo”, a dar oportunidades de negócios aos amigos e a executar sumariamente qualquer tolinho que sonhe com independência de espírito. Somos, também, fracos de alma…


Post- Scriptum
(não é altura de escrever P.S…): Interrompo a prosa (a continuar) para garantir que Pedro Passos Coelho é um líder genuíno. Espero, consequentemente, que não se deixe levar pelos jovens profissionais da política que, sob o escudo de muitos PDF e slideshows, tentam disfarçar a sede de poder instantâneo, colocando entraves à passagem do Orçamento, no PSD. Podem até regurgitar sobre o documento, em directo, mas não é à toa nem pode ser conspiração o facto de três antigos Presidentes da República e de três ex-líderes do partido (Marcelo, Ferreira Leite e Mendes) recomendarem, a bem de Portugal, a viabilização do documento. Creio que Passos Coelho levará a indignação até à última, fechando os olhos ao horror orçamental, à última da hora. Só pode ser assim…

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Finalmente, um adversário para Cavaco!

Sempre achei a contra-cultura de Vieira genial. Pelo absurdo põe-se em causa muito da nossa sociedade da crise contínua.
É ver para deixar de crer e passar a querer :)

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Momento alto dos U2 em Coimbra! É a partir do minuto 1:21

Jogar futebol com prazer

O País do Carnaval


Acabo de ler o primeiro romance de Jorge Amado, escrito quando tinha 18 anos, publicado em 1931 e, infelizmente, ainda hoje muito actual. O País do Carnaval é um olhar, sem rodeios, sobre o Brasil e o seu povo. Um retrato de uma geração de brasileiros conformados, adormecidos, cuja única aspiração parece ser a velhice. A personagem principal, Paulo Rigger, saiu do Brasil para se formar em França e, uma vez de volta, bem procura o sentido da vida, da pátria, da terra. Porém, acaba sempre por esbarrar nos cépticos e cedo percebe que não é fácil escapar à «mediocridade perpétua em que a nação se encontra».

Jorge Amado não tem pudor em afirmar, no prefácio, que a obra tem um cenário triste: o Brasil, «natureza grandiosa que faz o homem de uma pequenez clássica». E é essa antítese que percorre todo o livro, a grandeza de um país que asfixia, quase esmaga, os seus pequenos homens. A certa altura, o autor chega a comparar a nação a uma mulata desconhecida:

«(…) é entre as suas coxas sadias
Que repousa o futuro da Pátria.
Daí sairá uma raça forte,
Triste,
Burra,
Indomável,
Mas profundamente grande,
Porque é grandemente natural,
Toda da sensualidade.

Por isso, cheirosa mulata
Do meu Brasil africano
(o Brasil é um pedaço d’África
Que imigrou para a América),
Nunca deixes de abrir as coxas
No instinto insatisfeito
Dos poetas pobres
E dos estudantes vagabundos,
Nessas noites mornas do Brasil,
Quando há muitas estrelas no céu
E muito desejo na terra.»

Haverá quem considere que tal metáfora ofende a moral brasileira. Eu considero que Jorge Amado quis, tão só, abanar a consciência dos seus pares. E não será despropositado considerar que ainda hoje, quase um século depois, o Brasil continua a precisar de uns «abanões». É que ainda há dias vimos as carnavalescas eleições que por lá tiveram lugar, onde até palhaços iletrados são eleitos deputados federais. «E fica-se vivendo a tragédia de fazer ironias», como bem escreveu o autor.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Bom, ao estilo dos irmãos Cohen

Baseado no conto homónimo de José Saramago, este filme só é recomendável a quem goste de comédia negra e tenha capacidade para apreciar filmes portugueses que não se fiquem pelo eixo sexo-droga-corrupção.

O fim de um clube


Se está tão incrédulo como eu, veja aqui... Aprígio deve ter-se fartado de ser presidente...

U2 - Coimbra



Clique nas imagens para ver melhor.

“There isn’t a good weather in the economy of our countries, but that is not going to stop us from being who we are.”


Bono Vox, no Estádio Cidade de Coimbra - 3 de Outubro de 2010


Nota: a qualidade das fotos é pouca (ou nenhuma!) mas foi o que se arranjou!

Tão bom quanto difícil

Recomendo-o apenas para incondicionais do (de um dos) mestre (s) russo (s). A teia de valores, personalidades e pensamentos é magistral, mas exige concentração apurada. Definitivamente, não é leitura de café ou de praia e nem dá para fazer figura de intelectual, como gostam de fazer alguns leitores do também soberbo "Irmãos Karamázov"...

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Djobi, Djoba


Ando há dias a ver a volta a dar ao texto… Percebi então que essa hesitação e a busca de eufemismos são em si sintomas pessoais da castração ética que atingiu as sociedades ocidentais em relação a assuntos que toquem minorias étnicas.

É certo que houve colonialismo e genocídios, mas tal não deveria implicar, desde que conservados o sentido de proporção e o bom senso, que se não possa reagir ante problemas concretos e geralmente detectados.

Nas sociedades ocidentais aguentamos atentados e surtos de criminalidade, mas depois parece que tememos a censura popular e o escrutínio dos media quando toca a contra-atacar. Neste comenos, enterramos a cabeça na areia e fazemos das forças de segurança pública o elo mais fraco do triângulo vítima-infractor-polícia.

Entendo mesmo que o caso se agrava em Portugal, mercê dos complexos de esquerda que chagam ainda a nossa sociedade, mesmo passados mais de trinta anos sobre o 25 de Abril (altura em que, presumo, a coisa ainda se compreendia). Basta ver a reacção da extrema-esquerda parlamentar, sempre que um qualquer desordeiro (basta que esteja matriculado algures, tenha mau aspecto e pareça fumar ou defender quem “fume umas coisas”) é, mesmo que apropriadamente, objecto de acção física por parte de uma força policial…

Cortando cerces os rodeios, tem isto a ver com a deportação de ciganos iniciada pelo governo francês.

Numa primeira abordagem, diria que a acção foi trapalhona, se não mesmo desastrada, pois, cedo ou tarde, a liberdade de circulação para os romenos (origem dos ciganos deportados) será total.

Na mesma passada, “estúpida” é a maneira mais branda que encontro para rotular a reacção da Comissária europeia, Viviane Reding, que comparou o caso às deportações da II Guerra Mundial (e não deve ser só ideia minha, já que a senhora e o Presidente da Comissão vieram com a tradicional varridela para de baixo do tapete; leia-se, foi um “mal entendido”).
Falemos com clareza e com base em alguns factos: a França é um país com alguns problemas desta sorte. A mais do caso sub judice, existe o problema de uma população ocidental envelhecida face à multiplicação geométrica da população islâmica nascida no país. Não que seja um mal em si, mas existem estudos que teorizam a hipótese de, em algumas décadas, haver uma maioria islâmica a votar para eleger o presidente gaulês.

Depois, creio que foi documentado o facto de, por vezes voluntariamente, estas comunidades arreigadamente nómadas viverem em condições da mais acabada insalubridade.
Em terceiro lugar, embora havendo casos de integração social perfeita de ciganos (e não creio que tenha havido problemas com estes), muitos membros destas comunidades recusam as regras (de ordem pública, de urbanismo, de ecologia, de fiscalidade, etc, etc…) dos seus anfitriões. E nem me venham com a história de que fazem parte dos países onde estão. Se assim é, mais uma razão para cumprirem as regras, dos rendimentos sociais a todas as demais.

Por fim, diga-se que existem problemas no combate à criminalidade cometida por membros desta comunidade. Quem não conhece alguém que teve medo de impedir um adolescente Roma de roubar um haver pessoal ou um supermercado com medo da represália dos mais velhos?

Quem nunca ouviu falar dos problemas das polícias em investigar delitos com esta autoria?
Quer isto dizer que todos os ciganos são criminosos? Jamais! Se calhar, a maioria não é, nem nunca será. O problema é que a cooperação pelos demais no combate aos episódios ocorridos é nula.

Resumindo: a solução para evitar radicalismos como o do caso francês é a aceitação de regras democraticamente aceites pela maioria, sem pôr em causa o direito à diferença cultural. Dito de outra forma, temos que deixar de viver em nações flácidas ou timoratas e de atar as mãos dos nossos agentes de segurança pública, desde que estes ajam com conta, peso e medida.

* texto da autoria de Gonçalo Capitão
foto d'aqui

terça-feira, 21 de setembro de 2010

"Hardcore - 1.º escalão"

Acaba por ser bom ser cidadão de um País que nos fornece tantas pilhérias… O problema é quando as coisas têm menos piada, por, apesar de ainda caírem no ridículo, versarem motivos sérios.

Começando pelo mais negro dos caricatos eventos do nosso Portugal, temos que tentar perceber uma ou outra lateralidade do “Processo Casa Pia”; deixemos de lado os anos que demorou o processo, quem devia ser acusado e não foi (a acreditar no que se vai ouvindo e lendo) e outras coisas já debatidas até à exaustão.

Assim, assisti interessado à defesa de Carlos Cruz em conferência de imprensa, logo após o conhecimento do acórdão que o condenou a pena de prisão. Sinceramente, não ouso beliscar a sua presumível inocência (coisa para durar anos, já que se não antevê para breve o trânsito em julgado da sentença) ou esquecer o seu passado de grande comunicador.

Todavia, por óbvia limitação própria não compreendo, designadamente, a parte da alocução em que Cruz alega que foi envolvido no Caso por ser conveniente ter uma figura pública envolvida para credibilizar o processo. Menos ainda compreendo a nossa cada vez mais empobrecida comunicação social, uma vez que não era preciso sequer recorrer à Wikipedia (lamentavelmente e à míngua de boa “bagagem” cultural, fonte de informação de muitos neófitos), para perguntar algo como: assumindo que isso é verdade (necessidade de uma figura pública), por que escolheram Carlos Cruz e não Júlio Isidro, João Baião, Malato, Fernando Mendes, José Alberto Carvalho ou qualquer outro jornalista mais em voga do que o retirado Cruz?

Um ingénuo espectador (como eu) responderia: por só haver indícios/prova contra o acusado… Mas parece que a culpa é dos moços…

Admitamos agora, por um instante, que Carlos Cruz foi a figura pública falsamente envolvida por outras razões que não a participação nos hediondos crimes pelos quais foi condenado. Convinha, então, que explicasse aos mortais em que teias negociais ou solidariedades ocultas se envolvera para que merecesse ser alvo de tão horrível conspiração…

Uso o exemplo de Carlos Cruz não por ser o mais mediático, mas sim dos mais faladores. Não por ter algum preconceito contra ele, mas sim para exemplificar coisas mal explicadas. Não por acreditar que os demais condenados são inocentes, mas por suspeitar de que não se apanharam todos os culpados.

Se os envolvidos tanto sabem sobre o quão curta ficou a acusação, por que razão só falam depois de saberem que foram condenados? Não seria de interesse público que acusassem quem sabem que também participou, logo no início? E se sabem ou suspeitam de que há mais gente envolvida, ainda que apenas insinuando (a suprema cobardia, diria eu), como podem alegar que nada tiveram a ver com o caso?

Enfim… Era para rir, se não fosse tão grave!... Como se usava no cinema e na canção dos GNR é um filme “Hardcore – 1.º escalão”.

Para apreciadores do género - Bom

Estamos tramados!

Oxalá me engane, a bem de todos nós...

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Às vezes...

Às vezes fico com a sensação que o próximo orçamento de estado é do PSD e não do governo Socialista… Parece que o primeiro-ministro é o Pedro Passos Coelho e que todos os males deste país (incluindo a crise), é culpa sua…
Serão assim tão eficazes as ditas agências de comunicação???