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sábado, 12 de março de 2011

Dou a mão à palmatória

As manifestações de hoje atingiram números surpreendentes, que eu, crente na apatia dos portugueses, nunca julguei possíveis. Claro está que o tempo ajudou – como disse alguém, os revoltosos ficam menos revoltosos se tiverem de sair de um ambiente confortável -; claro que muitos dos que marcaram presença já há muito passaram os vinte (eu bem disse aqui que os jovens estavam a ser narcisistas); claro que havia várias causas à mistura, desvirtuando o movimento inicial; claro que houve muito de partidário nisto (do Bloco à JSD, passando por dinossauros políticos como Garcia Pereira); claro que a coisa foi abrilhantada por uns quantos deputados da esquerda, uma dúzia de cantores ditos de intervenção e resquícios do Carnaval (máscaras, vassouras e muitos óculos fantasiosos).

Porém, reconheça-se, foi um interessante exercício de cidadania, sobretudo por ter sido pacífico e não tomar contornos como noutros países, provando que a democracia está bem e recomenda-se, mesmo quando tudo o resto vai mal. O povo levantou o rabo do sofá, saiu à rua e chamou à atenção para os seus muitos e variados problemas.

Porém, era bom que não se ficassem por aqui, era bom que à semelhança de hoje fossem à procura de soluções e não ficassem a choramingar por melhores dias. O país está a atravessar uma crise grave, é certo, mas os jovens também estão acomodados (a própria música que inspirou o movimento dita que «sou da geração sem remuneração e não me incomoda esta condição (…) sou da geração ‘casinha dos pais’, se já tenho tudo p’ra quê querer mais?»). Querem tudo à mão de semear e esquecem-se que têm que levantar o rabinho (perdoem-me a expressão, mas acho-a oportuna) para outras coisas, como procurar emprego noutras frentes.

A propósito, aqui ficam três exemplos desse conformismo e de como há mais alternativas do que possa parecer:

* Hoje mesmo passou na rtp uma reportagem sobre uma empresa no concelho de Viseu que não consegue contratar pessoal especializado (engenheiros para ordenados médios superiores a 1000€) e que por causa disso diminui a sua produção e perspectivas de melhorar a sua qualidade;

* A Alemanha tem um tecido empresarial tal, que absorve todos os seus jovens qualificados e, ainda assim, precisa de muitos mais, pelo que tem requerido aos demais países da Europa (sobretudo Espanha) que lhes enviem jovens de áreas várias (engenheiros, médicos, enfermeiros e até cozinheiros!);

* Na Suíça e na África do Sul, bem como noutras comunidades portuguesas espalhadas pelo Mundo, muitas vagas de professores de Português não são preenchidas, ano após ano, deixando os lusodescendentes sem direito a aprender a língua de Camões. Isto, enquanto passamos a vida a ouvir falar de professores desempregados – não digo que mudar de país seja fácil, mas para os mais novos, que não estabeleceram ainda família, não é propriamente insustentável!

Em suma, dá-me ideia que ao contrário dos nossos pais e avós, que outrora partiram (embora em condições inferiores, pois não tiveram oportunidade de ter a formação que actualmente temos), à procura de alternativas fora do seu casulo, as novas gerações estão à espera que a sorte esteja à sua espera na porta do lado.

terça-feira, 8 de março de 2011

Homens da Luta - qual luta?!


Enquanto metade do país se congratula com a vitória dos Homens da Luta no Festival da Canção deste ano, a outra metade - da qual eu faço parte - dá por si a perguntar que raio de país é este (esse, já que escrevo de longe) que se revê numa dupla de (duvidoso) humor, cabelo lambido e ar propositadamente trôpego, palavras cheias de nada e pretensões de contracultura.

Não vi o Festival, nem estou a par dos demais concorrentes e da sua qualidade (ou falta dela), mas por muito maus que fossem, nada é tão mau como esta dupla que ridiculariza um país e um povo. Antes representada pelas Wandas Stuarts, Tonichas e Sabrinas, gente genuína e assumidamente lamechas, bem à portuguesa, que por dois palermas que levam até à Alemanha um número de circo que só irá confirmar, perante toda a Europa, a palhaçada que vai por estes lados.

E nem que o arranjo musical fosse bestial, nem que a letra fosse soberba, que não é. Muitos estão convencidos que a música é de intervenção, que a letra de A Luta é Alegria é oportuna e cheia de palavras de ordem, mas não só não há quaisquer resquícios de intervenção no conteúdo desta canção, como não vejo onde é que alegria rima com o estado do país...

E a luta, que luta é essa que os dois humoristas preconizam? Que contributo é que ambos deram ao nosso país? Foram dados a conhecer por um decadente programa de televisão e por sistemáticas intervenções despropositadas e ofensivas em actos solenes, comícios partidários, etc. Ah, espera, também são conhecidos por discursos a transbordar de conteúdo, que oscilam entre "camarada" e "e o povo, pá?".

E é com isto que o português se identifica? Com gente sem mensagem, que é do contra porque sim, porque é muito mais fácil captar atenções a esparvoar, que a actuar. É mais fácil ligar para uma linha de valor acrescentado ou deixar um «gosto disto» no facebook, que arregaçar as mangas e ir à procura de soluções. É mais fácil acreditar que o país pode mudar só porque dois tipos vão ao país de Angela Merkel debitar meia dúzia de parvoíces em camisa de flanela e acordeão ao peito.

No fundo, e ironicamente, os Homens da Luta representam precisamente os portugueses que não vão à luta, que bocejam a ver o país a afundar e que só espevitam ao som de megafones e palavras de ordem ao acaso, com muita farsa à mistura, pão e vinho – como dita a música - que isto é que alimenta o povo…!

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Mobilizar [via Facebook] é o que está a dar

As redes sociais têm tido um papel fulcral nos protestos que grassam pelo Médio Oriente e Norte de África, o que chega a ser um bocadinho assustador. Através do Facebook, Twitter e semelhantes, a capacidade de mobilização da sociedade é tal, que acaba por estar na origem da queda de regimes no Egipto e Tunísia. No caso do Egipto houve quem, para comemorar o feito, baptizasse a filha com o nome Facebook, dado o relevo desta rede social naquele acontecimento. Por cá, e embora estejamos a falar de situações políticas diferentes, a mobilização via redes sociais também vai dando que falar. O Protesto Geração à Rasca, que terá lugar no Porto e em Lisboa a 12 de Março próximo, já conta com quase 19 mil pessoas «confirmadas» na página do Facebook criada para o evento. Resta saber se essas pessoas se mobilizam mesmo e aderem, ou se apenas se contentam em gostar da iniciativa, com a facilidade de um clic.

O Professor de Ética ficou sem ela...


Há tempos aqui fiz notar a minha admiração pelo escritor e filósofo Fernando Savater, não só pela sua obra, cujo fio condutor é a Ética, mas também pela sua coragem, na frente de combate ao terrorismo no país Basco, mesmo quando ameaçado de morte, inúmeras vezes, pela ETA. Porém, hoje o meu encanto por Savater desvaneceu, ao ler as declarações descabidas que fez à cadeia televisiva do país vizinho, a Telecinco, dizendo-se agradecido àquele grupo terrorista, que o fez sentir "vivo, activo, metido en política y haciendo cosas de joven". Mais disse que a ele o terrorismo lhe deu "quince o veinte años más de juventud", concluindo que "me he divertido mucho".

Ora, embora facilmente se perceba que o que Savater quis dizer foi que, face ao terrorismo da ETA, dedicou-se à actividade política e não se restringiu à vida catedrática, haveria com certeza outras formas de se manifestar, mais comedidas e com um critério na escolha de vocabulário um pouco mais rigoroso, uma vez que estamos a falar de um grupo terrorista cuja actividade tem feito inúmeras vitímas ao longo dos anos e não propriamente de uma companhia de circo. É caso para dizer que até ao Professor de Ética, a ética falha.
*imagem de Miguel Herranz

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

O prazer de votar

No âmbito das eleições ao parlamento da Catalunha, no próximo dia 28, há campanhas que têm dado que falar, mercê dos meios propaganda utilizados. Uma delas, lançada pelo Partido Popular, consiste num jogo de computador em que o jogador está encarregado de uma missão, a de eliminar imigantes; naturalmente, a brincadeira já deu muito que falar. A outra, que não fica atrás em popularidade e polémica, é de apoio ao candidato José Montilla, pelo Partit des Socialistes de Catalunya (PSC) e incita os jovens ao voto, comparando-o a um meio de obter prazer:

A ideia é da juventude do PSC, que teve a intenção de captar as atenções (não só dos jovens...) e usar um dos mais vulgares iscos de comunicação: o conteúdo sexual, ainda que não explícito. E quanto ao conteúdo político? Absolutamente nenhum. Tenho, por esse e por outros motivos, as maiores dúvidas quanto à eficácia deste vídeo. É primário e desvirtua aquilo que subjaz ao voto eleitoral. Votar é um sentido de cidadania que não toca a todos e a solução não passa, certamente, por incitar a que, qual rebanho, as multidões acorram às urnas. Votar «por votar» não nos leva a lado algum. O voto deve ser consciente, voluntário e lúcido. E para que o seja, o desejável é informar cabalmente os cidadãos das suas opções e não propriamente socorrer-nos de mensagens libidinosas.

A propósito, votar não tem nada que se assemelhe a prazer. Há uma imensidão de coisas que se podem fazer num domingo mais entusiasmantes que desencantar o cartão de eleitor no fundo de uma qualquer gaveta, locomovermo-nos até à escola primária do sítio, esperar sossegadinhos nas filas, reencontrar gente que não víamos há séculos e com quem não temos vontade de falar e, posto isto, despejar o voto na urna. Que entusiasmante.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

David vs. Golias

Em Junho passado denunciei por aqui os repugnantes e preocupantes conteúdos da novela juvenil da SIC, "Rebelde Way", tendo depois disso optado por fazer queixa junto da ERC. Ao que parece, não fui a única a insurgir-me e ainda bem que assim foi.

Face às participações, aquele organismo visionou os episódios, analisou os quatro eixos problemáticos da série que foram expostos pelos denunciantes - Linguagem, Sexualidade, Consumo de Álcool e Violência - apreciou-os à luz da Lei da Televisão e considerou que "foram recolhidos elementos suficientes para sustentar que o denunciado ultrapassou os limites à liberdade de programação, por terem sido transmitidos conteúdos que são susceptíveis de influir negativamente na formação da personalidade de crianças e adolescentes".

O resultado? A 16 de Setembro passado, a ERC deliberou instar o terceiro canal a abster-se de promover representações da adolescência relativamente a questões fracturantes sem a devida problematização e enquadramento pedagógico e instaurou-lhe um processo contra-ordenacional, que pode culminar numa coima entre 20 mil a 150 mil euros.

Eis a prova de que pugnar por uma causa está ao alcance de qualquer um de nós. E a prova de que mesmo um grande operador de televisão não é grande o suficiente para poder esmagar os limites de programação, numa ânsia desenfreada por conquistar a audiência juvenil, sem que seja punido por isso.

Felizmente, tendem a proliferar organismos junto dos quais podemos recorrer quando nos deparamos com situações que nos indignam, mesmo quando não nos tocam directamente, como era o caso. É, sobretudo, uma questão de consciência. Uma opção entre encolher os ombros e conformarmo-nos com o que nos impingem ou usar dos meios que temos à disposição - à semelhança de David e da sua fisga - para pôr na ordem os gigantes que julgamos invencíveis.

*Ler Deliberação 28-CONT-TV/2009 na íntegra, na Secção "Conteúdos";

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Dignificar a advocacia

No site da Ordem dos Advogados convidam-se os 'colegas' a lançar sugestões para uma campanha comercial "com vista a dignificar e salientar a importância do exercício da advocacia na defesa do Estado de Direito e da cidadania".

Bem pode a Ordem promover campanhas, pretendendo publicitar e dignificar o exercício da advocacia junto da sociedade portuguesa, que o povo português dificilmente deixa de franzir o sobrolho perante um causídico. É triste para quem enverga a toga mas, bem vistas as coisas, é compreensível que se tenha em tão má consideração esta classe profissional.

O problema começa desde logo na proliferação dos cursos de Direito nas privadas, bem como no numerus clausus arrepiante das clássicas. Quanto à formação, melhor ou pior, é certo que os licenciados em Direito saem com enormes carências técnicas e, não raras vezes, é-lhes vedada a possibilidade de as treinar convenientemente nos estágios. Isto não os impede de se tornarem excelentes advogados, mas dá-lhes o rótulo de «tipos que só servem para oficiosas».

E depois, há os que sabendo não ter vocação, insistem na advocacia mesmo tendo noção de que não passarão de advogados medíocres. É com esses que os portugueses esbarram muitas vezes, com tipos que envergam o título de advogado como se de uma insígnia se tratasse, com tipos que menosprezam clientes, que perdem casos por incúria, que esquecem os escrúpulos e prestam um mau serviço ao clientes, à Justiça e ao país.

São estes que mancham o profissionalismo de todos os outros que não encaixam nesse lamentável perfil (vão sendo poucos...) e são estes os responsáveis pela pouca consideração que a sociedade tem para com esta classe. Embora seja de louvar o esforço da Ordem, isto não vai lá com campanhas.

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Movimentos Cívicos: uma faca de dois gumes


O País tem vindo a assistir, nestes últimos anos, a um saudável fenómeno democrático: a proliferação de movimentos cívicos. Emergiram no contexto de dois referendos portugueses, em redor dos quais tiveram um papel activo que nunca antes se lhes havia permitido. Se até aí o seu impacto na sociedade civil era esporádico e cingia-se ao plano local, hoje o cenário é bem diferente, pese embora os principais mediadores entre a sociedade e o Estado continuem a ser os partidos políticos.

Não obstante, o inegável peso dos movimentos de cidadãos no palco político conduziu a uma revisão constitucional no ano de 1997 que passou a permitir que estes tipo de movimentos pudesse concorrer a todos os órgãos do poder local (até então apenas podiam aspirar às juntas e assembleias de freguesia). A importância desta conquista tem-se traduzido no crescente número de candidaturas não partidárias às eleições autárquicas. Compare-se o número de candidaturas independentes às Câmaras deste país nos últimos anos: se em 2001 se registaram vinte e uma, em 2005 foram vinte sete e, neste ano de 2009, serão cinquenta. Por terras de Cister (leia-se: Alcobaça) as autárquicas que se avizinham contam com quinze candidaturas independentes num universo de dezoito freguesias e uma só Câmara.

É certo que se alguns destes movimentos nascem pela mão daqueles que (aversos ou não à militância partidária) pretendem colocar-se ao serviço do bem comum, outros surgem tão só para permitir que autarcas que entraram em cisão com o seu partido concorram em eleições autárquicas. E é pela mão deste movimentos que autarcas como Fátima Felgueiras e Isaltino Morais (entre outros maus exemplos) se perpetuam no poder. Por isso digo que os movimentos cívicos são como uma faca de dois gumes. A sua génese pode ter estar impregnada de boas intenções, mas há quem a degenere e deles se sirva para colocar em marcha os seus (pouco nobres) interesses.

Ainda que efémeros, - regra geral surgem para um fim que se alcança ou se frustra numa certa data, nas urnas - os movimentos de cidadãos de carácter eleitoral são talvez os mais expressivos. Há depois aqueles que, tendo em vista o bem comum, nascem para junto dos órgãos actuantes reivindicar determinadas medidas. Contudo, parece que o clima pré-eleitoral é fértil ao florescer de movimentos cívicos que surgem à toa, à procura de um protagonismo a construir à sombra de uma qualquer reivindicação. São grupos de interesse com intenções de duvidoso altruísmo e, algumas, a meu ver, bem disparatadas.

Atente-se, a este propósito, ao movimento que, na passada semana, ressurgiu a defender a transferência da freguesia de São Martinho do Porto para o concelho das Caldas. Escudam-se na distância entre aquela Vila e a sede do concelho e alegam falta de atenção por parte do edil alcobacense. Quanta ingratidão!

Frequentei o Ensino Básico em São Martinho do Porto e veraneei ali desde sempre, pelo que bem sei o que foi - e aquilo que é hoje - aquela vila. Evoluiu sem que quem a governa a deixasse cair num processo de descaracterização, o que já por si é louvável. Mas parece que ainda assim a melhoria das acessibilidades e das infra-estruturas, a requalificação da Marginal, a manutenção do fluxo turístico, a aposta cultural (obviamente sazonal) e tudo quanto este município tem investido na bonita Vila de São Martinho não é reconhecido por duas dezenas dos seus habitantes. É consabido que a freguesia precisa de mais, mas que freguesia deste país se pode arrogar “plenamente satisfeita” consigo mesma?

Quanto ao argumento “proximidade”, que seria deste país se todas as franjas dos concelhos se lembrassem de andar a saltitar de concelho em concelho ao sabor das conveniências? Em Bragança, há freguesias que distam a 40 km da sede de concelho e nunca ouvi nenhuma delas clamar pela integração numa qualquer cidade fronteiriça de Espanha.

Apele-se ao bom senso. E, sobretudo, relembre-se que a cidadania é uma conquista demasiado nobre para ser usada ao desbarato. Os movimentos cívicos podem ser uma excelente plataforma para que o comum cidadão contribua para a melhoria da qualidade de vida da sua terra mas, tal como nalguns processos eleitorais, não se recorra a eles com a leviandade e a cobiça que inquinam a democracia.

* também publicado na edição de 3 Setembro do jornal «Região de Cister»;

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Como combater a abstenção II

Já diz o ditado que depois da tempestade vem a bonança. Em 2007 o furacão Katrina devastou a cidade de Nova Orleães e desde então o trabalho de reconstrução da cidade tem sido intenso. À frente da construção de centenas de habitações esteve a incansável Make it right Foundation, fundada por Brad Pitt. O actor mantém uma estreita relação com a cidade desde 1980, altura em que ali foi rodada Entrevista com o Vampiro e agora há quem o queira ver como Mayor da maior cidade do Louisiana. Dizem que há 13 razões para eleger Pitt. (Treze?!!!) Sortudos, hein..! Nós por cá continuamos na senda dos Isaltinos, dos Moita Flores, dos Narcisos Miranda. Não aprendemos com as Europeias. Depois queixem-se das taxas de abstenção e do desinteresse dos portugueses pela política. Pudera!

domingo, 7 de junho de 2009

Tendências

No discurso de apelo ao voto, o Presidente da República optou por uma indiscreta gravata laranja. De qualquer das formas, antes isso que lilás...

terça-feira, 21 de abril de 2009

Estupidez decotada

Uma das mais recentes risotas da vida pública nacional tem a ver com as normas de conduta relativas ao vestuário das funcionárias da nova Loja do Cidadão de Faro, que foram diligentemente expendidas por algum(a) inábil mas diligente serviçal, numa acção de formação especialmente agendada para tão inaudita mostra de falta de bom senso.

Segundo o que pode ler-se, as proibições abrangiam decotes exagerados, saias curtas, perfumes agressivos, peças em ganga, saltos altos e roupa interior escura…

Porém, para que não me interpretem mal, vamos por partes: obviamente que, defendendo eu que haja regras, também advogo que haja bom senso na sua formulação.

Seria ridículo, se uma funcionária se apresentasse de blusa escura ou opaca, exigir uma vista prévia às intimidades da senhora, que poderiam passar, vá-se lá saber, por nem sequer ostentar resguardo (escuro ou claro), total ou parcialmente. Acresce que me parece excessivo o simples exame de transparência, no caso de uma das atrevidas servidoras públicas se fazer guarnecer de trapos exteriores claros. O mesmo digo do uso de saltos altos, que seria insano vetar, dado ser o cúmulo limitar o serviço de atendimento ao público a maiores de 1,70m ou fiscalizar o uso de sabrinas ou outro calçado raso… Talvez por isso estas duas proibições tenham sido negadas, de forma peremptória, pela Agência para a Modernização Administrativa.

Também terá sido uma ideia de jerico se, mesmo que o contingente inicial só abranja cidadãs, não se previram normas similares para os cavalheiros que ali prestem ou venham a prestar serviço; falo, por exemplo, do uso de casaco e da proibição de sapatilhas. Dito de outro modo, será um apalermado labéu contra as mulheres, se não houver razão bastante para se não proibirem palitos ao canto da boca, pelos de fora da camisa ou sovacos suados aos homens.

E claro está que a União de Sindicatos do Algarve, aproveitando para fazer uma prova de vida e justificar as quotizações que pede, aproveitou para um foguetório à conta do tema, fazendo crer que defende algo de essencial, quando faria melhor em pedir formação a sério para os funcionários.

Indo, contudo, mais fundo, mais do que uma saia ou um decote, o que está em jogo é o complexo do “é proibido proibir” que o 25 de Abril instalou no nosso malfadado espírito latino e que fez que se confundisse a defesa do bom senso com uma luta contra um fantasma de fascismo em que ninguém se reconhece.

Servem estes episódios para sindicatos, Bloco de Esquerda e algumas figuras sem pouso certo continuarem a explorar, com demagogia, o desamparo de muitos. Todavia, mesmo os que não tenho nessa conta, como é o caso de Helena Roseta, parecem ter-se deixado contaminar pela desorientação destes tempos cinzentos; basta ler o “Público” de 14 de Abril para a “ouvir” dizer que “o 25 de Abril acabou por ser também uma libertação no tocante ao vestuário”… Como?!... Exigir aprumo é ser adepto do Estado Novo?! Quererá a Sra. Arquitecta ser atendida por uma funcionária que lhe mostre a roupa interior (dado o decote) ou que mastigue pastilha elástica? Já bem basta os museus – constatei-o no Museu do Chiado – estarem na vergonhosa situação a que este Ministro os deixou chegar, tendo que socorrer-se de voluntários (gente de louvar, sublinho) a quem não dão uma farda ou um fato à altura do espaço… Que se comecem a ver calças de ganga na assistência do São Carlos, já me vou habituando, mas os seus funcionários continuam a trajar impecavelmente.

A meu ver é compatível a exigência de rigor sem cruzar a fronteira da liberdade individual. Os que pensam em contrário foram alguns dos que, se calhar, estiveram na primeira fila do facilistismo instalado no ensino e que faz com que, mais do que exigir conhecimentos, haja a preocupação de não “traumatizar”. No fundo, instala-se uma mentalidade à luz da qual exigir civismo é adorar o fascismo… Claro que a defesa de normas comportamentais ficam de rastos, quando a razoabilidade também perde roupagem, como poderá ter sucedido em Faro…

O que falhou na capital algarvia foi o bom senso de um qualquer formador, que podia ter passado a mesma mensagem de forma mais hábil, não a “desnudando” ao ponto de deixar crescer a chalaça demagógica de libertários que do caos querem fazer o seu poder.

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Heróis cor-de-laranja?... Não, obrigado..!

No final deste mês decorre em Penafiel o XX Congresso da JSD e, num ano em que é impossível ignorar que a crise bateu à porta, terá ocorrido a alguém da organização aproveitar esta reunião bienal de centenas de jovens para reunir esforços em torno de uma causa: a pobreza que prolifera pelo país fora.

A ideia é (ou era...) pedir aos congressistas e observadores que levem um pequeno contributo, o qual pode chegar - segundo as estimativas - às duas toneladas de alimentos. Pois bem, encetaram-se contactos com o Banco Alimentar contra a Fome, distinta Instituição que opera nesta área, a qual se deu ao luxo de recusar - sim, RECUSAR! - a ajuda, recorrendo a um argumento tão primitivo quanto descabido.

Isabel Jonet, Presidente do BA, rejeitou a ajuda vinda dos jovens social democratas invocando tratar-se de uma instituição apartidária. Alguém explica à senhora que ninguém põe isso em causa?! Alguém que lhe lembre que o que está em causa é ajudar quem mais precisa e que quem mais precisa não olha a cores partidárias quando a fome ataca? Melhor, alguém que lhe lembre todos os portugueses que o têm feito ao longo dos anos provavelmente também terão uma inclinação partidária, factor que em tempo algum se ouviu dizer que prejudicava as pessoas que recebem ajuda?!...
E por que não perguntar-lhe sobre a sua posição se a Casa do Benfica de Freixo de Espada-à-Cinta fizer o mesmo?! Será que vai negar à ajuda, receosa da sensibilidade dos adeptos portistas?... ... Por favor, alguém que lhe explique que os alimentos com que os militantes da JSD possam contribuir também matam a fome...

Em suma, num Portugal em que existem mais de dois milhões de pobres e face a uma realidade que se teima em ignorar - os "novos pobres" - o Banco Alimentar dá-se ao luxo de rejeitar ajudas, dada a militância partidária dos ajudantes. Não é dificil de perceber que a acção, a mais de consciencializar os jovens para um problema grave que grassa no nosso país, pretende aproveitar a logística de um evento onde se reúnem mais de um milhar de pessoas para fazer um contributo que seria impensável se 'obrigasse' os militantes a deslocarem-se ao armazém do BA em Lisboa para o fazer...

E mesmo que alguns aqui vejam populismo ou aproveitamento político, é bom lembrar que nestas coisas "valores mais altos se alevantam" e que a maledicência face às juventudes partidárias já enjoa. Se fazemos é porque fazemos, se não fazemos é porque não fazemos... Decidam-se!

quinta-feira, 31 de julho de 2008

Haja esperança!

O Movimento Esperança Portugal foi hoje reconhecido pelo Tribunal Constitucional como partido político, cuja estreia no plateau da política portuguesa foi em grande e merece, por isso, destaque. É que dos seus 9888 subscritores, a grande maioria são jovens com idade inferior a 30 anos. Sinal de que os jovens estão finalmente conscientes do contributo cívico que podem ter? Assim espero. Mas há mais: Cerca de 55% daquele número corresponde a... mulheres! Sinal inequívoco de que a participação massiva no feminino é possível, e não sobrevive de quotas. Sinal de... esperança!

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Longe dos fundos comunitários, longe do coração

Em 1986 regozijámo-nos com a entrada na, então, CEE. Mas volvidas mais de duas décadas damos indícios de menosprezo face à união de uma Europa que outrora tanto ansiámos. E nem a presença de um português ao comando da Comissão Europeia nem a capital lusa a dar nome ao Tratado nos fizeram aproximar da actual UE.
Pelo menos é o que se pode deduzir do relatório do Parlamento Europeu, apresentado na passada semana, o qual revela que só 54% dos portugueses sabe que os eurodeputados são eleitos directamente pelos cidadãos, sendo que desses apenas 1% sabe que as eleições europeias se realizam já em 2009. Números um tanto ou quanto vergonhosos que ainda assim não parecem ser suficientes para pôr os partidos a mexer.

As Europeias são as eleições que ao longo dos anos registam maior abstenção, mas ainda assim os partidos só concentram esforços nas legislativas, autárquicas e presidenciais, relegando aquelas para segundo plano. Depois, admiram-se das altas taxas de abstenção e procuram bodes expiatórios - em 2004, foi a época estival e o Europeu de Futebol...
É que esta abstenção não é só ditada pelos eurocépticos ou pela crescente insatisfação dos cidadãos quanto às instituições europeias. Tem também muito que ver com o desconhecimento do papel e da voz que o Parlamento Europeu pode ter no rumo do Velho Continente. E é aqui que entra a tarefa dos partidos: dar a conhecer aos portugueses a importância do PE, explicar-lhes o quão errónea é a ideia de que tais eleições não têm real impacto no nosso quotidiano e, por fim, mostrar-lhes o que está em causa quando se leva a cabo a maior eleição transnacional do Mundo.

Adenda: Já aqui havia sido abordada esta problemática que é o défice democrático evidenciado pelos europeus, embora o contexto fosse particularmente o do Tratado de Lisboa.

quarta-feira, 21 de maio de 2008

Lê-se

"Quem observa diariamente o mundo dos blogs, como eu faço, não pode concordar com o Presidente da República: gente interessada com a politica, é o que não falta. Como escrevia Gonçalo Capitão no blog Ainda Há Lodo no Cais, talvez a solução para a preocupação de Cavaco passe por aqui: «é tempo de envolver no projecto da casa quem vai ter que a habitar...». Gonçalo falava do PSD, eu alargo a ideia ao país e à politica que o rege."

by Pedro Rolo Duarte na sua "Janela Indiscreta"

terça-feira, 13 de maio de 2008

Ah, e tal, a Juventude... III

Depois das preocupantes conclusões de um estudo encomendado pelo Presidente da República e divulgado em tom de lamúria nas comemorações do 25 de Abril, Cavaco reuniu ontem com dirigentes juvenis para debater a relação da juventude portuguesa com a causa pública. Dali saíram alguma ideias para acicatar as novas gerações e consciencializá-las de que, sem valores, sem capacidades, sem ambições, sem visão, sem sentido, sem rumo... não têm futuro.

A falta de sensibilidade dos jovens para as questões cívico-políticas não é novidade. Cresci com gente que não fazia a menor ideia do papel que pode e deve ter no seio familiar, no seu bairro, na sua vila, na sua escola, na igreja, na associação recreativa, etc, etc. Cresci a partilhar cadeiras de escola com gente que não sabia distinguir um PM de um PR, com gente que achava que cidadania era um qualquer palavrão da família do vírus HIV, gente que se juntava às manifestações por dá cá aquela palha, desconhecendo as motivações das mesmas..., e até gente que achava que uma AE era sinónimo de reduto de alunos nos tempos mortos.

O problema não é de agora. É de sempre. E não se escudem - quer os novos, quer os velhos - naquela ideia de que os jovens tendem a afastar-se da coisa pública porque o cenário político é negro. Este argumento tem tanto de falso como de perverso.
Vejamos: quando é que se nos aflora a vontade de participar, denunciar, propor, defender, agir e exigir? Será que é quando as coisas correm de feição ou... precisamente quando as coisas não vão bem?!...

O comum - e o mais fácil - é imputar responsabilidade aos adultos pela irresponsabilidade cívica dos jovens. Dizer que a classe política tem que saber cativar as novas gerações e que têm que ser criadas condições e estratégias para captar o interesse daqueles - que cliché..!
Se bem me lembro, quando eu era adolescente não havia nem metade das oportunidades - e facilidades - que há hoje para poder participar activa e proficuamente na sociedade civil. E isso não impediu que criasse o meu próprio espaço de actuação cívica aos poucos e fosse adquirindo conceitos de cidadania que hoje muito estimo, que vi reconhecidos e que têm sido decisivos no meu percurso pessoal.

No que toca a cidadania e intervenção político-partidária, os jovens não tem que ser levados ao colinho. Há, e sempre houve, os que estão despertos e sabem (ou pelos menos conhecem) as vias que podem usar para fazer a diferença. E há, como sempre houve e continuará a haver, os jovens que não se envolvem mais na causa pública porque estão centrados no seu umbigo, alheios àquilo que os rodeia ou, pelo menos, àquilo que não lhes toca. E não se pense que estou a ser demasiado incisiva nesta separação (quasi 'trigo do joio' ): muitos destes últimos reconhecerão isto sem qualquer constrangimento.

Ao contrário do que possa parecer - atendendo ao que venho escrevendo - não ilibo totalmente os adultos desta questão. Aliás, creio que desses é imprescindível que parta uma mudança de mentalidade, já que há muito quem subestime ou até mesmo menospreze os novatos. É vital que se dê voz à juventude e que haja uma predisposição para escutar o que eles têm a dizer. Esta mudança influencíará desde logo a integração daqueles na sociedade, bem como o seu progresso pessoal, intelectual e cívico.

Uma outra medida é a desejável intodução no plano escolar de uma disciplina de Cidadania. Se os jovens não adquirem naturalmente valores cívicos no seio familiar ou noutros circuitos, convinha que alguém lhes dissesse que não vão a lugar algum se continuarem imbuídos nas frivolidades que a sociedade actual lhes impinge, vivendo a sua vidinha como se as demais vidas nada importassem. Este despertar de consciências poderia bem passar pela introdução daquela disciplina, alertando-os para o mundo que os circunda e para o contributo que eles podem e devem dar.

Não tenhamos ilusões: não há muito a fazer para inverter estas estatísticas. Uma ou outra medida poderá amenizar o problema e despertar alguns jovens menos propensos ao entorpecimento cívico, mas não se esperem milagres.

terça-feira, 1 de abril de 2008

Descubra as diferenças (IV)

Estação Baixa-Chiado ( Metropolitano de Lisboa, 2007)


Estação Lavapiés ( Metro de Madrid, Dez. 2007)

Já fomos rotulados de povo menos cívico do Ocidente e com frequência reconhecemos que civismo é coisa que nos escasseia. A par disso, teimamos em invejar o país vizinho e em atribuir um rol infindável de qualidades ao seu povo.
Não seremos nós, portugueses, um bocadinho sadomasoquistas..?!
De nada serve votarmo-nos insistentemente à autopunição, pese embora seja inegável que ainda temos muito a aprender em matéria de cidadania.
Atente-se ao exemplo acima. É prova clara de que temos vindo a registar significativas mudanças. Um exemplo que dá lugar a interpretações bem diferentes daquelas que habitualmente se tecem sobre o nosso povo e que nos deixa concluir que, afinal, no que toca a civismo parece que estamos um bocadinho assim à frente dos espanhóis...

sexta-feira, 28 de março de 2008

Sem saída

Lá fora ouvem-se palavras de ordem carregadas de angústia, a ponto de causar arrepios. O povo volta a sair à rua. Mesmo que não haja saída. Desta feita, os jovens assinalam o dia Internacional da Juventude com uma (oportuna) contestação às políticas de emprego. Os números mais recentes apontam - sem surpresas - para altíssimas taxas de desemprego e aumento do emprego precário, cenário que se agravará com as introduções ao novo Código do Trabalho. Mas Sócrates insiste em vender-nos um Portugal cor-de-rosa, de 150 mil empregos, de choques tecnológicos, flexisegurança e outros sound bites do género.
Alguém aqui ao lado pergunta com um ar nauseado se "aquela gente não tem mais que fazer?". "Se tivessem um trabalho estável com remuneração e condições dignas de certezinha não estariam a palmilhar meia Lisboa ao mesmo tempo que erguem cartazes e puxam pelos pulmões", apetece-me berrar-lhe. Eis a prova que há por aí muito português que não faz a menor ideia do que é desesperar por um emprego, ser-se mal pago mesmo quando se é altamente qualificado, não ter outra saída se não ser conivente com os malditos recibos verdes e tantas outras injustiças e humilhações a que as novas gerações estão inevitavelmente condenadas.

quinta-feira, 20 de março de 2008

Que Educação?




Ainda estupefacta, faltam-me vocábulos para reagir a esta crueldade, pelo que socorro-me de um cliché: "há imagens que valem mais que mil palavras". E as que se podem ver no vídeo acima dizem mais do que qualquer um de nós imaginaria algum dia ver e ouvir. Eis a prova de que neste triste país, para lá da novela das avaliações, há muito a repensar em matéria de Educação.

Ps - O episódio ocorreu recentemente numa escola do Grande Porto, cabendo sublinhar que a primeira versão do vídeo que circulou no Youtube intitulava-se "9ºC em grande", tal era o orgulho dos jovens na façanha...

sexta-feira, 14 de março de 2008

Mais vale prevenir que remediar II

O estudo é da credível Faculdade de Medicina de Coimbra e as conclusões são deveras preocupantes: Um em cada dez estudantes universitários acha que a pílula protege da Sida. Cerca de 40% daqueles não usa o preservativo. 18% dos inquiridos revelou desconhecer os comportamentos de risco. E, last but not least, o preço dos preservativos é apontado por 13% como motivo do seu não uso.

Estes são os resultados mais assustadores do aludido estudo que vem comprovar a falta que faz a este país uma verdadeira política para a saúde pública na vertente de educação sexual e, particularmente, a necessidade de rever as traves mestras das políticas de prevenção da infecção do HIV.

Ainda recentemente foquei aqui os passos que se têm dado no sentido de promover a saúde e responsabilidade sexual, nomeadamente o da distribuição acessível e incondicional da pílula e de preservativos.

Mas se naquele post imputei exclusivamente a responsabilidade aos consecutivos detentores da pasta da Saúde e seus subalternos - de certa forma mitigando a culpa dos jovens - no presente caso o cenário muda ligeiramente. É que cabe atentar ao facto de estarmos a falar de estudantes universitários - a priori com nível intelectual superior a outras camadas da sociedade - logo, com o dever próprio de se manterem devidamente informados e de pautarem o seu comportamento com a mesma maturidade que frequentemente invocam noutros contextos...

Se os jovens universitários revelam estar mal informados e indiciam comportamentos de risco, que se passará com os demais grupos etários e de inferiores bases educacionais? ... A resposta deverá servir para alertar, de novo, aqueles que neste país insistem em preterir o "prevenir" pelo "remediar". Refiro-me não só aos governantes, respectivo ministério, instituições e profissionais de saúde, mas desta feita também ao cidadão comum. Este não pode, nem deve, passar a vida a recambiar a culpa para as aludidas entidades, porque também a ele lhe é exigível o conhecimento da realidade, atrevendo-me mesmo a considerar que a autoconsciencialização pode neste contexto configurar um dever cívico...