Estamos fritos!
Os portugueses habituaram-se a ver no “senhor Presidente” o último baluarte de respeitabilidade da classe política, algo para que concorrem amplamente a sua eleição por sufrágio directo, universal e secreto, a natureza unipessoal do cargo e as suas “funções de Estado”.
Todavia, em cinco candidatos com base de apoio partidária (a conversa da emergência a partir da sociedade civil é muito bonita, mas já em 2001 não havia quem riscasse sem estar apoiado pela partidocracia) é preocupante e lamentável ver quatro quintos da banda a tocar um requiem, desde logo pelos motivos do parágrafo anterior; ou seja, é de temer quando quatro candidatos a Chefe de Estado – Soares, Alegre, Jerónimo e Louçã – proferiram já declarações em que reconhecem como bom motivo programático impedir a eleição de Cavaco Silva.
Para se perceber também o lado burlesco, era como se um candidato à presidência do Benfica dissesse que o objectivo primeiro da época era evitar que o Sporting ganhasse, como se um candidato a Secretário-Geral da ONU se propusesse encarnar os princípios da organização, começando por dizer que queria derrotar o concorrente de outro país, ou como se entrássemos no autocarro para deixar de fora o tipo que vem a seguir na fila…
Se fosse Cavaco a proferir uma pérola destas, a cruxificação na praça pública, precedida de esquartejamento mediático, seria a mais leve pena a esperar.
Importava que os candidatos garbosamente auto-designados de esquerda (o velho maniqueísmo de volta) começassem a pré-campanha positiva, sob pena de tornarem Cavaco numa espécie de candidato solitário, mais rápido a ser eleito do que a sua própria sombra.
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