sexta-feira, 31 de julho de 2009

Há Lodo em Angola


Dois membros da Lodo SAD (eu próprio e o senhor Gaspar das Colmeias-Diogo) estão de partida para uma mega reportagem a partir de Angola. Vamos reportar a partir de Luanda e do Luau uma "cidade" a 1300km da capital na fronteira com o Congo. Prometemos amplas discrições da cultura, da geografia do país e claro de tudo o acharmos pitoresco. Começamos a explorar já amanhã, até lá.

quinta-feira, 30 de julho de 2009

Como combater a abstenção III

Quando Manuel Alegre veio recentemente defender a possibilidade de candidaturas independentes às legislativas, confesso que foi esta a primeira imagem que se me assomou de um Governo eleito em tais condições. E vai daí, talvez nem fosse assim tão mau. Até porque eles em tempos já experimentaram pisar o campo político e, reconheça-se, é logicamente impossível ser-se mais fedorento que o actual Governo.

Actual, mas monótono

Regular

terça-feira, 28 de julho de 2009

Não cobiçarás a mulher do próximo

"[Joana Amaral Dias] deveria já ter vindo a público esclarecer tudo o que há para esclarecer (...) Não o ter feito ainda, com o avolumar de suspeitas dos últimos dias, está tornar o seu silêncio ensurdecedor"
[Editorial da edição de hoje do Diário de Notícias]

O mesmo PS que aprovou a Lei da Paridade é o mesmo PS que anda por aí a bajular as mulheres dos outros*, tal é o desespero. E bem à semelhança dos relacionamentos amorosos, um affair nem sempre corre bem, arrisca-se a ser desvendado em menos de nada e depois, depois é o filme de sempre, o traído a pedir explicações, o amante a negar que cortejou a moça, a moça a encolher-se perante tamanha vergonha.

Joana Amaral Dias já se havia aproximado da facção socialista em tempos idos, uma vez mandatária da candidatura presidencial de Mário Soares. Louçã não terá gostado e o certo é que três anos depois afastou-a da direcção do Bloco. E vai daí José Sócrates pensou que era uma óptima oportunidade para galantear a ex-deputada bloquista. Parece que levou um não, mas na lei do bom senso e da sensibilidade partidária a tentativa também é punível.

Já dizia o décimo mandamento do Velho Testamento qualquer coisa como «não cobiçarás a mulher do teu próximo», mas Sócrates parece mais dado às filosofias que à religião e moral. Não obstante, a lição serve para os dois, já que a tentação só se tornou mais irresistível porque Louçã menosprezou uma militante de calibre, tornando-a assim mais cobiçável aos olhos dos outros.


* deixo à V. consideração a inclusão neste epíteto de Miguel Vale de Almeida, defensor LGBT outrora ligado ao Bloco e hoje candidato à AR nas listas do PS ;

terça-feira, 14 de julho de 2009

A tinta que uma morte faz correr

No passado dia 25 a morte de Michael Jackson interrompeu as emissões das televisões de todo o mundo e, sem que alguém o esperasse, viveu-se de perto o desaparecimento do cantor. Nunca a morte de uma celebridade teve tamanha cobertura mediática. Nesse plano, pode até cair-se na tentação de compará-la à da princesa Diana de Gales, mas essa ocorreu há mais de uma década e aí as tecnologias ainda estavam a milhas de chegar onde chegam hoje.

Não se estranhe por isso que o súbito desaparecimento do Rei da Pop tenha tido a maior cobertura da história da internet e um impacto por todo o mundo que não é fácil de estimar. Por cá, sabe-se que Michael Jackson foi a personalidade não fictícia mais pesquisada pelos portugueses no primeiro semestre de 2009, com 84 mil cibernautas a digitar o nome do músico nos motores de busca.

Na tv, os noticiosos de todo o mundo seguiram até à exaustão as reacções de Hollywood, dos fãs e de um sem fim de personalidades - como o Presidente Obama ou até Nelson Mandela - que se pronunciaram com emoção sobre a morte do músico. Recuperaram-se do baú entrevistas com Michael Jackson que vieram ocupar horários nobre usualmente dedicados à ficção. Os canais de música dedicaram horas e horas de videoclips dos tempos áureos do cantor e as vendas dos seus discos dispararam: no Reino Unido seis deles ocupam o Top 10 de vendas e em Portugal o cenário não diverge muito, com três discos nos seis primeiros.

Sucede que, no entretanto, vem-se caindo no exagero e corre-se até o risco de ridicularizar o desaparecimento do músico com tanta notícia supérflua. As polémicas começam logo com as especulações em torno das razões da sua morte, deixadas em branco na respectiva certidão de óbito, sendo que até que a autópsia seja conclusiva, tudo se dirá. Valha-lhes a imaginação.

Inevitável foi também o tema do testamento, um mistério desvendado para desgraça de seu pai, que se viu excluído da herança. E vai daí parece que se lembrou de acautelar a vida, anunciando que vai reunir os netos e formar uma nova banda à semelhança dos Jackson 5. E claro, já cá faltavam as ex-mulheres, essas que vêm à tona sempre que uma celebridade tem um fim trágico. E lá veio uma delas revelar que o pobre Michael não era o pai de Prince e Paris. E a imprensa, sempre atenta, a dar-lhes voz.

A mesma imprensa que, incansável, deu-se ainda ao trabalho de nos revelar que a mãe do Rei da Pop foi ao cabeleireiro antes do funeral do filho, imagine-se! No entretanto disputavam-se entradas para a cerimónia fúnebre e os fãs sorteados lá abanavam os ingressos na mão com um sorriso nos lábios. O showneral, mais festa que outra coisa, teve direito a cantorias e muitos óculos escuros, um espectáculo que as nossas prezadas tv's transmitiram em directo. Tudo muito bonito. Só Mariah Carey veio pedir desculpas pela sua performance, que disse ter sido medíocre. Estávamos todos ainda a pensar nisso, darling... Do que ninguém se lembrou foi dos milhões que custou a cerimónia, milhões esses que sairão do bolso do contribuinte. Parece que a procissão ainda vai no adro...

Mas se julga que não há mais tema de conversa em torno de cantor, atente ao que se segue: numa reportagem feita pela CNN em Neverland, para o programa Larry King Live, há quem diga que pelos corredores da casa andava o fantasma do cantor. Já o "The Sun" publicou uma fotografia de um carro onde o seu dono afirma ver reflectida a imagem de Jackson. E no Brasil, circula uma foto de um tabuleiro de carne assada cujos restos formaram o seu rosto. Sim, isso mesmo, um tabuleiro de carne assada!

Enfim, parece que vale tudo. Benditos os media deste século XXI que nos trazem a informação a uma velocidade que nunca antes se pensara. O problema é que o mediatismo da coisa conduz ao exagero, ao ridículo e até à desinformação. A imprensa bebe tudo quanto jorra sobre a vida e a morte do cantor, sem pingo de critério. Falta um filtro, falta sensibilidade e falta bom senso. E assim se transforma a morte de uma estrela num folhetim sem fim à vista. Muita tinta já correu e muita tinta irá correr.

sábado, 11 de julho de 2009

As causas do nosso atraso

Numa reunião havida num órgão regional da Administração Central, para justificar o facto de, há mais de um mês, ter em sua posse um processo de interesse comum, sem que tivesse lido uma linha, antes da dita, pude ouvir um dirigente intermédio da identidade em causa proferir a seguinte pérola:

"Pois é... O tempo passa e as coisas são assim!..."

E ainda vai ter uma boa avaliação, não me admiro...

Quem sopra assim não é gago

O CoolJazzFest mantém alta a bitola!

Este ano, começámos com Joshua Redman, um saxofonista de um talento impressionante, que, com o seu trio, empolgou a assistência que, na Cidadela de Cascais, aguentou o frio que deu ares da sua graça, graças ao calor que brota da sua música e da que, não sendo da sua lavra, interpreta sempre com um cunho pessoal.

A ouvir e ler aqui e além.

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Idiota e repugnante


Se Borat passava no exame com algumas reprimendas, as poucas partes engraçadas de "Bruno", o mais recente filme de Sacha Baren Cohen, perdem-se em cenas cretinas e nojentas que ofendem hetero e homossexuais, estou seguro (na sessão que vi, cinco pessoas sairam da sala... E eram 50% da sala!).

Não creiam que a minha repugnãncia tem a ver com o tema da homossexualidade; "Milk" é um bom filme e eu disse-o. É mesmo a estupidez de um filme de piada fácil e brejeira que me incomoda...

Se não sabe o que há-de fazer ao dinheiro, vá jantar fora ou dê-o aos bombeiros!

Altíssimo nível

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Abençoada alma lusa

Para quem tema que a globalização esteja a desvituar a nossa alma lusa, a "Vivenda Rodrigues", na Cela Nova (terra de "Dulsalves Dassela"), é um porto de abrigo. Estamos salvos!!!

Gajo de Gabarito IV


"No hay nada más eficaz para corromper la palabra 'honor' que ponerla en boca de un político: una ministra de Educación, un ministro de Economía, un presidente de Gobierno. Pasados, presentes o futuros, todos ellos, sean cuales fueren sus partidos e ideologías. Igualados en la misma desvergüenza."


Arturo Pérez-Reverte, in XLSemanal, 29 de Março a 4 de Abril

terça-feira, 7 de julho de 2009

Portugal 1 - Espanha 0

80 mil espanhóis a curvar-se diante de um português.
[confessem lá que não rebolaram de orgulho...]

Leituras cistercienses

Não há dúvida de que a decisão de lanchar na Benedita (concelho de Alcobaça) pode revelar-se frutuosa.

De facto, o repasto até deixou a desejar, mas a imprensa gratuita excedeu os meus mais delirantes sonhos!

Embora editado em Rio Maior, o semanário "Volta e Meia 2", títula sem rodeios "Região Alcobaça - Nazaré".

Vejamos, então, o que os conterrâneos de Dulce Alves lêem... A começar, a primeira página oferece-nos 6 anedotas e 7 anúncios. Passo a citar a segunda (sem correcção ortográfica para que possa apreciar o nível deste concorrente do Expresso):

"Cão que chupa?!
Ia Asdrubal no seu carro quando rapara numa placa.
'Cão que chupa pau a 1000m' - fica intrigado mas continua a sua viagem.
Mais à frente vê uma nova placa
- ' Cão chupa pau a 10m'.
Pára o carro e vai ver o que se passa. Ao bater a porta aparece um homem:
Asdrubal: É aqui que o cao chupa o pau?
Homem: É sim senhor.
Asdrubal: Tenho que pagar alguma coisa?
Homem: 50 euros.
Então o homem chama pelo seu cão.
Homem,: Rex, Rex anda cá...
Aparece um caniche.
Homem: Rex chupa o pau ao moço.
E Rex nada...
O homem ajoelha-se e diz para o rex:
Vê lá se aprendes... é a última vez que te ensino".

Ao longo das seis literárias páginas (que fariam corar de modéstia Miguel Sousa Tavares, Vasco Pulido Valente, António Barreto ou outra ilustre pena), podemos ainda aprender com mais 14 anedotas (20 no total), uma notícia sobre os contadores da água, uma adaptação de um conto dos irmão Grimm (a página 3 é infantil), a previsão astrológica para o signo Gémeos, alguns passatempos, 3 pensamentos subordinados ao tema "Amor" e 3 provérbios. Anúncios, com os já referidos, chegam aos 31.

Correndo o risco de habituar mal os nossos leitores, que não estão habituados a tanta qualidade e que podem passar a ler apenas o jornal sub judice, cá vai outra:

"Assaltantes
Três ladrões vão assaltar um banco.
Quando chegam à primeira caixa encontram iogurtes. Dizem uns para os outros: "Iogurtes"? Resolvem comê-los. Nasegunda caixa encontrara mais iogurtes. Muito espantados comeram-nos de novo. Na terceira caixaencontraram mais iogurtes diz um para o outro:" (estou a citar literalmente) "- Vai la´fora e vê qual é o nome deste banco para nunca mais o virmos assaltar!
- É banco... de esperma".

Havia mais e melhor, mas sossobra-me a coragem...

Quando à publicidade, também ela oferece motivos de regalo, a começar pela "Danceteria Dom Pirata", em Porto de Mós, que oferece "Noites de Kizomba", às quartas-feira, e "Ladys Nigth" (continuo a citar literalmente), presume-se que na mesma noite... Depois, por que não trajar-se a rigor na "Cindy Jovem" para depois deleitar-se com um repasto régio no "Snack-Bar/Cafetaria Franganito 2", em Alcobaça?! Contudo, a meu ver e dado o teor do periódico, a mais útil passagem publicitária tem mesmo a ver com a "Agência Funerária Alcobacense, Lda.", que anúncia um muito tranquilizador "Auto Fúnebre próprio", não vá o cliente temer o ir à boleia!...

Em suma, alcobacenses e nazarenos não podem queixar-se pois é farta a informação com a qual podem animar a sua vida cívica.

Curiosa metáfora sobre extremos

Bem representado, um enredo improvável faz pensar sobre os malefícios da civilização e o erro do isolamento. A ver...

segunda-feira, 6 de julho de 2009

All that jazz...

Terminou ontem mais uma edição do Estoril Jazz, e terminou muitíssimo bem! Christian McBride (o cavalheiro da direita) com o seu quinteto deu um espectáculo pleno de boa música e de interacção com o público. Aos 37 anos e descendente de uma linhagem de baixistas, McBride já tocou com os nomes grandes do Jazz contemporâneo, sendo um dos nomes grandes do presente e do futuro do género musical.

Já na sexta-feira, o saxofonista oriundo do free jazz David Murray (à esquerda na imagem) com o seu "Black Saint Quartet" fizera vibrar uma plateia que, sem lotar totalmente o Centro de Congressos do Estoril, estava repleta de apreciadores e conhecedores (creio mesmo que, igualmente rendido, era o mais leigo dos presentes).

Cultura de qualidade, num cartaz que já merecera o nosso aplauso.

Como combater a abstenção II

Já diz o ditado que depois da tempestade vem a bonança. Em 2007 o furacão Katrina devastou a cidade de Nova Orleães e desde então o trabalho de reconstrução da cidade tem sido intenso. À frente da construção de centenas de habitações esteve a incansável Make it right Foundation, fundada por Brad Pitt. O actor mantém uma estreita relação com a cidade desde 1980, altura em que ali foi rodada Entrevista com o Vampiro e agora há quem o queira ver como Mayor da maior cidade do Louisiana. Dizem que há 13 razões para eleger Pitt. (Treze?!!!) Sortudos, hein..! Nós por cá continuamos na senda dos Isaltinos, dos Moita Flores, dos Narcisos Miranda. Não aprendemos com as Europeias. Depois queixem-se das taxas de abstenção e do desinteresse dos portugueses pela política. Pudera!

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Touro de morte

Finalmente, Cristiano Ronaldo, Paula Rego, Manoel de Oliveira e Saramago têm rival na luta pela divulgação do nome pátrio além fronteiras.

De facto, ao dirigir o taurino gesto a Bernardino Soares, Manuel Pinho, impossibilitado que estava de cortar orelhas e rabo, despiu o traje de luces e deixou-se projectar para o galarim dos media internacionais. Efectivamente ("gosto de aparências", cantariam os GNR), a fazer fé da edição electrónica do "Público", a fama da faena parlamentar de Pinho já ecoa em Espanha, França, Brasil, Macau e até na Rússia (agência noticiosa da Sibéria incluída), onde os nacionais devem ter vertido uma lágrima de saudade ao recordarem a mais do que certa alma mater do gesto ministerial, Boris Ieltsin.

Convenhamos que a história nem é nova, como recorda a sibilina nota do Diogo (vulgo, Senhor Gaspar, das Colmeias); há anos, o então Premier (Cavaco Silva) luso demitira o seu Ministro do Ambiente, Carlos Borrego, após uma inenarrável anedota sobre a reciclagem de cadáveres de hemodialisados (recordando, falamos da presença de alumínio na água utilizada para o tratamento de doentes, num hospital português). Contudo, Manuel Pinho tinha obrigação acrescida de cuidar da postura, pois nos quase vinte anos que medeiam as duas situações, a mediatização da acção pública foi avassaladora e conhecida.

E nem se diga que Pinho "não era político"... Todo o "ocupante" de um cargo na política, no mundo empresarial ou no futebol sabe que, neste mediático e mediatizado século XXI, há que "ser e parecer", como de resto era exigido à cara-metade do imperador...
Sobre a adequação da demissão do autor da inusitada fosquinha já muito se escreveu e quase tudo parece de sufragar. Procuro, por isso, tirar algumas ilações paralelas: em primeiro lugar, continua a parecer surreal como um Ministro que havia liderado políticas de aplauso quase unânime (maxime no caso das energias renováveis) "desgraça" um percurso político com uma parvoíce que só a um cachopo se aturaria e, mesmo aí, sem escapar à galheta da ordem...

Depois, cimenta-se no meu espírito a ideia de que, hoje em dia, quem queira ter um lugar com alguma exposição pública, designadamente em funções de Estado, tem de vencer o preconceito e, salvo honrosas excepções, sujeitar-se à aprendizagem da "arte" de comunicar.

Em terceiro lugar, involuntariamente, Pinho roubou a Sócrates a oportunidade de ganhar um debate, que até estava a correr-lhe de feição; para o confirmar basta ver a prioridade noticiosa: o chifres ministeriais (salvo seja) sempre com honras de destaque. Se os portugueses já pareciam pouco afoites a emprestar ao Governo os seus tímpanos, a coisa parece ter entrado em espiral descendente.

Por fim, parece-me justificada a indignação dos deputados. A Assembleia da República deve ser o relicário da nossa democracia (a par com a Presidência que, no nosso sistema político, tem palavra a dizer) e é incompatível com partes gagas...Porém, escusam agora muitos dos nossos parlamentares de tentar passar por virgens vestais! Só quem nunca tenha ouvido as "bocas" que alguns vociferam e o ócio a que outros se entregam é que pode agora achar que a pureza emergiu na reacção de ontem. Convenhamos: Manuel Pinho deu barraca e muitos cavalgaram a onda.

De saída, não resisto ao sadismo: já que vai a banhos, por que não uma boa leitura?... Talvez um livro de Américo Guerreiro de Sousa...

quinta-feira, 2 de julho de 2009

No princípio era a crise

acabada, depois vieram os sapatos italianos. Pelo meio, o país competitivivo em termos de custos e os inevitáveis mergulhos. Por fim a célebre troca de acusações com Paulo Rangel, em que, num aceso momento politiqueiro, publicitou uma quase esquecida marca de papas. Enquanto a blogosfera vai fervendo, cabe aqui a questão: será Pinho um ser predestinado para o disparate?

Despromovido com justa causa!

MUDE



Lisboa ganhou um espaço muito interessante com a abertura do novo museu do design e da moda. A colecção permanente é bastante diversificada e a exposição sobre cartazes políticos é uma delícia para quem gosta da temática.

Uma nota final para o edifício, é fantástico o contraste entre as peças do museu e o estado em bruto das instalações. Ainda que a situação seja temporária esta particularidade diferencia o museu pela positiva.

Cegos somos nós!

Se na semana transacta disse que ambos os partidos portugueses de governo (PSD e PS) tinham culpas no cartório quanto à miserável aposta na Cultura (nas excepções conhecidas conto apenas os consulados de Pedro Santana Lopes e Manuel Maria Carrilho, mercê das personalidades fortes em apreço), dou comigo a ser repetitivo no que à Justiça concerne.

Vem isto a propósito de uma alocução radiofónica do prestigiado jornalista Nicolau Santos, que ontem ouvi comentar a celeridade e exemplaridade da condenação de Bernard Madoff (a pena é de suaves 150 anos…). Mencionava Nicolau Santos que a acusação do financeiro - que lesara milhares de pessoas e instituições com um esquema piramidal, em que o investidor era remunerado apenas com base no dinheiro de novas entradas de capital e não com qualquer lucro averbado por esta Dona Branca galáctica (era uma questão de tempo até dar asneira, como deu) – tinha meia dúzia de páginas e fora célere (pouco mais de seis meses, sublinho).

Deste ponto partia o jornalista e parto eu para uma comparação óbvia com o sistema judicial português! Dirão os nossos mais ilustres penalistas que o nosso sistema dá mais garantias a quem se senta no banco dos réus, que é mais ressocializador e uma data de frases de inquestionável elegância jurídica, mas de cada vez mais abissal esquizofrenia social… As siglas e nomes que entretém jornalistas e cidadãos são mais do que muitas: aeroporto de Macau, BPN, BPP, Bragaparques, Herdade da Vagem Fresca, Freeport, Apito Dourado e por aí fora…

A diferença para os EUA é que os únicos processos que os portugueses têm a sensação de ser rápidos, em Portugal, são aqueles em que, regra geral, a opinião pública não aplaude o veredicto ou não sabe o que pensar sobre o mesmo: falamos da condenação da mãe de Joana (e respectivas suspeitas de agressão policial) e das tutelas das pequenas Esmeralda Porto (retirada aos pais afectivos e entregue ao pai biológico) e Alexandra (devolvida com a mãe a uma Rússia que desconhecia, até no idioma).

Nem se tente dizer, advirto, que cedo ao argumento populista ao mencionar a relação entre a aprovação popular e o funcionamento da Justiça, pois se esta não deve vogar segundo o desejo de acerto de contas das massas, também o Direito feito não pode dissociar-se da consciência ético-jurídica de cada época. E é aqui que cravo os dois pés no chão e não cedo: os crimes financeiros e/ou relacionados com agentes políticos são mais valorizados negativamente nos dias de hoje e, tanto quanto pode saber-se, são mais frequentes, o que exigiria mão firme e lesta!

Mas nada disso!... Por cá continuamos na modorra das arguições sem fim, da naftalina dos processos com dezenas de volumes e milhares de páginas, do oportunismo político de quem não têm nódoas recentes, do vampirismo jornalístico… Enfim, da impunidade ditada, na pior das hipóteses, pela prescrição.

Cegos continuam os políticos que não vêem a noite cair sobre a Democracia e os cidadãos que, iludidos pelo que podem comprar, não regurgitam tudo isto!

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Ligações Perigosas

Um bom exercício sobre o 4º poder.

Coco Avant Chanel

Uma história interessante com uma interpretação que não desilude.

Qualidade

No Berço da Nação com o Rei (ninho)

Para um seguidor incondicional como eu foi grande a expectativa que me levou a num "solo" de condução ir de Coimbra a Guimarães para ver o Rei... Ninho.

A mais da admiração que tenho por um cantor incontornável da pop portuguesa, movia-me a vontade de ver e ouvir ao vivo e na íntegra (julgava eu) o seu álbum de estreia, sem a escolta policial do costume (leia-se, os GNR).

E eis que pude assistir a um espectáculo que soube a pouco; o cantor haveria de explicar a limitação a cerca de 75 minutos de cantoria face à curta extensão do repertório próprio. Talvez por isso recuperou temas como "Spanish Bombs" dos Clash, "Anarchy in the UK" dos Sex Pistols, "Space Oddity" de David Bowie, "Sympathy for the Devil" dos Rolling Stones, "Riders on the Storm" dos Doors e "Heartbreak Hotel" de Elvis Presley, lembrando o interessante espectáculo a que assisti no São Luiz.

Do que a "Companhia das Índias" diz respeito, fica o regalo de escutar "Morremos a Rir" em dose dupla, "Dr. Optimista" e "Laika Virgem", mas faltaram à chamada "Lados B" e "Turbina e Moça" (a menos que a ascese me tenha toldado os tímpanos, o que não creio...).

De uma ou de outra forma, valeu a pena, pois a voz de Reininho está "limpa", como há muito não estava, e a sua actuação é sempre de um mimetismo cativante.

Palavra final para o Centro Cultural Vila Flor (que desconhecia): magníficas e modernas instalações, bem enquadradas na envolvente apalaçada e com boa organização, como demonstra a excelente folha de sala (com texto de João Gobern, no verso), que aqui se reproduz .