domingo, 30 de setembro de 2007

Directas PSD - Ilações e Elações

Neste rescaldo das Directas, assisto - com maior ou menor perplexidade - ao desfilar de tolices proferidas pelos ditos entendidos, i.e. militantes social-democratas de relevo, constitucionalistas, dinossauros socialistas, analistas políticos, opinion-makers, etc...
Pouco me surpreende a moralista Paula Teixeira da Cruz anunciar a “derrota dos valores e dos princípios”. Ela que, qual profeta, já tinha anunciado uma eventual fuga da nata social-democrata.
Não me estranha Pacheco Pereira, entretido a fazer malabarismo com a bandeira e, nos intervalos, a vaticinar o fim do partido.
Tampouco me choca o sempre inoportuno Soares, a falar em “desgraça”, quando o próprio é que já não cai na boa graça de ninguém…

Agora, o que me revolta é que os maus perdedores se refugiem em estereótipos que não são passíveis de ser aplicados a esta eleição - fazendo crer que a batalha se travou entre Lisboa/Província; Elites/Bases; Pseudo-Intelectualismo/Populismo, e por aí fora…
Surpreendem-me aqueles que dão tamanha importância às tais elites sociais-democratas. As elites que fogem - como o Diabo foge da cruz - nestes momentos decisivos; aquelas que só afloram quando lhes é propício; aquelas que maldizem o partido, mas na hora H, acomodam-se e não ousam chegar-se à frente.
Muito me espanta que haja quem continue a subestimar Menezes, mesmo depois da inaudita vitória da passada sexta-feira. Que haja quem acredite, como o Prof. Marcelo, que Menezes só venceu porque houve um conjunto de factores que não abonaram Mendes, incapazes de reconhecer o valor e o mérito de Menezes.
E incomodam-me solenemente os partidários do pessimismo, a vaticinar catástrofes de danos irreparáveis.
Restam - valha-nos isso - algumas vozes menos altivas e um pouco mais sensatas, aqui e acolá.
Esta última, reconhecendo que “a candidatura de Menezes tem defeitos”, admite simultaneamente que “com ele a líder laranja, o Governo de Sócrates nunca mais terá a podre paz em que estamos. E tudo estará em aberto para 2009”. Amén.

Nota

Apenas para relembrar que caso haja “nevoeiro” em 2009, a história dirá (partindo do principio que não haverá interrupção voluntária ou involuntária) que em 18 anos, o PS esteve 15 no poder.
Os tais senadores ou notáveis, a quererem fazer brincadeiras entretanto, convém que não se lembrem apenas agora da possível estatística.

Pilhas Duracel.. e dura e dura e dura...

Como era de esperar, choveram críticas, algumas até a atingir o inqualificável, a Luís Filipe Menezes e às bases do PSD pela escolha feita na sexta-feira.

Nada de surpreendente visto que, no essencial, são mais do mesmo.
No alto dos meus 29 anos :-), e fazendo um “rewind” até 1995, foi dito que o partido estava dividido com Fernando Nogueira, o mesmo com Marcelo Rebelo de Sousa, Durão Barroso igual, com Santana Lopes então era o holocausto, com Marques Mendes, o que se sabe.

sábado, 29 de setembro de 2007

Há gente burra paga por nós

Acabo de ouvir na RTP1 o anúncio promocional do jogo Dínamo de Kiev vs Sporting, na terça-feira.
Tudo estaria bem se o locutor não tivesse dito que o "Sporting vai à Rússia".
O meu medo é que quando o Sporting for jogar com o Manchester e com a Roma, digam que vai à Figueira ou a São Paulo.
E, já agora, senhor jornalista: por que é que não vai à... à escola?!

Primeiras notas do Requiem

Sem júbilo digo que o dr. Marques Mendes, para começarmos a análise da derrota de ontem, pode pensar em três coisas que, manifestamente, não compensaram:
  1. Cinzentismo enfadonho na oposição.
  2. Autorizar os colaboradores mais próximos a tratar com punho fechado e língua de prata quem discordava, ainda que criticasse Mendes com elevação.

E escusam os "donos" do Partido de dizer que vem aí isto ou aquilo. O que vier vem por mérito do dr. Menezes, mas também pela arrogância dos que escolheram o Presidente cessante por resignação ("do mal, o Mendes").

sexta-feira, 28 de setembro de 2007

Valha-nos Deus

Santana Lopes voltou às grandes jornadas!...
Aquela de, anteontem, abandonar o estúdio da SIC Notícias, após ter sido interrompido pela chegada de José Mourinho ao aeroporto, foi de mestre.
Primeiro, porque mostrou que o futebol não pode sobrepor-se aos assuntos de Estado (a análise das eleições no PSD é-o).
Depois, porque, sendo mediático, mostrou a uma televisão que a lógica do lucro/audiências pode não ficar impune.
Por fim, recuperou pontos, numa altura em que o ambiente interno faz o PSD oscilar entre a happy hour numa loja Imaginarium e uma festa de homenagem póstuma a Boris Ieltsin (será difícil explicar que ninguém bebeu...).

quinta-feira, 27 de setembro de 2007

O que sobrou do Partido

Pela primeira vez no meu já longo percurso partidário decidi não revelar o meu sentido de voto nas eleições para a presidência do PSD.

Faço-o por dois motivos axiais: por um lado, porque, genuinamente, ponderarei, até ao momento de pousar a caneta no boletim de voto, se votarei num dos “Luíses” (só um deles é hipótese) ou em branco.


Por outro lado, porque tenho dificuldade em distinguir entre a escuridão que faz à meia-noite e aquela que se sente às três da manhã…


A meu ver, como tenho dito, não saem isentos de culpas os chamados “barões”, que indicando implicitamente que fazem uma escolha do tipo “do mal, o Mendes”, não se fizerem ao caminho para encontrar uma solução entusiasmante, sussurrando a desculpa táctica de que o não faziam para evitar dividir o eleitorado de Marques Mendes, assim matando esperanças acrescidas a Menezes.


Na hora de balanço e contas, se a favor do actual premier laranja abonam o bom currículo parlamentar e governativo e, apesar da relutância, o apoio do friso de notáveis do partido, sobre ele paira a sombra da continuidade de uma oposição cinzenta e triste, bem como a grilheta da nebulosa a que comummente se chama “aparelho”.


Já Luís Filipe Menezes podemos abonar com o soberbo trabalho na Câmara de Gaia e com um estilo mais “colorido”. Mas é também este último que podemos arrolar como incógnita, dado que o PSD ainda sofre com o “excesso de cor” do estilo de Santana Lopes. Em segundo lugar, causa apreensão, para quem conheça, parte da comitiva que, entre outros, inclui alguns dos estrategas do naufrágio de 2005 e respectiva metodologia.


Juntemos a isto as lamentáveis novelas em torno do pagamento de quotas por Multibanco e vales postais e o episódio do “vota e não vota” dos militantes dos Açores e temos que o PSD, na genial frase de um amigo, está entregue “ao que sobrou do partido” (descontadas as figuras de proa que, evidentemente, têm reconhecidos méritos, quer causem mais ou menos entusiasmo).
E nem custa reconhecer que ambos os candidatos falam com propriedade do peso do Estado na economia e na sociedade, do défice, da saúde, das pequenas e médias empresas e dos grandes investimentos que, por exemplo, são o grande trunfo da governação de Gaia.


Porém, como no ilusionismo, importante é a mão que o mágico esconde… Que sociedade teremos daqui a vinte anos, se cada um deles concretizar o seu ideal social (aceitando como premissa de partida que o têm)? Que medidas têm, a mais daquelas de gestão corrente, para que Portugal cresça mais do que o resto da União Europeia e, assim, mostre que lemos as lições da Irlanda? Que ética propõe para os tempos da novas tecnologias, do consumismo exacerbado, do terrorismo, do relativismo moral e da criação de direitos de propriedade sobre seres humanos?


Sei que este é um daqueles textos que mais valia não escrever, se me norteasse pelo calculismo, já que não agrada a qualquer dos beligerantes. Porém, prometo que até amanhã (dia da votação) estarei atento. E também prometo que estarei atento às soluções que venham a desenhar-se para o PSD, mas sobretudo para Portugal…

segunda-feira, 24 de setembro de 2007

Pago eu ou pagas tu?


O secretário-geral do PSD denunciou ao CJN o pagamento de quotas em pacotes. Pacotes de 100, 200 e por aí fora até aos milhares...

Alegadamente são quotas pagas por apoiantes de Luís Filipe Menezes.

Eu pergunto: ao fazer esta denúncia, quererá o sr. Miguel Macedo insinuar que na candidatura que apoia tal não aconteceu? Ou estamos perante o ressurgimento dos valores e da ética na arte de fazer política?

"Beauty is nothing without brains"*

Vídeo do Concurso Miss Teen USA, no qual uma candidata dá uma disparatada resposta a uma simples pergunta do júri, facto que veio relançar a eterna discussão da associação de beleza à falta de inteligência.

Uma das padronizações sociais mais comuns é a de que 'as mulheres bonitas não são inteligentes'. Esta generalização, como as demais generalizações, é injusta. Contudo - reconheça-se - tem algum fundamento.
É facto inegável que muitas mulheres usam a sua beleza como um trampolim para o sucesso. O problema, sob o meu ponto de vista, não está em usar a beleza como trunfo no caminho para o sucesso profissional e pessoal.
O problema está nas que, numa lógica de comodismo e superficialidade, se fazem sobressair somente pelos atributos físicos, subestimando as suas próprias qualidades morais e capacidades intelectuais.
Este tipo de conduta por parte de muitas mulheres é censurável, mas verdade seja dita: a própria sociedade tem quota-parte de responsabilidade.
Ora porque delas não exige mais - as que se encaixam no padrão de beleza são "levadas ao colo" por quem as rodeia, sem necessidade de lutar pelo que quer que seja.
Ora porque assim as estimula - refiro-me à obsessão pela estética e a cultura de vaidade que imperam na sociedade moderna.
Quando o físico e a beleza são ditos como sinónimos de sucesso e riqueza, mulheres (e homens...) acabam por descurar o essencial e tornam-se desprovidos de sentimentos, ideias, valores e projectos. Valem unicamente pelo seu aspecto físico.
A juntar a isto, programas em que a exploração da ignorância feminina é a palavra de ordem (como o recente reality show "A Bela e o Mestre") e ainda a publicidade e as capas de revista que as despem - e aqui, aponte-se justamente o dedo à conivência por parte delas... - de roupa, valores e afins... vêm dar sentido a estes estereótipos que teimam em denegrir o papel e a importância da Mulher na sociedade.
*slogan surripiado a uma antiga publicidade da Mercedes-Benz

domingo, 23 de setembro de 2007

Prémio "Então, por que é que não dizes aos acólitos que te imitem na tolerância?!..."

Expresso, 22 de Setembro de 2007, pág.2
(é mesmo verdade):
"(...) Com o dr. Santana Lopes fiz o que qualquer militante deveria fazer: fui ao congresso expor as minhas divergências. Ninguém mais foi. Mas nunca fiz campanhas sitemáticas contra um líder do partido".
Isto é tudo muito engraçado de se dizer, se nos esquecermos de instruir os nossos "rapazes", quando, um dia, nos toca a nós... É como aquela história de a Defesa Nacional e os Negócios Estrangeiros serem áreas de Estado (subtraídas à barganha partidária); é assim até que alguém se atreva a acreditar nisso...

sábado, 22 de setembro de 2007

Se pedirem com jeitinho...

As valentes senhoras de uniforme são parte das forças armadas da Pridnestrovskaia Moldavskaia Respublica, sobre a qual já falámos...
A mais dos argumentos menos subjectivos, parecem-me merecer que se lhes faça a vontade (independência da Moldávia)...

Mais a sério, parece que fizeram um referendo lá no sítio, com uma afluência de 79% e que 97% terão imitado em relação a Chisinau (capital moldava) o que Mário Lino disse em relação ao aeroporto na margem sul: "jamais" (agradece-se a fineza de ler em francês)! A fonte é da Transnístria (ou Pridnestrovie ou Pridnestrovskaia Moldavskaia Respublica) e resta saber se o destino que vão ter é o da Ota...

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

Porque nem todos os russos são inteligentes...


... Abramovich despediu The Special One, que deu ao Chelsea mais glória em 3 anos, do que todos os outros em toda a sua história.
E agora?! Que faço à hora de almoço, no fim de semana? O Liverpool (clube que aprecio) é treinado por um hermano (e há que embirrar com eles)... Talvez o Cristiano...

terça-feira, 18 de setembro de 2007

4 a 3

Numa sondagem indoor do "Lodo", apurámos que 4 elementos afirmaram apoio ao dr. Menezes e 3 ao Dr. Mendes.

Ou seja:

Menezes 57%
Mendes 43%

Porém, há que explicitar o método e algumas notas sintomáticas:
  1. Dos 7 membros do "Lodo" que militam no PSD (a Sara, a mais de andar sem pachorra para nos aturar, tem outras "cores"), apenas dois garantiram ter o seu voto determinado (um para cada lado), oscilando os demais entre o voto branco e o "seu" candidato.
  2. A "sondagem" foi feita com o pressuposto de que era necessário escolher um dos dois candidatos (Castanheira Barros foi excluído para dar hipótese à concorrência).
  3. Está tudo agoniado com o que vê no PSD...

Do partido de elite ao partido “delete”

Como sempre chega o dia em que se não pode varrer mais nada para baixo do tapete, chegou a altura em que, abusando da vossa benevolência, há que confrontar a poeira que o actual estado do PSD acumulou debaixo do meu super-ego (uso os termos da psicologia para descrever uma auto-censura que me tem vindo a impedir de escrever sobre “isto”)…

E pego em declarações que, salvo erro, pertencem ao mandatário de Luís Filipe Menezes, Ribau Esteves – que terá dito que nenhum dos candidatos lhe “enchia as medidas” – para confrontar o estado de espírito da militância do PSD. Por exemplo, no blog em que escrevo regularmente, apenas dois dos sete elementos que militam no PSD afirmam convictamente (e não o escrevem) que têm um candidato. Ou seja, a desmotivação existe, mas a vida agitada e a cultura mediática destruíram aquilo que existiu até meados da década de 90: lideres intermédios, instâncias de debate e moderação (designadamente, as sedes partidárias eram lugar de convívio e de debate) e capacidade de mobilização de base para arranjar alternativas ou, simplesmente, para lançar avisos à navegação.

Hoje, o militante partidário (e ainda mais o eleitor) é um consumidor de política que, qual comensal, escolhe de uma ementa mais ou menos vasta aquilo que os chefes decidiram cozinhar.
E também não é difícil de explicar por que é que o pouco debate que poderia ter lugar não é estimulado: porque não interessa à imensidão de “cinzentões” e “seguidistas” que se apoderou do famoso “aparelho”.

E porque é feio não concretizar estas coisas, cá vai disto: tendo empurrado a parte da geração fundadora (os não menos célebres “barões”) para a galeria de memórias - sem se ter preocupado em aprender coisas como “bagagem” cultural, sentido de Estado e ética comportamental – e apenas franquiando de bom grado as portas aos elementos das gerações mais novas que joguem o “jogo” com as regras daqueles ou que, reverencialmente, “beijem o anel”, grande parte das segundas linhas tornaram o partido numa sede de impressão de panfletos para eleições, à boa maneira do que se fazia, quando se concorria a eleições para associações de estudantes (deste naipe excluo os candidatos e os nomes mais conhecidos, embora os não isente de responsabilidades por celebrarem autênticos pactos com esses “diabos”).

Com isto fica de fora o debate ideológico – importante para que se defina a sociedade que se quer concretizar – e a possibilidade de governar com metas de longo prazo – as únicas que podem contraria a tendência que Portugal tem tido para se afundar na União Europeia, mesmo com 27 países. Por cá, em consequência disto, vamos esperando que os governos do partido oposto caiam de podres e governa-se com metas de gestão corrente (o défice e outras contas de mercearia), como se o mundo, para citar Rui Reininho, terminasse às Portas de Benfica…

O mais sério, a meu ver, é que se instalou, em virtude de ter perdido densidade o debate interno, uma cultura de intolerância que causa estranheza a quem, como eu, ainda pode participar em assembleias concelhias e distritais marcadas por acesas, elevadas e democráticas trocas de argumentos. Hoje - senti-o na pele - candidatos ao lugar de primeiro-ministro permitem que os seus mais directos colaboradores (têm nome, mas a hora não é de “homenagem”) enxovalhem alguém cuja opinião não cumpra o diktat oficial, tornando quase pecado qualquer referência à génese do PSD e a Francisco Sá Carneiro (que não conheci, mas sobre e de quem li bastantes textos).

E é neste contexto que José Sócrates se permite presidir com calma olímpica aos destinos da União Europeia, sem qualquer receio de que a vida política nacional o faça cair do pedestal de popularidade em que as sondagens o colocam, bem como ao PS. Seria isto pensável, havendo boa oposição, tendo ainda em vista os sacrifícios que têm sido impostos aos portugueses?

O PSD, perdida a elite, dedica-se, hoje em dia, ao “delete” (termo popularizado pela informática, que significa “apagar”)!...

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

Zapping

Amanhã à noite, o comando cá em casa vai alternar entre a RTP1 e a SICNotícias.
De um lado, a Liga de Campeões com o meu Benfica na luta por um lugar ao sol frente ao AC Milan.
Do outro, Luís Filipe Menezes na luta por um lugar ao sol (leia-se: liderança do PSD) num frente-a-frente com Luís Marques Mendes.
A noite promete...

domingo, 16 de setembro de 2007

sábado, 15 de setembro de 2007

Galhardia

Temos acompanhado com interesse a participação dos valentes "Lobos" no Campeonato Mundial de Rugby, onde, recordamos, jamais participara uma selecção amadora, como a nossa.
Hoje, perdemos por 108 a 13 com a melhor equipa do mundo, a Nova Zelândia. Com todo o respeito e orgulho, era como se, no futebol, as Ilhas Fidji defrontassem o Brasil, com a agravante de que, aqui, se pode cavar mais o fosso, pela natureza do sistema de pontuação.
Porém, há mais, para além de não termos deixado o resultado tornar-se anormal (a Itália, que está no top 6 europeu, perdeu por 76 a 14...):
  • Respeitámos o adversário e a nossa bandeira, não nos encolhendo.
  • O jogo foi, dentro e fora do relvado, uma festa.
  • Ganhámos o respeito dos adversários que, sem fazerem o jogo das suas vidas, nunca abrandaram a carga, à boa maneira da moral prática do mundo anglo-saxónico.

E pego nesta referência à maneira anglo-saxónica de estar na vida para dizer que, em Portugal, é isto que nos falta no futebol, no trabalho, na vida quotidiana e na política...

sexta-feira, 14 de setembro de 2007

Caro Ricardo (bancada parlamentar):

...Sendo suspeito para comentar o teu texto - fui um dos que PSL entendeu que não era essencial (algo que é legítimo e, dado o que se viu, quase prestigiante) e que "levou" com o PPM e o MPT (as mais caras boleias da história parlamentar) - creio que estás certo.

Pedro Santana Lopes, como quase todos antes dele, foi permeável à "mercearia" a que os partidos normalmente se entregam na distribuição de lugares.

Em bom rigor, deveria pensar-se de que equipa parlamentar se precisa à chegada, assim constuindo um "plantel" equilibrado por especialidades, características pessoais (tribunos, negociadores, técnicos, etc) e, moda oblige, de género.

Porém, "diz-me quantos votos tens, dir-te-ei o teu lugar numa qualquer lista" é mote mais comum, com as consequências que se sabe...

E o pior, caro Amigo, nem é o futuro do "administrador do Lodo" (que a amizade te leva a citar) que está em causa, mas sim o futuro do País, que se afunda a cada estudo estatístico publicado pela União Europeia, entre outras coisas, por estar tão mal servido de classe política.

Quanto a Marques Mendes, creio que mostra que quem nasce para uma coisa nem sempre consegue ser outra e que há coisas que o tempo não melhora.

Se já era mau que o premier social-democrata atacasse o seu exército (mesmo que mau, é o que tem), tentar disfarçar o que disse (basta ver a edição de ontem do "Público") ainda me parece pior (note-se, todavia, que me enojam as vozes púdicas que andam, desde 2005, a dizer o mesmo que Marques Mendes, mas que agora parecem chocadas). Seguiu a marcha do caranguejo...

Já que assumiu uma crítica (para mais, não totalmente infundada e, menos ainda, inaudita), deveria manter o que disse e mostrar com que critérios vai corrigir o tiro. O pior, já se sabe, é que os critérios serão mais ou menos os mesmos, mudando apenas as lealdades a contentar.

Aceita um abraço amigo do
Gonçalo

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Sábado, na Sport TV

Eles têm a Haka, nós temos a Portuguesa. Força "Lobos"


Dias de Tempestade

As declarações de Marques Mendes sobre a constituição das listas de deputados têm suscitado debate nos últimos dias.
Não estando inclinado a votar em Marques Mendes, reconheço que essas declarações foram das mais certeiras que Marques Mendes fez nos últimos dois anos, pelo simples motivo que só não vê quem não quer, e que o Grupo Parlamentar da coligação PSD/PPM/MPT é mesmo fraco.

Podemos começar com as quatro boleias aos tipos do MPT e aos monárquicos, que para além de não acrescentarem valor à bancada, são irrelevantes do ponto de vista eleitoral. Posso estar a ser injusto, mas não me lembro de uma única vez que essas personagens se tenham destacado em ambiente de assembleia da república, nem de nenhuma proposta que tenham feito.

Podemos também falar da deslocalização de deputados de norte a sul, até às ilhas, sendo um erro de casting à escala nacional.

Poderá haver ali falta de liderança para que o grupo funcione bem, dirão alguns, outros (ou os mesmos!) que Marques Mendes não tem capital para proferir tais declarações, visto que não se tem destacado, ou então que Marques Mendes enquanto líder do partido nunca deveria ter proferido tais coisas.

Até posso concordar com alguns desses argumentos, no entanto, há que reconhecer que Marques Mendes colocou a nu uma evidência que se constatou logo na altura em que foram feitas essas listas. E MM tem toda a razão ao dizer que foi uma herança pesada, porque na realidade, o foi.

Pode-se criticar o dr. Sampaio pela queda do Governo de Santana. Mas não podemos é esquecer a gritante falta de visão estratégica de PSL (pós queda, realço!) relativamente ao futuro do partido, que em muito contribuiu para o estado em que estamos.
Vamos ter que aguentar com a tal “noite de nevoeiro” até 2009.

Depois, com um desplante assinalável, segundo ouvi na rádio, PSL espera justificações por parte de MM. Não será que deveria ser PSL a ter que explicar ao partido o autoritarismo e os critérios que tiveram por base a sua escolha na elaboração dessas listas? Será que ele não vê que está escrito nas estrelas?

Poderão sempre dizer que há muita gente com valor na bancada do PSD, mas, todos temos valor, uns mais, outros menos.
Votos? Nem todos têm.
Amigos? Bem, é melhor falarmos em “companheiros” de ocasião.

PS: será que o administrador do "lodo" não tinha lugar entre os eleitos? Será que lhe falta valor?

Jornalismo de "opinião"



São já várias as notícias vindas de Inglaterra e que entram nas nossas casas via RTP, da jornalista Sandra Felgueiras sobre o caso do desaparecimento da menina Madeleine McCann .

Independentemente do desfecho deste caso, ou a Sandra Felgueiras sabe alguma coisa e que me escapa, ou, na minha opinião, é de muito mau gosto a insistente tentativa de chacinar na praça pública os pais da menina "desaparecida".


Para uma vez mais influenciar mentalidades e atitudes em Portugal, o Lodo apela ao bom senso jornalístico da Sandra...

"Não faças aos outros o que não gostas que te façam a ti!!!"
"Inocente até ser considerado culpado!!!"
Lembra-te de nossas senhora de fátima de Felgueiras...

sábado, 8 de setembro de 2007

Videotas

Sempre evitei pronunciar-me sobre o triste desaparecimento de Madeleine McCann e continuarei a não o fazer. É um caso de polícia e, como tal, não me parece que possa especular-se com senso.
Há, todavia, dois aspectos que não posso deixar escapar, pois já assim actuara em 2002 (defesa da minha tese de mestrado) , 2004 (edição do livro a que aquela deu origem) e passim em diversas intervenções: falo da cultura mediática e da mediocridade intelectual que, à míngua de uma escola moderna e de uma classe política capaz de pedagogia (saindo de entre os eleitores, os políticos estão, de igual modo, em versão pop), se foram instalando.
A televisão é causa de adormecimento do pensamento (Sartori fala em "Homo Videns" e João de Almeida Santos do "Homo Zappiens") e a Internet fracciona-nos, podendo levar-nos, já que não há uma ética concebida à dimensão da pós-modernidade em que vivêmos, a ignorar problemas ou até a nutrir perversões.
Além disso, ao mesmo tempo que dão informação, causam sobre-informação (estima-se que uma edição de domingo do New York Times forneça mais informação do que a que estaria acessível a um homem culto do século XVIII, durante toda a sua vida*), levando-nos a, na impossibilidade de escolher o certo e o errado, vogar ao sabor de empresas que, além de informar, gostam de lucrar, nem que seja manipulando as emoções para o indulto, num dia, e para a condenação, no outro, fazendo com habitemos um mundo em que um sujeito que esteja debaixo dos holofotes se encontre perante a discricionaridade a que estavam submetidos os gladiadores de Roma, embora, agora, perante um "César mediatico".
Se mais provas fossem necessárias, bastou ver a triste figura que, ontem, dezenas de populares fizeram, apupando a mãe de Maddy, pelo simples facto de os media anunciarem que podia ser constituída arguida, como veio, aliás, a suceder com ambos os progenitores.
Independentemente do desfecho do caso, se sempre achei exageradas as manifestações de solidariedade nas missas, acho estúpida a vaia de ontem. Mostra a pobreza de espírito dos consumidores da nova (in)cultura mediática e prova a irresponsabilidade das empresas de comunicação social e dos políticos e a ineficácia, neste domínio, das universidades.
*Cito, com tradução nossa, não a Wikipédia :))) , mas sim Donald Wood ("Post-Intellectualism and the Decline of Democracy (The Future of Reason and Responsability in the Tweentieh Century)", Westport, Connecticut, Londres, Praeger Publishers, 1996).

Nunca me deu tanto gosto bater na boca

Receava eu que o caso "Somague" se arrastasse e servisse para enlamear a já desprestigiada classe política e a Procuradoria-Geral da República pôs fim à especulação, afastando (como sempre admiti) vestígios de crime.

Resta esperar que o mesmo suceda nos casos em que não haja um Presidente de Comissão Europeia em jogo!

Enquanto a malta brinca às directas...

José Sócrates anunciou a abertura, até 2009, de quase 400 creches.
É uma medida essencial, no quadro de um imperioso estímulo à natalidade, esperando eu que os horários de funcionamento tenham alguma coisa a ver com os horários de trabalho dos pais, mormente nas grandes cidades.
A boa política não tem cor partidária.

Carga ligeira

Está prestes a começar a histórica e inédita presença de uma selecção amadora de rugby na fase final de um campeonato mundial.
Bem vistas as coisas e repetindo o espírito aventureiro do costume português, a equipa é a nossa; os nossos "lobos"!...
Por muito que voltem a uivar para casa (espero que haja seguro contra hecatombes para o desafio com os encorpados moços da Oceania - leia-se, Nova Zelândia), já nos encheram de orgulho, como fizeram os companheiros do basquete.
Fica o repto aos políticos: por que é que os nossos é que têm de ser amadores? Por que é que Nélson Évora, depois de se sagrar campeão mundial de triplo salto, tem que ir treinar para Madrid (aqui já não se arrepiam os "patrioteiros" do costume?!) porque nos falta uma mísera pista coberta com condições para treino de alta competição?
Será que os balofos do PS e PSD que adoram mandar no desporto não podem dispensar atenção e uns cobres para resolver algo que nos torna campeões do improviso (mérito aos atletas) e pedinchas da alta competição (vergonha da política desportiva)?

sexta-feira, 7 de setembro de 2007

Página Web do dr. Manuel Pinho

Ontem e por motivos profissionais, visitei o site do Ministérios da Economia e Inovação.

Como qualquer página Web de um ministério do nosso país, esta apresenta no topo a designação/título/denominação à qual se refere. Sem margem para dúvidas, Ministério da Economia e Inovação.
De igual modo, como qualquer página Web, esta apresenta a barra do índice do site com as diferentes secções para visitar.
O que torna esta página Web de um ministério diferente das outras, é a fotografia em tamanho de “destaque” do seu ministro: doutor Manuel Pinho (drMP)...
Nesta, o drMP aparece a discursar num sitio qualquer, que até deve ser um local interessante do ponto de vista do estado, só não se fica a saber bem onde!!!
Pensei eu cá para mim: “Ok!!! É o ministro!!! Estranho, parece mais novo… deve ter sido tirada há já algum tempo!!!” e outro pensamento que não este seria absurdo, pois o conteúdo da fotografia é demasiadamente vago e não acrescenta conhecimento a ninguém, que só lá esta para mostrar este “ilustre” membro do governo rosa!!!
Ainda não tinham passado 10 segundos e aparece outra fotografia com o drMP ao lado do famosíssimo Lula da Silva.

O formato da fotografia é do tipo Tony Carreira, onde normalmente aparece com um ar esbaforido no fim de um concerto e acompanhado por uma fã… aproveito para mandar um abraço ao “nosso” músico Tony e pedir-lhe desculpa pela comparação… no que respeita à fã, o facto de ser uma pessoa anónima não me traz problemas futuros pela comparação com o drMP…

“Bem, talvez seja interessante para Portugal ter na página Web do ministério da economia e inovação uma fotografia que prova que o nosso ministro conhece (e é fã) o Presidente Brasileiro…” foi o que eu pensei!!!

Mais 10 segundos e já estava a aparecer a terceira fotografia… depois dessa, apareceram mais sete (uma com o drMP e o “nosso” Scolari)… no total são 10, todas com o drMP ao lado de alguém ou sozinho…
Assim pensei com os meus botões:
Será que é mesmo a página Web do Ministério da Economia e Inovação?
Não será a página pessoal do drMP?
e esta, hein!!!

Frutos do mesmo ramo?



O jornalista Pedro Correia, levou a cabo - no DN do passado dia 5 - uma comparação exaustiva entre Mendes e Sócrates.
Embora as origens, gostos pessoais e percurso curricular e profissional diferenciem os dois líderes, é justo concluir que em muitos pontos são mais parecidos do que [queremos e] cremos.
Desde percursos políticos semelhantes, características comuns (workaholics, moderados, prevenidos….), paixões e até vícios, Mendes e Sócrates quase nos fazem crer que são frutos do mesmo ramo. Confiram aqui.