quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Ai sim?!

Acabo de ouvir o engº Ângelo Correia, no "Frente a frente" da SIC-Notícias, dizer várias coisas com as quais concordo e que cito de cor:
  1. "Há vinte anos que o partido deixou de pensar".
  2. (Falando dos tempos em que debatia, entre outros, com Helena Roseta, sua contendora no programa) "mas não discutiamos lugares nem a conquista do poder".
  3. "Há uma governamentalização dos partidos", quando estão no poder, e a lógica devia, ao invés, ser "de baixo para cima", querendo significar a inspiração social que deveria existir.

Sendo que falamos de uma autoridade intelectual e estatutária (é Presidente das Mesas do Congresso e do Conselho Nacional), espero bem que haja efeitos práticos desta sábia alocução.

Eu, que sou "ninguém", bem vou a congressos e conselhos nacionais tentar debater ideias, sem grande sucesso. Agora que há vozes autorizadas, pode ser que...

Insólita Publicidade


"Deslarga-me"?!! ...
Não há-de faltar muito para um anúncio com o célebre "destorcer" ou o comum "destrocar"...
Com publicidade assim, não me parece de todo insólita aquela ideia do Dr. Menezes em retirar a publicidade da RTP.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

A síndroma das Petições


Nunca como nos dias de hoje foi tão fácil opinar, reclamar, reivindicar, insurgir, protestar e contestar. A liberdade de expressão está constitucionalmente consagrada. Os media reservam com alguma generosidade um razoável espaço à vox populi. As organizações e os serviços preocupam-se cada vez mais com aqueles que servem. E este universo que é a Internet, (com relevo para a blogosfera) permite a partilha de opinião sem limites (que muitas vezes fazem falta).

É inegável que ao longo dos tempos o Homem tem sentido necessidade de procurar novas formas de politizar, de fazer valer a sua opinião, de chamar a atenção para as suas causas e até novos métodos de pressão sob a classe dirigente instando à mudança. Com efeito, depois da estratégia do buzinão, das greves de fome, das barricadas, dos minutos de silêncio, das manif’s convocadas via sms e das marchas lentas, aos portugueses ocorreu o conceito das “petições on-line”. E vai daí, o país rendeu-se a essa 8ª maravilha.

Tenho a dizer que tal inovação não me agrada nem pouco mais ou menos. Todos dias há quem apele à minha compaixão e resolva inundar a minha mail box com pedidos de subscrição de petições. Confesso que não subscrevi uma única. Não me tomem por indiferente, insensível ou frívola. Acontece que a grande maioria delas são completamente descabidas e não me parecem um forma credível de mostrar a minha preocupação ou indignação pelas questões respeitantes à causa pública.

Hoje fazem-se petições para baixar o preço da PS3, pelo missa de 7º dia do falecido gato do vizinho, pela reabertura da tasca lá do bairro que fora justamente encerrada pela ASAE, contra a saída daquele canal de comédia da grelha da TV por cabo, e por aí fora. E o mais grave é que ao brincar às petições, os portugueses nem se apercebem que acabam por descredibilizar aquele que poderia ser um instrumento profícuo se utilizado diligentemente e com comedimento.

Consagrado constitucionalmente, o direito de petição pode efectivamente fazer valer a opinião pública perante os órgãos de soberania. Se forem correctamente formuladas, devidamente fundamentadas e cumprirem os requisitos exigidos podem cumprir o seu desígnio e vincular tais órgãos a adoptar medidas de apreciação e deliberação.

Quanto às petições online, qual o poder de um nome e de um endereço de email? Absolutamente nenhum. Não têm qualquer valor legal, porquanto não existe qualquer sistema que identifique os seus signatários. O cúmulo é que qualquer pessoa que saiba o meu nome e o meu número de BI me pode incluir na lista e fazer-me signatária de uma qualquer petição na rede. No máximo, o que poderá acontecer é que se a causa for abraçada por muitos internautas, a Imprensa – qual caixa de ressonância – lhe dê algum relevo. Mas isso, só por si, não adiantará de muito.

Que ilações a tirar desta adesão massiva às petições online?

Os portugueses não estão num preocupante estado de letargia, como muitas vezes por aí se diz. Se instados a isso, sabem expressar as suas preocupações, os seus anseios e debater com discernimento a causa pública.
Mas cabe alertá-los que subscrever tais petições sem qualquer crédito não é uma atitude cívica responsável, antes uma intervenção pela via fácil, mais cautelosa, menos trabalhosa - bem ao jeito português, sublinhe-se.
Cabe ainda lembrar-lhes que as pequenas revoluções fazem-se no quotidiano, nos nossos círculos – casa, família, escola, trabalho e por aí fora. E que a essas esferas de intervenção a que não podemos escapar, se podem juntar outras, certamente mais dinâmicas e profícuas como, por exemplo, movimentos cívicos e associações de solidariedade social ou até pela militância em partidos. Estes sim, são os verdadeiros e adequados meios de fazer prevalecer a nossa democracia, sem nos votarmos ao facilitismo do mundo virtual que acaba por não ter qualquer repercussão no mundo real.

PS1 – nem a propósito, o texto anterior incide sobre participação cívica, abaixo-assinados e outros que tais.
PS2 - Perdoem-me a verborreia crónica!

Agri-Cultura de Coimbra

Dei comigo a ver a ver o blog coimbrão "Amigos da Cultura", que critica a alegada ausência de política cultural por parte do executivo presidido por Carlos Encarnação.

Sou do PSD e, como nos casamentos, nos partidos há deveres de lealdade (adoro estes silêncios que ferem os ouvidos...).

No entanto, limito-me a sublinhar que, independentemente da inclinação canhota da sua participação cívica, não me parece dispicienda a plêiade de figuras gradas da cidade que subscrevem a "reencarnação" cultural, como, por exemplo, Abílio Hernandez (ex-Comissário de "Coimbra Capital da Cultura"), António Arnaut (que, depois do Serviço Nacional de Saúde, vê o "serviço municipal" de Cultura em apuros), António Marinho Pinto (porque o circo também é arte...), Joana Amaral Dias, Joaquim Gomes Canotilho e Reis Torgal, num total, à data de hoje, de 1.143 subscritores (um número "nacionalista", diria eu).

O que parece ainda menos de deixar passar em claro é a reacção de um partisan do meu partido, de seu nome Marcelo Nuno Pereira, vereador do ora visado Carlos Encarnação, que afirmou (segundo o blog que, por seu turno, cita o jornal "Campeão das Províncias") que "há um conjunto de pessoas que se considera a elite, acha que sabe mais que os outros e consegue ter acesso a mecanismos de pressão, organizando conferências, debates, escrevendo artigos e promovendo abaixo-assinados”.

E nem é que não seja "bonito" ver o dr. Marcelo Pereira a continuar a cumprir diligentemente a sua função de "polícia de choque", mas me parece que talvez fosse de escolher para arauto alguém que, na volta do correio, respondesse com pergaminhos ou ideias de Cultura...

E mais não digo, porque mesmo que não gostemos de um "primo", ele não deixa de ser da "família" (partidária, entenda-se)... Para além disso, o dr. Marcelo Pereira é vereador e eu não, o que faz supor que esteja bem mais habilitado, inclusive na área da Cultura, onde, por certo, um dia fará história (juro que não estou a sorrir!!!).

Gostei!


terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

"Tubaralhas-me"

Sabem o que diz o tubarão à "tubaroa"?
- Tubaralhas-me!


É melhor começar com uma piadola para desanuviar. De facto, já não sei o que pensar. Sinto-me cada vez mais desiludida e indignada com o Ensino em Portugal, mas não sei se posso atribuir a culpa deste sentimento a alguém que não seja eu mesma...ou então atribuo a culpa a todos nós, como repetiu várias vezes o professor Arsélio Martins (distinguido com o Prémio Nacional de Professores) no debate de ontem na RTP. É que de facto, todos têm culpa e ninguém tem culpa, mas na verdade o que ninguém quer é assumir a culpa e chegar a um entendimento de uma vez por todas. Confesso que, na minha condição de professora, ou melhor, formadora externa de CEF (Cursos de Educação e Formação), a minha tendência é concordar com o "luto" dos professores por vários motivos. A minha experiência nestes cursos leva-me a entender a posição daqueles que defendem que os CEF mais não são que uma forma de melhorar as estatísticas, sem que na verdade tenhamos alunos minimamente preparados. Na minha boa fé quero acreditar que a criação destes cursos teve mesmo como finalidade dar uma oportunidade a alunos que têm imensas dificuldades de aprendizagem e que se sentem desmotivados no ensino regular. Mas depois deparamo-nos com estas turmas e percebemos que, quer haja um mínimo esforço por parte dos alunos, quer não haja esforço nenhum e apenas falta de respeito por colegas e professores, no final todos passam. Esta é a realidade que temos, porque os cursos estão orientados nesse sentido. Claro que há alunos que se esforçam e, de facto, merecem esta oportunidade, mas muitos há que simplesmente não querem saber. Concordo, por isso, com o que se dizia no debate de ontem sobre os programas e a estrutura dos cursos: estão completamente desadequados.

Quanto à avaliação dos professores e à gestão escolar (isto para não falar dos concursos para colocação de professores), já nem sei o que dizer. Estou cansada e ainda agora cheguei à realidade do ensino. Mas posso dizer que gostei de ouvir o professor Arsélio Martins, principalmente quando afirmou que os professores têm de ser tratados com dignidade. É que as políticas do Ministério da Educação (ou melhor, quem as criou) parecem ter escolhido os professores como bode expiatório para todos os males do sistema educativo. Eu sei que tenho pouca experiência, sei também que a minha desmotivação e desilusão se deve, em parte, ao facto de trabalhar com os CEF, mas os professores não podem ser responsabilizados por tudo. A meu ver, todos têm responsabilidade, começando nas famílias (que em muitos casos se descartam da obrigação de dar educação aos filhos), passando pelos professores e acabando no Ministério da Educação, não esquecendo ainda a sociedade civil e claro, os alunos. Será assim tão difícil de perceber que, se não se chegar a um entendimento entre todas as partes intervenientes, as coisas só vão piorar? Admito que criei expectativas elevadas quanto ao debate de ontem, que inocente que eu sou… Claro está que os professores iam demonstrar a sua revolta com criticas directas e questões pertinentes, e que a Ministra ia ser evasiva nas respostas, como pude esperar outra coisa? Atenção, houve pontos de vista com os quais concordo plenamente, mas não vou defender os professores ao ponto de negar responsabilidade dos mesmos em todo o processo. Como já disse, é preciso ceder de parte a parte de modo a encontrar as soluções mais adequadas à realidade escolar que enfrentamos hoje. Não posso deixar de referir que, apesar de não querer desvalorizar o trabalho ou a competência dos responsáveis pelas políticas de educação, é fundamental que estas políticas sejam feitas por quem está no terreno a lidar com as verdadeiras dificuldades todos os dias. Enquanto isto não acontecer, vai haver um fosso enorme entre leis e realidade, entre professores e Ministério.

Volto ao início, estou baralhada. Se por um lado o meu desagrado é evidente, por outro lado não poso deixar de acreditar que tem de ser uma boa Educação a levar este país para a frente.
Sinceramente, em conversa com colegas de profissão manifesto muitas vezes a minha profunda indignação com tudo e, consequentemente, a minha vontade de abandonar o barco e mudar de profissão. Mas, na verdade, seria uma grande cobardia da minha parte não lutar por um ensino melhor. Sempre quis ser professora e agora que sou… estou baralhada!!!! Alguém me ajuda a “desbaralhar”?

Nação falida...

Face ao título que escolhi e dada a independência do Kosovo, aparentemente, a resposta é: não, uma nação não vai à falência.

Todavia, em breves linhas, retomo o que tenho visto sobre Portugal e que, a meu ver e como mero sinal de protesto, motivou a eleição do Doutor Salazar como o maior de entre os “Grandes Portugueses”: a política contemporânea tem sido incapaz de resolver as angústias do povo português, que se afoga em dívidas e vê que até o milagre prometido pela moeda única só serviu para passarem a pedir-nos cem ou cento e vinte escudos por um café, a título de exemplo… Mais do que qualquer assomo serôdio de salazarismo, disse-o então, este é um primeiro e manso grito de revolta.

No seguimento de um mal-estar que se vem manifestando, para já, à boa maneira portuguesa – ou seja, com algum encolher de ombros e o aumento das anedotas sobre nós próprios – surgem as palavras do Presidente do Observatório de Segurança, General Garcia Leandro, que foca, precisamente, o esgotamento do nosso espectro partidário com aspirações governativas e o risco de implosão ou explosão social.

E o que fizeram os sucedâneos de elite que se apoderaram de gordas fatias de PS e PSD? O mesmo de sempre: assobiaram para o lado e continuaram a repartir migalhas de poder, de influência e sabe Deus de que mais, sem que os seus líderes, que tenho por insuspeitos, possam por ordem na lama sub-ética em que vamos tentando discernir causas, perdida a visão estratégica do País como um todo com futuro.

E enquanto decorre o festim, fecham serviços, depreciam-se as forças armadas e de segurança e sufocam-se famílias com juros, sem que se ouça um discurso pedagógico sobre consumismo, excepto algumas palavras sempre avisadas do Presidente Cavaco Silva.

Na passada, algo que é quase um golpe de misericórdia na nossa já postergada auto-estima, um relatório da Comissão Europeia afirma que Portugal está no topo da lista de países europeus com maior efectividade ou risco de pobreza infantil, apenas suplantado neste tétrico campeonato pela Polónia (assim como na qualificação para o EURO 2008…).

A lista de factores explicativos, essa, é de lembrar o esplendor de um país do terceiro mundo; fala-se de precariedade do emprego, baixos salários, baixas qualificações e abandono escolar, famílias desestruturadas ou mal dimensionadas (o clássico exemplo de que há sempre espaço para mais uma criança, sem pensar que as exigências de hoje são bem superiores às do tempo do “pé descalço” e uma sopa) e carências alimentares, o que quer dizer que, em 2008, há crianças portuguesas, futuros cidadãos activos de Portugal, que passam fome, apenas comendo o que lhes dão nas escolas ou instituições sociais.

E bem pode o Ministro do Trabalho e da Solidariedade Social, que me parece sério, dizer que aumentou as prestações sociais e o apoio às famílias que, penso eu, continuam a faltar políticos com dimensão senatorial para “guiarem” o povo, através de opiniões credíveis, e o estabelecimento de prioridades. Por que é que eu tenho que ver o meu país como a Somália da Europa e, ao mesmo tempo, ouvir falar de milhões em submarinos, casinos e para-cretinos? Por que diabo tenho que pensar para conseguir contabilizar as indemnizações dos ex-gestores do BCP? Qual a razão pela qual há reuniões e comissões de Deputados sobre off-shores e curricula de políticos, sem que se veja uma cimeira séria e mediática sobre crianças que passam fome? E não andaremos a passar alunos (no ensino regular e nas “Novas Oportunidades”) só para enganar estatísticas europeias, mantendo as causas estruturais do nosso atraso?

Estas e outras perguntas quase retóricas agravam aquela sensação de que isto já só lá vai com uma “cadeira pela cabeça abaixo” dos nossos políticos...

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

A Apologia de Sócrates*

Prelúdio:
Confesso que por ocasião dos três anos de governação socrática, muita vontade tive de opinar por estas paragens sobre tal data. Contudo, julguei que aqui pelo Lodo haveria quem, melhor que eu, o viesse a fazer. Mas não se chegando ninguém à frente, voilá:

Não há dúvida de que Sócrates comemorou em grande estes três anos no poder. Na segunda-feira, a aguardada entrevista confirmou e convenceu que o Sr. Engenheiro tem um rumo. E como diria alguém que me é próximo: “Quem sabe para onde vai, já chegou”. Reconheça-se, aquela entrevista foi a verdadeira glorificação de Sócrates. Claro que, coisas tão evidentes como a sua altivez e presunção acabaram por nos passar ao lado.

Tal como passaram ao lado temas a que um primeiro ministro sério não devia fugir. Caso do desemprego (só se falou de emprego, de 90 mil postos de trabalho criados (?!!!), de emprego, dos 150 mil empregos que vamos atingir, e ainda de emprego..!).
Quanto à Saúde o PM pouco adiantou e no respeitante à Economia ignorou o sobreendividamento dos portugueses, as crises internacionais (como se a elas fossemos imunes), a inflação... e por aí fora.
Mas dos problemas morais que se lhe assomaram quando teve que subir os impostos, isso sim, falou-se. Já quanto aos reais problemas dos portugueses, nada.
E porque não do tema que marcara aquele dia – as cheias? Tão preocupado com o progresso tecnológico, com os tais 3%, com os simplex’s e demais artifícios, mas... e depois? Depois chove e pufff! o caos chega à cidade e, imagine-se, chega a matar. Mas que raio isso interessa?... Somos um país desenvolvido, brada-se ao crescimento, mesmo que teimemos em não resolver problemas comparáveis aos do terceiro mundo.

Apesar de tudo isso, Sócrates tinha a lição toda estudada e saiu-se bem. Pode não ter sido aluno brilhante, mas na segunda-feira lá estava ele, engalanado, sorriso número 44, os números na ponta da língua e os argumentos do costume com os floreados do costume. Pronto, assim se convence uma nação.

Com a ajudinha (inegável) dos dois jornalistas encarregues de comandar o barco, quem acabou por se revelar comandante foi o PM. Aos outros dois coube lustrar a embarcação: seguiram o alinhamento definido sem acrescentar uma vírgula que fosse, subalternizaram-se como não se lhes esperava, desfazendo-se em desculpas pelo incómodo das perguntinhas, cheios de renhónhó (isto escreve-se? adiante...) e afins.
Só faltava um Don Perignon para brindar no final.

Num contexto assim, diga-se, até o Sr. Emplastro (sim, esse...) nos convencia enquanto líder desta nação.

Chego à conclusão que, ao fim ao cabo, neste país tudo se resume a uma questão de maquilhagem. Aliás, maquilhagem em três passos simplex é o método socrático: apesar do esforço e da retórica do Sr. Engenheiro, o país mantém-se feio, envelhecido, cinzentão e votado a um triste fado. Mas Sócrates vende um paraíso a emergir, uma nação a caminhar rumo a um risonho futuro, um país de oportunidades, de choques, simplex’s e afins. Que é isto senão maquilhagem? ...

* espero bem que o outro Sócrates não se ofenda por usar tal epígrafe...

Puxão de Orelhas

Diz o povo que “quem diz a verdade não merece castigo”, mas essa lógica parece não se aplicar no seio do grupo parlamentar social-democrata: o jovem deputado André Almeida, em declarações ao Jornal de Notícias, classificou de “excelentes” as condições de trabalho dos eleitos no Parlamento e disse ter-se mostrado surpreendido com o ordenado auferido pelos deputados*, pelo que resolveu doar 10% daquele vencimento a instituições do seu distrito.
Só que tal ingenuidade e benevolência não caiu nas boas graças de muitos dos seus pares. E vai daí, o deputado foi instado a reconhecer que teriam sido declarações irreflectidas e... nada mais, nada menos, que a pedir desculpa por ter dito... ... a verdade.

* 3708€ é o vencimento base ao qual se somam despesas de representação e abonos de transporte.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Estúpidos, palhaços e ignorantes

O sítio "Terminal A" até oferece um bom serviço na busca de boas tarifas de avião.

Porém, a meu ver, a vida não pode servir apenas para ganhar dinheiro, sem respeito por pessoas e povos.
Ora bem, pesquisava eu aeroportos indonésios e, como podem ver, em 2008, o aeroporto de Díli ainda consta como como plataforma da Indonésia.

Bem sei que há que ultrapassar problemas antigos, mas esta empresa podia ter o esmero de perceber que estamos a falar de uma potência que liquidou 1/3 do povo timorense e que a independência de Timor-Leste custou muito a conquistar.
Além de aspergir esta bílis, já lhes mandei um e-mail pouco simpático!

Piadas de mau gosto

Por reincidência em mau comportamento por parte dos seus adeptos, após o jogo na Figueira da Foz, o Sport Lisboa e Benfica foi multado pela Liga de Clubes em 1.550 € (mil quinhentos e cinquenta euros)!...

Nada me movendo contra o SLB, mais valia estarem quietinhos, em vez de multarem clubes com orçamentos de milhões em quantias ridículas, que em nada servirão como meio de dissuasão...

Há que apostar no bom senso, caro Presidente Hermínio...

Já exercitou a sua?!

Segundo a UNESCO, hoje é o Dia Internaciona das Línguas Maternas.

Creio que não se refere à língua da senhora sua mãe, pelo que o LODO recomenda que falem e escrevam bom português, já que estarão a utilizar a 3ª língua mais falada do planeta e a única com duas ortografias.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

“Santana não escapa!!!”

“Santana não escapa!!!” - Este é certamente o pensamento de muitos jornalistas do nosso país. Não porque o motivo seja somente o de perseguir o ex primeiro-ministro. Mas porque na realidade o seu nome vende e valoriza uma qualquer notícia.

Pouco importa que se escreva bem sobre ele. De igual forma, escrever as maiores calúnias, não é de preocupar… o conteúdo é secundário!!! Pois já se percebeu que o simples facto de relacionar a notícia ao seu nome (se possível, no título) vende muitos jornais e aumenta demasiado as audiências…

Este é um fenómeno assustador e que infelizmente para Pedro Santana Lopes (e para o PSD), o irá acompanhar para sempre ao longo da sua vida política…

Adeus Fidel



Fidel Castro renunciou hoje ao cargo que ocupava há mais de 50 anos... Será que ainda respira?!?!?

Quero ir a Cuba depressa!

Boltei, Boltei, boltei de lá...

Sócrates entra numa casa de alterne e senta-se no balcão do bar, ao lado de uma linda alternadeira, e sussurra:
- " Você deve conhecer-me... Quanto quer para passar uma noite comigo? "

E ela responde:

- "Se o senhor conseguir fazer o seu pénis crescer como fez com os juros e mantê-lo teso como estão todos os portugueses, levantar a minha saia como está fazendo com os impostos, baixar as minhas cuecas como está fazendo com
os salários, mudar de posição como mudou na sua vida política e me f ... com tanto jeitinho como está a f... o povo português ... É DE GRAÇA!"

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Obrigado, ó Silvestre!...

Que saudades da adolescência, vendo Sly Stallone fechar a saga de Rambo, como fizera, há uns tempos, com a de Rocky...
Digam o que disserem, vêm-me à memória tempos de cinemas antigos e gigantescos repletos de malta que aplaudia as cenas mais entusiasmantes (é verdade...) e SEM PIPOCAS!...
E como não recordar dois dos mais idiotas - sobretudo vistos 20 anos depois - filmes da propaganda anti-soviética, como foram Rambo III e Rocky IV?!... No primeiro, Rambo enfrenta a ocupação soviética do Afeganistão, apoiando o que hoje os americanos vomitam e chamam de taliban! No segundo, Rocky vence o atleta de laboratório (esteróides, pois claro), Ivan Drago, num combate de boxe em Moscovo.

Enfim, os filmes podem ser uma treta, mas os tempos eram do melhor!...

Descubra as diferenças (III)

2008

Ontem, estreou na RTP pela mão de Maria Elisa, "E depois do Adeus", um programa que evoca momentos que marcaram indelevelmente o país, incitando à introspecção política, social e cultural. O tema escolhido para a primeira emissão foi o das cheias de 1967 - a maior catástrofe natural ocorrida em Portugal depois do terramoto de 1755 - bem como as de 1983 e 1997.

Hoje, Lisboa acordou inundada e no resto do país o cenário não foi muito diferente.

Afinal, as cheias não são problemática do passado e de quando em quando, insistem a marcar a actualidade. E não vale a pena remeter as culpas para S. Pedro. É certo que o tempo é cada vez mais incerto e as alterações climáticas têm revelado a sua pior faceta. Contudo, os problemas que estão na origem das maior parte das incidentes relacionados com o mau tempo podiam ser evitados com coisas tão elementares como limpeza de algerozes e dos sistemas de escoamento, a regular manutenção das vias rodoviárias e fiscalização periódica de infraestruturas públicas. E há ainda que alertar para os efeitos da urbanização descontrolada, que na maioria dos casos é imune ao ordenamento de território.

O certo é que já era hora do país estar preparado para fenómenos metereológicos como este, ao invés de continuarmos a olhar para o passado (como no aludido programa), sem no entanto sabermos retirar lições dele. E insistimos nesta lógica a la portuguesa do "remediar, sobre a qual ainda há dias aqui falei.

Chular

Lê-se no Público de hoje que o "Banco Espírito Santo cobra 104 euros pelo encerramento de contas dos clientes".
O giro (leia-se, nojo) da situação é que a administração reconhece-o, desdramatizando ao dizer que está no preçário do banco, aprovado pelo Banco de Portugal.

Em primeiro lugar, cumpre perguntar se anunciam o facto com as mesmas parangonas com que fazem alarde das mil e uma vantagens dos produtos que vendem.
Em segundo lugar, pergunto-me se não entende aquele bando de vampiros que o que está em causa não é a legalidade, mas sim a moralidade. Ao extremarem a exploração para além do razoável (100 euros são para o BES e 4 para imposto de selo), estão a enfraquecer a crença numa economia de mercado que permitiu a sua existência. Será que estes idiotas - fala um adepto do mercado - não percebem que falamos de 1/4 de um salário mínimo?! Ou quererão ser apenas um banco de gente fina?! Será legítimo que se limite assim a "mobilidade" interbancária?!
Por muito que o BES anuncie a suspensão (não a abolição, note-se) da comissão, agora percebo quem paga a publicidade feita pelo Cristiano Ronaldo. Mais vale ficar com as notas no colchão do que ir ao BES, ao invés do que diz o anúncio...

domingo, 17 de fevereiro de 2008

António Costa, o defensor

“O ‘Público’ é hoje um jornal indigno, que se comporta de uma forma inqualificável, numa cruzada de ataque pessoal à figura do engenheiro José Sócrates. (…). Há tanta gente na vida política portuguesa, porquê só socialistas?”
Presidente da Câmara Municipal de Lisboa, António Costa – declarações ao RCP – frase retirada do jornal Expresso

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Mais vale prevenir que remediar

Dizemo-lo com frequência, mas com a mesmíssima frequência preterimos a prevenção à emenda. Concretizando: neste país falou-se, durante anos, de Educação Sexual nas escolas, de planeamento familiar acessível, de distribuição gratuita de contraceptivos e de outras tantas medidas que podem evitar as altas taxas de gravidez na adolescência, a proliferação de DST's e o recurso à interrupção voluntária da gravidez.

Não obstante, dos discursos aplaudidos e dos polidos textos à sua concretização na vida real, tem-se percorrido um caminho moroso e sinuoso. Começou-se pela criação de serviços de planeamento familiar um pouco por todo o país, seguiu-se a introdução, paulatina, da educação sexual no meio escolar e, mais recentemente, a legalização da IVG. Alguns passos importantes - é inegável - mas que não contando com outras medidas complementares, de pouco nos servem.

Recordo com frequência - e uma dose de preocupação - o estudo efectuado pela DECO em Junho do ano transacto (publicado na revista Teste Saúde edição nº67), que concluiu que os jovens portugueses não têm o devido acesso a planeamento familiar. Hospitais, centros de saúde e outros espaços vocacionados para o aconselhamento naquela matéria, não só não funcionam como a lei prevê, como ainda há casos em que se recusam a prestar tais consultas.

Se o supracitado já é por de mais preocupante, aditava ainda o artigo que em algumas das consultas prestadas foram 'esquecidos' temas como a importância do uso do preservativo na prevenção das DST. Quanto à disponibilização de contraceptivos, apurou-se que muitas daquelas unidades de saúde não os dispunham para distribuição.

Parece que em boa hora aquela associação de defesa dos consumidores alertou os senhores do Ministério da Saúde. Pelo cenário descrito, tornava-se imperativo a tomada de determinadas medidas, e eis que agora, no âmbito do Programa Nacional de Saúde Reprodutiva se anunciou a distribuição - gratuita, sem entraves e burocracias - de preservativos e pílula feminina aos utentes do SNS.

Há ainda um longo caminho a percorrer no desenvolvimento de políticas nacionais de saúde sexual - é certo - mas pelo menos um passo crucial foi dado. E se a tarefa lhes parecer hercúlea, usem da cooperação de algumas organizações da sociedade civil, que é para isso mesmo que elas servem.

De uma vez por todas, cabe entender que de pouco nos vale uma legislação liberal sobre a interrupção da gravidez se paralelamente não dispomos de eficaz educação sexual e da existência de aconselhamento profissional acessível e de qualidade, que funcione em regime de gratuitidade e que disponibilize meios contraceptivos.

Diz-se que 'mais importante que remediar, é prevenir'. Mas os profissionais de saúde, os responsáveis pelos espaços já citados, o Ministério da Saúde e os ministros que o vêm tutelando, têm sido - no atinente a esta problemática - inegavelmente irresponsáveis. Principalmente, por não medirem as consequências irreversíveis (gravidezes adolescentes e proliferação das DST) do mau serviço que prestam – quando o prestam…

Curioso, é que aqueles que nesta matéria são frequentemente denominados de irresponsáveis - os jovens - acabam por ser as primeiras vítimas ao não beneficiar de apoio a que têm direito. Ao fim ao cabo, parece que responsabilidade é coisa que não falta tanto aos jovens, mas antes a muitos dos que nos governam.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Afinal, CORRUPÇÃO não é só um filme!

Pois é! Para quem andava esquecido, corrupção não é só um filme, é bem real! Corrupção foi, de resto, a palavra mais ouvida no debate de ontem da RTP1. De repente todos se lembraram, e BEM, que a corrupção em Portugal é um cancro que se vai alastrando livremente, sem leis eficazes que o impeçam. Lembraram-se também, e mais uma vez MUITO BEM, que não é só a corrupção que arrasta o nosso país para os caminhos da perdição. Há algo que está na base de tudo e que nem as leis podem tentar mudar: a MENTALIDADE do povo português. Pois bem, estes são os verdadeiros entraves que a meu ver impedem que Portugal “pule e avance como bola colorida nas mãos de uma criança”. Poética e idealista me confesso, mas acima de tudo sou uma pessoa de fé, porque apesar do cenário negro com que nos deparamos todos os dias, eu acredito na luz ao fundo do túnel.
Quanto ao cancro, há que tentar a quimioterapia que, como diziam ontem no “Prós & Contras”, passa não só pela AR e pelo Governo, mas também por todos nós. Se não nos mexermos, se não sairmos do colchão, não vamos a lado nenhum (até o Cristiano já percebeu isto). “Temos de ser nós a fazer ouvir a nossa voz”, cantavam os Onda Choc ou Mini Stars (já não sei) no século passado. A mudança tem de passar por todos nós, começando logo por mudar mentalidades. É difícil, mas não é impossível, não custa tentar. Se até o Gervásio aprendeu a reciclar, de quanto tempo mais é que os portugueses precisam para alargarem horizontes e pensarem diferente? Bom, já chega de trocadilhos e piadolas (até porque normalmente ninguém acha piada). Fica o meu desabafo e a minha esperança que mais pessoas partilhem de ideais semelhantes aos meus e não desistam de remar contra a maré. Como diz o meu amigo Marco, eu não vou mudar o mundo, mas se conseguir mudar a minha rua já valeu a pena.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Questões FraCturantes

"Criticado à esquerda pelas suas políticas económicas e financeiras ortodoxas, restam as questões fracturantes para o Governo e o PS tentarem demarcar-se da direita. Se o PS ganhar de novo as eleições, provavelmente virão o casamento homossexual, a adopção de crianças por gays e lésbicas, etc.
Será bom que, antes da votação, o PS diga claramente o que pretende fazer nestas áreas. É que, para logro, já basta o aborto, em que enganaram os portugueses com uma alegada despenalização, quando afinal veio não só uma liberalização, como uma empenhada promoção do aborto.
Mas os esforços governamentais parecem não estar a atingir os seus objectivos: o número de abortos voluntários nos hospitais públicos encontra-se a pouco mais de metade das previsões oficiais. Uma das mais baixas taxas do mundo, um caso excepcional, segundo o coordenador do Programa Nacional de Saúde Reprodutiva (Francisco Sarsfield Cabral in Diário de Notícias, 29.11.07)."

"Nos cerca de seis meses em que vigora a lei da discriminalização do aborto até às dez semanas há mulheres que já fizeram duas interrupções voluntárias da gravidez (IVG). A Direcção-Geral da Saúde diz que são casos esporádicos. O coordenador do Programa Nacional de Saúde Reprodutiva, Jorge Branco, tem conhecimento de repetições de abortos em alguns serviços desde a entrada em vigor da lei. Muitas mulheres faltam às consultas de planeamento familiar que lhes são marcadas (Catarina Gomes in Público, 11.02.08)."

Vamos ao cinema! Está fechado!? Bora lá fazer um aborto.

Há quem tenha votado não por descrédito na responsabilidade civil das (os) portuguesas (os)..


E tudo isto dará em quê, Caríssimo Freitas Pereira??? *

No seu programa de "récita" semanal, "Aló, Presidente" o Presidente da Venezuela, Hugo Chávez, reagiu ao processo judicial da Exxon Mobil contra a petrolífera venezuela PDVSA, dizendo que "Si ustedes llegan de verdad a congelar los (fondos), si nos hacen daño, nosotros les vamos a hacer daño, porque no les vamos a mandar petróleo a los EE.UU. Anótelo Mr. Bush, Mr. Danger (en alusión al presidente estadounidense, George W. Bush)".

No mesmo programa e continuando a sua saga de expropriações e renegociações, Chávez dedicou-se ao leite e ameaçou a Parmalat e a Nestlé, acusando-as de açambarcar aquele, deixando as fábricas estatais sem "matéria prima": "Estamos frente a una conspiración económica y estamos obligados a actuar por la seguridad de la nación".

Tudo isto se diz num cenário em que o país de Bolívar, apesar de riquíssimo enfrenta uma crescente escassez de bens essenciais, que os produtores atribuem ao controlo estatal de preços, em vigor desde há 5 anos.

De tal maneira está a coisa, que a Petróleos de Venezuela já recebeu instruções para montar uma rede de distribuição de produtos, na sua maioria importados.
Claro que, como em Cuba, se culpam os EUA, tal como no Zimbabwe se culpa o Reino Unido, sem que, por um momento, se olhe para a forma como, sem poder culpar alguém, se desmoronou a aventura soviética. Culpar o inimigo externo é uma receita clássica.

Confesso que acompanho com muito interesse a "Revolução Bolivariana"...




* O respeitoso desafio é lançado a um ilustre português da diáspora, que muito nos honra com comentários (mormente em assuntos sociais e de política internacional) e cuja leitura recomento vivamente, por muito que alguns sejam ao invés do meu pensamento.

Força, Presidente!


sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Ah, e tal, a Juventude... (II)



Um inequívoco e sintomático exemplo da importância que os senhores do poder dão à juventude é o programa de arrendamento jovem denominado "Porta 65". O malogrado programa pretende substituir o antigo incentivo ao arrendamento jovem (IAJ) que sob batuta do Governo PSD constituiu, em 1992, um passo importante na protecção da efectivação dos direitos económicos e sociais, particularmente no atinente aos jovens. Em 2005, consideraram os socialistas que o IAJ tinha muitas falhas e era demasiado dispendioso, pelo que diminuíram as verbas para metade, iniciando estudos no sentido de preparar um novo instrumento, que veio a ser lançado no ano transacto.
Hoje, o "Porta 65" é na realidade uma porta fechada à possibilidade dos jovens portugueses acederem a uma habitação no momento em que iniciam a sua vida activa e procuram adquirir a sua independência económica, desde logo porque parece ter como objectivo primeiro o de dar cabo da paciência dos jovens - a burocracia é tal que o número de candidaturas foi de 3561, contrastando com as 32 160 apresentadas no ano passado.
Ademais, as linhas mestras e os requisitos são de uma incoerência e absurdez que não lembra a ninguém. Imagine-se que a renda máxima admitida na região de Lisboa, a título de exemplo, é de 340 euros para um T1! Questiono a sanidade mental de quem determinou tais critérios. E sinto-me no dever de elucidar tal indíviduo de que um modesto quarto (como o meu) numa singela casa partilhada (como a minha) numa razoável zona de Lisboa (a que alguns ocorre denominar de ghetto...) custa uns módicos 260 euros mensais sem qualquer despesa incluída e sem direito a recibo. O que é curioso e admirável é que vim a descobrir que o burocrático programa foi criado por uma eleita do Bloco de Esquerda, o partido que está na moda entre as camadas mais jovens e que clama defender acerrimamente a luta daquelas. Coincidências...

O que nos vale é que há quem - como a JSD - em boa hora, erga a voz a propósito desta matéria. E para que não nos acusem de ser sempre e só do contra, desta feita damos provas de que sabemos apresentar alternativas credíveis. Com efeito, a juventude laranja vai levar à Assembleia da República uma proposta de lei alternativa à do actual regime, provando que não vivemos de populismo fácil, como muitos levianamente nos acusam.
Enquanto jovem e enquanto social-democrata, muito me agrada esta postura combativa da juventude partidária em que milito face à inactividade do Governo no que concerne a políticas de juventude. Mormente, ante um complexo programa que não é senão um insulto aos jovens deste país.

Momento tablóide


"Políticos não querem dançar com Catarina Furtado"

Não há dúvida que a nossa classe política é fraquinha!!

Burton & Depp "classic"


quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

A suprema humilhação de servir

Ciclicamente, interrogo-me sobre a razão do nosso atraso, sem descobrir um código genético que a tal nos condene, antes vendo feitos passados (por exemplo, os Descobrimentos) e expedientes presentes (Expo 98, luta por Timor-Leste, EURO 2004, Presidência da União Europeia e por ai fora…) que me fazem acreditar que há alma para dar a volta ao resultado.

Porém e como tenho dito em várias ocasiões (lembro-me de o fazer, designadamente, a propósito da vitória do Doutor Salazar no concurso “Os Grandes Portugueses”), tornámo-nos tristes, cinzentos, resignados, genericamente mal governados, corruptos, cínicos, invejosos, assediadores, vaidosos (vá-se lá saber porquê…) e uma série de outras coisas que fazem com que nos ocupemos mais do “ter” do que do “ser” e com que invejemos mais o que os outros têm do que lutarmos com brio pelo que nós podemos vir a deter.

Dito isto em linguagem corrente, por cá, se alguém consegue algo é porque tem cunha (e, infelizmente, sabemos que não são raras as vezes em que a dita suplanta o mérito), venha ela de parentesco, conhecimento ou momentos de horizontalidade. O problema é que temos muita gente esforçada que tem sucesso (ou podia ter) e que não embarca nessa “via verde” do êxito profissional e que, mercê da falta de confiança que temos uns nos outros, faz parte daquela nuvem que é tomada por Juno; ou seja, é tida por farinha do mesmo saco.

Há uns meses, na Dinamarca, ouvi Francis Fukuyama teorizar sobre a confiança social enquanto elemento do que a doutrina anglo-saxónica chama de “capital social”; grosso modo, aquela base de convivência saudável que representa um activo para as nações. Sem surpresa, Portugal aparecia a meio da tabela e, por empatia, tirei, em Aarhus (local da conferência), uma fotografia em que se viam, ao longo das ruas, dezenas de bicicletas (meio de transporte venerado, por lá) sem cadeado, encostadas às paredes. Nem por encomenda, dias depois, em Lisboa (ao pé desse santuário anti-marxista que é o centro comercial Colombo), deparo-me com uma roda de bicicleta (o resto fora arrancado) presa a um poste de sinalização rodoviária…

Sintoma desta dificuldade de confraternização é a ideia que tenho de que, em consequência, vemos qualquer lugar que implique servir como uma humilhação, sentimento bem arredio da mentalidade escandinava ou do Civil Service britânico e que justifica as oportunidades que, com brio (a que deveria acrescer a nossa gratidão), agarram os imigrantes que decidem ajudar-nos.

O mais recente episódio sintomático – e poderia relatar outros, como o ocorrido num restaurante de província em que o dono finge conhecer a família para tentar cobrar mais dez euros – passou-se no último jogo da Briosa, no qual uma funcionária que prestava serviço numa porta (não interessa qual, já que o assunto é de atitude), sem um “com licença” ou um “boa tarde”, literalmente arrancava os cartões de associado das mãos das pessoas, visto que o sistema electrónico estava a falhar. Não contente com isto e perante a distracção do associado que atendia (que escutava algo que lhe diziam), decide proferir um “vamos, passe!”, em tom que nem as mulas estão habituadas a escutar do carroceiro. Como remate, guardado estava o bocado; não só argumentou que não estava a incorrer em falta de educação, como se recusou a dar o nome para posterior reclamação, desdenhando e dizendo que era suficiente dizer que era a “menina da porta …”…

Uso um caso concreto para ilustrar um sintoma geral de fidalguia falida que percorre o nosso povo, Pobres portugueses que à míngua de recursos juntam a falta de valores!…

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Até quando?!

Violência doméstica: sobem as queixas e sobe-me a indignação. Bem sei que não é a primeira vez que falo nisto, mas hoje veicula a notícia de que o número de queixas de violência no seio familiar tem aumentado nos últimos anos.
É certo que tal aumento fica também a dever-se à maior facilidade que há hoje em denunciar este tipo de ocorrências - mormente desde que se converteu em crime público - bem como ao facto de se assegurar maior protecção à vítima.
Contudo, não deixam de arrepiar os números ora divulgados, que revelam que 87% dos casos denunciados tratam de violência exercida sobre as mulheres.
E ainda falamos - com a altivez do costume - das mulheres reprimidas nos países islâmicos. E que tal se começássemos por nos olhar ao espelho? Se no Ocidente que denominamos de desenvolvido as coisas correm assim, que moral temos nós para exigir aos demais um comportamento diferente? Sendo que lá, a violência é às claras e por cá, encapotada. Infelizmente, é caso para dizer que «fala o roto ao nu»...

Que saudades!...

Santa ignorância

Denunciava eu aqui a pouca instrução da menina que encarnava a Floribella - que desconhece a existência do cineasta Manoel de Oliveira - e eis que há quem suplante tal ignorância.
Reporto-me aos jovens britânicos que, segundo um inquérito realizado por estes dias em Inglaterra, acreditam que Winston Churchill não tenha existido, sendo apenas e tão somente um personagem de ficção.
Pelo menos, assim pensam 23% dos inquiridos, revelando desconhecer uma importante figura da história britânica cuja popularidade se estendeu ao Mundo, não só pelo brilhante papel de primeiro ministro em tempos de guerra, mas também por se ter notabilizado enquanto escritor ( Nobel da Literatura em 1953), historiador e, claro, excelente orador.

domingo, 3 de fevereiro de 2008

A resposta ao "espanhol vermelho"

A resposta a isto está aqui

"José Saramago escreve muito mal.
Acho que os suecos que lhe deram o prémio (Nobel) nunca o leram
ou então teve um tradutor muito bom para sueco
porque aquilo de português é um desastre"
by D. Duarte de Bragança in SOL

Já o povo dizia:
Com ferro se mata, com ferro se morre!!!


"Cowboiada" à maneira antiga (adorei, confesso...)


És tu, António?! *

Não deixa de ser curioso e desanimador observar um fenómeno mediático dos dias que correm: a pressão sobre o Primeiro-Ministro - por alegada acumulação de funções privadas com o subsídio parlamentar de exclusividade (isto, claro está, depois da novela da licenciatura) - e sobre o CDS que, também alegadamente, terá beneficiado o Casino de Lisboa (propriedade do "Pavilhão do Futuro", algo que parece polémico no âmbito do Direito Administrativo) e assinado, pela pena do meu estimado amigo Telmo Correia, centenas de despachos, nas últimas horas de "estadia" governamental (sem esquecer o episódio das dezenas de milhares de fotocópias que, segundo os media, Paulo Portas mandara tirar, nas últimas horas "à" Defesa).
Confesso que estou fatigado de ser "moralista", pelo que, agora, me atenho numa reflexão diferente: sendo o PSD poupado, por ora, será que emerge, definitivamente, o 4º poder?
Tenho para mim que, fruto do descrédito dos poderes políticos e da consagração das magistraturas como vedetas e últimos redutos de confiança pública (é esse o campeonato do senhor Pinto, Ricardo...), poderá passar-se o inédito de toda a gente começar a contratar spin doctors para desenterrar esqueletos no quintal do vizinho. A ser assim, ainda não batemos no fundo, asseguro-vos...
* Quem descodificar o título ganha um convite para o primeiro almoço do Lodo. O concurso está vedado a funcionários da casa e parentes, não sendo homologado por qualquer Governo Civil.

Entre a fantasia e a realidade


Consta que no país mais carnavalesco - Brasil - a época de folia está este ano menos colorida. Veste-se de preto e está cada vez mais perto da realidade violenta que prolifera pelo país. É que os disfarces que esgotaram nas lojas da especialidade foram as fardas do BOPE (Batalhão de Operações Policiais Especiais), inspiradas no filme que faz furor pelo país irmão - "Tropa de Elite".
Trata-se de um thriller que relata o quotidiano de uma equipa de militares altamente treinados para intervir nas zonas de grande risco das favelas do Rio de Janeiro, tendo já sido considerada a melhor equipa de combate urbano do mundo.
A película marcou indelevelmente o cinema brasileiro em 2007 (até por questões de pirataria) e outras indústrias parecem ter aproveitado a onda de sucesso do filme para lucrar neste Carnaval.
Com efeito, a roupa preta com a estampa de uma caveira atravessada por um punhal e armas é hoje o símbolo da febre que atinge o Brasil: o de polícia (policial) do BOPE. O estilo militar está a invadir as ruas e crianças e adultos encarnam as personagens-herói do filme, entoando o grito de guerra que aquele difundiu: «Tropa de Elite osso duro de roer! Pega um, pega geral, também vai pegar você!»
Ademais, sendo que os disfarces mais vendidos foram os destinados a crianças dos 2 aos 14 anos, poder-se-á considerar que estamos perante apologia à violência?
O certo é que parece ser o fim das personagens infantis a marcarem presença no Carnaval do país irmão. O certo é que este ano o Brasil renegou a fantasia - por sinal, o móbil do Carnaval - tendo-se rendido à lúgrube realidade.

sábado, 2 de fevereiro de 2008

Assina aí, pá!

As peripécias de José Sócrates enquanto engenheiro continuam a desencantar o país. Confiando nas notícias que vão surgindo, o nosso prime minister andou a assinar projectos técnicos de engenharia e arquitectura para a câmara da Guarda quando estes não eram feitos por si.

Pelo que vi nos telejornais das 13H, a preocupação centra-se em saber se Sócrates recebeu indevidamente o acréscimo salarial proveniente do regime de exclusividade, enquanto deputado. Aliás, diga-se que as perguntas que lhe fizeram foram uma treta, não indo ao cerne da questão.

Claro que é importante saber se Sócrates recebeu ou não os tais escudos a mais, mas a investigação jornalística tem que ir mais além. Há que aproveitar a oportunidade para se discutir uma das maiores fraudes que vegetam pelas autarquias nacionais, que são as tais assinaturas "de favor".

É preocupante que venham ex-autarcas dizer que estas são uma prática comum, onde técnicos de uma câmara não podendo assinar projectos, acabam por fazê-los, pedindo depois a colegas para os assinar e intervindo posteriormente, como técnicos municipais, em decisões camarárias sobre os seus próprios projectos. A serem verdade, trata-se de desonestidade intelectual e de falta de ética profissional, envolvendo toda uma classe num manto de suspeição.

José Sócrates pode vir dizer que não recebeu qualquer remuneração pela assinatura dos projectos, mas importa saber é se assinou ou não projectos que não foram feitos por si, e se, mesmo partindo do pressuposto que não recebeu qualquer verba pelas assinaturas, contribuiu ou não, para que se contornasse a lei pela esquerda?

Nota: Há que reconhecer que Sócrates aprendeu com o erro de comunicação no que concerne ao timing aquando das notícias sobre a sua licenciatura. Se já ontem respondeu a algumas perguntas do Público, hoje foi vê-lo a desdobrar-se em entrevistas.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

Estopada de ouro (bom para intelectualóides)


Corre Marinho…

Que me lembre, nunca assisti a uma entrevista tão empolgante como a que Judite de Sousa fez ontem a António Marinho Pinto na Grande Entrevista da RTP.

Das duas uma, ou o homem tem uma coragem desmesurada, ou então não está na posse de todas as suas faculdades.
Gostaria que fosse a segunda, mas parece-me que é mais a primeira.

Cá aguardamos novos desenvolvimentos, deste Marinho que se recusa a deixar de correr.