terça-feira, 23 de janeiro de 2007

As nossas razões*

Dulce Alves (SIM)
"Até há bem pouco tempo não tinha as ideias tão claras quanto desejava no que respeita a este tema. Mas sempre tive uma certeza: abomino a prática de aborto, excepto nos casos legalmente previstos. Primeiro porque o acto de abortar é, sob o meu ponto de vista, intrinsecamente negativo, nocivo, violento e desumano e daí, reprovável. Depois porque esta intervenção anti-natura é tudo menos saudável, acarretando os seus perigos clínicos. E por fim, porque vai contra os meus mais elementares princípios, mas estes, reconheço que só a mim me dizem respeito.
Contudo, no referendo de dia 11, votarei a favor da despenalização. Essencialmente, porque reconheço que, seja este acto mais ou menos negativo, mais ou menos condenável, é um acto de índole privada, que tem que ver com os princípios e convicções éticas, morais, políticas e/ou religiosas de cada um. E sendo um acto privado, (que só à mulher - e respectivo companheiro - que o leva a cabo diz respeito), que não afecta nenhum direito de terceiro, o seu comportamento não deve ser penalmente punível, até porque isso põe em causa a sua autodeterminação, a liberdade individual e o direito à privacidade.
Depois, porque mais aterrador que ter noção do que representa o acto de abortar e da taxa de incidência dessa prática neste país... é ter noção do submundo que a ela está associada. Das caves, das garagens e dos locais sombrios onde os lobbys da prática de aborto recebem milhares de mulheres portuguesas e remediam o seu "problema" de forma clandestina, insegura e ilegal. E aí, o que poderia ser somente um problema de consciência e moralidade... passa a ser um grave problema de saúde pública que, inevitavelmente, diz respeito a todos.
A despenalização não é a solução, é certo. Mas torna este mal "menor". Contudo, seja ou não aprovada no próximo dia 11, importa lembrar a quem de direito que urgem políticas eficazes de planeamento familiar e uma educação sexual acessível e sem clichés, baseada na transmissão de valores e na comunicação sem tabus. Sem isto, a despenalização da IVG, a luta contra o aborto e tudo o mais, não faz qualquer sentido. ".

Gonçalo Capitão (SIM)
"Apoiando a causa do sim, sou, na realidade, contra o aborto, já que entendo que nenhuma mulher deveria ser levada a tomar essa decisão.
Todavia, a verdade é que devem ser raros os casos de mulheres que queiram fazer um aborto e o não façam, ficando apenas por saber o grau de dignidade humana e a segurança com que o fazem, o que depende dos recursos financeiros e informativos que possuem.
Por isso, sou favorável à despenalização da IVG, mas apenas na base de um plano de contingência que vise enfrentar o flagelo do aborto clandestino.
Paralelamente, creio que devemos seguir por um caminho de prevenção sério e sem hipocrisias, como as que alimentam alguns sectores sociais que levantam supostos pudores, sonegam informação (evitando uma política de saúde sexual e reprodutiva digna desse nome) e ainda têm distintíssima lata de se opor à despenalização do aborto.
O ponto ideal seria aquele em que ninguém tivesse de fazer um aborto, fosse por ter meios para criar um filho, por não haver mais gravidezes não desejadas ou por existir um sistema de acolhimento e adopção condigno. Mas, até lá...".
João Pedro Cruz (NÃO)
"O referendo sobre a despenalização da Interrupção Voluntária da Gravidez (IVG). O assunto é em si demasiado importante para se divagar sobre ele.Talvez neste referendo a minha irreverência me aconselhe a defender o "Sim"… mas a minha consciência irá sempre apontar para o "Não"… Para justificar a minha posição (pessoal) sobre este assunto, focarei neste texto apenas 3pontos: actuação, clandestinidade e futuro…
Em 98, no último referendo sobre a despenalização do IVG, tive dúvidas. Estas inquietaram-me antes da votação. Mas esta agitação mental, tornou-se pior após a votação. Julgo que caímos (o Estado) num vazio no que respeita à interpretação dos resultados e na passagem do "papel para a acção". Não era este o resultado prático que as pessoas que votaram "Não" pretendiam. Mesmo assim entendo, que a solução não estava no voto do "Sim".
Também acho que é uma falsa questão achar que com a despenalização da IVG, se inviabilizam os "abortos clandestinos"… talvez este facto fosse mais claro para a opinião pública, se o partido do governo o esclarecesse e não quisesse a todo o custo a vitória do "Sim".
Caso vença o "Sim", podemos cair no "absurdo" de a IVG começar a ser considerada como mais um "elemento contraceptivo". Se este cenário é demasiado recente para ser considerado real, então e no futuro?... e o inicio da "guerra" da concorrência e das clínicas privadas? E os lucros?
Não pretendo tratar este assunto como do domínio político. Julgo tratar-se de uma questão pessoal… e não tenho intenção de fazer "campanha" pela posição que vou tomar.
Vou votar no NÃO e dedico o meu voto ao meu filho João de 6 meses.".
RICARDO BAPTISTA LEITE (NÃO)
1. Sou contra a realização do Referendo.
2. Sou contra a lei vigente.
3. Sou contra a lei proposta no referendo.
4. Por isso, voto NÃO.
1. Sou contra a realização do referendo por dois motivos fundamentais:
- Primeiro porque radicaliza as posições (senão veja-se o slogan do partido socialista: “Abstenção = Prisão”!!!);
- Segundo porque é relativamente consensual na sociedade Portuguesa que ninguém quer ver uma mulher condenada a pena de prisão por ter interrompido voluntariamente a sua gravidez. Logo, nessa medida, competia ao partido do Governo e com maioria na Assembleia da República, entenda-se o Partido Socialista, a missão de proceder a essa mudança na lei na própria Assembleia da República, evitando um referendo inútil que apenas servirá para atrasar uma efectiva resolução do problema vigente.
2. Sou contra a lei vigente por vários motivos:
- Primeiro, a lei actual prevê pena de prisão para a mulher grávida que der consentimento ao aborto praticado por terceiro, ou que, por facto próprio ou alheio, se fizer abortar. Como já referi, a pena de prisão não faz sentido e não preciso do resultado do referendo para tomar consciência disso mesmo;
- Segundo, a Lei vigente consagra situações em que a interrupção da gravidez não é punível. No entanto, na prática (no terreno!), são dramáticas as dificuldades encontradas ao tentar obter o atestado médico que certifique a verificação dessas mesmas circunstâncias; Esta realidade surge sobretudo quando está em causa a interrupção da gravidez por indicação terapêutica, na medida em que a lei não enumera de forma clara quais são esses critérios clínicos. Um exemplo: Uma mulher com uma insuficiência renal crónica grave tem um risco de 5% de vir a perder a sua restante função renal caso leve a gravidez a termo. Deve esta situação ser considerada suficiente para interromper a gravidez? À luz da lei actual, a resposta é sim. No entanto, na prática, poucos serão os médicos dispostos a atestar esta situação pelo receio de, um dia, a interpretação da história clínica poder ser diferente em tribunal. Urge, portanto, proceder a uma criteriosa identificação das situações clínicas a considerar, sempre à luz dos conhecimentos actuais. Para as eventuais situações que não sejam enunciadas numa reformulação da lei, deveria ser consagrada a possibilidade da criação de uma junta médica que, judicialmente, tenha o poder de determinar que se possa realizar uma interrupção da gravidez por indicação terapêutica.
- Terceiro, a lei actual não consagra de forma clara os critérios de saúde mental em que, à luz da lei, se pode realizar a interrupção da gravidez (referindo-se apenas à interrupção não punível caso seja o “único meio de remover o perigo de morte ou de grave e irreversível lesão… para a saúde… psíquica da mulher grávida”). Também neste aspecto, a clarificação dos critérios clínicos é uma necessidade para assegurar a aplicação prática da lei.
3. No entanto, apesar das deficiências da actual lei, sou fervorosamente contra a lei que se propõe para esta matéria, caso vença o “sim” no referendo do próximo dia 11. Sou contra a proposta de lei porque, caso venha a ser aplicada na prática:
- Primeiro, uma mulher que interrompa a gravidez às 10 semanas e um dia continua a estar sujeita a uma pena de prisão.
- Segundo, uma mulher que interrompa a gravidez, mesmo antes das 10 semanas (!), continua a estar sujeita a uma pena de prisão caso se realize num estabelecimento de saúde que não seja legalmente autorizado.
- Por fim, o argumento das questões económicas tem sido muitas vezes evocado por quem entende que o aborto deva ser liberalizado. Será que quem usa este argumento compreende aquilo que está a pedir ao Estado Português? Ao invés de exigirem que o estado apoie financeiramente uma política de natalidade, ou seja, que dêem as ditas condições para que a mãe possa ter o desejado filho, estão a pedir que o estado financie a prática do aborto como método alternativo (!!!). Não aceito que o governo se demita das suas responsabilidades, ainda por cima coarctando a liberdade das mulheres em situação precária.
4. Dito isto, o voto no NÃO é o único capaz de gerar as condições que assegurem a resolução prática da problemática legal em torno do aborto, por via de uma reforma da lei actual, tendo em conta os aspectos acima referidos. Qualquer outro caminho dará origem a um cenário que não resolve os problemas de base e que será sempre, a posteriori, de difícil resolução, senão mesmo irreversível.
Por isso, voto NÃO.
*Post publicado em: Assim NÃO
Ricardo Cândido (SIM)
"Ninguém é a favor do aborto, principalmente quem o pratica, parece-me.
O aborto não é uma decisão primária face a uma gravidez indesejada, mas sim a última oportunidade de resolução dessa situação. Não creio, como muitos por aí pregam, que com a despenalização este será banalizado, porque, como sabemos, fazer um aborto não é a mesma coisa que devolver um artigo no supermercado.
No entanto, o que aqui está em causa é a revogação de um artigo do Código Penal. Os partidários do NÃO entendem que quem interrompe uma gravidez (independentemente do motivo) deve ser penalizado.
A verdade é que, toda a gente sabe que são feitos abortos e estes até são socialmente bem aceites. Se assim não fosse, não haveria uma passividade generalizada das autoridades competentes.
A vitória do NÃO é um incentivo ao crescimento de um mercado de abortos clandestinos, onde condições mínimas de higiene e salubridade estarão apenas ao alcance de alguns e o maior ou menos risco de vida da mulher dependerá da economia familiar. Sendo este um problema transversal a toda a sociedade, convém não escamotear que as classes sociais mais baixas são as mais afectadas.
Face à interpelação a que seremos sujeitos, se as mulheres que pratiquem um aborto devem ser penalmente responsabilizadas, eu digo que não, e é por isso mesmo que votarei SIM no referendo.".
Rita de Matos Oliveira (NÃO)
"Voto não. Pela vida.
Porque há vida desde a concepção. Sabes que aos 20 dias o coração já bate? E que entre a 8.ª e a 9.ª semana o coração está formado, realizando as suas funções definitivas?
Porque o aborto não é solução. Porque é que o Estado não apoia as mães que querem ter os filhos? Numa sondagem realizada pelo Centro de Sondagens da Universidade Católica a 5 de Dezembro de 2006, à pergunta "Se estivesse grávida e atravessasse um momento de dificuldade ou dúvida sobre a sua gravidez ou maternidade, desejaria..." 75,6% das mulheres entrevistadas respondeu que desejaria ser ajudada e apoiada a manter a gravidez e poder ter o bebé contra apenas 13,5% que preferia ser livre para abortar sem que tal fosse considerado crime! O Estado nada faz para apoiar as mulheres que querem ser mães. Nos últimos meses inclusive reduziu os apoios às instituições que se dedicam a essa tarefa. Instituições essas, maioritariamente ligadas à Igreja Católica, e/ou sustentadas através do voluntariado. Fica aqui um rol de mais de 50 instituições que apoiam as mães e os bebés: http://www.vidascomvida.org/index.php?option=com_wrapper&Itemid=36
O que está em causa é um valor fundamental, superior a carreiras académicas, manutenção do status quo ou condições socio-económicas. Trata-se da Civilização, da Humanidade, da VIDA!".
Rosa Moreto (SIM)
"Sou a favor da VIDA e quero deixar isso bem claro. É que nos dias de hoje parece que ser a favor da despenalização é o mesmo que ser a favor da IVG…mas que ideia tão absurda! De facto este é um assunto bastante delicado e controverso, não sendo por isso fácil tomar uma decisão de voto para este referendo. Compreendo os argumentos de parte a parte, apesar de não concordar com todos. No entanto a questão central está a ser tapada com a questão de “ser ou não a favor do aborto”. Sinceramente, quem é que de facto pode dizer que é a favor de algo tão penoso para quem toma tal decisão? Penso que será antes uma opção vista como a única solução para muitas mulheres e homens (apesar de na minha opinião a IVG não ser solução para nada). Confusos? Eu sei que a minha opinião baralha, mas vou ser mais específica dando um exemplo concreto e usando a linguagem do momento. Eu nunca faria um aborto, mas se uma amiga optasse por fazê-lo, mesmo depois dos meus argumentos, eu não acharia justo vê-la atrás das grades. Simples, directa e não preciso de mais para ser a favor da despenalização. No entanto realço a minha posição anti-IVG. ".
* Os pequenos textos (dispostos por ordem alfabética) visam dar o nosso modesto contributo cívico para o debate que precede o referendo sobre a despenalização da IVG. Apesar de todos terem tomado posição (cfr. sondagem), nem todos os membros do "lodo" tiveram ocasião de explicar os seus motivos. Se o vierem a fazer em tempo útil, este post será editado para o efeito.

Momentos de glória

No dia em que saiu ao encontro da Briosa mais um histórico do nosso futebol (o Atlético), não posso deixar de reproduzir o que li sobre o Leixões 1-2 Académica, na edição de ontem de "A Bola":
"O Mar foi ontem palco da reedição de um jogo de tradições. Duas equipas que pertencem a um certo romantismo do futebol português, que procuram jogar o futebol puro, perante bancadas vibrantes e entusiásticas. Um reencontro de saudade, para quem ama verdadeiramente o futebol. Uma tarde em cheio, com emoção transbordante" (...) "Foi uma segunda parte empolgante, de querer, força, determinação do Leixões e de um extraordinário espírito de entreajuda* da Académica. Quem dera que todos os jogos fossem assim. Aplausos merecidos.".

Depois disto, resta-me acrescentar que há muito tempo não estava tão perto de um problema cardíaco...

* A Briosa acabou com 9 jogadores em campo.

sexta-feira, 19 de janeiro de 2007

Sem ser genial, é bom


Venha o próximo...


Lido*: "Nuno Melo bateu com a porta"

Ilações: Pelo visto, o 'moço' não se sentia suficientemente sexy para liderar a bancada dos democratas-cristãos...

Previsões: Para a sucessão, eu apostaria em Pedro Mota Soares. Igualmente inteligente, mas uns anitos mais novo e quiçá... mais sexy! [sobre este último requisito não me pronuncio...] Deduzo que já o eleitorado masculino apostaria na 'Teggy'...
* n'O Primeiro de Janeiro, edição de hoje

quarta-feira, 17 de janeiro de 2007

Serão os portugueses estúpidos?

Ainda sobre o programa "Os Grandes Portugueses", para o bem e para o mal, António de Oliveira Salazar foi reconhecido como um deles e, ainda para mais, um dos 10 "maiores" portugueses.
Finalmente, ultrapassa-se uma visão bafienta (essa sim) da História de Portugal, muito difundida pelos cultores de Abril.
Já há uns anos decidi arriscar a vida, defendendo num debate, em S. João da Madeira, que nem tudo fora mau no Governo do Doutor Salazar, como nem tudo fora bom no 25 de Abril. Perante uma plateia robusta e em cerca de 98% adepta da extrema-esquerda, ainda hoje creio que me valeu a estatura e ter aguentado o debate até cerca das 3h00 da madrugada...
O decurso do tempo manteve-me as ideias. Mas, mais do que argumentação (que seria sempre incompleta), prefiro responder por antecipação às FAQ (Frequently Asked Questions) dos discordantes mais bravos:

P: Como é que o "menino", que não era nascido quando Salazar morreu, pode ser tão benevolente?

R: Também o não era à data do óbito de D. Afonso Henriques, Vasco da Gama, Teófilo Braga ou Humberto Delgado...

P: Falou em Humberto Delgado porque não condena as torturas e assassinatos do Estado Novo?

R: Não! Condeno todos os excessos e atrocidades.

P: Então como pode condescender?

R: Não se trata de condescender. A verdade é que o quero dizer é que não pode diabolizar-se Salazar, pois, contextualizando, ver-se-á que, sobretudo até meados da década de 40, desempenhou papel patriótico, designadamente, pondo fim à bandalheira política e económica da I República, acabando com um intolerável anti-clericalismo e mantendo-nos fora da II Grande Guerra. Ou seja, tendo feito muito de errado (lamento sobretudo os sofrimentos humanos e a restrição da liberdade), não fez só asneiras, ao invés do que tenta vender-nos a esquerda mais propagandística.

P: É um salazarista?

R: Não. Acho, aliás, cretino que se seja algo em relação a fenómenos datados.

P: E fascista?

R: Pela mesma razão, não. Depois, porque não concordo com a ideologia. Em terceiro lugar, aproveito para esclarecer a imbecil ladaínha do PCP e do BE, dizendo que, em Portugal, é impróprio dizer-se, no sentido do modelo, que houve fascismo (esta é, pelo menos, a minha análise). Houve corporativismo de Estado.

P: É um "inimigo" da Revolução de Abril?

R: Não. Creio que foi muito positiva. Porém, no seu decurso houve excessos brutais e foi delapidado o Estado. Sublinho o papel de Sá Carneiro e o facto de, a meu ver, se assinalar o período em que Mário Soares foi verdadeiramente útil para a política nacional.

A justiça tarda, mas não falha

No apuramento dos dez finalistas do programa "Os Grandes Portugueses" (RTP), Álvaro Cunhal, depois de morto, ganhou uma votação a Mário Soares (que se quedou pelo 12º lugar, apesar de ser o 1º de entre os vivos - se pode dizer-se que é esse o seu estado, depois da última eleição presidencial).
Em vida, na minha opinião, já lhe ganhara em coerência e substância política...

segunda-feira, 15 de janeiro de 2007

Homens com sorte - o ocaso de um "grande ordinário"

A mim nunca me enganou, mas ainda houve muitos lisboetas que votaram em Manuel Maria Carrilho (relembro, a.k.a. o "grande ordinário", na expressão do mayor alfacinha) para a Câmara Municipal.
Porém, por certo enfadado com o trabalho que davam as repetidas faltas às reuniões, o nosso prof. Carrilho decidiu renunciar ao mandato de vereador, anunciando a incompatibilidade com os deveres de deputado.
A primeira pergunta é de "grande penalidade": por que razão aceitou a candidatura?
Depois: por que diabo ficou por lá, se, pelos vistos, só tinha ideias para um cenário de vitória.
Por fim: sendo que a sua candidatura autárquica foi muito mais personalizada (era o nº 1) do que a que o levou ao Parlamento (para o qual foi eleito "disfarçado" numa lista), qual o motivo pelo qual não renunciou, ao invés, ao mandato parlamentar?
Tanto academismo para acabar como os outros...
Sorte têm, em bom rigor, Carmona Rodrigues e José Sócrates.

hic!...

Hoje, em Coimbra, talvez não fosse mau, para além do regulamentar controlo anti-doping, estrear o teste do balão em jogos da Bwin Liga...

sexta-feira, 12 de janeiro de 2007

Bacorada

Pedindo desculpa pela liberdade de expressão, foi o que me ocorreu para título depois de o Doc. Milk ter esgotado a hipótese "calinada"...
Pois bem, com o prazer do costume, dediquei o meu fim de tarde de ontem à leitura detalhada do Público, já que de manhã só as gordas.
E eis que vejo o prestigiado professor e jornalista/colunista Mário Mesquita nomeado pelo Governo para o conselho executivo da FLAD (Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento).
Até aqui, muito bem. O problema começa quando o/a jornalista (assina com iniciais, avisadamente, como se perceberá) decide atribuir-lhe a original e inaudita qualidade de "ex-fundador do PS"!...
Ora, vejamos: como se adquire a categoria de ex-fundador do que quer que seja? Modestamente, o "lodo" acha que ou se funda ou se afunda, mas não se ex-funda, nem se vem à tona, depois de uma expressão destas. Em todo o caso, como somos tolerantes, deixamos várias hipóteses para um eventual significado da condição de ex-fundador do PS:
  1. Fundou, mas tem vergonha de dizer à malta.
  2. Fundou, mas era só a brincar.
  3. Fundou e fugiu.
  4. Fundou, mas regressou ao passado e já não fundou.
  5. Imita Mário Soares e decidiu ser tudo menos socialista.
  6. Fundou, mas não funda mais.
  7. Todas as anteriores.

Cole a sua resposta num comentário e habilite-se a ganhar a qualidade de ex-fundador do "lodo".

quarta-feira, 10 de janeiro de 2007

Inteligente, mas parcial

O filme está bem realizado, mas mais à esquerda só filmando a biografia do Lenine, porque:
  • Nem todos os actos criminosos atribuídos a muçulmanos geram acusações imediatas de terrorismo
  • Nem todos os mexicanos são discriminados nos E.U.A.
  • Nem todos os meninos ricos desenvolvem comportamentos desviantes
  • Nem todos os "diferentes" são marginalizados

Em todo o caso, fica um bem urdido alerta contra algumas das fobias dos nossos tempos.

Não, não é ficção brasileira...(antes fosse!)

Do outro lado do Atlântico chegam-nos todos os dias notícias surreais, histórias mais ou menos macabras, misérias dificeis de compreender em pleno séc.XXI, polémicas cuja futilidade nos deixa incrédulos, etc etc. A notícia que hoje faz manchete na imprensa mundial não é excepção, reúne um pouco de tudo isso e é, a meu ver, francamente inacreditável...

No "país irmão" uma decisão judicial levou ao bloquear do site Youtube em território brasileiro enquanto este portal não remover completamente um polémico vídeo protagonizado por Daniela Cicarelli - a manequim de segunda categoria que após o "casamento-flash" com Ronaldo se tornou numa modelo requisitada e também apresentadora da MTV... - e o seu namorado.

Desde hoje que as operadoras de telecomunicações do país estão a interditar o acesso ao maior portal de partilha de vídeo. Tudo porque nele foi colocado um vídeo em que Daniela Cicarelli e o seu actual namorado protagonizam cenas escaldantes.
Tal decisão pareceria menos insensata se o dito vídeo fosse fruto de uma violação de privacidade, de coacção ou qualquer coisa do género. Mas desenganem-se os mais ingénuos, porque o conteúdo do vídeo é, nada mais nada menos que Daniela e o seu namorado a praticar sexo à luz do dia em plena praia... (e não, não era uma romântica praia deserta... mas sim uma praia de Cádiz, cheia de turistas!!)

Resultado: o vídeo, que foi exibido num talk show de duvidosa qualidade na espanhola Tele5, depressa chegou ao Youtube e aí atingiu recordes de visitas. Perante isto, os dois "visados" recorreram à "justiça" (não, aqui as aspas não estão a mais...) brasileira.
Com efeito, o Tribunal ordenou hoje a interdição ao portal Youtube, tornando compreensível que os internautas brasileiros vejam agora em Cicarelli o "inimigo público número um"... Claro que em menos de nada gerou-se uma onda de ódio à modelo, que conta já com centenas de sites, blogues e comunidades virtuais. A título de exemplo, a enciclopédia livre "Wikipédia" teve de bloquear a edição relativa à modelo uma vez que os usuários editaram-na com ofensas e informações falsas.

Sob o meu (sempre modesto) ponto de vista, a decisão proferida hoje pelo Tribunal, além de absurda, roça a "censura". A justiça brasileira censura um site cuja relevância mundial é inquestionável para supostamente "proteger" a "privacidade" de dois pseudo-famosos...
Não leva em conta que os dois agiram de livre vontade num lugar público e que são pessoas dotadas de capacidade racional para entenderem as consequências de tal exposição. Bem vistas as coisas, os ditos passaram a vítimas, qual passe de magia. E ao invés de serem acusados de atentado ao pudor, acto osbsceno ou qualquer coisa do género vêm exigir, a par de chorudas indemnizações, o bloqueio do portal de vídeos mais famoso do Mundo.

Não restam dúvidas de que esta decisão excede os limites do razoável e ofende o princípio da proporcionalidade. A liberdade de informação é posta em causa porque dois inconsequentes não têm noção do que é a privacidade para as suas práticas sexuais!... Além disso é, claramente, uma medida ineficaz porque o dito vídeo foi retirado do Youtube mas circula por toda a internet (eu própria fiz uma simples pesquisa e em 30 segundos pude aceder e visionar o tal vídeo numa página independente do Youtube.... )

Lamentável este episódio da Justiça brasileira...
Num país em que grassa a criminalidade e outras problemáticas sociais cuja gravidade é inquestionável... a Justiça dá-se ao luxo de julgar questões rídiculas como esta (e pior que isso, de proferir sentenças absurdas... ...) em vez de se ocupar com quem - e com o que - deve.

terça-feira, 9 de janeiro de 2007

IVG - a sondagem

Os elementos do "lodo" revelaram a sua tendência de voto no referendo sobre a despenalização da Interrupção Voluntária da Gravidez (IVG), marcado para o dia 11 de Fevereiro. Eis os resultados:
Sim - 50%
Não - 37,5%
Abstenção - 12,5%
A margem de indecisão é curta, até porque o/a blogger abstencionista admitiu tomar partido, mais próximo do acto cívico.
Aproveitamos para apelar à participação, qualquer que seja o sentido de voto.

segunda-feira, 8 de janeiro de 2007

Desemprego Médico: O Início de uma Nova Era

Temos vindo a assistir, através de notícias veiculadas pelos mais diversos órgãos da Comunicação Social, a mais um episódio lamentável oriundo do Ministério da Saúde.

Quase mil médicos recém-licenciados encontram-se actualmente no desemprego por incompetência da Secretaria-geral do Ministério da Saúde ao não os colocar, contrariando seu compromisso para com estes jovens colegas, nos mais diversos serviços hospitalares a partir do dia 1 de Janeiro de 2007.
E qual foi a resposta destes colegas? Dirigiram-se aos Serviços de Urgência e ofereceram-se para trabalhar voluntariamente, sem remuneração... Sim, porque doentes a necessitar de assistência médico, infelizmente, não faltam.

Embora esta questão apenas tenha vindo a público agora, a incompetência total e absoluta da Secretaria-Geral da Saúde, assim como o total desrespeito que existe para com os Médicos Internos da parte deste órgão, é um dado adquirido para quem, como todos os profissionais de saúde, dela dependem laboralmente.
Este Ministro é responsável pela primeira crise de desemprego médico em Portugal, não porque haja médicos excedentários, mas por mera incompetência do seu ministério em cumprir com as suas obrigações básicas.
O Ministro e o Secretário-geral devem um pedido de desculpas público para com os Médicos Internos e, tendo em conta os antecedentes, deveriam, a meu ver, ponderar seriamente a demissão das funções que actualmente exercem. Os erros surgem por culpa de alguém... esse alguém que o assuma.

"Calinada"



Eu e o camarada Gonçalo Capitão acabamos de ouvir a seguinte pérola no telejornal da RTP de hoje:

"Os jovens médicos recém licenciados encontram-se actualmente no desemprego pois não foram colocados, conforme é habitual, no Ano Comum, também chamado INTERNAMENTO."

Vale a pena eu comentar?

sexta-feira, 5 de janeiro de 2007

Que nojo!...


Pois como se não bastasse achar a série cretina e a protagonista irritante, já um tipo não pode ir às compras, como bom dono de casa, e ainda leva com chocolates (prateleira de cima) e algodão doce (a de baixo) da Floribella.

Os cd e dvd ainda vá, mas chocolates e algodão doce?!

Em nome das criancinhas portuguesas resta-me esperar que a qualidade seja maior do que a do programa...

Temo pela higiene de pessoas sensíveis como eu se, por exemplo, a pasta de dentes for monopolizada pelo televisivo estafermo...

"Esse assunto eu não comento..."

“Esse assunto eu não comento…” foi a frase que mais se ouviu na entrevista realizada por Judite de Sousa ao ex-presidente da república, dr. Jorge Sampaio.

Na “grande” entrevista de ontem, era forte a expectativa por parte dos que normalmente acompanham estas coisas da política, em perceber o ponto de vista de Jorge Sampaio sobre alguns assuntos:

Afinal aconselhou ou não a ida de Durão Barroso para a presidência da comissão europeia? O fez no exercício das suas funções para ter um português em tão destacado cargo europeu???

O que lhe faltou para não tomar posição sobre a situação “pantanosa” que o país seguia durante os governos de António Guterres, onde o ministro o ambiente era José Sócrates? Afinal o que pensa sobre as SCUT’s?... e a nova lei das finanças locais?

Como resume o seu mandato de 10 anos, onde o país conheceu quatro governos e onde três destes não terminaram o seu mandato?

Mas acima de tudo, porque razão alterou a sua posição entre Julho e Novembro de 2004 relativamente ao XVI governo?
… E o que entende por legitimidade politica de uma maioria parlamentar na Assembleia da República para exercer as suas funções???
Qual a força das sondagens nas suas decisões como Presidente da República???

Percebeu-se que Jorge Sampaio recebeu muitos telefonemas por causa da sua decisão em Julho de 2004… também se percebeu que nada fez para viabilizar a ida de Durão Barroso… isto é, até fez, mas depois desfez!!!

Durante os governos de Guterres, a sua fidelidade socialista “obrigou-o” a motivar o país para o desastre estratégico de politicas populistas com scut’s e rendimentos mínimos… politicas que apelavam ao conformismo social e à estagnação da iniciativa profissional…

Segui a entrevista com algum interesse para tentar perceber o episódio em 2004 relativo à dissolução da assembleia da república. Mas devo confessar que continuo sem perceber a explicação deste ex-presidente sobre este assunto!!!


No resumo da entrevista ficou o facto de que Jorge Sampaio, ainda não fala com o seu amigo Ferro Rodrigues, dá umas aulas para tentar explicar o ser exercício (ou falta dele) como Presidente da Republica e faz uns “biscates” em colóquios e conferências…

Ficou o consolo de que Jorge Sampaio não pensa em volta à vida politica activa… “Valha-nos isso!!!”!!!

quinta-feira, 4 de janeiro de 2007

Democracia directa

É em alturas destas que recupero a fé na democracia directa, pese embora a decisão seja dos súbditos de Sua Majestade, cujo o grau de civismo sempre foi superior.
Brincadeiras à parte, refiro-me com imensa satisfação à decisão de cerca de 20.000 ouvintes da prestigiada BBC, que elegeram os Queen como a melhor banda britânica de sempre (suplantando mesmo os Beatles e os Rolling Stones).

Cá por mim, sempre foram o meu grupo estrangeiro favorito, ainda que carregue a mágoa de, por não ter idade suficiente à data, nunca os ter visto em palco com Freddie Mercury como vocalista (restou-me o parco consolo de os ver com Paul Rodgers).

Interessante

Com a vantagem adicional de se perceber muito do ilusionismo a que chamam política, em Portugal.
Como se pergunta no filme: "está pronto para sujar as mãos?"

quarta-feira, 3 de janeiro de 2007

Ainda não cometeu um crime


Ainda não cometeu um crime, mas só tem até 14 de Janeiro para o evitar, se ainda não foi à Gulbenkian, já que essa é data de encerramento da soberba exposição "Diálogo de Vanguardas", que apresenta um acervo de obras do genial Amadeo de Souza Cardoso, que, me parece, levará muitos anos para poder ser reunido outra vez (permito-me destacar pela curiosidade a edição única de "A lenda de São Julião Hospitaleiro" de Flaubert, caligrafada e ilustrada por Amadeo; se a história já era boa, assim...).
Acrescem alguns trabalhos de Modigliani, Picasso e Malévitch, entre outros.
Se gostar, o catálogo, não sendo "dado", é, também ele, excepcional.

A sopa dos pobres e o cozinheiro rico

Surfando na Net, deparei com a seguinte notícia: "El presidente de Venezuela, Hugo Chávez, envió varios regalos, entre ellos, las obras completas del libertador Simón Bolívar, al líder cubano, Fidel Castro, con motivo del 48 aniversario de la revolución"

O caso começa a ser sério e vamos ver como acaba a experiência venezuelana (o "quando", temo-o bem, é no dia em que acabarem as jazidas de petróleo ou quando a sua importãncia diminuir).


De facto, a revolução bolivariana, a mais de começar a influenciar outros países da América Latina, promete algo que não deixa de ser imperioso (embora me confesse céptico, para já e quiçá por ignorãncia minha, em relação à via proposta por Hugo Chavez): há que analisar os pontos em que o mercado livre se tem revelado insuficiente para prover as necessidades dos cidadãos. Falo da necessidade de criar uma rede mínima de dignidade social (não só do ponto de vista material, mas também de direitos e deveres a consagrar), abaixo da qual ninguém deve cair. Para o resto, aí sim, o mérito que faça a diferença (havendo, neste caso, que eliminar constrangimentos ao seu fucionamento, mormente em sociedades laxistas e com benevolência para com a corrupção, como a nossa).


E aí, uma segunda nota de interrogação: não será contraproducente suprir o desemprego por programas de base estatal (penso, no caso, no facto de muitas pessoas encontrarem trabalho nas cooperativas patrocinadas pelo Estado)?
Por outro lado, dar tudo a quem nada tem (a Venezuela tem uma forte política assistencial, ao que ouço dizer) não favorecerá o situacionismo? Quando muito, parece-me que o fenómeno do micro-crédito celebrizado por Mohamed Yunus é o mais longe que deve ir-se, pois não esquece a responsabilização da pessoa ajudada.


Outro dos pormenores a observar, a meu ver, é que Chavez está a usar a parafernália mediática para seguir o seu caminho, num golpe de mestre. Peronismo mediático? Chavismo puro? A ver vamos...


No entanto, uma pergunta me assola o espírito: será que a "revolução bolivariana" teria tantos seguidores, nos países vizinhos, se a Venezuela não pudesse gerir imensos recursos naturais? Por outras palavras, afinal o socialismo de Estado não acaba por usar a mesma arma do diabo capitalista? Vladimir Putin, esse sim, já viu o filme todo...

terça-feira, 2 de janeiro de 2007

Pagava p'ra ver

A música que serve de título a este post é da concorrência (Paulo Gonzo) e nem está em causa a qualidade artística de André Sardet (que é inequívoca), mas aposto convosco que este não entrará em palco para o concerto de Coimbra com a camisola que envergou no espectáculo de Guimarães (a do Vitória* local)...
Em todo o caso, e apesar da revelação chocante :) , sei que o público da Lusa Atenas perdoará a falha a ao seu conterrâneo que, se me não engano, actua no dia do seu aniversário (8 de Janeiro).
Esperando que não repita a graça, desejo-lhe um ano com sucesso e muitos jogos da Briosa, para purificar a alma.
* Para os menos versados nos assuntos do "pontapé na bola", sublinho que falar no Vitória de Guimarães em casa da Académica é como falar do Real Madrid no Nou Camp, em Barcelona; ou seja, a suprema afronta. A fotografia foi gentilmente fanada ao grande vitoriano e meu amigo Luís Cirilo.

sexta-feira, 29 de dezembro de 2006

Bom ano novo


A Administração da Lodo S.A.D. deseja a todos os clientes, fornecedores e amigos (e aos outros também) um doce ou bruto (ou, por que não, meio-seco) 2007 com sucesso e saúde.

quarta-feira, 27 de dezembro de 2006

Ah, ganda Pai Natal !...

Uma das notícias do dia (que podem ver, por exemplo, no Diário de Notícias) é a de que os portugueses gastaram, nos primeiros 25 dias de Dezembro, o equivalente a 994€ por segundo. Assim mesmo, sem vírgula no número... Quase mil euros ou duzentos contos, portanto.

Reflexão óbvia: as pessoas queixam-se da crise, mas não têm o menor bom senso no que toca ao consumo.

Reflexão menos imediata: creio que a (in)cultura mediática entorpeceu fatalmente o espírito crítico das pessoas, que já pouco raciocinam sobre o que é essencial e sobre o sentimento que pode fazer de um presente de valor simbólico uma jóia de marajá.

O consumismo infrene que é induzido pela florescente indústria publicitária está a levar-nos para além do saudável. O que está na moda hoje, já não está na próxima semana (vale dos telemóveis à roupa e das consolas de jogos aos automóveis) e comprar o "último grito" é quase uma necessidade biológica, produzindo-se uma sensação psicológica de menoridade em quem não tem o que já há na escola ou no emprego.

Daí o sucesso das siglas do momento, sejam elas Cofidis, Capital Mais ou outra, esquecendo-se o feliz comprador que, seja com estas empresas ou com um banco tradicional, tudo haverá de ser pago e com juros.

Aqui fazia falta pedagogia explícita pelos políticos. Mas saberão eles do que falamos? Será que não estão, também eles, "contagiados"?

domingo, 24 de dezembro de 2006

Socooooooooorro!!!

Pois logo haveria de ser na véspera de Natal que eu, que me preocupo com o mundo dos media, tive uma novidade tétrica: uma jornalista estagiária (muito bem remunerada, ao que sei) de um dos jornais portugueses ditos "de referência" reconheceu a uma pessoa amiga que uma das suas principais fontes de pesquisa é a Wikipédia.
Ora bem, falamos de uma enciclopédia que se auto-intitula de "livre", já que potencia o Voltaire ou o Diderot que há em nós; i.é, todos podem editá-la.

Daí a uma jornalista considerar a mesma uma fonte credível para fundar a informação (?!) que passa aos portugueses...
Que faltará acontecer?...

quinta-feira, 21 de dezembro de 2006

Feliz Natola

A Administração da Lodo S.A.D. deseja a todos os clientes, fornecedores e amigos um FELIZ NATAL.

Reuniões de elite

Numa altura em que todos nos arrepiamos com os aumentos da taxa de juro decretados pelo BCE, há outra espécie de juro, aparentemente, mais indolor, mas pela qual, temo-o bem, viremos a pagar um preço muitíssimo mais penalizador.

Falo do preço que pagaremos, sem apelo nem agravo, por mantermos grande parte da classe política actual.

E nem se pense que falo por despeito ou eivado de súbito assomo de arrogância. Bem ao invés, falo procurando assestar baterias contra o comodismo de muito cidadão bem colocado na vida empresarial, profissional liberal ou académica que prefere o cifrão ou o artigo nos media a meter pés ao caminho. A lógica que subjaz a esta censura não é a de que todos temos de gostar de política, mas sim a ideia de Cícero de que o mal-estar social não desculpa o absentismo, antes clamando por envolvimento.

E é assim, largando o acessório, que explico a razão de ciência do que comecei por dizer: arrepiei-me de morte com o conselho nacional do PSD, no último fim-de-semana.

De facto, julgando eu que as intervenções de Cavaco Silva, Luís Filipe Menezes, Rui Rio e Nuno Morais Sarmento haviam “feito a festa, atirado os foguetes e apanhado as canas”, guardado estava o bocado.

Enquanto o engº Sócrates se passeia por toda e qualquer sondagem, e perante um confrangedor esforço do dr. Marques Mendes para ser escutado a propósito das razões de Estado, os mais diversos fidalgos (nem atribuo títulos, pois creio que os barões já se retiraram) do PSD entretiveram-se com uma questão crucial para o nosso futuro enquanto Estado-nação: saber se pode ou não criticar-se o líder do partido nos media e se isso é ou não fazer o “jogo da oposição” (dúvida de tal modo existencial que nem o dr. Mendes resistiu a filosofar a este pretexto)…

Se os meus amigos imaginassem os nomes consagrados da actual elite laranja que consumiram horas da sessão partidária a debater se deve ou não criticar-se o presidente, e em que sitio se deve dizer tudo e qualquer coisa, veriam que, por vezes, a realidade é pior do que o pesadelo.

sexta-feira, 15 de dezembro de 2006

Mitologia britânica

Ao que vi na RTP, as autoridades britânicas deram por concluídas as investigações sobre a morte de Diana Spencer, a Princesa de Gales, não tendo detectado indícios de atentado ou conspiração, no que vieram corroborar os resultados obtidos pelas suas congéneres francesas.
Não acreditando por um só momento que os britânicos se arriscassem a falsear os dados deste caso mediático (posto o que sempre restaria explicar idênticas conclusões, em França), creio que pode devolver-se alguma paz à monarquia britânica.
É que, a meu ver, Diana tinha o peso próprio de quem soube viver o lado notório da sua condição de princesa (deu valentes lições de marketing ao ex-marido, reconheçamo-lo), pese embora tenha evitado ao máximo cumprir o lado mais institucional e tradicional das regras do "clube" a que quis ufanamente aderir.
Por isso, creio que, no silêncio, se registou o perfil de Estado de Isabel II e que, com o respeito devido a (quase) todos os que já não estão entre nós, tratamos de um epílogo importante para a coroa britânica que, digo eu, é um dos pilares importantes da cultura de liberdade que se vive em terras de... Sua Majestade, e não só (mesmo a Austrália referendou positivamente a sua posição de chefe de Estado, embora com o simbolismo próprio da Commonwealth).

Consulta de gastroenterologia

Tente ver sem vomitar...

E o veredicto é...

Sacha Baren Cohen é um comediante que nunca apreciei, seja como Borat, seja como Ali G.
O filme Borat: Aprender Cultura da América para Fazer Benefício Glorioso à Nação do Cazaquistão, todavia, despertou-me reacções contraditórias: por um lado, há momentos hilariantes.
Por outro lado, trata-se de um enxovalho grosseiro ao Cazaquistão, que nos revoltaria a todos se o filme satirizasse Portugal (e acreditem que, para muitos povos mais desenvolvidos, somos vistos como valentes pacóvios).
É daqueles filmes que "só visto" e que interpela os preconceitos, já que confesso que ía preparado para odiar o dito.

terça-feira, 12 de dezembro de 2006

Adiós Pinochet


Aos 91 anos, o ex ditador chileno faleceu no passado domingo (ironicamente no dia em que se celebram os Direitos Humanos) e é hoje cremado em Santiago do Chile.

Tal como em vida, a sua morte divide hoje os chilenos e muitos pelo mundo fora – uns festejam, outros choram.
No meu entender, não se celebra a morte de ninguém, muito menos por razões ideológicas. Ainda assim, é lamentável que Pinochet tenha morrido sem sentencias, apesar das numerosas acusações judiciais que sobre ele pendiam.
Dezassete anos de regime dictatorial e sanguinário não deviam de ficar impunes.

Fica o desejo de que a sua morte sirva, pelo menos, para alertar autoridades e governos de que urge uma justiça célere, particularmente quando se tratam de crimes que versam sobre direitos humanos.

domingo, 10 de dezembro de 2006

Compras de Natal






Obviamente que não pretendo insultar qualquer um dos autores ou sequer os seus apreciadores ao colocar lado a lado os fenómenos editoriais mais recentes, que são "Percepções e Realidade" do Dr. Pedro Santana Lopes e "Eu Carolina" da Srª Dª (ah, pois é...) Carolina Salgado.



Porém, reflectindo sem baias sobre o assunto, uma mesma essência explica as vendas em massa: em ambos os casos se desvendam segredos sobre assuntos mediáticos, mas com contornos ainda siblinos.


Ou seja, o império da "cultura" mediática introduziu em nós um voyeurismo que cria apetite pelo segredo e pelo pessoal. O êxito de Big Brother ou Fiel ou Infiel é a versão softcore de um desejo de saber da vida dos outros e de conhecer a mesma em todos os seus detalhes, que são tanto melhores quanto mais picantes.


Assim, tirando um núcleo de apoiantes mais militantes e de social-democratas, que buscam extra-muros a explicação total do resultado de 2005, lê o mais recente livro de Santana Lopes quem quer saber o que nunca havia sido dito sobre a ida de Durão Barroso para Bruxelas e sobre as razões (a falta delas, em meu entender) de Jorge Sampaio para dissolver a Assembleia da República.

Do mesmo modo, lerá Carolina quem quiser saber mais sobre os putrefactos meandros de algum do nosso futebol e detalhes sobre o controverso Jorge Nuno Pinto da Costa, como comprova a ridícula procissão de benfiquistas que se dirigiu ao lançamento do livro, num hipermercado, julgo eu, de Lisboa.
E, deste modo, seguimos a nossa vidinha: submersos em prestações de tudo e mais alguma coisa, mas contentes por termos assuntos para comentar no trabalho...
De todo o modo, uma aposta: Carolina vai vender mais do que Santana Lopes.

sexta-feira, 8 de dezembro de 2006

Ninguém gosta de mim...

Decididamente, depois das sondagens, da entrevista de Cavaco Silva e do comício de Menezes, só faltava a Marques Mendes a entrevista de Rui Rio, ontem.
Peremptório como só ele, o Edil portuense afirmou, perante Judite de Sousa, que entendia que, a continuar a actual via reformista, Sócrates venceria as eleições de 2009.
Será que os afoitos servidores do premier laranja também vão chamar traidor a Rio?! Não vejo coragem para isso...

quinta-feira, 7 de dezembro de 2006

O que não vem nos lucros

Hoje, num voo directo Lisboa-Veneza, a TAP conseguiu deixar em terra a bagagem de duas pessoas. Até para isto é preciso ter know-how, dado que não é fácil a proeza...

terça-feira, 5 de dezembro de 2006

Sem pena nem agravo

Já leram a Pluma Caprichosa do último fim-de-semana?
Leiam e deixem as vossas reflexões, eu ainda estou a matutar no que li...

segunda-feira, 4 de dezembro de 2006

26 anos depois


Vinte seis anos depois, duas teses contraditórias, muitas comissões de inquérito pelo meio e até um filme... as dúvidas e as suspeitas quanto ao caso "Camarate" continuam por esclarecer.
Nos últimos tempos, confissões inesperadas, a injustiça da prescrição do processo (em Setembro último) e até a possibilidade de criar um regime especial face a essa prescrição voltaram a mediatizar este caso.
Volvidos todos estes anos, uma só conclusão da minha parte: quão lamentável é constatar que este caso representa o paradigma de um sistema judicial português ineficiente e burocrático...

Não sou contemporânea de Francisco Sá Carneiro, nem vivi o 4 de Dezembro de 1980, mas desde muito cedo que este trágico acontecimento histórico e a morte de um dos mais marcantes políticos portugueses do séc.XX me despertaram à atenção.
Do que li e do que ouvi, constatei que Sá Carneiro tinha aquilo que falta a muitos dos políticos de hoje: carisma, inteligência, ousadia, determinação, sentido de Estado...
Enfim, o rol de qualidades era, indiscutivelmente, vasto. Talvez por isso, e ainda que fosse respeitado pelos políticos contemporâneos, o seu percurso político terminou mais cedo do que seria de esperar. Afinal, a grandeza de Sá Carneiro ofuscava e incomodava os "demais".
Como (bem) disse Marques Mendes a propósito da data de hoje... "mais do que recordar Sá Carneiro, é importante seguir o seu exemplo".

domingo, 3 de dezembro de 2006

Adeus, ó pá!

O pintor Mário Silva, cujo talendo se não questiona, afirma ter levado a cabo a sua última exposição em Portugal, alegando "perseguição fiscal".

Honestamente, já vi golpes mediáticos mais bem encenados, sendo que me parece burlesco que alguém consagrado precise de um tratamento fiscal especial, em altura de crise.

Imaginemos que ridículo seria se, para pagar menos impostos, José Miguel Júdice, Manuel Antunes, Simão Sabrosa ou Siza Vieira, também eles nomes grandes das suas artes, anuciassem, como fez o pintor, que iriam "exilar-se em Espanha"*...

Fazem falta os que cá estão, sempre ouvi dizer. Mas, já que vai, não podia levar de vez José Saramago (se bem me lembro o escritor prometeu o mesmo, se Cavaco Silva ganhasse, o que, da última vez que verifiquei, aconteceu mesmo...)???

* À atenção da nossa correspondente em Sevilha, Dulce Alves.

Desta vez, tem razão, Sotôr!

Como a "realidade", por vezes, dá com a "percepção", entendo que Santana Lopes tem alguma razão ao lamentar a "figurinha" que se vai fazendo na edilidade alfacinha.

De facto, depois da "guerra de alecrim e manjerona" entre PSD e CDS, o facto é que a polémica subsiste, desde logo, sobre o corredor que o Ministro Carmona reservara para o TGV e no qual o Mayor Carmona Rodrigues licenciou, ainda que condicionalmente, uma urbanização.

Depois, acresce que, efectivamente, as obras mais emblemáticas continuam a ser as lançadas/adjudicadas pelo Menino Guerreiro, sendo que a jóia da coroa (a que prometia pôr Lisboa na moda para os turistas de carteira recheada) parece estar a ser arrastada para o esquecimento; falo do projecto de Frank Gehry, naturalmente...

Para ser coerente e corajoso, restam duas alternativas a Carmona: ou denuncia a gestão do mais recente autor de best-sellers, ou convence-nos da bondade do seu próprio consulado.

Que sorte a oposição ser liderada por Carrilho (a.k.a. "o Grande Ordinário", segundo o léxico do Edil)!...

sábado, 2 de dezembro de 2006

Cretinos

O título nada tem a ver com a minha impressão sobre o filme, que vi ontem.

Trata-se, a meu ver, de um excelente e intenso filme, na linha dos bons filmes de Scorsese, com actores de alto gabarito.

O título?!... Bem isso tem mesmo a ver com a frequência da sala. Assentei arraiais nas Twin Towers, fugindo ao inferno do Colombo (o outro multiplex próximo do local onde me refúgio em Lisboa, e onde vou amiúde), cansado que estou de pipocas pelo chão e mastigadas com a mandíbula inferior a bater nos sapatos, telemóveis atendidos durante o filme e mesmo menus da MacDonald's (sim, foi durante o filme do 007!...), e até porque ía apanhar o metro de seguida, rumo ao Estádio de Alvalade.

Pois bem, apesar da aparência chique, não faltaram as pipocas pelo chão e um infante de não mas de 6 anos a ver um filme violento, de que apenas percebia os tiros e agresões (como pude ir escutando)... Mais espantará se vos disser que era uma famelga com a mania de que é "bem" (algo que os portugueses adquirem sempre que têm umas massas ou que desempenham certos cargos ou funções).

Moral da história (entronca noutros posts): de qulaquer lado da suposta pirâmide social, há muito civismo a palmilhar para que o nosso desenvolvimento económico chegue a ter importância...

quarta-feira, 29 de novembro de 2006

A f(r)esta da música

A nossa cultura vai de vento em proa; ou seja, isto não corre nada bem…
Depois do fim das capitais nacionais da cultura e da desorçamentação brutal, temos o fim da “Festa da Música”, que ocorria, anualmente, no Centro Cultural de Belém. Basta recordar o último evento para perceber que era um êxito e uma aposta ganha na “democratização” da música clássica. Porém, a espada de Dâmocles pendia há muito, e caiu agora, pelas razões do costume: cortes orçamentais.

Isto já não falando no calvário que vai ser quando, ao fim dos dez anos (creio eu) contratualizados, o Estado for chamado a dizer se compra ou não a Colecção Berardo, visto que se antevêem valores exorbitantes. Se os ciclos se mantiverem, será o PSD a descalçar a bota (o que nem é tão injusto quanto isso, já que, em matéria cultural, também tem incontáveis culpas no cartório)...
O problema preocupa-me mais quando penso que é pela cultura que Portugal poderá manter a sua individualidade na torrente da globalização, como tenho escrito.

segunda-feira, 27 de novembro de 2006

Café em chávena quente

Há coisas que não podem deixar de se rasgar. Uma delas foi esta página da revista "Pública" *, de 19 de Novembro.
Têm as simpáticas senhoras a missão de servir à mesa, num café de Santiago do Chile e, ao que li, nada de mais sério, descontada a caridosa tarefa de escutar desabafos de homens sózinhos, quando não é hora de ponta (salvo-seja).
O facto é que este género de estabelecimentos tem clientela, mesmo os que, como o da fotografia, não há serviços extra, na ementa.
Algumas ilações são, por isso, possíveis:
1. Os homens (mea culpa, com certeza) são mesmo fáceis de levar.

2. Andamos mesmo loucos da cabeça.

3. Não nos respeitamos suficientemente.

4. A Dulce e os que com ela abraçam causas (justas) em defesa das mulheres ainda têm muito a fazer.

De qualquer modo, o café sul-americano é bom, apesar de custar o dobro, nestes locais, dada a servidão de vistas.

* Que nos emprestou a fotografia, pese embora sem saber...

sábado, 25 de novembro de 2006

Tolerância ZERO

O título deste post pode parecer um contra-senso para os leitores mais atentos deste blog, que ainda há poucos dias me viram focar aqui o Dia Internacional da Tolerância. Abordou-se, na altura, o facto de ainda fazer sentido designar determinadas datas para sensibilizar a opinião pública acerca de problemáticas tão graves quanto preocupantes.

Fazendo então a ponte da ‘tolerância’ para o que deve ser intolerável:

Hoje, 25 de Novembro, assinala-se o Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra as Mulheres.

E mais uma vez senti necessidade de focar uma data; a de hoje para para relembrar que em pleno séc. XXI, por esse Mundo fora, as mulheres ainda são vítimas de discriminações de toda a ordem e de actos de violência de toda a espécie.

Lembrar que a violência sobre a mulher é um fenómeno mundial, que ocorre numa variedade de contextos - não só nos países ditos subdesenvolvidos - atravessa fronteiras, religiões, classes sociais e que não se restringe à violência doméstica. A realidade é muito mais ampla – tráfico humano, violação sexual, discriminação laboral... enfim, uma lista (lamentavelmente) infindável...
Lembrar também que os dados ‘falam’ por si. Aqui ficam alguns mais recentes:

*Nos EUA uma mulher é violada a cada 90 segundos;
*Em 28 países de África a mutilação genital ainda é praticada;
*80% dos refugiados de conflitos comunitários, étnicos ou políticos são do sexo feminino;
*A cada três dias morre uma mulher vítima de maus tratos em França (dados revelados esta semana por uma ministra francesa);
*Em Portugal, 50 casos diários de violência doméstica chegam à PSP/GNR;

(Ver mais dados aqui)

Não foi por acaso que a ONU, em 1999, resolveu dedicar este dia como dia oficial do combate a uma das muitas violências que teimam em proliferar.
Um dia para lembrar, meditar e pensar de que forma nos podemos mobilizar contra uma das mais vastas e persistentes violações de Direitos Humanos.

quinta-feira, 23 de novembro de 2006

My name is Craig, Daniel Craig...

Aí está “Casino Royale”, a vigésima primeira aventura de James Bond.

Muitas críticas depois, dois dentes partidos, dias a fio no ginásio, alguns enjoos no barco e até queimaduras solares...
...aí está Daniel Craig reencarnando o espião mais sexy do cinema.

Efeminado, demasiado louro, parecido com um operário de Leste, pouco sofisticado, pouco bonito, pouco carisma... o rol de críticas era interminável quando o sucessor de Pierce Brosnan foi anunciado.

Contudo, hoje reúne elogios por parte da crítica cinematográfica. Foi ovacionado na ante estreia no Reino Unido e, imagine-se, até teve direito a um cumprimento da Rainha Isabel II, que fez questão de lhe falar pessoalmente!

Quem já viu diz que o sexto actor a interpretar James Bond não destruiu essa imagem de marca que Ian Fleming criou. E acrescenta que veste e despe muito bem o smoking...
Coisas sobre as quais de momento não posso opinar... só mesmo depois de ver o filme...

Mas uma coisa é certa: agrade ou não aos fiéis de 007, Craig retomará o papel do agente secreto mais famoso do Mundo já em 2008.

Francamente II

Sua excelência, o primeiro-ministro, quer aumentar o ordenado mínimo nacional para 400 €. Com 400€ por mês, depois de se pagar uma renda, a água, a luz e o gás quanto é que sobra para comida? Já nao pergunto pela roupa, pelos medicamentos nem, ousadia das ousadias, pelos livros!!!
Digam-me vocês onde é que vamos parar!

domingo, 19 de novembro de 2006

Francamente!...

A propósito de um motim numa prisão mexicana e da ulterior intervenção policial para lhe pôr cobro, acabo de escutar mais uma pérola jornalística, no noticiário vespertino da RTP1.

Dizia o relato da jornalista portuguesa que o ambiente ficou tenso assim que surgiram helicópteros com "franco-atiradores da polícia"...

Ora, passando a publicidade, o bom serviço do dicionário "Priberam" ajuda-nos, dizendo que um franco-atirador é "aquele que faz parte de um corpo irregular de tropas ou combate, por iniciativa própria, sem estar ligado ao exército legalmente constituído; guerrilheiro; membro de certas associações que têm escolas de tiro".


Quereria a jornalista dizer, por exemplo, atirador de elite ?! Nunca o saberemos, receio bem...

sexta-feira, 17 de novembro de 2006

Homens de saias

Na Conferência Episcopal Portuguesa, os nossos Bispos resolveram "comer a Dama" e pôr em xeque o régio direito a ter uma família.
Dir-se-ía que foi a coice de cavalo que nos fizeram cair da torre do progresso científico, convertendo-nos em peões de uma doutrina, cada vez mais, desfazada do que deveria ser uma moral prática para a pós-modernidade.
Em boa verdade sou dos que simpatiza com muitos postulados da ética católica-apostólica-romana, mas também não deixo de entender que não é com uma resistência cega às alterações (algumas para pior, concordo) que trouxeram os tempos que correm que se cativam as pessoas para seguir aquele que dizem ser o caminho do Senhor.
Casos como o do aborto seriam mais eficazmente tratados pela Igreja, se adequasse a forma de expressão e o modo de condenação. Porém, este é um dos casos em que mais facilmente entendo o irredentismo episcopal.
O mesmo se não passa com o facto de relativamente à procriação medicamente assistida os Bispos terem afirmado que utiliza métodos (legalmente permitidos, sublinha-se) que "constituem uma infidelidade, ainda que consentida" *. Falam suas eminências, como está bem de ver, da fecundação heteróloga (aquela em que, face à infertilidade, se recorre a óvulos ou espermatezóides de uma terceira pessoa). Confesso que há muito tempo não ouvia algo tão retrógado no mundo ocidental...
E depois sobra uma contradição lógica: não são estes os mesmos Bispos que entendem que uma mulher não deve abortar, pois sempre haverá carinho e dignidade para o nascituro?!
Ou seja, o importante é o resultado final e um ser humano em crescimento, certo?!
Sendo assim , o que os detém, neste caso? O simples facto de se usarem gâmetas alheios com o acordo de ambos os membros de um casal que querem trazer uma criança ao mundo e, deduzo, dar-lhe aquele mesmo carinho que devia (como um dos argumentos "contra"), dizem eles, banir o aborto?
Em bom rigor, o assunto em apreço não me levanta nem dúvidas, nem especial entusiasmo, mas não podia deixar de registar o quão moderno anda o mundo da sotaina e do paramento.
* Fonte: Diário de Notícias, de hoje.

quinta-feira, 16 de novembro de 2006

Porque hoje é...

...o Dia Internacional da Tolerância, essa atitude/capacidade/virtude que é fácil de aplaudir, difícil de explicar e ainda mais dífícil de pôr em prática...
... fica aqui uma citação de Gandhi para reflectir:

"A lei de ouro do comportamento é a tolerância mútua, já que nunca pensaremos todos da mesma maneira, já que nunca veremos senão uma parte da verdade e sob ângulos diversos"

quarta-feira, 15 de novembro de 2006

"Percepções e Realidade"… by PSL

Foi apresentado, no passado dia 13 de Novembro, o livro por muitos esperado: "Percepções e Realidade". Este livro de Pedro Santana Lopes (PSL) vem certamente dar uma visão pessoal dos desenvolvimentos histórico-políticos que resultaram na dissolução do Parlamento, em 2004…
Claro está que não deixa de ser a sua visão pessoal, mas, mesmo assim, julgo ser importante, para quem acompanha de perto estes assuntos, reter esta opinião!!!

Eu sou da opinião de que o período de 2002 a 2006 da política portuguesa será alvo de um “Case Study” para quem se dedicar à ciência política, no futuro…

Mesmo para os menos atentos, é fácil perceber que não é normal que se agendem eleições antecipadas num país com uma maioria parlamentar e com uma grave situação económica em resolução…
Mesmo justificando esta atitude do Presidente Sampaio com a crítica fácil de caracterizar o Governo de PSL com “falta de competência”, isso torna-a ainda mais complexa. Senão vejamos:


Quais foram os critérios de avaliação de competência utilizado pelo presidente Sampaio ao primeiro-ministro em 2004, tendo este apenas um mandato de 4 meses??? Mandato esse confiado, por esse mesmo presidente…
Será que foram os mesmos critérios que o presidente Sampaio utilizou para avaliar, entre 1996 e 2001, os governos do engenheiro Guterres??? Parece-me que não…

NOTA: a referência anterior ao período do “case study” de 2002 a 2006, não é um erro!!! As medidas do actual Governo são idênticas a muitas das medidas anunciadas pelo Governo de PSL em 2004… O que, realmente, difere é actual Presidente da Republica…

Sobre este assunto, não tenho mais nada a acrescentar, a não ser após a leitura do livro!!!
Confesso que também estou curioso por saber quais os comentários do Professor Marcelo no próximo Domingo, relativamente a este “relato” de PSL…

terça-feira, 14 de novembro de 2006

Cala-te boca

Neste fim-de-semana, uma das reportagens realizadas por uma das estações televisivas glosava à saciedade o facto de José Sócrates se ter recusado a prestar declarações à comunicação social, fora dos momentos especificamente agendados para o efeito. Se calhar, fez bem...
Já há alguns dias, um jornal diário de referência abordava este género de atitude, informando que cresce o número de vezes em que as figuras públicas convocam os media para declarações sem direito a perguntas posteriores.
O interessante da coisa é que o jornalista que assinou a peça televisiva não parou para pensar nas eventuais motivações do Secretário-Geral do PS.
Ora, não conhecendo as socráticas razões, mas especulando com o auxílio da notícia mencionada, não me parece difícil de cogitar que tal pode ficar a dever-se à necessidade de auto-defesa dos titulares de cargos públicos que, cada vez mais, se vêem acossados por jornalístas que se acham investidos de um papel de contra-poder, para o qual ninguém os mandatou.
Pensando a contrario, basta lembrar a chacota e o massacre a que é sujeita qualquer figura pública que, aceitando colaborar, naquele momento, comete um lapso.
No dia em que os jornalístas fizerem auto-crítica verdadeira, talvez possa procurar-se o equilíbrio necessário entre a vontade de falar e o dever de informar.

segunda-feira, 13 de novembro de 2006

Favores em cadeia

Por mais filmes que veja poucos me tocam como este. Em jeito de confessionário tenho de admitir que este filme apela às minhas lágrimas com convicção :.(

Sei que não é a última novidade do cinema, mas recomendo!

(Inspirada pelos mais recentes posts cinematográficos :)

Um ombro cheio de qualidades

Que publicações virtuais como o "lodo" aviem uns valentes pontapés na gramática ainda vá, mas o Expresso...
O erro foi já alvo de denúncia no programa televisivo de Diogo Infante, mas foi daquelas calinadas que saltou à vista dos mais atentos, logo no dia 4 de Novembro.
A propósito da notícia ao redor de uma denúncia de Agostinho Branquinho (deputado do PSD) sobre a alegada manipulação de um noticiário da RTP pelo Governo, o político é citado pelo semanário como tendo salvaguardado a "ombridade" do jornalista que teria sido alvo daquela pressão.
Ora, salta à memória o Congresso da JSD realizado em 1998, na Figueira da Foz, no qual o meu correlegionário Pinto Lobão exaltava a "hombridade do Pedro Duarte", explicando aos circunstantes que falava de "hombridade com 'h' porque era uma qualidade do homem e não do ombro"...
Embora cite de cor (já lá vão 8 anos...), nunca mais me esqueci de como um, então, jovem da JSD prevenia um erro algo grosseiro, mas usual.
Claro que também teremos de admitir que, mesmo em jornais ditos de referência, os lapsos sucedem. Porém, não só a revisão de textos (mais a mais na 1ª página, como foi o caso) deve ser rigorosíssima, como se me apoquenta o espírito sobre a formação de quem, por sua vez, forma a mente de muitos cidadãos.
Como no ensino em relação a novos professores, preocupa a suspeita de perda de qualidade e de "escola" no jornalismo, com a correlativa adopção de uma táctica de afrontamento do poder, que acaba, possivelmente, por encobrir algumas insuficiências próprias, como já se debateu por aqui.

Prémio "Splendor"

Na edição de 4 de Novembro do Expresso podia ler-se, a propósito do número de filiados nos diversos partidos (presumo que visassem apenas os que têm mais de dez militantes, assim se explicando a omissão de "Os Verdes") que, para o PSD, "em 2005, o panorama foi ainda melhor: 8793 filiações, metade verificada entre jovens até aos 30 anos. Miguel Macedo, secretário-geral do PSD, atribui o 'fenómeno' à ' dinâmica gerada pela eleição de Marques Mendes como líder do partido, em Abril de 2005' ".
Vinda de uma pessoa que considero bastante, não deixa de ser uma tirada deliciosa...

Naaaaaaaaaaaaa