sábado, 2 de fevereiro de 2008

Assina aí, pá!

As peripécias de José Sócrates enquanto engenheiro continuam a desencantar o país. Confiando nas notícias que vão surgindo, o nosso prime minister andou a assinar projectos técnicos de engenharia e arquitectura para a câmara da Guarda quando estes não eram feitos por si.

Pelo que vi nos telejornais das 13H, a preocupação centra-se em saber se Sócrates recebeu indevidamente o acréscimo salarial proveniente do regime de exclusividade, enquanto deputado. Aliás, diga-se que as perguntas que lhe fizeram foram uma treta, não indo ao cerne da questão.

Claro que é importante saber se Sócrates recebeu ou não os tais escudos a mais, mas a investigação jornalística tem que ir mais além. Há que aproveitar a oportunidade para se discutir uma das maiores fraudes que vegetam pelas autarquias nacionais, que são as tais assinaturas "de favor".

É preocupante que venham ex-autarcas dizer que estas são uma prática comum, onde técnicos de uma câmara não podendo assinar projectos, acabam por fazê-los, pedindo depois a colegas para os assinar e intervindo posteriormente, como técnicos municipais, em decisões camarárias sobre os seus próprios projectos. A serem verdade, trata-se de desonestidade intelectual e de falta de ética profissional, envolvendo toda uma classe num manto de suspeição.

José Sócrates pode vir dizer que não recebeu qualquer remuneração pela assinatura dos projectos, mas importa saber é se assinou ou não projectos que não foram feitos por si, e se, mesmo partindo do pressuposto que não recebeu qualquer verba pelas assinaturas, contribuiu ou não, para que se contornasse a lei pela esquerda?

Nota: Há que reconhecer que Sócrates aprendeu com o erro de comunicação no que concerne ao timing aquando das notícias sobre a sua licenciatura. Se já ontem respondeu a algumas perguntas do Público, hoje foi vê-lo a desdobrar-se em entrevistas.

1 comentário:

Dulce disse...

Genial, o título ;)
Quanto ao mais, já nada me surpreende no que respeita ao periclitante percurso de Sócrates. O que é de lamentar é que só agora se lhe tenha "descoberto a carapuça". Tivessem os jornalistas feito o trabalho de casa n tempo devido e duvido que Sócrates tivesse chegado (ou sequer sonhado) com S.Bento...