sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Ah, e tal, a Juventude... (II)



Um inequívoco e sintomático exemplo da importância que os senhores do poder dão à juventude é o programa de arrendamento jovem denominado "Porta 65". O malogrado programa pretende substituir o antigo incentivo ao arrendamento jovem (IAJ) que sob batuta do Governo PSD constituiu, em 1992, um passo importante na protecção da efectivação dos direitos económicos e sociais, particularmente no atinente aos jovens. Em 2005, consideraram os socialistas que o IAJ tinha muitas falhas e era demasiado dispendioso, pelo que diminuíram as verbas para metade, iniciando estudos no sentido de preparar um novo instrumento, que veio a ser lançado no ano transacto.
Hoje, o "Porta 65" é na realidade uma porta fechada à possibilidade dos jovens portugueses acederem a uma habitação no momento em que iniciam a sua vida activa e procuram adquirir a sua independência económica, desde logo porque parece ter como objectivo primeiro o de dar cabo da paciência dos jovens - a burocracia é tal que o número de candidaturas foi de 3561, contrastando com as 32 160 apresentadas no ano passado.
Ademais, as linhas mestras e os requisitos são de uma incoerência e absurdez que não lembra a ninguém. Imagine-se que a renda máxima admitida na região de Lisboa, a título de exemplo, é de 340 euros para um T1! Questiono a sanidade mental de quem determinou tais critérios. E sinto-me no dever de elucidar tal indíviduo de que um modesto quarto (como o meu) numa singela casa partilhada (como a minha) numa razoável zona de Lisboa (a que alguns ocorre denominar de ghetto...) custa uns módicos 260 euros mensais sem qualquer despesa incluída e sem direito a recibo. O que é curioso e admirável é que vim a descobrir que o burocrático programa foi criado por uma eleita do Bloco de Esquerda, o partido que está na moda entre as camadas mais jovens e que clama defender acerrimamente a luta daquelas. Coincidências...

O que nos vale é que há quem - como a JSD - em boa hora, erga a voz a propósito desta matéria. E para que não nos acusem de ser sempre e só do contra, desta feita damos provas de que sabemos apresentar alternativas credíveis. Com efeito, a juventude laranja vai levar à Assembleia da República uma proposta de lei alternativa à do actual regime, provando que não vivemos de populismo fácil, como muitos levianamente nos acusam.
Enquanto jovem e enquanto social-democrata, muito me agrada esta postura combativa da juventude partidária em que milito face à inactividade do Governo no que concerne a políticas de juventude. Mormente, ante um complexo programa que não é senão um insulto aos jovens deste país.

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