segunda-feira, 14 de julho de 2008

Longe dos fundos comunitários, longe do coração

Em 1986 regozijámo-nos com a entrada na, então, CEE. Mas volvidas mais de duas décadas damos indícios de menosprezo face à união de uma Europa que outrora tanto ansiámos. E nem a presença de um português ao comando da Comissão Europeia nem a capital lusa a dar nome ao Tratado nos fizeram aproximar da actual UE.
Pelo menos é o que se pode deduzir do relatório do Parlamento Europeu, apresentado na passada semana, o qual revela que só 54% dos portugueses sabe que os eurodeputados são eleitos directamente pelos cidadãos, sendo que desses apenas 1% sabe que as eleições europeias se realizam já em 2009. Números um tanto ou quanto vergonhosos que ainda assim não parecem ser suficientes para pôr os partidos a mexer.

As Europeias são as eleições que ao longo dos anos registam maior abstenção, mas ainda assim os partidos só concentram esforços nas legislativas, autárquicas e presidenciais, relegando aquelas para segundo plano. Depois, admiram-se das altas taxas de abstenção e procuram bodes expiatórios - em 2004, foi a época estival e o Europeu de Futebol...
É que esta abstenção não é só ditada pelos eurocépticos ou pela crescente insatisfação dos cidadãos quanto às instituições europeias. Tem também muito que ver com o desconhecimento do papel e da voz que o Parlamento Europeu pode ter no rumo do Velho Continente. E é aqui que entra a tarefa dos partidos: dar a conhecer aos portugueses a importância do PE, explicar-lhes o quão errónea é a ideia de que tais eleições não têm real impacto no nosso quotidiano e, por fim, mostrar-lhes o que está em causa quando se leva a cabo a maior eleição transnacional do Mundo.

Adenda: Já aqui havia sido abordada esta problemática que é o défice democrático evidenciado pelos europeus, embora o contexto fosse particularmente o do Tratado de Lisboa.

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