sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Dignificar a advocacia

No site da Ordem dos Advogados convidam-se os 'colegas' a lançar sugestões para uma campanha comercial "com vista a dignificar e salientar a importância do exercício da advocacia na defesa do Estado de Direito e da cidadania".

Bem pode a Ordem promover campanhas, pretendendo publicitar e dignificar o exercício da advocacia junto da sociedade portuguesa, que o povo português dificilmente deixa de franzir o sobrolho perante um causídico. É triste para quem enverga a toga mas, bem vistas as coisas, é compreensível que se tenha em tão má consideração esta classe profissional.

O problema começa desde logo na proliferação dos cursos de Direito nas privadas, bem como no numerus clausus arrepiante das clássicas. Quanto à formação, melhor ou pior, é certo que os licenciados em Direito saem com enormes carências técnicas e, não raras vezes, é-lhes vedada a possibilidade de as treinar convenientemente nos estágios. Isto não os impede de se tornarem excelentes advogados, mas dá-lhes o rótulo de «tipos que só servem para oficiosas».

E depois, há os que sabendo não ter vocação, insistem na advocacia mesmo tendo noção de que não passarão de advogados medíocres. É com esses que os portugueses esbarram muitas vezes, com tipos que envergam o título de advogado como se de uma insígnia se tratasse, com tipos que menosprezam clientes, que perdem casos por incúria, que esquecem os escrúpulos e prestam um mau serviço ao clientes, à Justiça e ao país.

São estes que mancham o profissionalismo de todos os outros que não encaixam nesse lamentável perfil (vão sendo poucos...) e são estes os responsáveis pela pouca consideração que a sociedade tem para com esta classe. Embora seja de louvar o esforço da Ordem, isto não vai lá com campanhas.

2 comentários:

Francisco Castelo Branco disse...

Quem mancha o nome da Ordem é o sr.bastonario, com o aumento do estágio

E do exame de admissão á ordem, como o curso nao bastasse para se ser Advogado

ora, eu tiro o curso, fico habilitado para exercer, arranjo estagio num sitio qualquer, mas fico dependente do resultado de admissao para saber se continuo com emprego.

ou entao, faço o exame de admissao e só depois é que vou a procura de trabalho, num momento em que é dificil arranjar estágio

Por favor, sr.Marinho Pinto baze!!!

Jorge P. Guedes disse...

Bom dia.

Gostei do tema e da sua exposição.
Realmente, melhor papel desempenharia a Ordem se pugnasse pela qualidade do ensino praticado nas nossas várias faculdades onde o curso de Direito é "arrancado", desde a entrada com médias de 9 e 10, até à sua conclusão
De lá saem muitos formandos, ou melhor, senhores advogados(!), evidentemente mal preparados, atafulhados por calhamaços que lêem em oblíquo, sem a mínima base prática e que nem uma simples petição sabem redigir (para não falar dos milhares que nunca chegarão a desempenhar funções relativas ao curso). Isto, claro, para lá dos destratos mais vulgares a que sujeitam a infeliz língua portuguesa, tão bela e tão grande como é grande em tristeza o destino que os donos da Educação lhe estão a cavar.
E são estes últimos, penso, os verdadeiros culpados do negro estado da situação que aqui trouxe à nossa apreciação.


Os melhores cumps.
Jorge G. Sineiro