Há tempos aqui fiz notar a minha admiração pelo escritor e filósofo Fernando Savater, não só pela sua obra, cujo fio condutor é a Ética, mas também pela sua coragem, na frente de combate ao terrorismo no país Basco, mesmo quando ameaçado de morte, inúmeras vezes, pela ETA. Porém, hoje o meu encanto por Savater desvaneceu, ao ler as declarações descabidas que fez à cadeia televisiva do país vizinho, a Telecinco, dizendo-se agradecido àquele grupo terrorista, que o fez sentir "vivo, activo, metido en política y haciendo cosas de joven". Mais disse que a ele o terrorismo lhe deu "quince o veinte años más de juventud", concluindo que "me he divertido mucho".
Ora, embora facilmente se perceba que o que Savater quis dizer foi que, face ao terrorismo da ETA, dedicou-se à actividade política e não se restringiu à vida catedrática, haveria com certeza outras formas de se manifestar, mais comedidas e com um critério na escolha de vocabulário um pouco mais rigoroso, uma vez que estamos a falar de um grupo terrorista cuja actividade tem feito inúmeras vitímas ao longo dos anos e não propriamente de uma companhia de circo. É caso para dizer que até ao Professor de Ética, a ética falha.
*imagem de Miguel Herranz
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