Há poucos dias, vi na televisão que a Secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, tecia considerandos sobre a defesa dos direitos humanos na Europa. Falava a Sra. Clinton a propósito da proibição suiça dos minaretes das mesquitas e do veto francês ao uso em público do véu islâmico, na sequência do relatório anual do Departamento de Estado sobre a liberdade religiosa.
É claro que os casos europeus não foram, nem de perto nem de longe, o prato forte do relatório e da intervenção, mas, já que “aqui estamos”, deitemos um olho sobre o assunto.
Pergunto-me, assim sendo, quem será o campeão mundial da “islamofobia”?... Ora… Não é que são os EUA??? Que outro país encerra turistas estrangeiros numa sala de aeroporto separada e os asperge com fumos, apenas por terem estado em países de que os americanos desconfiam?... Exacto: os EUA!...
Quem geria Abu Ghraib e ainda não encerrou Guantamo?!... Respondeu “EUA”?! Nem prémio leva, tal o cariz óbvio da resposta…
Nesta altura, peço ao Leitor que me não interprete mal: não sou do Bloco de Esquerda (cruzes!!!) e nem pertenço àqueles que acham que dizer mal dos Estados Unidos os guinda à condição de “intelectuais”. Adoro o país do Uncle Sam e acho que tem uma democracia e uma cultura vibrantes. Todavia, acho que apontar o dedo é uma má escolha, quando já nem vidro se tem no telhado…
Dir-me-ão os fanáticos: “os Estados Unidos têm razão para a cruzada actual”! Talvez, responderei… Contudo, não menos a terão os europeus, a começar pelos espanhóis e pelos ingleses. Mesmo os franceses, venho dizendo isto há algum tempo, estão, segundo alguns estudos, a braços com o dilema de, dados o conforto social que proporcionam e a progressão geométrica da população “não ocidental”, terem, em algumas décadas, uma maioria de votantes islâmicos nos seus cadernos eleitorais.
Se o fenómeno em si parece natural, o facto é que ocorre num centro nevrálgico da cultura europeia e sem que os “novos franceses” aceitem as regras daquela, preferindo impor aos “anfitriões” ditames de outra fé e de outro modo de ser e de estar. E a isto temos de assistir, dizendo-nos os que aplaudem a anarquia que se trata de diferença cultural… O irónico da coisa é que os nossos “esquerdistas” se esquecem da desconsideração que está ínsita em muitas das “diferenças culturais” impostas, designadamente, às mulheres islâmicas.
O mesmo tom categórico já não emprego na norma arquitectónica helvética. Apesar de se tratar de uma norma democraticamente adoptada, nem sempre os procedimentos referendários foram sinónimos de bom senso, da condenação de Cristo a Weimar.
Todavia, mesmo neste último caso, estou em crer que a intolerância se não equipara à vivida pelos ocidentais nos países muçulmanos, desde a proibição de visitar Meca à exigência de as mulheres visitantes usarem trajes muçulmanos ou de turistas serem alvos potenciais pelo facto de um jornal do seu país ter publicado caricaturas de Maomé.
Sorrio ironicamente, por isso, ao recordar as palavras da Madame Clinton.
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