quinta-feira, 3 de setembro de 2009

3-2

Pelo que ouço e leio, creio que não produzirei doutrina maioritária, mas penso que o debate de ontem foi ganho por José Sócrates, com escassa vantagem.

Desde logo, creio ser injusta a crítica que aponta a ausência de propostas. Mormente o Primeiro-Ministro foi, tanto quanto o castrador esquema do debate (que parece querer meter o Rossio na Betesga) o permitiu, apontando algumas linhas de futuro, que aliás já se conheciam da entrevista a Judite de Sousa, na véspera; 1-0.

No plano da economia e finanças, Sócrates marcou o seu distanciamento ideológico (nisso foram ambos muito claros, permitindo distinguir as diferentes ideologias em confronto) e ainda teve arte e engenho para golpear Paulo Portas por alegadadas falhas do Governo de coligação (2002/05) , mesmo no sagrado terreno centrista das pequenas e médias empresas; 2-0.

Já no início do tema social, creio que o Líder do CDS lançou um bom contra-ataque, alertando para medidas penalizadoras tomadas pelo Governo do PS: aumento da idade da reforma, aumento do prazo para os jovens receberem o subsídio de desemprego e o escândalo (palavras minhas) do rendimento social de inserção (vulgo, rendimento mínimo). Teve ainda ensejo de salientar a magreza comparativa do aumento das pensões feito pelo PS, quando comparado com o do consulado de Bagão Félix; 2-1.

Foi preciso aguardar o início do tema da segurança para ver um auto-golo... Paulo Portas, em vez de "jogar o joker" num dos temas que o celebrizou, exigiu voltar atrás, quebrando as regras do debate, bem como perdendo tempo precioso (ficou mais a exaltação do que outra coisa) e a compostura ("vá interrogar os seus camaradas" fica mal ao, regra geral, cortês Portas); 3-1.

No entanto, seria neste terreno que Paulo Portas ainda reduziria a desvantagem (que seria se não tivesse perdido tempo a voltar a um tema em que até não estivera mal...), demonstrando a pobreza dos meios atribuídos ao combate à criminalidade.

Resultado Final: 3-2
Árbitro (Constança Cunha e Sá): amorfo.
Comentário final: provavelmente um dos debates mais interessantes, se olharmos aos protagonistas e à sua arte no uso da palavra.

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