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segunda-feira, 16 de março de 2009

Esta noite recomenda-se

Esta noite improvisa-se, do italiano (e Nobel da Literatura) Luiggi Pirandello, é a mais recente peça dos Artistas Unidos, em cena no Teatro Nacional D. Maria II. Uma excelente equipa de actores, dirigida por Jorge Silva Melo – salientem-se, entre outros, Lia Gama e Sílvia Filipe - interpreta uma peça que narra outra peça, quase crónica de costumes, a retratar tão bem as situações de sonho, aspiração, desengano... Uma peça assinada por um autor que se dedicou a reflectir sobre a relação entre o público e o teatro, e mostra aqui o palco sem limites e, sobretudo, como um lugar de desiquilíbrio. Certamente como em muitas das nossas situações de vida.

domingo, 1 de março de 2009

O estado das coisas



Ao longo das últimas semanas a comunicação social permitiu-nos assistir a momentos capazes de trazer à tona da água a espuma amarelenta do estado da governação e do debate político português. Os discursos de alguns dos nossos governantes expressam bem o oportunismo e o aproveitamento político típico do período pré-eleitoral, qual dramaturgia de pré-campanha, através da qual conseguimos sempre adivinhar as próximas cenas.

Uma peça de anteontem do telejornal da SIC previa o futuro. Na cobertura da inauguração de uma nova ponte no Alentejo, reagia, a propósito da obra, uma das pessoas entrevistadas - «foi Deus que apareceu aqui». A imagem é conveniente à ambição do nosso Primeiro-Ministro, agora envolto numa auréola, liberto das «campanhas negras», acompanhado do Diácono Silva, que agora já não gosta de malhar e também corta fitas, um pouco por todo o lado.

Este não é o tempo da coerência ou da sensatez. A estratégia eleitoral do nosso governo apela às inaugurações e às grandes obras. O cimento continua a ser, em Portugal, o primeiro instrumento da caça ao voto. Mesmo que muitos dos nossos economistas - pessimistas, diz o Primeiro-Ministro - já tenham demonstrado a evidente falta de critérios de relação custo/benefício numa parte significativa dos projectos da administração de Sócrates. Outros, os mais pessimistas dos pessimistas, têm denunciado o centralismo decisório exercido praticado nestes projectos, o que também não é uma novidade na maneira de governar deste executivo.

O Partido Socialista monopoliza e fulaniza na pessoa de José Sócrates a actualidade política portuguesa, reproduzindo os seus discursos de vitimização e os seus soundibites inconsistentes. O país carece de verdades.

Ao lado dos grandes projectos e das grandes obras, surge latente o país da expressão amorfa, que assiste a apreensões de livros em Braga; às novas regras dos funcionários da IGESPAR (proibidos de discordar da opinião dos seus chefes); ao levantamento de um auto por causa de uma troça com o computador Magalhães, no Carnaval de Torres Vedras; ao inquérito ao professor Charrua. Nesta pré-campanha, o poder pretende jornalistas controlados e uma sociedade civil adormecida.

E a oposição?

O facto da estratégia de Manuela Ferreira Leite não ser mobilizadora deve-se, antes de tudo, ao modo de agir do seu rival, ao sucesso da governação populista de Sócrates. Mas é a Manuela e à sua direção que cabe trabalhar pela vitória do seu partido; tarefa que lhe foi confiada em Maio do ano passado.

Façamos a sua avaliação...

O PSD realizou umas jornadas parlamentares em Évora, revitalizou o Instituto Francisco Sá Carneiro e dinamizou um fórum chamado Portugal de Verdade, iniciativas que permitiram captar a massa crítica da sociedade civil e anunciar diversas medidas à comunicação social, de onde sobressai um pacote de medidas de protecção da economia portuguesa. Agora, há que propagar a mensagem sobre o que realmente defende o PSD.

É necessário que o PSD saiba comunicar o que defende para as áreas estratégicas. Por exemplo, para a Educação: comunicar como acredita em escolas com projectos educativos alicerçados nas suas comunidades e numa avaliação de desempenho, centrada não apenas nos seus docentes, mas também nas próprias instituições e órgãos de gestão.

Também na Saúde: explicar como o PSD pretende fazer acordos com instituições particulares de solidariedade social para colmatar a falta de cuidados de saúde nas zonas mais desertificadas do país.

E para as Finanças: como é insustentável a carga fiscal sobre as e as micro-empresas e a necessidade de repensar as obras públicas, que deverão privilegiar a requalificação urbana, o património cultural, a habitação jovem e os equipamentos sociais, seleccionando os projectos de Sócrates que agravam o endividamento externo.

Para quem tinha dúvidas ao tempo das directas, aqui está afinal a social-democracia de Manuela. Aqui não está o neoliberalismo, rótulo que o PS de Sócrates pretende colar ao PSD.

Parece inacreditável que o partido do Governo, tão dedicado à aclamação do seu Secretário-Geral, vá no segundo dia de congresso e não tenha apresentado, até agora, uma ideia que fosse para o futuro do país.

É inacreditável que o PSD, com as iniciativas que lançou nos últimos meses, não se consiga fazer ouvir.

Ora, por ser de rejeitar um congresso social-democrata antes das eleições, não há dúvidas de que é este PSD que terá de cumprir a sua tarefa e fazer valer as suas ideias.

Mas será também este PSD que tem de questionar: se Manuela já não se limita a marcar passo, porque não começou a marcar pontos?