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quarta-feira, 23 de novembro de 2016

Há petróleo no Beato

Depois de um longo interregno, resolvi voltar a escrever umas linhas em prol da minha sanidade mental. Não é que tenha interrompido, suspendido ou até castrado o meu espirito crítico, mas espaços como o Facebook ou o twitter, não são propriamente espaços de reflexão mais profunda.

Hoje senti-me seduzido a escrever algumas linhas sobre o suposto memorando de entendimento relativo à passagem da gestão da Carris para a CML e para melhor enquadrar esta questão, recorri a algumas passagens que tenho lido por aí.

Em Novembro de 2014 Costa Presidente da Câmara de Lisboa dizia o seguinte:
"Entre as competências que a câmara se propõe assumir estão as de “planeamento e gestão das redes e frotas”, “fixação de tarifas e preços” e “definição de níveis de serviço e de objectivos de gestão operacional”. Quanto às indemnizações compensatórias, António Costa diz que “partilhará com o Estado os encargos anuais a pagar à Carris e ao Metro, de acordo com um critério de repartição financeiramente sustentável e adequado à partilha de riscos a estabelecer”. Esta visão contraria a visão do Governo, que pretende eliminar por completo estes subsídios, que são pagos pela prestação de serviço público. Aliás, na proposta do Orçamento do Estado para 2015 as indemnizações são reduzidas em 85 milhões de euros, restando apenas os apoios aos passes sociais +. "

e conluía:
"Como “pressupostos” para que a câmara fique com a gestão das operadoras de transportes, o seu presidente elenca a assunção pelo Estado da sua dívida histórica, “incluindo os encargos decorrentes do leasing do material circulante”, a definição de um acordo “sobre um plano de investimentos estruturais para o período da parceria” e de um outro “quanto a compensações sociais”, por exemplo “em matéria de passes sociais”.     

Volvidos 2 anos, agora Costa como Primeiro Ministro e Medina como Presidente da CML, somos surpreendidos com este memorando de entendimento. Mas, o mais estranho de toda esta história, é que ninguém conhece o conteúdo do tal documento e por isso ao melhor estilo da esquerda dita democrática, já se encarregaram de informar o que o Povo precisa de saber.

E esta semana, Costa Primeiro Ministro, presenteia-nos com as seguintes afirmações:
"Carris não é para produzir EBITDA. É para transportar pessoas"
"Desobrigamos os portugueses a financiarem os transportes dos lisboetas"

E Fernando Medina acrescenta:
"A partir do próximo ano, a gestão da Carris passa para a Câmara de Lisboa, mas a sua dívida permanece no Estado. A empresa será financiada com as verbas do estacionamento, multas de trânsito, IUC "e o que for necessário", como referiu Fernando Medina na cerimónia realizada esta segunda-feira."

Segundo estas mentes iluminadas, resolveram um problema com mais de 40 anos, o tema está esclarecido e não há mais explicações a dar.

O caricato disto tudo, é que Costa como Presidente da CML, exigia a Passos Coelho que o estado continuasse a pagar os leasings em vigor e demais custos financeiros, para além dos custos de um novo plano de investimentos e das compensações em matéria de passes sociais.

Agora na pele de Primeiro Ministro afirma, "Desobrigamos os portugueses a financiarem os transportes dos lisboetas"  e aqui reside a principal dúvida/mentira ou por outras palavras o principio de mais uma narrativa com um triste epílogo.

Antes com Passos Coelho ,os Portugueses tinham que continuar a financiar os transportes de Lisboa, agora já não vão contribuir mais para esse peditório e portanto emerge assim outra e não menos importante questão:

Segundo sabemos e é público, a CML continua deficitária ao ponto de ter cancelado algumas obras por falta de financiamento. Não foi por acaso, que pela primeira vez lançaram mão de novas taxas e impostos, sobre o turismo, resíduos, etc... e como é que de repente, tem folga em receitas como, multas de transito e IUC ? Todos sabemos que estas receitas são uma gota de água quando comparadas com o défice estrutural anual da Carris?

Depois de muito pensar, encontrei a explicação. Quando se trata de temas cobertos de uma enorme opacidade, o diabo está sempre nos pormenores e nas entrelinhas, senão vejamos:

Desde quando é que António Costa sabe o que é o EBITDA e esclareço: Lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização. Ora bem, esta palavra não apareceu por acaso, foi com certeza usada por alguém, que explicou a António Costa, que a Carris depois das restruturações de que tinha sido alvo, tinha um EBITDA positivo ou próximo disso e só assim se explica que a CML consiga assumir a gestão corrente da Carris, ficando alguém com todas as outras parcelas, juros, impostos, depreciações e amortizações.

Esclarecido isto posso concluir que, António Costa mentiu aos Portugueses quando afirmou que deixavam de financiar os transportes dos Lisboetas e Medina omitiu o mais importante, quando afirmou que recorre "ao que for necessário" para viabilizar a solução.

A não ser nenhum destas hipóteses e como muito bem satirizava Raul Solnado "Há petróleo no Beato.

P.S.
Há Petróleo no Beato é um drama, comédia e revista à portuguesa de 1986. Foi protagonizado por Raul Solnado
Numa conjuntura de instabilidade mundial provocada pelas primeiras crises petrolíferas do século passado, uma modesta família portuguesa é surpreendida pela descoberta de que tem no quintal a solução dos seus problemas financeiros e até mesmo os do País. 





segunda-feira, 19 de outubro de 2015

O dia em que Houdini se afogou


Tentarei escrever esta prosa com o menor número de adjectivos e com a frieza possíveis em homenagem à moderação a que me sinto obrigado. Contudo, creio que o dr. António Costa poderá estar, politicamente falando, a meter-se numa numa camisa-de-onze-varas ou a criar, genialmente, o “auto-xeque-mate”.

Indo por partes, reafirmo que, a meu ver e usando noções sobre métodos eleitorais que espero não estejam desactualizadas, a coligação PSD-CDS, tendo mais votos e mais deputados eleitos, ganhou as eleições. Continuo a acreditar nisso, apesar de as últimas notícias me tenham feito ganhar esperanças de que a Briosa possa ir à Liga dos Campeões, aliando-se a clubes mais bem pontuados. E nem venham os puristas dizer que se não pode comparar política e futebol; em ambos os casos e salvaguardadas as evidentes diferenças regulamentares, é uma questão de pontos averbados...

Pode, por isso, soar a mau perder que as forças derrotadas queiram o que os portugueses não quiseram dar-lhe. Acredito que a mensagem eleitoral pode ser plasmada do seguinte modo: siga o Governo com o bom trabalho, mas com mais moderação e escutando propostas alternativas.

Pensar nem que seja num acordo de incidência parlamentar com PCP (dou por irrelevantes Os Verdes) e Bloco de Esquerda é suicídio a prestações: por um lado, porque estas duas formações radicais têm apenas dois caminhos possíveis: ou se “aburguesam” e desaparecem em próximas eleições por traição ao seu eleitorado, ou impõem os seus temas e arrastam o PS para fora da governabilidade europeia.

Por outro lado, porque esta originalidade aritmética pode custar a Costa a união do PS, tanto mais necessária quanto mais esotérico o acordo que fizer.

Ademais importa por os conceitos en su sitio: no caso do PCP, como podemos ver pelo quase estaticismo eleitoral, falamos de um partido parado no tempo e que espera que a lei da vida venha a erodir a sua base eleitoral, por muito que disfarce com a operação plástica que consiste em indigitar alguns deputados jovens. Trata-se do único partido comunista ocidental que apoiou o golpe contra Gorbatchev e que, mais recentemente, revelou dúvidas sobre o facto de a Coreia do Norte não ser uma democracia. Por fim, cumpre dizer que nem Mário Soares deu, alguma vez, tanto poder aos comunistas…

Já no caso do Bloco de Esquerda e como não sou apreciador de cocktails, não sei qual a sua composição actual, mas lembro-me de um tempo em que se descortinavam marxistas-leninistas, trotskistas, maoístas e até anarquistas na sua fórmula. É a propostas destas maravilhas ideológicas que podemos sujeitar-nos? E se já houve fracturas internas, como será quando tiverem que incensar a burguesia que, seguramente, vêem no PS?

Se for este o caminho, que não se iluda Costa: cedo ou tarde, a factura chegará e com IVA a 100%...

Já se escolher “tolerar” a coligação e derrubá-la um ou dois anos volvidos, provavelmente, arrisca nova maioria absoluta de PSD e CDS.

Há habilidades que podem sair caras. A ver vemos se sai da caixa de água em que se meteu.

terça-feira, 13 de outubro de 2015

António Costa, acabou o recreio, larga o baloiço


Perante os resultados eleitorais, o Presidente da República fez uma declaração ao País em que colocou claramente quais as condições para dar posse a um novo governo, a saber:
- Uma maioria estável, acompanhada de um acordo relativamente ao cumprimento dos compromissos internacionais aos quais Portugal está vinculado. Com esta comunicação Cavaco Silva não poderia ter sido mais claro, União Europeia, Euro, Nato, tratado orçamental e metas quanto à dívida, só para citar alguns.

Ora, perante estas premissas em que apenas a coligação se revê, pelo menos a avaliar pelas posições assumidas durante a campanha eleitoral, Costa arriscou uma última cartada, formar uma coligação de esquerda com todos os rejeitados das eleições de 4 de Outubro, ignorando que o País não é Lisboa.

Acredito que neste momento, a maioria dos Portugueses andem apreensivos e preocupados, com a hipótese de termos um governo chefiado pelo grande derrotado destas eleições, acompanhado pelos igualmente derrotados BE e CDU. Nesta matéria estou calmo e pouco preocupado, por 3 razões:
1 – Cavaco Silva só dará posse a uma hipotética solução de governo à esquerda, se todos os partidos que compõem essa maioria integrarem o governo. Por outras palavras, nunca daria posse a um governo chefiado por António Costa, consubstanciado apenas e somente num acordo de incidência parlamentar, porque isso seria desvirtuar os resultados eleitorais e lançar o País numa instabilidade permanente. Instabilidade por instabilidade, daria posse a Paços Coelho, não só porque venceu as eleições, mas porque lhe daria mais garantias no caso de ter que optar por um governo de gestão.

2 – Mesmo que a suposta maioria de esquerda, conseguisse chegar a um acordo de incidência parlamentar, seria sempre vago e pouco detalhado nos compromissos que Cavaco enunciou e que considerou incontornáveis. Será crível acreditar, que Bloco e CDU assinassem um acordo em que ficasse preto no branco e cito apenas um, “cumprimento do tratado orçamental”? Nunca, porque isso significaria, a negação de tudo o que andaram a prometer aos seus eleitores. Aceitar tal compromisso, seria o mesmo que admitir e concordar que em matéria de pensões, salários da função pública, regras da segurança social na atribuição de subsídios e outras prestações sociais, continuasse tudo na mesma.

3 – Portanto resta uma 3 alternativa, Bloco e CDU integrarem um governo chefiado por António Costa, com um acordo assinado que contemple os compromissos considerados irrevogáveis por Cavaco Silva. Por muitas voltas que lhe desse ao estomago, Cavaco aceitaria, mas Bloco e CDU não, porque seria o mesmo que preencherem todos os requisitos para uma eutanásia. Ignorando o BE, porque tem uma base eleitoral que não ultrapassa os 5%, se a CDU integrasse um governo, para além de todos os constrangimentos já apresentados, qual passaria a ser o papel da CGTP? Portanto, qualquer que seja a solução à esquerda, ela será sempre pouco duradoura, porque a sobrevivência política sobrepor-se-á sempre, ao interesse do País.

Para estes partidos de protesto, a dicotomia entre, cumprir a principal promessa eleitoral, derrotar o governo de direita, derrotar Passos e Portas e definhar a curto prazo, há muito que a escolha está feita e só Costa é que não quer ver.
Entretanto, os sinais de desconforto de destacados militantes socialistas estão em crescendo, Sérgio Sousa Pinto da actual direcção bateu com a porta, Francisco Assis, Álvaro beleza, Jorge Coelho, Vera Jardim, Carlos Silva líder da UGT, António Vitorino e muitos outros já vieram a público dizer o que pensam da suposta coligação anti natura e não foram nada meigos para com o actual líder Socialista.

Posto isto, resta-nos aguardar serena e pacientemente, que o Presidente da República se farte e exija uma definição clara e inequívoca do género, António Costa acabou o recreio, larga o baloiço e diz o que pretendes.
Já todos percebemos também, que perante os resultados eleitorais, a esquerda sabe que qualquer que seja a solução encontrada nunca será duradoura, não só porque a historia lhes dá razão, mas porque o principal partido da oposição, nunca foi de fiar. Sendo assim, o tempo joga a favor deles, quanto mais tempo durar esta fase, mais Bloco e CDU capitalizam e só Costa ainda não percebeu que poderá ficar na história, como o líder que mais derrotas sofreu no mais curto espaço de tempo.