Que o país está em “estado de sítio” social e económico já se percebeu. Que as pessoas hoje vivem muito pior do que há 6 anos também já se notou. Que o Estado mesmo que queira não tem dinheiro para mandar cantar um cego ou para dar uma "moedinha" a um arrumador também. Que os políticos de hoje não geram confiança, creio que até os próprios já não têm grandes dúvidas!
E já toda a gente também percebeu que o nosso Primeiro é mitómano (inclusive os cerca de 35% que as sondagens dizem votar PS)! Só que, vá-se lá entender porquê, os portugueses têm a “triste” mania, qual Fado, de serem tolerantes para com aqueles que julgam estarem a ser aviltados publicamente.
O caso não é novo e temos histórico bem recente. Se virmos bem, apesar de várias negas pelo PSD em sucessivos congressos e da parte dos seus principais “notáveis”, o anterior Primeiro-Ministro também gozou dessa condescendência por parte de alguma imprensa e de parte significativa do eleitorado. Enquanto meio mundo se preocupava em dizer o pior do “menino guerreiro”, o outro meio idolatrava-o. Enquanto isso ele lá foi ganhando as Câmaras da Figueira da Foz, de Lisboa e seguiu-se a indigitação para S. Bento, até Jorge Sampaio resolver entregar os destinos da nação aos camaradas, dissolvendo uma AR com maioria parlamentar afecta ao Governo de então.
O nosso Primeiro não é um “fenómeno político”. Sá Carneiro foi, é e será; Soares é; Cavaco também; Cunhal vá-se lá entender, também teve o seu tempo e os seus seguidores. J. Sócrates é um espécime diferente, está na categoria dos “fenómenos de marketing”.
Os “fenómenos de marketing” sabem melhor do que ninguém aproveitar os erros dos adversários. Cheiram as oportunidades. Sabem repetir as mensagens e conseguem imprimi-las, nem que seja pela exaustão.
Veja-se por exemplo o repisar na inexperiência de Passos Coelho! Não há Socialista que não o tenha dito e/ou insinuado publicamente, falando nos riscos de colocar alguém inexperiente em S. Bento. Mas isto é puro “marketing político” e é uma imitação barata do que sucedeu, por exemplo nos Estados Unidos, com John MacCain e o seu estado-maior a tentaram passar a mesma mensagem sobre Obama (mas aqui não tiveram grande sucesso porque Obama e a sua máquina não brincavam em serviço).
Os tiros nos pés que o PSD tem dado também ajudam mas não explicam tudo. É certo que os marketeers do PSD (se é que eles existem) deviam ter alertado quem de direito há muito (e aqui não falo de PPC nem dos tão badalados notáveis, mas sim das segundas linhas) que todos falam a uma só voz e a mensagem é una.
Também não vai lá com o discurso dos independentes. Podem ser excelentes académicos, mas pelo que vi percebem muito pouco de política. Por muito interessante que seja colocá-los a discutir o estado do Estado, sempre que vieram para a praça pública fazerem-se aos Ministérios ou às Secretarias de Estado só fizeram com que o PSD perdesse votos. Acabaram por fazer pior a Passos Coelho que o próprio PS e Sócrates.
Convém também não esquecer a experiência política e comunicacional de Paulo Portas, que tem subido nas sondagens e não é à custa do BE nem do PCP.
Mas a comunicação social e alguns opinion makers também não estão incólumes. Não se pense que muita da aversão que há da parte de alguma imprensa e seus jornalistas a Sócrates ajuda a derrubá-lo, bem pelo contrário, apenas o vitimizam ainda mais.
Mas o que importa é perceber o que está em causa nas próximas eleições legislativas. É que a “malta” brinca às sondagens e aos votos e depois queixa-se do cinismo inerente a muita da actividade política e ao exacerbar da argumentação política e mediática. E aqui a culpa não é só dos políticos, mas sim da dimensão real do País.
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