segunda-feira, 23 de maio de 2011

As coisas que eu não entendo

Numa altura em que o Mundo, em geral, e o País, em particular, parecem esvair-se em desgraças e pessimismo, assumo a minha incapacidade cognitiva global e tento, pelo menos, compreender partes do triste fado que nos envolve. Mesmo assim, creio que sou mal sucedido…


Desde logo, fala-se na nossa campanha (algo que gostaria de poder comentar com outro detalhe) de aumento de impostos do IVA ao IMI (o que nos restará, ao fim do mês?!), há algo que nunca entendi: por que é que os gestores das grandes empresas – mormente as de capitais maioritariamente públicos ou onde haja a famigerada golden share – ganham prémios colossais, no fim de cada exercício??? Não é o vencimento a justa compensação pelo seu empenho?!


O argumento mais clássico é: “se não são bem remunerados, vão para o sector privado ou mesmo para o estrangeiro”.


Apetece dizer: boa viagem! As nossas universidade injectam no mercado, anualmente, jovens licenciados e mestres bem mais actualizados e até qualificados do que muitos dos gestores que, há anos, pulam de cadeira em cadeira e de empresa em empresa. Não há homens providenciais!...


Depois, há outra coisa que me tolda a inteligência; não entendo a razão pela qual se fala de perigo para a subsistência de, por exemplo, o Sistema Nacional de Saúde. Ou me deu ataque de lirismo, ou me parou o cérebro, mas diria que muito se conseguiria com uma articulação com o fisco que permitisse escalonar o pagamento nos nossos excelentes hospitais públicos (quem viva fora de Portugal, em muitos países, aprende a tirar o chapéu ao nosso serviço público). É impensável que uma semana de internamento continue a custar sessenta euros para o pobre, o remediado, o desafogado ou o rico.


Por fim, uma interrogação mais filosófica: todos os partidos oscilam entre mais e menos impostos, renegociar ou não renegociar a dívida, mais ou menos Estado e daí por diante... Quase quarenta anos depois da Revolução que o próprio Otelo (esse mesmo, o amnistiado!) admitiu poder renegar, fica por perceber o que queremos ser enquanto pátria e enquanto Nação. A cada acto eleitoral discutimos remendos e desvios de dez ou quinze graus (diferenças mínimas, portanto), mas não aparece uma liderança disposta não apenas a dizer a (sua) verdade, mas também a emocionar, motivar e conduzir o povo português para uma mudança de idiossincrasia, apontando o exemplo de outros povos que não precisaram de poços de petróleo para ter níveis de conforto elevados, e que não estão sempre de mão estendida para o Estado.


Admito que o defeito seja meu…

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