quarta-feira, 16 de agosto de 2006

Paradoxos I

Muito me entreteve ver, a propósito das chamadas quotas de mulheres nas listas, algumas forças de esquerda e algumas feministas a empunharem as bandeiras da defesa da dignidade da mulher - algo que, a meu ver, só sai diminuído com as ditas quotas, como veremos.

Propalar exemplos do bom resultado que deram no Norte da Europa e esquecer que somos um País latino é autismo de mau gosto. Porém, cá estaremos para ver que tipo de pessoas ocupará as quotas e qual será a próxima alegada minoria a reclamar igual guarida.

Todavia, o alvo deste post é outro: acompanhei com interesse as últimas etapas da Volta a Portugal e pude verificar que se mantém o hábito dos vencedores (da etapa, do prémio disto, do prémio daquilo...) serem beijocados por duas beldades escolhidas a preceito.

Sendo que me parece algo de inofensivo, os defensores de quotas, se querem ser coerentes (duvido que queiram, em muitos casos, mais do que serem populistas ou "popularuchos"), têm duas saídas: ou defendem que também há que ter homens a beijar os ciclistas (irra!!!), ou devem revoltar-se com o uso absolutamente instrumentalizador que é feito da imagem física das jovens contratadas para o dito ósculo.

E, já agora, por que não uma cruzada contra a maioria da publicidade, que se limita a atiçar a cupidez?! Talvez porque não dê votos na respectiva "quinta"...
A fotografia foi gentilmente "fanada" ao Correio da Manhã e é de Paulo Cunha da Lusa. Bela fotografia, by the way...

1 comentário:

Fernanda Marques Lopes disse...

Caro Amigo,

Tocaste precisamente na "ferida". As mulheres têm de se decidir de uma vez por todas: ou querem ser "iguais" ou assumem as suas diferenças. Para umas coisas dá-nos muito jeitinho sermos fracas, para outras já reclamamos que somos iguais...

Sempre fui contra machismos, mas é verdade que também não tolero feminismos exacerbados. Também não sou a favor da apregoada 'igualdade', sou antes a favor da 'equivalência': quero com isto dizer que devemos assumir as nossas diferenças, mas sentindo que as respeitam e que nos dão o devido valor por isso, em vez de nos desprezarem ou inferiorizarem. Mas pronto, como dizes e bem, é o paradoxo...

Um Abraço