quarta-feira, 9 de agosto de 2006

Razões por que houve Páscoa mais cedo

Volto atrás no tempo, para comentar brevemente o desenlace das eleições concelhias do PSD de Coimbra, que terminaram, como aliás previra, subliminarmente, aqui no "lodo", com a vitória de Carlos Páscoa.
Sobre o caso há a dizer que o novel presidente tem capacidades e currículo para o cargo, sendo de destacar a coragem com que abraça os reptos: primeiro, uma estóica batalha autárquica contra um edil que trocara o PSD pelo PS, em Soure. Depois, a ida a votos para a concelhia de Coimbra.
Nesta sua mais recente decisão houve quem estranhasse o facto de trocar Soure por Coimbra e o acusasse de estar a fazer um “frete” ao mayor de Coimbra que, assim, cobria com ouro (o da vitória) a ousadia de Prata (Horácio Pina…). A verdade é que Páscoa arriscou e ficou mesmo com as amêndoas, sendo isso que fica para a história.
Porém, não nos iludamos: como dissera neste blog, e como relembrou o co-autor Ricardo Cândido, até então, só Tolkien vencera o “Senhor dos Anéis”, querendo com isto dizer que, por muito que houvesse sido dito entre portas, Carlos Encarnação não permitiria que o PSD de Coimbra vogasse longe do seu radar. O xadrez partidário é mesmo assim, e o nosso mayor, homem culto que é, leu Richelieu, até nas entrelinhas.
Dirão que é má língua da minha parte, mas aposto 10 contra 1 como a aparição (mais do que legítima e natural, sublinho) na lista, como nº2 (creio) de Páscoa, de um militante de seu nome Nuno Encarnação está longíssimo de ser coincidência. Todavia, a verdade também é só uma: candeia que vai à frente alumia duas vezes, e Páscoa tem a liderança, pelo menos, por dois anos.
Já Pina Prata, a meu ver, perde, em larga medida, por culpa própria. Desde logo, por ter feito do consenso um fim em si. Fundamental, nestas andanças, é ter ideias claras sobre o rumo a seguir e as causas a abraçar, e lutar por elas como se fosse o último combate de uma vida.

Quando, ao invés, se procura timoratamente não agitar as águas, o mais provável, sempre que se não detêm os tais anéis (o centro do poder político é sempre a autarquia, quando as colorações partidárias coincidem; nem é preciso estudar em Coimbra para saber isto…), é o naufrágio. Quem é Vice-Presidente da Câmara ou pede licença e aceita o ascendente ou, por muitas e delicadas vénias que receba, provavelmente, verá que o “império contra-ataca”…

Quando Horácio Pina Prata., alguém com quem se simpatiza facilmente, decidiu avançar e se propôs um projecto autónomo teria ganho mais em assumir a ruptura, cativando novas simpatias e gerando novas ideias, do que seguir a ancestral política dos paninhos quentes.

Acrescento ainda que, na era da imagem e da comunicação, até na propaganda enviada aos militantes, Páscoa foi, de longe, mais feliz.

Este é um resultado facílimo de explicar, sendo que quem quiser arrebatar o ceptro, em 2008 (véspera de eleições legislativas e autárquicas, anote-se) terá muito que fazer (quer no domínio ideológico, quer no domínio da filiação), pois Carlos Páscoa não despertará jamais o capital de antipatia e de anonimato de quem o antecedeu, já que é outro o seu modus faciendi.

Correndo o risco de me repetir, não obstante, sublinho que, a mais da pascal presidência, há hossanas a cantar à sabedoria antiga que continua a dar cartas, na Praça 8 de Maio.

Para vencer o “Senhor dos Anéis” ainda e só Tolkien, por ora…
Nota do Autor: esta do "Senhor dos Anéis" é só para entendedores, alerto.

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