Embora a rejeição pelo Conselho de Jurisdição da candidatura de Pereira Coelho, mantenho, no essencial as palavaras que, hoje, vêm publicadas no Diários "As Beiras", pois continuo a entender que o processo de eleição directa do líder do PSD veio confirmar um dos receios que acalentava: o de que os meios viessem a ditar muito do que seja a compita eleitoral.
É evidente que os curricula de Luis Marques Mendes e de José Alberto Pereira Coelho seriam sempre bem diferentes, com esmagadora vantagem para o primeiro, no que toca a cargos partidários e de Estado.
Porém, com as devidas voltas à pista de avanço, normalmente, haveria interesse em mais debates nas circunscrições partidárias e nos media ou, pelo menos, mais tempo de antena para o único challanger, pelo menos, enquanto o foi. Mas nem intenções disso se vsilumbraram
A verdade é que na sociedade mediática, duas afirmações são possíveis e compagináveis: em primeiro lugar, em relação aos media, mais vale cair em graça do que ser engraçado. Quero com isto dizer que se já se é mediático desfrutar-se-á de uma exposição muito maior do que sendo um concorrente quase anónimo para o grande público, quando, se calhar, até podia dar-se uma compensação de sentido inverso.
Em segundo lugar, quem também tenha máquina (leia-se, financiamento, staff, estruturas locais) do seu lado tem outro suplemento não menosprezável, sendo que um mecanismo estimável de democracia directa acaba por ser relativizado pela “cor do dinheiro”.
Não que entenda, note-se, que a candidatura do dr. Pereira Coelho seria um ataque viável ao actual premier laranja; não sei mesmo se, desde o início, terá sido essa a intenção genuína do candidato. Porém, em termos abstractos, creio que podem extrair-se algumas ilações para embates futuros.
Sem invocar as mesmas razões de transparência (que não me parece estar em causa no PSD, salvo melhor opinião) que motivaram a alteração do financiamento dos partidos políticos, creio que a igualdade entre todos os militantes seria mais bem acautelada se a todos os que formalizassem a candidatura fosse assegurado um patamar mínimo de apoio, embora nunca sob forma pecuniária pura.
Dito isto, e falando sobre os ausentes, pode ser que o calculismo que ditou que muitos dos críticos não “fossem a jogo” – bem vistas as coisas, vêm aí três áridos anos de oposição a José Sócrates – venha a sair caro. A análise não é original, mas também eu constato que se há homem “nado e criado” no PSD, esse homem é Marques Mendes.
Tendo dedicado ao partido muito (muitíssimo mesmo) do seu tempo, o actual Presidente conhece bem os locais e as pessoas, não sendo de esperar que baixe a guarda, até 2008.
Feitas as contas, os que não marcaram terreno agora poderão vir a lamentar a abstinência, uma vez que Marques Mendes, com a sua reconhecida sagacidade, tudo fará para sedimentar a sua posição, assim o ajude também uma eventual derrapagem da popularidade do Executivo.
Neste aspecto, Pereira Coelho (o “nosso” Zé Beto) entreviu uma deixa eventualmente irrepetível e tentou o seu momento de glória.
Francamente, preocupa-me bem mais a renúncia de alguns adeptos da surdina (não falo dos opositores óbvios que, por o serem, não falam em surdina) que, por vezes, parecem trocar a conquista de uma laranja por um gomo de tangerina.
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