sexta-feira, 26 de maio de 2006

Tácticas do laranjal


Não tenho os números exactos, mas já ouvi, na TSF, que o PS está 12% à frente do PSD, que, por sua vez, desce 0,5%.
Além disso, embora menos relevante, o líder do PSD continua com menos popularidade que o homólogo socialista.
Ora bem, embora se não deva governar pela popularidade - ser Primeiro-Ministro não é o mesmo que ser Miss Simpatia - só galvanizando se mobilizarão os portugueses para as medidas a tomar, invertendo a tendência de degradação da imagem dos políticos.
As cifras "barométricas" arrepiam ainda mais se pensarmos que o Governo, entre outras "prendas", aumentou impostos e os combustíveis, tornou mais difícil o acesso a pensões de vária sorte e ordenou o encerramento de maternidades e escolas, a mais de ter enfrentado os mais diversos grupos sócio-profissionais (entre outros, professores, médicos, agricultores, policias e, desde hoje, farmacêuticos).
No meio disto era supor uma de duas coisas: ou o PS andaria ao nível do PEV ou da Nova Democracia, ou as medidas, sendo boas (se as sondagens traduzirem reconhecimento), mereceriam um aplauso, de quando em vez (como hoje fez o dr. Marques Mendes, com elevado sentido de Estado, sobre a liberalização das farmácias, não deixando de discordar sobre os genéricos).
Em suma, há é que meditar sobre o assunto, e foi isso que procurei suscitar no Congresso.
Em vez de perceberem o contributo, alguns fundamentalistas bem próximos do Presidente do PSD, ao que me dizem alguns amigos, preferiram comentários alarves, pondo em causa a lealdade da intervenção.
Com eles posso eu bem... O que não sei é até quando os portugueses vão poder com a actual maneira de fazer política.

4 comentários:

Ricardo Jesus Cândido disse...

E suscitas-te tu muito bem…
Era só o que faltava, logo tu que tens um sentido crítico apurado, não poderes manifestar de tua justiça o que te vai na alma.
Que te sirva de consolo que não és só tu que pensas assim.
Relativamente aos alarves comentários, deixa lá, as personagens que os proferiram sempre tiveram e terão o seu lugar nos partidos, a bem da nossa democracia, quem sabe…

el s (pc) disse...

A popularidade do PS deve-se apenas a uma e só uma coisa: estar a atacar as classes sociais ditas privilegiadas.
A parte da população que nem o 12º ano tem (cerca de 80%) gosta de ver médicos, juristas, professores, executivos, farmacêuticos, etc. a serem atacados. Essa população que por uma razão ou outra desitiram da escola ( não me venham dizer que era por não terem oportunidades, pois tive na faculdade muitos colegas cujas famílias eram bem pobres e passaram muitos sacrifícios) tem um ódio a quem se sacrificou para obter mais qualificações - basta ver o tratamento dual dado aos médicos, de senhor doutor pela frente a filho da p+++ que vai a congressos pagos por nós por de trás.
Veja-se o recente exemplo da dar aos pais a avaliação de professores, claro que muitos em Coimbra, Lisboa e Porto, assim como noutros centros urbanos têm qualificação para tal, mas nas vilas, nas aldeias, no Portugal dos 80% que qualificação tem um pai com o 9º ano (e seria bom que o tivesse) para avaliar os professores???
A reforma da seg. social foi vendida tb ela como um ataque a quem ganha mais (como se essas pessoas fossem culpadas de terem o mérito e a capacidade de tal), logo muito popular, até porque a classe de fracos rendimentos após a reforma continua muitas vezes a trabalhar logo a reforma da seg. social quase não os afecta.

E é isto que o PS está a fazer com consequências graves para o futuro do país. Atacando quem ao longo da vida se esforça para obter qualificações dá o sinal de que estas de pouco valem, pois serão esses que pagarão a crise dos outros.
Não se admirem, pois, se o abandono escolar daqui a cinco anos aumentar, se o nível médio das qualificações descer.
Claro que para o PSD é qq outro é difícil dizer alto e bem som que os culpados da crise são os que não estudaram, não só representam 80% dos votos como são os mais pobres, mas de facto os culpados da crise portuguesa são todos aqueles entre os 16 e os 35 anos (tinham 15 em 1986) que não estudaram, preferiram abandonar a escola, seriam esses os que tb deviam ser penalizados, pois quem usou o sistema educativo sem tirar nenhuma qualificação desperdiçando os recursos do estado deveria ser sujeito a uma penalidade (mais 2% no IRS por exemplo). Mas como fazer esta oposição a um PS que tb ele odeia quem tem qualificações???
Veja-se Sócrates com um bacharel num politécnico e curso numa privada, quase por obrigação familiar e partidária, agora Seguro (nº 2???) tb ele licenciado por obrigação partidária. Estes são aqueles que tiram o curso para ter o eng. ou dr. atrás do nome mas dizem que nada aprenderam na escola, logo não é de admirar que o discurso passe bem.

el s.

(comment com cópia no meu blog).

Gonçalo Capitão disse...

Caro "laranja power":

Creio que, de facto, parte da dificuldade vem do facto de o PS estar a fazer algumas coisas que também passaram pela cabeça de alguns dirigentes do PSD.
Aí chegados, resta inovar.

Caro "Sniper":

Não me custa reconhecer que somos um País de invejosos. Sempre que alguém tem sucesso, a ideia é destruir, e não procurar êxitos próprios...
A avaliação dos professores pelos pais pode, na realidade, ser um problema.

Ricardo Jesus Cândido disse...

A avaliação dos pais pelos professores não só pode ser um problema como é ridículo.
Os pais estão na sala de aula para aferir a qualidade do docente?
Que parâmetros serão avaliados pelos encarregados de educação?
Sabendo que, infelizmente, para a esmagadora maioria dos alunos, o bom professor é o “porreiraço” que deixa a malta ir para a sala de informática, que não puxa muito e que no fim até dá umas notas jeitosas!
Já me parece exagerada a avaliação dos professores por parte dos alunos, quanto mais agora a dos encarregados de educação!!! O comportamento do professor, mesmo que custe a muito boa gente, não deverá ser cingido a factores externos à sala de aula, ainda para mais quando esses factores podem, seriamente, condicionar o comportamento deste.