Tive o prazer de assistir ontem, in loco, ao programa Prós e Contras, indubitavelmente um dos melhores espaços de debate da televisão portuguesa.
No plateau, Durão Barroso esteve frente-a-frente com Mota Amaral, Jorge Sampaio e Carlos Carvalhas, num programa
Até à uma e meia da manhã, discutiu-se a União Europeia, os desafios que se lhe adivinham, os rumos que tomará. Conversa (a)fiada, debate pouco acesso mas nem por isso menos interessante, e Durão Barroso concluiu que “Portugal é o único país que discute a UE à uma e tal da manhã. Somos os mais europeístas”. Será…?
Do debate, as minhas modestas ilações:
- Durão Barroso é um optimista. Vê o futuro da UE com bons olhos, diz não temer uma qualquer crise (justificou com “a Europa já viveu crises de relevante gravidade e sempre conseguiu sobrevivê-las”), acredita que haverá união para a tal Constituição (ou Tratado Constitucional, como lhe queiram chamar…) e está convicto de que o resolver desta questão institucional trará a Eficácia, Transparência e Coerência necessárias à estabilidade e desenvolvimento do Velho Continente.
- Subscrevo Barroso quando alerta para o facto da “União Europeia ser o bode expiatório de muitos políticos por essa Europa fora, que se gabam do seu trabalho quando as coisas correm bem e quando assim não se passa, a culpa é remetida para Bruxelas”.
- Mota Amaral é uma figura que, por muito que preze, se revelou estranhamente instável: ora agitado, ora enfastiado com o debate. Defendeu, e bem, com unhas e dentes a necessidade de auscultar os parlamentos nacionais nestas questões da UE, mas provocou-lhe sonolência ouvir os demais.
- Carlos Carvalhas esteve morno, como lhe é apanágio. Debitou números cuja importância é nula, focou todo o seu discurso do contra para a questão da coesão económico-social, sem que se lhe tenha ocorrido que há muito mais a discutir para além disso.
- Jorge Sampaio está preocupado com a via de ratificação do Tratado. Barroso sossegou-o, relembrando que seja via referendária, seja via Parlamento, o Tratado, a ser ratificado, não ficará ferido de qualquer legitimidade.
- Luís Amado revelou-se preparadíssimo para o que aí vem. A Presidência portuguesa da União Europeia será um momento de extrema importância pelos motivos que dispenso anunciar, mas sobretudo pela excelente oportunidade de afirmação da nossa nação no seio da União Europeia. Que os responsáveis portugueses logrem êxito nesta missão, é o desejo de todos aqueles que ainda sentem que a velha Europa ainda tem muito sumo para espremer.
Sem comentários:
Enviar um comentário